Gilnei Neves Nepomuceno
Professor de Arte Educação
FOLCLORE
Guia de Estudos
Morada Nova, 20 de julho de 2002.
INTRODUÇÃO
Todo e qualquer ser humano tem cultura. A cultura vai se formando nas relações e experiências que mantemos com o mundo desde que nascemos. Alguns fatores que agem diretamente ou indiretamente na construção da cultura individual são: família, grupos sociais a que pertencemos, o conhecimento que adquirimos da cultura científica, tecnológica, artística, literária, etc; religião, meio ambiente, lembranças do passado, trabalho, estudo, o sistema político, contexto econômico, além de outros.
O fato é que esses fatores nunca agem isoladamente. Eles dependem uns dos outros, convivem e formam uma rede de relações na qual somos inseridos. Ao mesmo tempo em que recebemos a herança cultural, agimos e produzimos cultura de forma que nos tornamos co-participantes dessa rede. Dessa teia de relações extraímos os valores em que acreditamos, como solidariedade, afeto, respeito, violência. Esse conjunto de valores transmitidos por nosso grupo social é sua identidade.
O Brasil apresenta grande diversidade no campo cultural. Seu folclore é riquíssimo. Nesse contexto entram, entre outros, as festas religiosas, o artesanato e a medicina popular, danças, canções e os "causos" contados pelo Brasil afora.
O Brasil não é só o país do futebol e do carnaval. Isso seria restringir demais nossa capacidade de enxergar e expressar o mundo em que vivemos. O Folclore é uma das formas de representar e expressar a identidade de uma comunidade e através da interação com esse tipo de conhecimento ampliamos e enriquecemos mais o nosso próprio.
Dentro do vasto campo do folclore, encontram-se as lendas, passadas de geração em geração e que precisam ser cultivadas para que não se percam. São histórias representativas do imaginário de comunidades diversas. Entrar no campo das lendas é viajar pela história humana tomando outro tipo de condução. É sair de nosso mundo e conhecer o do outro através da pluralidade cultural, para entender e ampliar horizontes anteriormente não imaginados. É poder sentar e contar uma história que tem um pouco de cada um que já a tenha contado. É poder levar a criança e ao jovem a possibilidade de crescer com uma atividade culturalmente enriquecedora.
Pretendemos, a partir desse estudo, propiciar um guia de estudo e exploração do tema folclore, nos níveis de educação Fundamental, como também Educação Infantil e Ensino Médio.
Além da parte didática, elaboramos também sugestões de atividades que podem ser aproveitadas pelos professores. As referidas sugestões, para facilitar o trabalho, serão expostas por série de ensino, porém, isso não impede que o professor possa utilizá-las em todas as série, usando da adaptação contextual.
DESENVOLVIMENTO
FOLCLORE - ASPECTOS HISTÓRICOS
O folclore, ciência considerada indispensável para o conhecimento social e psicológico de um povo, deve seu nome ao arqueólogo inglês William John Thoms, que no dia 22 de agosto de 1846 empregou pela primeira vez a palavra folk-lore, composta de dois vocávulos saxônicos antigos: folk, significando povo, e lore, que quer dizer conhecimento ou ciência. Portanto, o folclore pode ser definido como a ciência que estuda todas as manifestações do saber popular.
No Brasil, após a reforma ortográfica de 1934, que eliminou a letra k, a palavra perdeu também o hífen e tornou-se folclore.
O folclore é encontrado na literatura sob a forma de poemas, lendas, contos, provérbios e canções, assim como nos costumes tradicionais como danças, jogos, crendices e supertições. Verifica-se também sua existência nas artes e nas mais diversas manifestações da atividade humana.
Segundo a Carta do Folclore Brasileiro, aprovada pelo I Congreso Brasileiro de Folclore em 1951, "constituem fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular, ou pela imitação, e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e intituições que se dedicam ou à renovação do patrimônio científico e artístico humano ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica".
ORIGENS PRINCIPAIS
As Origens do folclore brasileiro prendem-se à formação de seu povo. Três elementos básicos - o índio, o branco e o negro - aqui se misturam, fundindo numa só as diferentes culturas.
MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS
SABEDORIA POPULAR
São as diversas manifestações da ciência do povo. Seu conhecimento sobre o universo, o homem, os fenômenos naturais relacionados com a vida cotidiana. Por exemplo: a época do plantio de determinadas plantas de acordo com as fases da lua, a medicina rústica, a mistura "perigosa" de certos alimentos, etc.
ARTES FOLCLÓRICAS
São as manifestações de criatividade artística do gosto popular. Na maioria dos casos trata-se de trabalhos anônimos, repetidos inúmeras vezes, copiados e adaptados ao sabor das conveniências e da inspiração do momento. Exemplos:
Na linguagem e na literatura:
Apelidos, parlendas, adivinhas, poesias, trovas, desafios, trava-línguas, romances, literatura de cordel, acrósticos, correio elegante, etc.
No Teatro:
Autos e representações diversas, mamulengos, casamento das festas juninas, embaixadas das congadas, cavalhadas, etc.
Na música:
Cantigas de roda, modinhas, cantigas de trabalho, dorme-nenês, asssim como os instrumentos musicais: cuíca, berimbau, viola, pífaro, caxambu, marimbau, candongueiro, etc.
Nas artes plásticas:
Pintura, escultura, cerâmica, gravação em ouro, madeira, metal, ex-votos, etc.
Na dança:
Frevo, maracatu, maxixe, dança de S. Gonçalo, assim como os folguedos populares: Congada, Caiapó, Folia de Reis, etc.
MANIFESTAÇÕES DE RELIGIOSIDADE
São as formas rituais de cultuar os santos protetores e afastar os espíritos maléficos. Além de práticas diversas (festas religiosas, candomblés, umbanda), encontram-se os mitos e lendas (saci-pererê, lobisomem, mula-sem-cabeça), crendices, superstições, benzeções, mau-olhado, tabus, etc.
OFÍCIOS E TÉCNICAS: Manifestações relativas às várias profissões e aos sistemas de produção, troca e transformações dos produtos. Ex.: cuidados com a boiada, modo de cultivar a roça, técnicas artesanais para bordados, tapeçarias, fabrico de rendas, etc.
ALIMENTAÇÃO: Comidas e temperos típicos, receitas dietéticas, bebidas, chás.
Ex.: vatapá, acarajé, cuscuz, feijoada, batidas, etc.
TRAJE: Roupas típicas da região ou de determinada profissão ou festa.
Ex.: Xiripaia gaúcha, roupas das baianas, trajes dos dançadores de congadas, maculelê, maracatu. Caiapós, etc.
DIREÇÃO DO LAR: Modo de construir a casa (palafitas, pau-a-pique, adobe) e anexos (monjolos, moinhos, galinheiros), assim como o mobiliário, panelas, amassadeira São as diversas manifestações da ciência do povo. Seu conhecimento sobre o universo, o homem, os fenômenos naturais relacionados com a vida cotidiana. Por exemplo: a época do plantio de determinadas plantas de acordo com as fases da lua, a medicina rústica, a mistura "perigosa" de certos alimentos, etc.s, ferro de brasa, etc.
VIDA SOCIAL: Modo de se relacionar com as pessoas, sobretudo vizinhos. Relações de parentesco, apadrinhamento, maneira de receber os convidados em casa, festas de casamento, batizados, etc.
MANIFESTAÇÕES DE ORIGEM INDÍGENA
Fábulas e contos cujos heróis são bichos de nossas matas.
Mitos como o Boitatá, o Curupira, o Sací-pererê, a Iara
Danças com instrumentos musicais característicos:
buzinas, chocalhos, maracás.
Artesanato:
redes, trançados, utensílios de palha, madeira, barro e arte plumária.
A arte de trançar é encontrada em todos os povos primitivos. Vários tipos de cestas e peneiras eram feitos pelos ameríndios, sendo portanto conhecidos os trançados por diversas tribos brasileiras. Certamente os cesteiros atuais herdaram técnicas de nossos indígenas, além de receberem influências lusas e africanas.
Influência nos hábitos:
dormir em rede, tomar banhos freqüentes e na alimentação.
...principalmente com os índios tupi destacando dois elementos nativos que passariam a integrar a dieta do brasileiro: a mandioca e o palmito.
Nos primeiros tempos da colonização brasileira, Hans Staden mencionava a farinha de mandioca, peixe e carne preparados com pimenta vermelha, o mel silvestre e uma bebida extraída do aipim, e Jean de Lery referia-se ao uso do milho para fazer farinha, da pimenta pilada no sal obtido da água do mar e das pacovas, bananas da terra. Outros cronistas documentaram o uso do amendoim, castanhas de caju, milho assado com carne, feijão de todos os tipos, cará, rãs, caranguejos, do marisco sururu e das marmeladas de banana.
MANIFESTAÇÕES DE ORIGEM PORTUGUESA
A base cultural:
Contos populares da literatura universal.
As festas e folguedos, na maioria de cunho religioso:
reisados, pastoris, cheganças, coroação do divino.
Devoções populares:
festejos de maio, festas juninas e natalinas.
Artesanato:
as rendas, os bordados, as pinturas.
A música, a dança, os autos religiosos, o carnaval.
DANÇAS:
As danças no brasil, salvo as indígenas e aquelas trazidas pelos negros, são
quase todas adaptações das danças européias, cuja forma geral foi folclorizada, ou então receberam empréstimos de movimentos, passos e figurações, como a polca, a valsa, quadrilha, mazurcas, etc.
As principais danças de origem ibérica (Portugal e Espanha) no Brasil, sem contar as religiosas, como a de São Gonçalo, e as Folias de reis e do Divino, são as danças do Fandango.
Festas de Verão
As principais são: Natal, Reis e carnaval
Festas de Inverno
As principais são: Divino Espírito Santo, Corpus Christi e Juninas
MANIFESTAÇÕES DE ORIGEM AFRICANA
Tendência a misturar crenças religiosas, rituais característicos:
candomblé, macumba, umbanda.
Cultos às divindades de origem africana, identificados por forças das circunstâncias aos santos da religião católica: Iemanjá, Ogum, Oxalá, Iansã e outros.
A música característica, onde sobressaem o batuque, o samba,
ao lado de instrumentos típicos, sobretudo os de percussão.
A alimentação especial, muito codimentada, com destaque especial para as delícias da cozinha baiana: vatapá, acarajé, cururu, quindim, etc.,
assim como as bebidas e os temperos.
MANIFESTAÇÕES DE INFLUÊNCIAS ESTRANGEIRAS
FRANCESES
O povo francês esteve no Brasil no século XVI, fundando uma "França Antártica" no Rio de Janeiro, uma "Nouvelle France" em Pernambuco, e no século XVII uma "França Equinoxial" no Maranhão. Não se pode esquecer também a influência francesa na cultura medieval e na literatura portuguesa. A novelística no Brasil, naquilo que se pode chamar "livro do povo" e que representa o encanto da autenticidade folclórica, é de proveniência gaulesa. Ex.: O Imperador Carlos Magno e os 12 pares de frança, Roberto o diabo, etc. Nas cantigas de roda também percebemos elementos franceses nas letras do cancioneiro infantil: Onde está a Margarida, Lá na Ponte da Vinhaça, etc.
JUDEUS
A história do Brasil está repleta da presença dos judeus, desde o arredamento de terras ao judeu Fernando de Noronha, ao negócio do pau-brasil ou dos empréstimos em dinheiro à Coroa Portuguesa. Muitos israelitas chegaram ao Brasil no período da Invasão Holandesa, fugindo dos tribunais de Inquisição nos países dominados pelos espanhóis. O primeiro poeta brasileiro foi um judeu: Bento Teixeira Pinto. As maiores influências judaicas que tivemos são: o conformismo com o destino, o saudosismo messiânico e o "pão-durismo" do mineiro.
ESPANHÓIS
Portugal permaneceu sob a tutela da Espanha durante mais de meio século (1580-1640), embora a administração do Brasil permanecesse inteiramente portuguesa. Nas áreas de fronteiras, essas influências operaram em larga escala, como podemos observar nas danças e na indumentária folclórica gaúcha, que lembram o "flamenco" espanhol e as roupas da Andaluzia. Houve ainda grande imigração até os nossos dias. A cavalhada, folguedo, esporte e auto popular são evidentemente de conteúdo ibérico.
ÁRABES
Seus costumes chegaram ao Brasil indiretamente, através da cultura luso-espanhola, herdeira do legado islâmico, pois a Península Ibérica foi dominada pelos mouros durante quase 700 anos; e diretamente pela transferência, da África para o nosso país, de escravos islamizados. Contribuíram com o uso do cachimbo nos rituais de candonblé, na reclusão da mulher no período colonial, nas lendas, como a "Moura Torta", nas parlendas, contos acumulativos, folguedos e na veneração do cavalo, pelo gaúcho, etc.
INGLESES e HOLANDESES
Sua influência é devida às invasões no período colonial, assim como o comércio com o Brasil. Os primeiros nos legaram alguns termos como o "bond" que de título da dívida pública passou a designar veículo de tração animal e elétrica; troxeram também o futebol, esporte preferido pela população. Os últimos deixaram sua influência na literatura de cordel, nas blasfêmias no folclore do açúcar, em elementos de confeitaria e laticínios.
ALEMÃES
Vieram com D. Leopoldina, quando ela se casou com D. Pedro I, formando a primeira colônia germânica na região fluminense, que deu origem à cidade de Nova Friburgo. Em 1824 vieram grandes levas para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cujos costumes e habitações podemos observar em cidades como Blumenau e Gramado. No folclore eles contribuíram com: a árvore de Natal, as bandas de música, as festas de cerveja, superstições, crendices, tabus, etc.
ITALIANOS
Também aportaram no Brasil por razões históricas, com o casamento de D. Pedro II com a napolitana Tereza Cristina. Vieram para substituir a mão-de-obra escrava, que estava desaparecendo devido às leis para a abolição da escravatura. São Paulo e os Estados do Sul, principalmente Paraná e Rio Grande, foram os principais centros desta aculturação, destacando-se também o Sul de Minas e as diversas zonas cafeeiras. De influência italiana notamos: as festas de igreja, comilança de Natal, presépios, massas como macarronada e pizzas, vinhos gaúchos, figas, capelinhas e cruzeiros à beira das estradas, procissões, ex-votos, etc.
SÍRIOS e JAPONESES
Trouxeram recentemente várias contribuições, que vêm sendo introduzidas na cultura popular. Os primeiros influenciaram em alimentos, como o quibe, a sfiha, o tabule, iogurte, etc, assim como a esperteza no negócios; enquanto os nipônicos nos legaram o folclore das flores, dos frutos, da morte, e ainda o "suchi" e "sachimi", pratos muito apreciados hoje em dia, além das artes marciais.
NORTE-AMERICANOS
Atualmente, devido à intensa propaganda através dos meios de comunicação, que atingem as mais longínquas regiões brasileiras, a influência norte-americana aparece não somente na música da juventude, como também na alimentação, através dos sanduiches, principalmente hambugeres e cachorros-quentes e da coca-cola. O "jeans" é atualmente usado por todas as camadas da sociedade, inclusive pelos trabalhadores rurais e habitantes das cidades do interior.
ADIVINHAÇÕES
É insuperável a dificuldade de investigar a origem das adivinhações brasileiras. Têm por objetivo levar a criança a reconhecer, através de uma definição divertida, um sentido oculto (O que se adivinha). Nas adivinhações, vamos encontrar o mecanismo da formação das idéias e dos conceitos formulados por analogia, antinomia ou assimilação, evidenciando o formidável poder da definição que possui o nosso povo.
- Em casa está calado,
No mato está cantando. (machado)
- Nasce no mato,
Na mata se cria,
Só dá uma cria. (bananeira)
- Tem asa e não voa,
Bico e não belisca,
Anda e não tem pé. (bule)
- Quatro na lama,
Quatro na cama,
Dois parafusos,
E um que abana. (vaca)
- Verde como folha,
Encarnado como sangue,
Doce como mel,
Amargo como fel. (café)
- Tem dente mas não come,
Tem barba mas não é homem. (alho)
- Cai da torre,
Não se lasca,
Cai na água,
Se espedaça. (papel)
- D'água nasce,
Na água cresce,
Se botar n'água,
Desaparece. (sal)
- Uma bola, bem feita
De bom parecer,
Não há carpinteiro,
Que saiba fazer. (lua)
- Do tamanho de uma bola,Enche a casa até a porta. (lâmpada)
- Quando estamos em pé,
Ele está deitado,
Quando estamos deitados,
Ele está em pé. (pé)
Em casa de enforcado não se fala em corda.
Quem não tem cão caça com gato.
Macaco velho não coloca a mão em cumbuca.
Quem senta na garupa não pega na rédea.
Pior cego é o que não quer ver.
As aparências enganam.
Em pé de pobre todo sapato serve.
Em terra de cego quem tem olho é rei.
Quem diz o que quer ouve o que não quer.
Por fora bela viola por dentro pão bolorento.
Gaiola bonita não alimenta o canário.
Quem compra o que não pode vende o que não quer.
Em boca fechada não entra mosca.
Quem tira retrato de graça é espelho.
Mais vale um hoje do que dois amanhãs.
Fui pro mar colher laranja,
Fruta que no mar não tem:
Vim de lá todo molhado
Das ondas que vão e vem.
Não tenho medo de homem
Nem do ronco que ele tem;
O besouro também ronca,
Vai se ver não é ninguém.
Você diz que sabe muito,
Borboleta sabe mais:
Anda de perna pra cima,
Coisa que você não faz.
Todo mundo se admira
De macaco andar a pé,
O macaco já foi homem,
Pode andar como quiser.
Se me vires não te assustes,
Se te assustares não corras,
Se correres não te assombres,
Se te assombrares não morras.
Quem me dera ter agora
Um cavalinho de vento,
Para dar um galopinho
Aonde esta o meu pensamento.
Você me chamou de feio,
Sou feio mas sou dengoso,
Também o tempero é feio
Mas faz o prato gostoso.
Juraste, jurei, juramos;
juramos, jurei, juraste;
quebraste, quebrei, quebramos;
quebramos, quebrei, quebraste.
Não sei se vá ou se fique,
Não sei se fique ou se vá,
Indo lá não fico aqui,
Ficando aqui não vou lá.
Essa noite tive um sonho
Que não me sai da lembrança,
Sonhei que vi a saudade
Abraçada com a esperança
CONHECIMENTOS E SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Ensino Fundamental - seguimento de 1ª à 4ª séries
CAVALHADAS - o folclore pode nos ajudar a conhecer e compreender o local onde vivemos, assim como ampliar nosso olhar para outros mundos.
A história desse festejo nos remete a tempos remotos onde Mouros e Cristãos se enfrentavam, e isso nos sugere o brincar com jogos de competição. Jogar dentro desse contexto se torna, além de divertido, propor conhecimentos sobre tais povos e sobre o próprio festejo.
Brincar, correr, jogar, vencer, perder, são palavras presentes no universo das crianças. É no jogo que se aprende a trabalhar em equipe, a criar e respeitar regras, desenvolver-se motora e cognitivamente.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES (usar a interdisciplinaridade):
Investigar sobre a história das cavalhadas.
Utilizar formas de escolha para criação das equipes.
Criar bandeiras, flâmulas e/ou estandartes de cada equipe.
Vivenciar os jogos descritos nas cavalhadas.
Confecção de armas e adereços com; JORNAL, PAPELÃO, ETC.
RECEITAS E ALQUIMIAS - quem foi que disse que a cozinha não é um grande laboratório de invenções e descobertas? Vamos refletir sobre isso?
A partir da culinária podemos decifrar o mundo que nos cerca. Descobrimos medidas, proporções, sabores, eventos, épocas, desejos e necessidades e, nada é mais fascinante do que experimentar, manusear, produzir e perceber resultados, por vezes imediatos, por outras mais tardios, porém, nem tão demorado que não se possa presenciar.
Do micro para o macro, partiremos deste pequeno universo para descobrir tudo, ou o que se pode alcançar, tendo como mapa as receitas do nosso Brasil afora, como meio de transporte o fogão, seja à lenha ou à gás, e como bagagem o que nele preparamos. Sejam bem vindos a essa viajem!
SUGESTÕES DE ATIVIDADES (usar a interdisciplinaridade):
Visita ao mercado local para levantamento de produtos alimentícios e seus custos.
Seguir a receita de um prato típico do Brasil.
CONTOS E ENCANTAMENTOS - fazendo-se passar por tantos personagens capazes de morrer, ressuscitar, governar, voar, virar monstro, príncipe e princesa, a criança vai descobrindo cada vez mais a magia de viver.
Os contos de encantamento serão um caminho de acesso, não somente ao mundo da fantasia, presente na criança, mas também aos meios de comunicação, como o teatro e a televisão, bem como ao próprio livro. Neles estará presente todo o repertório de sentimentos e emoções carregado pelas crianças: medo, perda, morte, vida, poder, submissão, vingança, etc.
É a literatura contribuindo para a construção do universo interno e externo, de maneira lúdica e transparente, tal qual a criança.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES (usar a interdisciplinaridade)
Descobrir nos personagens universais (fada, bruxa, gnomos, dragões,...) similaridades com os personagens do folclore brasileiro. Por exemplo: cuca = bruxa, urubu = corvo, curupira = Robin Hood.
Produzir contos a partir de um conjunto proposto de palavras. Exemplo: era uma vez um lobisomem..., e aos poucos, introduzir novas palavras na história (mula-sem-cabeça, cavalo alado, etc).
Pesquisar os contos de encantamento tradicionais no Brasil.
Onde podemos encontrar os livros? Visitando, manipulando e conhecendo a Biblioteca da escola e da cidade.
Representar os contos ouvidos em sala de aula.
CESTARIA E RENDADO - por que o artesanato das rendas se concentram no nordeste do país? Qual a matéria prima utilizada?
Ofício, essencialmente feminino, as rendas se tornaram conhecidas de norte a sul do Brasil, mostrando a arte, beleza, habilidade e destreza manual. Por outro lado, embora possamos atribuir as mesmas qualidades às cestarias, a sua confecção é feita por homens, mulheres e até mesmo por crianças.
As cestarias já eram confeccionadas por comunidades indígenas antes mesmo da chegada dos colonizadores.
Enquanto objetos artesanais incorporados à nossa cultura, podem nos remeter à época, momentos e lugares que muito tem a dizer sobre folclore.
Porém, o que se pode observar com a produção industrial é que o trabalho do artesão fica cada vez mais distante de nós e, muitas vezes, desvalorizado. Nos vemos aqui como responsáveis pela valorização e manutenção desta prática.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES (usar a interdisciplinaridade)
Confecção de rendas (se possível) e cestos de papel.
Pesquisar a origem e como são feitas as rendas.
Procurar na comunidade algum artesão e levá-lo para uma amostra prática em sala de aula.
Fazer levantamento de que outros artesanatos são utilizados como utensílios.
BRINCADEIRAS DE CORDA - a corda aparece como elemento lúdico, abrindo possibilidade de jogos e brincadeiras que levam o jogador à aprendizagem.
Pular corda não é coisa fácil. É necessário muita habilidade para vencer todas as etapas propostas pelo jogo que exige agilidade e destreza corporal.
Além de pular, a corda oferece outras possibilidades enquanto jogo: cabo de guerra, jogos de transformações em animal, lugares e objetos.
Mas, de onde vem a corda? Será que ela foi criada para ser instrumento para brincadeiras? De quê ela é feita? Será interessante para a criança descobrir que a corda também é usada como instrumento de trabalho, amarrando e contendo objetos, segurando grandes navios, erguendo materiais e até mesmo bandeiras, não esquecendo de sua vital presença em alguns festejos do nosso folclore como o Círio de Nazaré.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES (usar a interdisciplinaridade)
Pesquisar e brincar com os diversos jogos cantados com corda.
Conhecer e aprender sobre os diversos nós.
Tipos de corda: nylon, sisal, ticum, cabo de guerra, etc.
CONHECIMENTOS E SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Ensino Fundamental - seguimento de 5ª à 8ª séries
BAILADOS GUERREIRO - O corpo está presente na história que se faz dança, que se faz tradição, que se faz folclore.
São várias as danças do nosso folclore, nascida das guerras entre povos e nações de outras partes do mundo, aportam em nossa terra trazendo sua magia e beleza.
Movimentos rápidos e precisos se transformam em danças que contam movimentos da história, preservados pela tradição folclórica.
Aqui fica o desafio de descobrir e desenvolver danças folclóricas com alunos de 5ª à 8 séries, idade em que vivem o movimento de transformação e desejo de auto-afirmação e identidade. Além disso, essas danças estimulam movimentos corporais mais dinâmicos e precisos, e sabermos que o desenvolvimento motor favorece o desenvolvimento das áreas de cognição.
Janelas são abertas para outros horizontes, outras histórias, outros povos que, de uma maneira ou de outra, estão ligados a nossa cultura, ainda que distantes de nós.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Pesquisar sobre capoeira: luta ou jogo?
Pesquisar sobre bailados guerreiros pelo Brasil e suas origens.
Quais os ritmos que norteiam essas danças?
Lutas que identificam outras partes do mundo.
TEMPOS E TEMPEROS - Em meio a tantas descobertas, foi de grande importância para o homem encontrar formas de conservar os alimentos. Não seria possível ao homem conquistar terras distantes sem antes resolver essas questões.
Mas, o que são essas conservas? De onde vêm? Como chegaram em nossas terras? Quem as trouxe?
Límpido como a água, já se diz na linguagem popular, é perceber o quanto o tempero pode denunciar as influências e tradições culturais de um povo.
Começando pelas especiarias, chegando ao sal, percebemos o quanto os temperos e conservas determinam o paladar do povo brasileiro até os dias de hoje, não somente na mesa, mas na sua linguagem coloquial cotidiana, descrevendo sentimentos e percepções de maneira bem temperada.
Mas não ficamos por aí. Temos nosso próprio gosto, aquele que só a nós pertence e que nos faz conhecidos pelo mundo, conferindo-nos uma identidade singular que dá gosto de ver e de sentir.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Composição plástica usando diferentes cores, formas e tamanhos de variados temperos: cravo, canela em pau, cominho, pimenta seca, orégamo, alho, etc.
Levantamento dos temperos que são usados na linguagem coloquial e seu respectivo significado.
Conhecer tempero de outras partes do mundo.
Pesquisar temperos exóticos: flores, frutas, folhas e sementes.
Pesquisar palavras que possam ser associadas a sabores.
CORDAS E CORDÉIS - Indo um pouco além do ler e brincar com a literatura produzida, partimos para um momento em que será possível conhecer e produzir sua própria história.
Assim são os cordéis: narrativas escritas e amarradas com barbante, deflagrando em verso e prosa, acontecimentos do cotidiano, valendo-se de uma linguagem própria e original do povo que vive no norte e nordeste do país.
Eles nos remeterão a tempos distantes, onde grandes eventos se deram em nossa história, ou mesmo em tempos atuais. Mas quem são os autores destes cordéis? Onde vivem e sobre o quê escrevem? Como são identificados? Estas e outras respostas encontraremos nos próprios cordéis. Ficam aí esses livretos, contando um pouco da nossa e da sua história.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Produzir ilustrações de livretos utilizando a técnica da impressão em mosaicos.
Produzir acrósticos com o próprio nome.
Criar quadrinhas nos mesmos moldes dos cordéis.
Descobrir de onde veio a literatura de cordel.
Estabelecer relações entre a literatura de cordel e a imprensa.
FOTOS E FATOS - Álbum da família: a lente como registro de uma história.
Quem nunca ouviu falar do lambe-lambe da praça e não posou para uma foto em família? Diferente os dias atuais, onde dispomos de segundos para uma foto, enquanto que no passado, para ser fotografado envolvia todo um ritual de paciência e tempo, desde posar diante da câmara até a revelação da foto, estando aí envolvidos os retoques, sem contar com a produção de cenários e figurinos para tal ¨evento¨.
Porém, quantas mudanças ocorreram no mundo da arte e tecnologia com a chegada da fotografia. É o mundo se revelando a partir da imagem, abrindo outras formas de impressão e expressão artística.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Montagem de uma fotonovela a partir de fotos existentes e/ou novas feitas exclusivamente para a atividade.
Trabalhar com retrato pintado e com retrato falado.
Relação da fotografia com o cinema.
BRINQUEDOS CONSTRUÍDOS - Não é comum em nossos dias a construção de brinquedos pela própria criança, pelo menos nos grandes centros urbanos. Estamos cada vez mais distantes desta realidade. A indústria de brinquedos, se por um lado tem sido capaz de criar bons jogos e divertimentos, por outro tem sido responsável pelo esquecimento dos tão saudosos brinquedos da nossa infância.
Porém, mesmo com toda a força presente na indústria, ainda encontramos crianças apaixonadas por fazer o seu próprio brinquedo, quando encontram mãos hábeis que a possam ensinar.
Fazer pipas, dobraduras, carrinhos, petecas, pés de lata..., brinquedos que estimulam a criatividade e a originalidade, provocando nas crianças o prazer pelo criar.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Confeccionar pipas de diferentes tipos e cores.
Levantamento dos brinquedos construídos pelos pais e avós e que não são mais encontrados hoje em dia.
Tentar construir alguns brinquedos de antigamente.
Confecção de brinquedos sonoros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Maria Alice Penna de . Domingo é dia de Folclore. Ed. Paulinas, São Paulo, 1998.
BALBINO, A . Dicionário do Folclore Brasileiro. 3º edição, Instituto Nacional do Livro, Brasília, 1972
FUTURA, O Canal do Conhecimento. Programa Futura na Sala de Aula. Texto de apoio: Folclore.
NILDA, B. Megale. ( Folclore Brasileiro) - Petrópolis: Editora Vozes, 1999
RUIZ, C. M. P, Didática do Folclore.
Morada Nova - Ceará.
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