Apostila de Sociologia 3º ano do Ensino Médio


Os Estados nacionais no século XX



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Apostila Sociologia Básica Geral

Os Estados nacionais no século XX 

 

O Estado fascista e o Estado soviético: No começo do século XX, esgotado pelas 

próprias condições sociais e econômicas que o geraram, o Estado liberal não dava 

mais conta da realidade e das interesses da burguesia. A partir da Primeira Guerra 

Mundial, surgiram duas novas formas de organização estatal: o Estado fascista e o 

Estado soviético. 

O Estado fascista foi organizado nas décadas de 1920 e 1930, primeiro na Itália 

e depois na Alemanha (com o nazismo) e em vários países europeus, com pequenas 

diferenças. O Estado soviético decorreu da primeira experiência socialista, iniciada 

em 1917, na Rússia. Por meio dela procurava-se fazer frente às condições precárias 

de  vida  das  classes  trabalhadoras.  É  bom  lembrar  que  as  idéias  socialistas  já 

estavam presentes em toda a Europa havia mais de meio século e se concretizavam 

naquele momento com a Revolução Russa. ' 

O  que  distinguia  basicamente  os  regimes  fascista  e  soviético,  no  início,  era  o 

projeto político que cada um apresentava. No Estado fascista, a participação política 

significava  plena  adesão  ao  regime  e  a  seu  líder  máximo,  ou  seja,  ninguém  podia 

fazer  qualquer  crítica  ou  oposição  ao  governo.  Na  Rússia  pós-revolucionária,  o 

desafio era criar mecanismos efetivos de participação dos camponeses, operários e 

soldados, desde que fossem organizados no interior do Partido Comunista, que era a 

estrutura política dominante. 

Essas duas forças políticas se confrontaram durante a Segunda Guerra Mundial 

(1939-1945).  No  final  do  conflito,  os  vitoriosos  dividiram-se  em  dois  blocos:  o 

socialista,  liderado  pela  União  das  Repúblicas  Socialistas  Soviéticas  (URSS),  e  o 

capitalista,  sob  o  comando  dos  Estados  Unidos.  Os  dois  haviam  se  aliado  para 

participar da guerra e da derrocada do fascismo-nazismo. 

A URSS organizava-se como um Estado planificado e centralizado, cujos órgãos 




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estavam  ligados  ao  Partido  Comunista.  Não  havia  possibilidade  de  participar 



politicamente se não fosse nesse partido, pois somente ele era permitido. 

Vários  outros  países  da  Europa  adotaram  essa  forma  de  organização  do  poder: 

Polônia,  Hungria,  Iugoslávia,  Tchecoslováquia  e  a  chamada  Alemanha  Oriental. 

Fora  da  Europa,  outros  Estados  socialistas  foram  criados  mediante  processos 

revolucionários, como a China continental (1949) e Cuba (1959), adotando o regime 

socialista proposto pelo modelo de Estado soviético. 

Com  o  processo  de  globalização  crescente  e  em  decorrência  de  problemas 

internos,  a  partir  de  1985  a  URSS  entrou  em  processo  de  dissolução.  O  Estado 

soviético  começou  a ruir nos  países  que  o  adotavam. A  queda  do Muro  de  Berlim, 

em  1989,  assinalou  de  modo  emblemático  o  fim  do  Estado  soviético  e  o 

questionamento  do  poder  concentrado  num  só  partido.  Essa  forma  de  organização 

estatal continua vigente, com  variações, em Cuba, no Vietnã, na Coréia do Norte e 

na  China,  com  a  manutenção  de  um  partido  único  e  a  planificação  central  da 

economia. 

O  Estado  do  Bem-estar  social.  O  bloco  dos  países  capitalistas,  após  a  Segunda 

Guerra  Mundial,  tentou  reconstruir  a  economia  ocidental  com  novas  bases.  Dis-

seminou-se  então  a  forma  de  organização  estatal  chamada  de  Estado  do  bem-estar 

social ou simplesmente Estado social. Esse modelo permitia enfrentar, por um lado, 

os  movimentos  de  trabalhadores  que  exigiam  melhores  condições  de  vida  e,  por 

outro, as necessidades do capital, que buscava alternativas para a construção de uma 

nova ordem econômica mundial diante do bloco socialista. 

As bases teóricas do Estado do bem-estar foram apresentadas na década de 1930 

pelo  economista  inglês  John  Maynard  Keynes  (1883-1946),  em  seu  livro  Teoria 

geral do emprego, do juro e da moeda (1936). Como forma de organização estatal, a 

teoria começou a ser esboçada quando o governo estadunidense estabeleceu políticas 

para  sair  da  profunda  depressão  desencadeada  pela  crise  de  1929.  No  período 

posterior  à  Segunda  Guerra  Mundial,  ela  se  consolidou  nos  Estados  Unidos  e  em 

boa parte dos países da Europa. 

O  Estado  do  bem-estar  tinha  como  finalidade  e  característica  básica  a 

intervenção  estatal  nas  atividades  econômicas,  regulando-as,  subsidiando-as, 

executando  grandes  investimentos  e  obras,  redistribuindo  rendimentos,  visando 

sempre,  pelo  menos  teoricamente,  ao  bem-estar  da  maioria  da  população. A  idéia 

era romper com o centenário princípio do liberalismo, que rejeitava qualquer função 

intervencionista  do  Estado.  Com  base  nesse  conceito,  os  capitalistas  modernos 

propunham moradia digna, educação básica pública, assistência à saúde, transporte 

coletivo, lazer,  trabalho e  salário,  seguro-desemprego,  enfim,  um  mínimo  de  bem-

estar  econômico  e  social.  Isso  foi  feito  com  investimentos  maciços  por  parte  do 

Estado,  que  redimensionava  suas  prioridades  para  proporcionar  trabalho  e  algum 

rendimento à maior parte da população, a fim de que ela se tornasse consumidora e, 

assim,  possibilitasse  a  manutenção  da  produção  sempre  elevada.  Configurou-se  o 

que  alguns  chamam  de  "cidadania do  consumidor", ou  seja,  a cidadania  entendida 

como um mecanismo de mercado. 

Enquanto isso, nos países periféricos, como os da América Latina, o que se viu 

foi  uma  variedade  de  formas  governamentais,  entre  as  quais  as  ditaduras  que  se 

implantaram por meio de golpes militares. Esses golpes eram deflagrados como se 

fossem constitucionais, isto é, como se estivessem de acordo com a lei. Uma vez no 

poder,  os  golpistas  exerciam  todo  o  controle  sobre  os  indivíduos  e  os  grupos 

organizados da sociedade.  




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