Apostila de Sociologia 3º ano do Ensino Médio


AUTOR  1  –    GILBERTO  FREYRE  –  LIVRO  “CASA  GRANDE  E



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Apostila Sociologia Básica Geral

AUTOR  1  –    GILBERTO  FREYRE  –  LIVRO  “CASA  GRANDE  E 

SENZALA” 

 

Casa-Grande  &  Senzala  é  um  livro  escrito  pelo  autor  brasileiro  Gilberto 

Freyre, e publicado em 1 de dezembro de 1933. 

Até  pouco  antes  do  período  em  que  o  livro  foi  escrito,  a  Antropologia 

européia tendo como preceito as idéias evolucionistas de Charles Darwin, atribuia a 

humanidade  uma  escala  evolucionista,  na  qual  as  características  raciais 

expressavam  o  garu  de  evolução  de  cada  grupo. Assim,  as  tribos  selvagens  mais 

atrasadas  da  Australia,  África  e  Américas,  representavam  o  mais  baixo  grau  na 

escala evolutiva. Já o europeu branco e civilizado, e instruído, representava o mais 

alto grau de desnvolvimento que o homem pode alcançar. 

Também  se  acreditava  que  questões  climáticas  e  ambientais  fossem 

determinantes    para  o  desenvolvimento  de  um  povo.  Nos  países  tropicais,  por 

exemplo,  o  calor,  a  humidade,  as  matas,  e  as  doenças,  tornariam  a  população 

preguiçosa e indolente. 

Era  necessário,  portanto,  que  os  povos  mais  evoluidos,  levassem  até  os 

selvagens as noções básicas de civilidade, cultura, religião e desenvolvimento, para 

que  estes  compreendessem  e  incorporassem  (mesmo  que  a  força),  as  noções 

essênciais de evolução, que os europeus preconizavam e defendiam. 

Essas  idéias  tiveram  grande  repercussão  no  Brasil,  pois  a  maior  parte  dos 

intelectuais  da  época,  explicavam  o  atraso  brasileiro  a  partir  da  degradação 

promovida  pela  mistura  da  raça  européia  –  trazida  pelos  portugueses,  que  se 

miscigenaram  –  com  raças  menos  evoluidas,  como  o  índio  e  o  negro.  Gilberto 

Freyre,  entretano,  ao  viajar  para  Europa  e América  do  Norte,  toma  contacto  com 

novas  tendências  da  Antropologia,  em  que  os  antropólogos  modernos  (como  por 



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exemplo,  Levi-Staruss  e  Radcliff-Brown),  defendiam  que  não  havia  uma  diferença 



entre as raças, em termos de escala evolutiva – raças mais e menos desenvolvidas – 

apenas diferenças culturais e econômicas, a serem respeitas e compreendidas. 

Através  de  seu  livro,  Freyre  destaca  a  importância  da  casa  grande  na 

formação  sociocultural  brasileira  bem  como  a  da  senzala  que  complementaria  a 

primeira. Alem disso em Casa Grande E Senzala enfatiza a questão da formação da 

sociedade  brasileira,  tendo  em  vista  a  miscigenação  que  ocorreu  principalmente 

entre: Branco, os negros e os indígenas. Destacando a importância da predisposição 

dos  portuguese  de,  ao  contrário  dos  ingleses  e  espanhóis,  em  prociar  com  a 

população local. 

Na  opinião  de  Freyre,  a  própria  estrutura  arquitetônica  da  Casa-Grande 

expressaria o modo de organização social e política que se instaurou no Brasil, qual 

seja  o  do  patriarcalismo.  Isto  posto  que  tal  estrutura  seria  capaz  de  incorporar  os 

vários  elementos  que  comporiam  a  propriedade  funciária  do  Brasil  colônia.  Do 

mesmo  modo,  o  patriarca  da  terra  era  tido  como  o  dono  de  tudo  que  nela  se 

encontrasse como escravos, parentes, filhos, esposa, etc. Este domínio se estabelece 

de maneira a incorporar tais elementos e não de excluí-los. Tal padrão se expressa na 

Casa-Grande que é capaz de abrigar desde escravos até os filhos do patriarca e suas 

respectivas famílias. 

Neste  livro  o  autor  tenta  também  desmistificar  a  noção  de  determinação 

racial  na  formação  de  um  povo  no  que  dá  maior  importância  àqueles  culturais  e 

ambientais. Com isso refuta a ideia de que no Brasil se teria uma raça inferior dada a 

miscigenação que aqui se estabeleceu. Antes, aponta para os elementos positivos que 

perpassam  a  formação  cultural  brasileira  composta  por  tal  miscigenação 

(notadamente entre portugueses, índios e negros). 

 


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