A erosão dos solos
A erosão dos solos pode ser definida como a perda da camada superficial da litosfera, rica em matéria orgânica, onde existe vida microbiana e ocorre o desenvolvimento da vida vegetal.
O ser humano tem também sua parcela de responsabilidade, na medida em que causa ou agrava a erosão dos solos com desmatamentos desordenados, queimadas, uso intensivo do solo para a prática da agricultura sem os cuidados necessários, e deslizamentos de terra provocados pela abertura de estradas e construções em geral.
Erosão dos solos em áreas agrícolas
A agricultura, assim como a pecuária, é uma atividade muito antiga. Desde que o ser humano aprendeu a cultivar plantas e a criar animais, tiveram início os primeiros impactos ambientais, que foram se agravando à medida que a população crescia e avanços tecnológicos eram conquistados.
A camada superficial do solo pode se desagregar no preparo do terreno para o plantio ou por causa do desmatamento. A água das chuvas carrega partículas do solo desagregado na preparação para o plantio e também parte do solo que perdeu a vegetação, cujas raízes ajudavam a segurá-lo. O material levado pelas chuvas é responsável pelo assoreamento (acúmulo de sedimentos no leito dos rios) e pode causar enchentes.
LEGENDA: A atividade agrária já ocupou mais de um quarto da superfície terrestre e destruiu cerca de 30% das florestas originais de todos os continentes. Na imagem, podemos ver uma área de floresta Amazônica bem próxima a uma extensa área que foi desmatada para dar lugar a uma plantação de soja, em Mato Grosso. Foto de 2015.
FONTE: Paulo Whitaker/Reuters/Latinstock
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Grande parte das terras ocupadas por atividades agrárias é formada por áreas de solo de baixa fertilidade ou por terrenos acidentados com pouca produtividade. Estima-se que mais de 60% das áreas agrícolas estejam em processo de degradação. Entre os muitos impactos ambientais provocados pela agricultura estão a erosão e a contaminação do solo por agrotóxicos, que podem atingir lençóis de água subterrâneos, rios e lagos.
A modernização do campo e os avanços tecnológicos nos últimos anos devem ser analisados sob diferentes ângulos. Se, de um lado, proporcionaram o aumento da produção de alimentos e a adoção de novas técnicas para a proteção do meio ambiente, de outro permitiram a desigual distribuição desses benefícios. Além do mais, podemos dizer que a tecnologia que protege muitas vezes também agrava a degradação ambiental.
Quando falamos em avanços tecnológicos, não podemos esquecer que ainda há regiões da Ásia e da África, principalmente, e mesmo da América Latina, que não têm acesso a essas melhorias, embora atualmente existam experiências bem-sucedidas de utilização de tecnologias modernas na agricultura (caso do Brasil, por exemplo). Além disso, muitos países situados em regiões intertropicais apresentam milhões de hectares de savanas, campos e florestas que sofrem queimadas todo ano. Nas regiões tropicais, é muito utilizado o sistema de agricultura itinerante, que utiliza técnicas rudimentares. Na agricultura itinerante, o trabalho é dividido em três fases: derrubada da mata ou queimada, plantio e colheita. Completado o trabalho, o local é abandonado e outras áreas são procuradas para dar início a um novo ciclo. O resultado é que nas áreas abandonadas o solo fica empobrecido e, quase sempre, ameaçado pelo aumento da erosão. As queimadas muitas vezes causam incêndios de grandes proporções, aumentando o nível de CO2 na atmosfera e influindo no aquecimento global.
Nessas regiões onde as estações seca e chuvosa se alternam, é comum o processo de laterização, que tem como consequência a formação de solos muito ácidos, impróprios para a agricultura; no Brasil são denominados lateritos ou cangas. A formação dos lateritos acontece da seguinte forma: a água da chuva promove uma intensa lixiviação, que carrega os minerais do solo, como a sílica, e causa a concentração de hidróxidos de ferro ou de alumínio na superfície, formando uma crosta avermelhada e ferruginosa.
As queimadas, que tantos danos causam ao meio ambiente, não são uma exclusividade do sistema de agricultura itinerante. Em muitas regiões, como nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, são bastante utilizadas para a derrubada da mata e a formação de lavouras e pastos.
A pecuária, principalmente a extensiva, é também uma das causadoras da degradação de solos produtivos. O manejo dos animais deve ser feito de maneira correta. É preciso limitar o número de cabeças para evitar o superpastejo, que deixa o solo descoberto e mais vulnerável à erosão.
LEGENDA: Brasil, África, Sudeste Asiático e o norte da Austrália lideram em número de queimadas. Na imagem, queimada em área de plantation, na Indonésia. Foto de 2015.
FONTE: Ahmad Widi/Zuma Press/Corbis/Latinstock
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Contaminação dos solos em áreas agrícolas
Além da erosão dos solos, a agricultura trouxe outro grave problema para o meio ambiente. As técnicas agrícolas modernas ainda fazem uso de vários produtos que, se por um lado facilitam a tarefa do homem do campo, por outro agridem bastante a natureza. São os fertilizantes químicos e pesticidas, conhecidos como agrotóxicos.
Os agrotóxicos causam sérios danos à saúde dos trabalhadores rurais, que estão em contato direto com eles, e às pessoas que consomem os alimentos tratados com esses produtos.
As águas das chuvas carregam os agrotóxicos usados nas plantações, contaminando lençóis freáticos e rios. Além disso, podem afetar os solos, tornando-os mais pobres, pois eliminam os microrganismos responsáveis por sua fertilidade.
Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, tendo ultrapassado os Estados Unidos. Em 2014, o consumo médio desses produtos por habitante era de 5,2 litros, podendo ser maior nas regiões de grande produção agrícola, como o estado de Mato Grosso, onde alguns municípios chegam a 129 litros por habitante. Esse aumento do consumo está relacionado à diminuição dos preços e à isenção dos impostos sobre tais produtos, o que faz com que os agricultores utilizem maior quantidade por hectare.
O uso excessivo de pesticidas faz surgir pragas mais resistentes, o que obriga os laboratórios a lançar produtos cada vez mais potentes.
Em relação a este último caso, está atualmente em discussão o aumento do uso de agrotóxicos em lavouras de produtos transgênicos, principalmente da soja. Sobre esse tema, leia um artigo de opinião no boxe a seguir.
Glossário:
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