Igor moreira



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. Acesso em: 26 out. 2015.

Pulsar Imagens/Luciana Whitaker

Lixo eletrônico em São João de Meriti (RJ), 2014. Um grande problema é a dificuldade de se encontrarem locais apropriados para o descarte nos municípios brasileiros.

Responda no caderno

1. Cite alguns problemas que o descarte inadequado do lixo pode causar ao meio ambiente.

2. No município onde você mora, há locais apropriados para o descarte de eletrônicos? Em caso afirmativo, quais são esses locais?

Responda no caderno



1. Os aterros sanitários são uma alternativa para o descarte de lixo. Ao contrário dos lixões, eles são preparados para receber resíduos. Observe as ilustrações abaixo.
Lixão

Aterro sanitário

ilustrações: Getulio Delphim/Arquivo da editora

Apenas um local para descarte de lixo, sem proteção ao ambiente ou à população local.

Local preparado para receber o descarte. Há regras para acondicionar o lixo, protegendo o solo, a água e o ar.

O que produz?

O que produz?
Gás metano: gerado pela decomposição do material orgânico. Sem controle, cria risco de explosão e contribui para o efeito estufa.

Chorume: líquido tóxico, resultado da decomposição do lixo. No lixão, ele penetra no solo e contamina o lençol freático.

Água de reúso: o chorume é tratado, e a água é usada no aterro para irrigar plantas e lavar equipamentos.
Energia elétrica: o gás metano é canalizado e queimado, podendo gerar energia elétrica.

tratamento do chorume

lixão

queima de gases



poluição

chorume


manta de plástico

lençol freático

lençol freático

Como funciona?

Armazenamento do lixo: cada camada de um aterro sanitário é coberta com argila e uma manta de plástico.

Cobertura: o lixo fica exposto por apenas algumas horas e logo é coberto. Assim, não atrai animais.

Quais são as consequências?

Doenças: lixo exposto atrai animais como ratos, baratas e urubus, que causam doenças.

Trabalho ilegal: catadores trabalham sem proteção e, por isso, ficam expostos a doenças e acidentes.

Fonte: BRASIL produziu 3 mi de toneladas de lixo a mais em 2013. O Estado de S. Paulo, 3 ago. 2014. p. A23. Metrópole. Cores-fantasia. Sem escala.

a) Qual é a diferença entre lixão e aterro sanitário?

b) Por que o aterro sanitário não polui o lençol freático?

c) O que o lixão e o aterro sanitário produzem?
d) Qual é o destino do lixo em seu município? Procure informações sobre isso na prefeitura e discuta com os colegas se o descarte dos resíduos é feito de modo adequado.
2. Você sabe de onde vêm os alimentos frescos que você consome, como frutas, verduras e legumes? Para começar, leia a notícia abaixo. Depois, siga as orientações da próxima página.
Sem controle, alimentos circulam no país com agrotóxico irregular

É quase certo que a fruta, o legume e a verdura que chegam atualmente à sua mesa não tenham passado por nenhum controle rígido dos níveis de agrotóxicos. [...]

Por exemplo: análise por amostragem da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em alimentos típicos da cesta básica que circularam no Estado de São Paulo em 2014 mostrou que 31% tinham agrotóxicos proibidos ou em quantidade acima da permitida para os produtos.

O resultado dessa análise revela falhas na cadeia de controle da qualidade dos hortifrutigranjeiros produzidos e comercializados dentro do território nacional. [...]



Saúde

Potência na produção de alimentos, o Brasil é, por isso, um dos maiores consumidores de agrotóxicos do planeta. Entre as substâncias usadas no país estão algumas potencialmente cancerígenas, parte delas banidas da União Europeia e de países como China e Índia.

Os riscos à saúde vão de irritação na pele e nos olhos a dificuldades respiratórias, malformações congênitas, alterações no sistema hormonal e imunológico e câncer.

Para minimizar os efeitos, lavar bem os alimentos ajuda, mas não elimina todos os resquícios de agrotóxicos. [...]-

FERRAZ, Lucas; GERAQUE, Eduardo. Folha de S.Paulo, 4 out. 2015. Cotidiano. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2015.

Quantidade de agrotóxico presente


em alguns produtos agrícolas (em %)

Edição de arte/arquivo da editora

a) Reúna-se com quatro ou cinco colegas e pesquisem o que é agricultura convencional (com uso de agrotóxicos) e o que é agricultura orgânica (sem uso de agrotóxicos). Procurem saber:

▸ a diferença das técnicas empregadas na produção;

▸ os benefícios e/ou os problemas de cada uma delas (convencional ou orgânica).

b) Após a realização da pesquisa, cada integrante do grupo deverá visitar um ou dois locais onde geralmente sua família costuma comprar verduras, frutas e legumes. Pode ser o mercado do bairro, a quitanda, a feira, etc.

c)
Faça uma pequena entrevista com um funcionário ou com o dono do(s) estabelecimento(s).

▸ Qual é a origem dos produtos (local da produção)?

▸ As frutas, os legumes e as verduras comercializados nesse local são produzidos por agricultura familiar, por uma pequena cooperativa, por uma grande cooperativa ou por um grande produtor?

▸ Os produtos comercializados são todos do mesmo fornecedor?

▸ Quantas vezes por semana é necessário haver abastecimento dos produtos?

▸ O método de produção desses produtos é convencional ou orgânico?

d) Entreviste também uma pessoa que costuma comprar frutas, legumes e verduras nesse local. Você pode seguir o roteiro de questões abaixo, mas lembre-se de que ele pode ser alterado, caso considere necessário.

▸ Por que você compra nesse local?

▸ Você gosta de consumir produtos frescos e mais naturais, como verduras, legumes e frutas? Por quê?

▸ Você conhece a origem dos produtos que compra? Em sua opinião, eles são saudáveis?

▸ Você sabe o que é agricultura convencional? E agricultura orgânica?

▸ Você sabia que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo?

▸ Você se incomoda em consumir alimentos com agrotóxicos? Se pudesse, optaria por orgânicos? Por quê?

Caso converse com pessoas que não sabem a diferença entre a agricultura convencional e a orgânica, explique isso a elas.

e) Após a realização das entrevistas, reúna-se novamente com seus colegas. Juntos, analisem as informações pesquisadas e, depois, montem uma apresentação digital (com slides) para compartilhar com o restante da turma os dados levantados no trabalho de campo. Vocês também podem inserir nos slides informações sobre a agricultura convencional e a orgânica, que foram pesquisadas na primeira etapa do trabalho.

3. Enem (2011) O fenômeno de ilha de calor é o exemplo mais marcante da modificação das condições iniciais do clima pelo processo de urbanização, caracterizado pela modificação do solo e pelo calor antropogênico, o qual inclui todas as atividades humanas inerentes à sua vida na cidade.

BARBOSA, R. V. R. Áreas verdes e qualidade térmica em ambientes urbanos: estudo em microclimas em Maceió. São Paulo: Edusp, 2005.

O texto exemplifica uma importante alteração socioambiental, comum aos centros urbanos. A maximização
desse fenômeno ocorre

a) pela reconstrução dos leitos originais dos cursos-d’água antes canalizados.

b) pela recomposição de áreas verdes nas áreas centrais dos centros urbanos.

c) pelo uso de materiais com alta capacidade de reflexão no topo dos edifícios.

d) pelo processo de impermeabilização do solo nas áreas centrais das cidades.

e) pela construção de vias expressas e gerenciamento de tráfego terrestre.

Pulsar Imagens/Gerson Gerloff

Legumes e verduras orgânicos em mercado no município
de Santa Maria (RS), em 2014.

Em grupo

Restos de alimentos, cascas de frutas, embalagens, papel higiênico, eletrônicos, garrafas e outros materiais de plástico... Todos os dias, você e os demais habitantes do Brasil produzem, em média, 1,5 quilo de lixo cada um. Como você estudou, todo esse lixo tem vários destinos, e a maioria deles prejudica o ambiente e a saúde humana. Nesta seção, a ideia é refletir sobre como podemos fazer a nossa parte quando o assunto é lixo.



1. Leiam o poema abaixo.
Os catadores de papel

Pela cidade afora,

noite ou dia, a qualquer hora,

os catadores de papel são triste paisagem.

Vão juntando papel e pobreza,

moram, assim, nas praças, nos vãos,

em casa feita de nada.

Tenho tanta pena dos catadores de papel,

agora moram aqui,

no meu poema.


Getulio Delphim/Arquivo da editora

MURRAY, Roseana. A bailarina e outros poemas. São Paulo: FTD, 2001.



2. Vik Muniz (1961-) é um artista plástico brasileiro, nascido em São Paulo (SP). Atualmente, trabalha nas cidades de Nova York (Estados Unidos) e do Rio de Janeiro (RJ). Utiliza em suas obras diversas técnicas e emprega, com frequência, materiais inusitados, como lixo, poeira, doce de leite e açúcar. Apreciem, a seguir, algumas obras desse artista e, depois, respondam às questões.
Catálogo Raisonné/Pedro Corrêa do Lago

Vik Muniz. WWW, 2008. Dimensões: 264,8 cm × 180,3 cm. Mapa-múndi representado com peças de computador.

Catálogo Raisonné/Pedro Corrêa do Lago

Vik Muniz. The Gipsy (Magna),
2008. Dimensões:
227,8 cm × 180,3 cm.

a) Que detalhes nessas obras mais chamam a atenção do grupo?

b) Que impressões essas imagens provocam no imaginário de vocês?

c) O que vocês excluiriam dessas obras ou acrescentariam a elas?

d) Realizem, em livros, sites e revistas, uma pesquisa sobre Vik Muniz para responder às seguintes questões:

▸ Como sua história pessoal interfere em sua forma de fazer arte?

▸ Em que consiste a originalidade de suas obras?

▸ Como é o processo de criação desse artista?

3. Criem uma obra de arte sustentável inspirados no poema de Roseana Murray e nas obras de Vik Muniz. Para isso, sigam o roteiro abaixo.

1º) Elaborem desenhos ou façam recortes/colagens dos elementos centrais da obra (pessoas, paisagens, objetos, etc.).

2º) Providenciem materiais que costumam descartar, como tampinhas, embalagens, sucatas variadas, botões, pilhas e peças de aparelhos eletrônicos.

3º) Tirem fotos da obra finalizada (do alto, de cima para baixo). Se possível, imprimam ou revelem algumas delas e montem um mural com as fotos tiradas pela turma.

Em debate

A produção excessiva de resíduos é consequência de uma sociedade voltada para o consumo e para o desperdício de recursos naturais. É dessa sociedade que surge um rejeito material que funciona como estratégia de sobrevivência dos catadores de lixo.

Sob orientação do professor, converse com os colegas sobre a seguinte questão:

Como garantir a proteção do meio ambiente e, ao mesmo tempo, assegurar qualidade de vida aos catadores de lixo?


©Shutterstock/Sean Pavone

As atividades econômicas e a transformação


do espaço

Ao produzir sua vida material, qualquer comunidade, da mais simples à mais complexa, está construindo seu espaço geográfico. E quanto mais a tecnologia avança em determinada sociedade, mais complexa será sua estruturação espacial.

A presença das técnicas no mundo moderno revela-se em múltiplas paisagens terrestres. Para compreender essas técnicas, é importante, entre outras coisas, estudar as diferentes formas de organização do trabalho na agropecuária, na indústria, no comércio e nos serviços. Meta desta unidade, o conhecimento das atividades econômicas é, sem dúvida, essencial para compreender os processos de construção do espaço geográfico e do lugar onde vivemos.

[...] A mão lavra a terra há pelo menos oito mil anos, quando começou o Neolítico em várias partes do globo. Com as mãos, desde que criou a agricultura, o homem semeia, poda e colhe. Empunhando o machado e a foice, desbasta a floresta; com a enxada revolve a terra, limpa o mato, abre covas. Com a picareta, escava e desenterra. Com a pá, estruma. Com o rastelo e o forcado, gradeia, sulca e limpa. Com o regador, água. [...]

BOSI, Alfredo. Os trabalhos da mão. In: BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 469.
Cultivo de arroz em terraços irrigados em Yangshuo, na China, em 2015.

“A presença das técnicas no mundo moderno revela-se em múltiplas paisagens terrestres”. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.

Em sua opinião, que relação as atividades econômicas podem ter com a construção das paisagens e do espaço geográfico?

Que relação pode ser estabelecida entre o texto ao lado e a construção do espaço? E de que forma ele pode se relacionar com a foto acima?

Agropecuária, natureza
e tecnologia

glowimages/Alamy



O uso de drones (pequenas aeronaves não tripuladas controladas a distância) na agropecuária tem se intensificado nos últimos anos. Esses equipamentos podem ser usados em múltiplas tarefas. Com o auxílio de programas de computador, eles permitem detectar pragas e doenças, excesso de irrigação, entre outros problemas que podem atingir a lavoura. Na foto, uso de drone em plantação de trigo, na região da Normandia, França, em 2012.

Assim como a maioria das atividades econômicas, a agropecuária também resulta da ação humana sobre a natureza. Ela consiste em um conjunto de técnicas e formas de trabalho humano voltado para a produção de plantas e a criação de animais, tanto para o consumo (alimentação) quanto para o fornecimento de matérias-primas às indústrias.

Desde o Neolítico, quando surgiram as primeiras formas de controle humano sobre os processos naturais de desenvolvimento de plantas e animais, até as formas mais atuais e complexas de biotecnologia, as atividades agropecuárias envolvem duas dimensões: a física (fertilidade do solo, topografia, disponibilidade de água, etc.) e a socioeconômica (tecnologia, relações de trabalho, estrutura fundiária, etc.).

Ao longo da história, a agropecuária tem se desenvolvido de modo desigual nas diversas regiões da Terra. O resultado transparece nas múltiplas paisagens rurais do planeta. Esse será nosso foco de estudos neste capítulo.
Plantar e colher: os primórdios

As primeiras sociedades humanas sobreviviam da caça, da pesca e da coleta. Foi somente no período Neolítico (de 10000 a 5000 a.C.) que a domesticação de plantas e animais teve início, fazendo com que os grupos humanos se fixassem na terra. Ocorreu nesse período a formação dos primeiros povoados, que, estabelecendo-se às margens de grandes rios, como Tigre, Eufrates, Nilo, Yang-Tsé-Kiang e Huang-Ho, passaram a viver da agricultura e da criação de animais.

Em torno das atividades agropecuárias, desenvolveram-se importantes civilizações orientais, como a mesopotâmica (às margens dos rios Tigre e Eufrates) e a egípcia (às margens do rio Nilo).

Na Mesopotâmia e no antigo Egito, o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas foi tomando forma ao longo do tempo, fato que permitiu o aumento da produção e a geração de excedentes, que podiam ser armazenados para o consumo em épocas difíceis, como as de secas prolongadas. Nesse período, aglomerações populacionais começaram a se multiplicar, e a primitiva divisão de tarefas por sexo deu lugar à divisão do trabalho por categoria social.

Os escravos e os camponeses livres realizavam o trabalho manual e cuidavam da terra; os governantes, em geral, sacerdotes e guerreiros, controlavam os excedentes da produção agrícola.

Desse modo, a divisão do trabalho começava a ser marcada também por uma divisão territorial: de um lado, moradores e trabalhadores do campo; de outro, moradores e trabalhadores das cidades.



Servos e senhores

Durante a Idade Média, o chamado “servo da gleba” ainda cultivava as terras do seu senhor, a quem cabiam todos os frutos do trabalho. Passou a existir, também, o trabalho coletivo nas terras comunais. Os servos ficavam com toda a produção e pagavam tributos aos senhores feudais pela utilização das terras. Uma das formas de pagamento, denominada corveia, era o trabalho nos domínios do senhor.

Durante o feudalismo, o poder era representado pela posse de terra, e a concessão dos feudos definia a posição social. Quem concedia um feudo era chamado de suserano; quem o recebia era um vassalo. Assim, entre os senhores, o rei era o suserano mais elevado; os vassalos dividiam seus feudos e faziam novas concessões, tornando-se, desse modo, suseranos de outros senhores. No topo da hierarquia estava o rei, seguido pelos nobres e pelos cavaleiros, os únicos que não podiam dividir suas terras e fazer concessões.

Mesmo após o feudalismo ter passado por profundas transformações, a partir dos séculos XII e XIII, a sociedade medieval continuou a ser predominantemente agrária.

©Photo. R.M.N./R.-G. Ojéda

Irmãos Limbourg. As riquíssimas horas do Duque de Berry, 1412-1416. Iluminura. Dimensões: 22,5 cm × 13,6 cm. (Detalhe). Essa iluminura retrata
a atividade agrícola na Idade Média.

Um período de mudanças

Alguns historiadores consideram que o feudalismo só terminou com a Revolução Industrial do século XVIII. Para eles, somente com a urbanização, gerada pela industrialização, é que o espaço urbano se sobrepôs definitivamente ao campo.

Em geral, considera-se que a transição do feudalismo para o capitalismo se deu entre o fim da Idade Média (séculos XIII e XIV) e o início da Idade Moderna (séculos XV e XVI). Nesse período, o senhor feudal já não cobrava em espécie ou em trabalho pelo cultivo que os servos realizavam em suas terras. As dívidas passaram a ser em dinheiro.

Ao mesmo tempo, a economia de mercado passava a ser movida pelo sistema monetário. A pequena produção familiar artesanal se desenvolvia, voltando-se cada vez mais para o comércio.

A Revolução Francesa (1789-1799) aboliu os últimos direitos feudais na França, e os camponeses ficaram livres dos pesados tributos devidos aos nobres e ao clero. Comunidades aldeãs foram transformadas em pequenas propriedades conduzidas por produtores individuais, que ingressaram definitivamente no circuito das trocas.

Capitalismo comercial e agricultura

Na fase do capitalismo comercial (século XV a XVII), o ciclo de reprodução do capital fazia-se, sobretudo, com base na circulação e no consumo de mercadorias, as únicas fases já tipicamente capitalistas. As necessidades impostas pelas trocas comerciais, diante da ampliação do mercado internacional, conferiram profundas mudanças à produção de mercadorias.

Na agricultura, os camponeses integraram-se ao sistema de produção capitalista. No entanto, em algumas regiões, como no Leste Europeu, as relações feudais não cessaram de imediato e o trabalho servil foi mantido nas grandes propriedades.

Ao mesmo tempo, cresciam as formas tipicamente capitalistas de produção agropecuária, como a introdução de grandes propriedades de terra cultivadas por trabalhadores assalariados.

Com a expansão marítima e as Grandes Descobertas, as colônias europeias na América, na África e na Ásia também iniciaram uma produção agrícola voltada para o comércio externo. Nas novas colônias, foram criadas grandes propriedades para a monocultura de produtos tropicais, como cana-de-açúcar, algodão e frutas, com base no trabalho escravo.

Observe, no mapa abaixo, os principais fluxos comerciais no século XVI.


Monocultura: cultivo de um só produto.

Mundo: fluxos comerciais no século XVI

Fonte: Adaptado de ATLAS of World History. London: Times Books, 1992. p. 22.

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora



Revolução Industrial: modernização no campo

A grande evolução tecnológica ocorrida em alguns países europeus a partir da Revolução Industrial do século XVIII propiciou o aumento da produção, a transição da manufatura para a indústria e a ampliação da divisão do trabalho.

A agricultura, por sua vez, voltou-se ainda mais para o comércio e, agora, produzia matérias-primas para as indústrias. Nesse período, muitos camponeses migraram para as cidades, onde as fábricas careciam de mão de obra. O trabalho servil e os últimos resquícios de relações feudais de produção na Europa foram eliminados.

A industrialização europeia desarticulou a antiga sociedade rural, baseada em unidades produtivas autônomas e na subordinação da cidade ao campo, dando lugar a uma sociedade tipicamente urbana, com novas classes sociais e uma organização espacial diversa.

A separação histórica entre campo e cidade foi substituída pela articulação entre os dois espaços, ligados por redes de transporte e de comunicação e pela circulação constante de matérias-primas para a indústria e o abastecimento da população.

No campo, a necessidade de aumentar a produção de alimentos para atender a uma população crescente levou ao desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas, como a rotação de culturas, ao avanço da produção pecuária e à expansão das áreas cultivadas nos chamados novos países – Estados Unidos e Austrália. Apesar disso, entre os séculos XVIII e XIX – fase concorrencial do capitalismo industrial –, o campo deixou de ser a principal fonte geradora de riqueza, e as atividades industriais passaram a ser a base do crescimento econômico.

Capitalismo monopolista e agricultura

Desde o fim do século XIX – fase do capitalismo monopolista –, a agricultura ingressou em um processo de modernização. Os preços dos produtos agrícolas caíram em relação aos dos produtos industriais e, para aumentar os lucros, foi necessário reduzir os custos e melhorar a produtividade.

Nessa época, muitas inovações foram introduzidas em diversos países. Destacam-se:

a utilização de implementos agrícolas (como adubos e inseticidas) e máquinas (colheitadeiras, semeadeiras, etc.);

a concentração de terras, mediante a absorção, por parte das grandes propriedades, de imóveis rurais muito pequenos e, por isso, de difícil modernização;

a adoção do trabalho assalariado, com o emprego de trabalhadores fixos ou temporários;

a introdução de grandes capitais industriais no campo – empresas passaram a direcionar suas atividades também para a produção agropecuária;

a reintrodução da produção em pequenas propriedades, em um sistema no qual os camponeses vendem direto ao mercado ou são contratados por grandes empresas (monopólios) para produzir exclusivamente as matérias-primas de que necessitam, como carne, algodão e fumo;

as tecnologias de irrigação e de manejo do solo;

o desenvolvimento da veterinária e a difusão das inovações biogenéticas, voltadas para a criação de espécies vegetais e animais mais resistentes e produtivas.

Rotação de culturas: técnica que consiste em cultivar um produto durante o período de um ano ou determinada estação e, ao fim de sua colheita, substituí-lo por outro. Podemos citar, por exemplo, a alternância da produção de um cereal (milho ou trigo) com uma leguminosa (feijão). Cada um deles tira diferentes nutrientes do solo. Portanto, continuando a produzir, o solo se recompõe. Essa técnica possibilita que a mecanização se instale para aumentar a produtividade.



Texto & contexto

1. Durante o feudalismo, como eram as relações de trabalho no campo?

2. Em que momento da história o espaço urbano adquiriu maior importância econômica e social em relação ao espaço rural?

3. Cite três inovações introduzidas nas atividades agrícolas a partir do fim do século XIX.

4. Entre as inovações técnicas introduzidas nas atividades agrícolas de alguns países desde o fim do século XIX, há alguma presente no estado em que você mora? Em caso afirmativo, cite exemplos.

Agropecuária no mundo atual

Apesar das dificuldades para quantificar e delimitar os espaços agrícolas mundiais, dados do Banco Mundial indicam que, do total da superfície dos continentes, cerca de 40% são utilizados para as atividades agropecuárias.

Para entender o que esse índice representa, é importante levar em conta vários fatores de ordem natural e econômica, pois eles explicam a expansão de determinadas culturas em certas regiões do planeta.

Os fatores naturais são, principalmente, aqueles representados pela maior ou menor facilidade das plantas em se adaptarem às condições do solo e do clima de determinada região; os fatores econômicos, por sua vez, envolvem as características históricas e os diferentes níveis de desenvolvimento dos países.

Em geral, nos países ricos, fortemente industrializados, a atividade agrícola é mais intensa e mecanizada que nos países menos desenvolvidos. No entanto, isso não significa que a agricultura ocupe um papel predominante no total da riqueza gerada naqueles países.

Considerando a participação das atividades agrícolas no Produto Interno Bruto (PIB), verifica-se que a situação se inverte: quanto mais rico o país, menor a participação da agricultura no PIB, predominando as atividades industriais e o setor de serviços.

De acordo com dados de 2012 da FAO, os Estados Unidos, por exemplo, são o principal produtor de milho do mundo. No entanto, as atividades agrícolas desse país representaram apenas 1,3% do PIB naquele ano, diferentemente de países africanos, como o Chade e a República Centro-Africana, em cujo PIB a agricultura tem uma participação superior a 50%.

Com relação à participação da população ativa na agricultura, também há diferenças entre os países ricos e aqueles com menor desenvolvimento econômico e social. Observe o mapa abaixo.

Os países ricos, por serem fortemente industrializados, têm a maior parte da população ativa exercendo suas atividades nos setores secundário e terciário, com minúscula parcela ocupada na agropecuária. Nesse aspecto, destacam-se os Estados Unidos e o Canadá, nos quais menos de 2% dos ativos trabalham na agricultura, mas com alta produtividade por causa da modernização. Em consonância com sua distribuição setorial da população ativa, esses países são fortemente urbanizados, tendo pequena porcentagem de população dependente da agricultura.

Por outro lado, os países pobres e pouco industrializados, localizados, em sua maioria, na África Subsaariana, têm a maior parte da sua população ativa trabalhando na agricultura, da qual depende grande parte da população absoluta, o que explica seus baixos índices de urbanização.

Entre os dois extremos, há os chamados países em desenvolvimento, em processo de industrialização ou com industrialização tardia, como é o caso do Brasil, nos quais a população ativa no setor primário e a que depende da agricultura diminuem progressivamente, na razão inversa da urbanização.

Mundo: população dependente da agricultura (2013)

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 31.



Para saber mais

Mulheres da agricultura familiar precisam de apoio para cumprir com
seu papel-chave na luta contra a fome

[...]


As mulheres do campo têm menor acesso ao crédito, à criação de gado, à assistência técnica, à titularidade de terras e [ao] emprego rural na América Latina e no Caribe, o que evidencia a desigualdade social e econômica na qual vivem essas mulheres e impede que coloquem todo o potencial na agricultura e na segurança alimentar, assinalou hoje [28/04/2014] a FAO.

Cerca de 58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e do Caribe. Segundo a FAO, elas são peças-chaves na luta contra a fome, não só como produtoras, mas também no papel múltiplo como principais encarregadas da alimentação de meninos e meninas e da aquisição, manipulação e preparação de alimentos.

“As mulheres do campo e indígenas têm um papel importante na transformação do atual sistema alimentar, contribuindo para o acesso e controle equitativo sobre a terra, a água, as sementes, a pesca e a biodiversidade agrícola dos que produzem alimentos”, ressaltou Mirna Cunningham, embaixadora do Ano Internacional da Agricultura Familiar 2014.

Na América Latina e no Caribe, a agricultura familiar constitui o segmento mais importante na produção de alimentos e cuja sustentabilidade as mulheres contribuem de maneira fundamental.

Conscientes disso, representantes de ministérios da Mulher, da Agricultura e da Pesca da região, em conjunto com organizações de mulheres e organismos internacionais, ratificaram a necessidade de avançar na criação e na implementação de políticas públicas que promovam o empoderamento e a autonomia das mulheres do campo, durante um encontro realizado nos dias 10 e 11 de abril no Escritório Regional da FAO.

“Os governos da região devem facilitar a construção de políticas que assegurem [às] mulheres um maior acesso a recursos, assistência técnica e melhores trabalhos”, afirmou Eve Crowley, representante Regional Adjunta da FAO para América Latina e Caribe [...].

As mulheres na Conferência Regional da FAO

Uma das conclusões da reunião foi que as mulheres do campo enfrentam obstáculos para o acesso à terra, aos recursos naturais, a recursos públicos para apoiar a produção (crédito, assistência técnica e tecnologia) e a serviços básicos como saúde, educação, moradia e infraestrutura.

“As mulheres do campo desempenham um papel importante na produção de alimentos e para a preservação da biodiversidade por meio da conservação das sementes e da introdução de práticas agroecológicas na produção de alimentos saudáveis, contribuindo assim para a segurança alimentar mundial”, concluiu Eve Crowley.

[...]


Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Mulheres da agricultura familiar precisam de apoio para cumprir com seu papel-chave na luta contra a fome. 28 abr. 2014. Disponível em:
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