Censura contra Protágoras A eliminação dos poemas de Empédocles ocorreu no século VI a.C. e foi um episódio familiar, por assim dizer. Mas no século V a.C., Protágoras de Abdera (490 a.C- 420 a.C), sofista renomado, foi vítima de censura política e religiosa coletiva. Fez, ao que parece, uma leitura pública de seu tratado Sobre os Deuses e Pitodoro (ou seu discípulo Evatlo) o acusou de crueldade num julgamento público. Segundo Laércio e Hesiquio, o livro foi queimado e os exemplares confiscados de casa em casa. Timão de Fliunte, poeta cético, diz em seus Silos:
[...] e os escritos de Protágoras queriam reduzir a cinzas, porque dos deuses constatara não saber nem poder perceber quais foram nem se ainda existiam, mantendo extrema precaução de medida. Mas isso não o ajudou, e teve que refrear a caminhada, a fim de não ir ao Hades por beber a fria poção socrática [...].
Eusébio reforçou o argumento ao afirmar: "[...] Protágoras, cujos livros foram queimados pelos atenienses em virtude de um decreto [...]. Protágoras sofreu, como Sócrates, pelo seu relativismo epistemológico. Morreu, acredita-se, perseguido por uma maldição sobrenatural, pois seu navio naufragou durante viagem à Sicília. Tinha, nas mãos, o último exemplar completo de sua obra.