5. Processo educativo e Socialização metódica
Durkheim assevera que passamos por um processo de aprendizado para a incorporação
da sociedade. Desde muitos pequenas as pessoas são coagidas, educadas, a seguir estruturas
sociais, tais como horários, atividades, aprendizados. As crianças são orientadas de acordo
com regras sociais morais da sociedade a qual pertencem. A elas são impostas maneiras de
ver, de sentir e de agir as quais elas não teriam chegado espontaneamente. A educação faz o
ser social. Nessa situação os pais e professores são meros intermediários. O autor argumenta
que se ela precisa ser aprendida e incorporada é porque elas são externas ao indivíduo. Dessa
forma compõe uma realidade objetiva dos fatos sociais, exteriores e incorporáveis.
Essa educação é realizada através de coerções, o processo educativo, de tornar o
indivíduo humano, é, para Durkheim, essencialmente coercitivo. O indivíduo que tenta burlar,
ou mesmo não conhece, uma regra moral ou uma lei jurídica (que nada mais é do que uma
regra moral instituída) “tropeçará com os demais membros da sociedade que tentarão impedi-
lo, convencê-lo ou restringir sua ação, usarão de punição, da censura, do riso. “Estamos
mergulhados numa atmosfera de ideias e sentimentos coletivos que não podemos modificar a
vontade” (1955, p. 7).
Porém mesmo com esse processo intenso de coerção e estabelecimento de regras, é
possível que as instituições mudem; para tal é preciso que “vários indivíduos tenham, pelo
menos combinado a sua ação e que desta combinação se tenha desprendido um novo
produto”, uma nova consciência coletiva (Durkheim, 2001, p. 62). É válido lembrar que para
o autor em sociedade tradicionais as resistências aos indivíduos que querem inovar podem
chegar a serem intransponíveis.
A esse processo educativo o autor se refere como socialização metódica. A sociedade
nos impõe suas leis morais. Com o tempo elas passam a ser coisas agradáveis que gostamos e
desejamos espontaneamente. Na verdades somos coagidos desde a infância a gostar e desejar
essas coisas, expressas como regras e instituições. As regras morais possuem uma autoridade
que implica a noção de dever. Dessa forma também acontecem com as instituições, mesmo (e
principalmente) com aquelas que coagem o indivíduo: “Ao mesmo tempo que as instituições
se impõem a nós, aderimos a elas; elas comandam e nós as queremos; elas nos constrangem, e
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nós encontramos vantagem em seu funcionamento e no próprio constrangimento” (2001, p.
30).
O autor coloca que a sociedade é uma protetora de seus membros, e por isso os
indivíduos a amam, pois “tudo o que aumenta sua vitalidade, eleva a nossa”. Durkheim
econtra ai uma noção de transposição do egoísmo. “Só a personalidade moral que esteja acima
das personalidades particulares é que forma a coletividade” (2010 p. 10).
De acordo com Durkheim, os indivíduos, no sentido da palavra que a modernidade
deu, apenas existem aonde se desenvolveu a divisão do trabalho. Isso faz com que se reduza o
lugar ocupado pela consciência coletiva. A consciência comum passa a ocupar uma menor
parcela da consciência total, isso dá espaço para a personalidade.
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