Balança comercial e balanço de pagamentos
Com frequência, os jornais publicam matérias sobre o deficit ou o superavit da balança comercial brasileira. E muitas pessoas têm dificuldade em compreender o que isso significa. Os termos deficit, superavit, balança comercial e balanço de pagamentos fazem parte de uma área de conhecimento específico.
Por balança comercial compreende-se a relação entre o que um país exporta e o que ele importa. Quando o total das exportações é superior ao total das importações, o saldo é positivo. Diz-se, então, que há um superavit comercial. Quando as importações superam as exportações, o saldo é negativo. Nesse caso ocorre um deficit comercial. Portanto, a balança comercial favorável (saldo positivo) ou desfavorável (saldo negativo) indicará a diferença entre as exportações e as importações de uma nação.
As relações comerciais entre os países do mundo são mais amplas do que a troca de mercadorias ou produtos. Elas incluem também serviços (seguros, turismo, etc.), investimentos e movimento de capital. Para definir a situação do comércio exterior de um país existe outro índice - o balanço de pagamentos, que é mais completo do que a balança comercial.
O balanço de pagamentos abrange a balança comercial, a balança de serviços e a de movimentações e transferências financeiras. Esse balanço registra a quantidade de dinheiro que entra e sai do país, somando todas as suas transações com o resto do mundo, em determinado período.
Evolução da balança comercial brasileira
Para analisar o funcionamento da balança comercial brasileira, vamos considerar dois aspectos principais: os produtos exportados e importados e o saldo comercial.
Antes da abertura dos portos, a balança comercial brasileira apresentava superavit e uma pauta de exportações na qual predominavam produtos primários, como açúcar, algodão, café, pele e couro. Veja, no gráfico a seguir, os dados da balança comercial brasileira de 1808 a 1820, dois anos antes da Independência do Brasil.
FONTE: Adaptado de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC). 200 anos: comércio exterior. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=2041. Acesso em: 15 abr. 2016. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora
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De 1820 até a década de 1970, o café reinou absoluto nas exportações brasileiras, chegando a representar mais de 60% do total, como podemos ver nos gráficos a seguir:
FONTE: Adaptado de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC). 200 anos: comércio exterior. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=2041. Acesso em: 15 abr. 2016. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora
LEGENDA: Embarque de café no Porto de Santos, no estado de São Paulo, por volta de 1900.
FONTE: Guilherme Gaensly/Arquivo Público do Estado de São Paulo
A partir da década de 1970, a pauta das exportações brasileiras se diversificou e, apesar do destaque dos produtos primários, já apresentava diversos produtos industrializados. Nas importações brasileiras, predominavam produtos manufaturados e combustíveis.
FONTE: Adaptado de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC). 200 anos: comércio exterior. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=2041. Acesso em: 15 abr. 2016. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora
FONTE: Adaptado de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC). 200 anos: comércio exterior. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=2041. Acesso em: 15 abr. 2016. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora
Até 1991 os produtos primários ainda predominavam entre as exportações brasileiras. De 1991 a 2007, os manufaturados passaram a predominar na pauta de exportações, principalmente produtos metalúrgicos e químicos, máquinas e material de transporte. A partir de 2008, as commodities voltaram a ocupar lugar de destaque entre as exportações.
Quanto ao saldo comercial, a balança comercial brasileira alternou deficits e superavits em sua história.
Entre os períodos mais recentes em que a balança brasileira apresentou deficit comercial, destaca-se a década de 1970, principalmente por causa da elevação do preço do petróleo, principal produto de importação no mercado internacional.
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Em outro período, de 1995 a 2000, o saldo da balança comercial também foi negativo, isto é, o valor das importações excedeu o das exportações. Isso aconteceu principalmente porque o Plano Real, criado em 1994, valorizou a moe da nacional (o real) e facilitou a entrada de produtos estrangeiros mais competitivos que os brasileiros, por serem mais baratos e, muitas vezes, por representarem "o novo" em relação aos já conhecidos produtos nacionais.
A partir de 2001, a balança comercial brasileira passou a ser superavitária, até 2013. Após ter seu saldo afetado, em 2011, a balança iniciou uma trajetória de queda e registrou, em 2014, seu primeiro deficit depois de treze anos. Os principais motivos dessa situação foram: a queda da produção brasileira, crises internacionais, principalmente na Zona do Euro e na Argentina, aumento da importação de combustíveis e a queda dos preços das commodities. A balança comercial representou 11,5% do PIB nacional, em 2014, ficando muito abaixo da média mundial, que foi de 29,8%.
Em 2015, as exportações brasileiras apresentaram queda. Contudo, as importações caíram ainda mais e a balança comercial voltou a apresentar superavit.
FONTE: Adaptado de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC). Balança comercial. Disponível em: www.desenvolvimento.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2016. CRÉDITOS: Arte Ação/Arquivo da editora
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