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O "milagre econômico" e a "década perdida"
No começo da década de 1960, o país passou por um conturbado período político, que culminou com o golpe militar de 1964, iniciando um longo período ditatorial. Logo depois do golpe, o primeiro presidente militar, Humberto Castelo Branco, instituiu o Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg), que foi aplicado até 1967, com o principal objetivo de conter a inflação e preparar o país para o crescimento econômico.
No governo militar, o período entre 1968 e 1973 ficou conhecido como "milagre econômico brasileiro", quando o Brasil atingiu a oitava posição mundial em PIB e o primeiro lugar entre as nações em desenvolvimento industrializadas ou periféricas.
Esse "milagre" foi sustentado pela união do capital estatal, do capital das transnacionais e do capital privado nacional. O Brasil cresceu muito, mas foi à custa de uma grande dívida: a dívida externa.
O Estado atuava através de grandes empresas, que foram adquirindo autonomia administrativa e financeira e assumiram o controle de setores importantes da produção. Havia a Eletrobras na geração de energia; a Telebras e a Embratel, nas telecomunicações; a Siderbras, na indústria do aço, entre outras.
Seguindo com a política de integração nacional, foram construídas, também com capital estrangeiro, algumas obras de infraestrutura de transportes, como a ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica e a Perimetral Norte. Também foram criados, no final da década de 1960, a Zona Franca de Manaus e o Projeto Radam, hoje RadamBrasil. Em 1972, foi iniciada a construção de Angra 1, usina que fazia parte do Programa Nuclear Brasileiro, implementado por meio de um acordo com a Alemanha.
O Brasil recebeu diversos empréstimos internacionais e sua produção industrial foi bastante intensa. No entanto, apesar da melhora de alguns indicadores sociais, a população mais pobre passou a enfrentar alguns problemas. A concentração de renda atingiu seus mais elevados patamares. Os salários reais foram reduzidos para que a taxa de lucro dos empresários fosse ampliada. Como consequência houve uma redução do poder aquisitivo dos trabalhadores sem qualificação, dando continuidade ao histórico processo de concentração de renda no país.
Como concluiu Paul Singer, em seu trabalho O milagre brasileiro - causas e consequências, sobre os arrochos salariais, a fatia dos 5% mais ricos da população ampliou sua participação na renda nacional em 9% (em relação a 1960) e possuía 36,3% da renda nacional. Em contrapartida, os 80% mais pobres da sociedade diminuíram sua participação em 8,7% no período, ficando com 36,8% da renda total.
A desigualdade social agravou a pobreza. Com o aumento da pobreza, cresceu o número da população residente em favelas no país.
LEGENDA: Canteiro de obras da construção da ponte Rio-Niterói na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1971.
FONTE: Folha de S.Paulo Arquivo do jornal/Folhapress
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Nesse contexto, ocorre um intenso fluxo migratório, principalmente em direção à região Sudeste, que concentrava o parque industrial e atraía mão de obra, sendo caracterizado por um intenso êxodo rural. Grande parte desses trabalhadores foi aproveitada na indústria de construção civil e outras que não exigiam muita escolaridade, conseguindo, muitas vezes, uma melhora no padrão de vida. Mas grande parte deles, subempregados, passou a compor a população das favelas, na periferia das grandes cidades.
O milagre econômico trouxe como consequência o aumento acelerado da dívida externa, cujo pagamento desviava para os organismos internacionais (FMI, Banco Mundial) dinheiro que poderia ser aplicado em benefício do país.
Tabela: equivalente textual a seguir.
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