Meus pais. I know he is a son of a bitch



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Manaus — 1977/1980
O AUTOR E SUA OBRA


Abrindo perspectivas para uma melhor compreensão do mundo amazônico, surge uma das maiores revelações da nova literatura brasileira: Márcio Souza. Cineasta, teatrólogo e ro­mancista, ele luta por um autêntico e sólido movimento de pre­servação da cultura regional e denuncia uma Amazônia depre­dada e saqueada.

Márcio Gonçalves Rentes de Souza nasceu em Manaus, a 4 de março de 1946. Passou a infância e estudou até o fim do curso científico em uma Manaus pobre, estagnada e sem luz elé­trica. Aos catorze anos já trabalhava como crítico de cinema no jornal "O Trabalhista", colaborando mais tarde em todos os outros jornais de Manaus. Em 1967, reuniu algumas de suas críticas sobre cinema no livro "O mostrador de sombras", hoje esgotado.

Aos dezessete anos veio para São Paulo e iniciou o curso de ciências sociais na USP, não o concluindo. Na época, seu maior interesse era o cinema. Participou do movimento Boca do Lixo e acabou viajando para Nova York, onde pretendia morar. Retornou pouco tempo depois a Manaus, pois não se adaptara ao estilo de vida nova-yorquino.

Márcio Souza chegou a fazer alguns filmes, como, em 1972, "A selva", adaptação cinematográfica do romance de Ferreira de Castro, e uma série de documentários sobre a Ama­zônia.

Como teatrólogo, escreveu e dirigiu peças para o Teatro Experimental do Sesc/Amazonas, importante movimento para a manutenção dos valores culturais da região. Escreveu as se­guintes peças: "Zona Franca, meu amor", "A paixão de Ajuricaba", "Dessana, dessana", “A maravilhosa estória do sapo Tarô-Bequê", "Jurupari, a guerra dos sexos", "As folias do látex", "O pequeno teatro da felicidade", "Plácido de Castro contra o Bolivian Syndicate", e "Diroá, o elogio da preguiça".

É autor do ensaio "A expressão amazonense do co­lonialismo ao neo-colonialismo”, um estudo bem-humorado do que houve na cultura de seu Estado.

"Galvez, o imperador do Acre" (já publicado pelo Cir­culo), o romance que o consagrou perante a crítica e o público, aproxima-se muito do espírito do folhetim popular. Narra, de forma irreverente e original, as aventuras de Galvez e a con­quista do Acre.

Os anos 68/70, a repressão política, a luta armada, a re­volução, os problemas vividos pela geração pós-64 são alguns dos temas abordados em "Operação Silêncio".

Seu mais recente livro é "Mad Maria", romance sobre a construção da estrada de ferro MadeiraMamoré, passado em 1911. É a história de uma estrada que vai de lugar algum a parte nenhuma. “Mad Maria" se enquadra na linha debochada e irônica do autor ao denunciar a insensatez que a chamada civilização ocidental parece encenar na Amazônia.
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