Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Debate (Silver)

Respostas pessoais. Após algumas rodadas de debate, procure orientar a turma a identificar ações em comum e ações específicas que podem ajudar a melhorar cada uma das condições de ausência de cidadania apresentadas.



Pesquisa (Movimentos sociais na América Latina)

Antes de propor a realização da pesquisa, busque avaliar o que os estudantes pensam ou sabem



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sobre a realidade contemporânea dos países latino-americanos. Desse modo, você terá mais subsídios para orientá-los em suas pesquisas sobre a atuação dos movimentos sociais na América Latina.



Intelectuais leem o mundo social (Sader)

Após a leitura do texto de Emir Sader, é importante que você oriente as pesquisas dos estudantes. As imprensas escrita e televisiva, por exemplo, são veículos de comunicação em que os estudantes podem encontrar material que explicite a variedade e a complexidade das motivações das manifestações que eclodiram em reação à crise do capitalismo de 2008.

Espera-se que, em suas pesquisas e leituras, os estudantes identifiquem os diferentes efeitos da crise do capitalismo que se iniciou em 2008 e as diferentes reações a ela que eclodiram em diferentes países. Espera-se também que eles consigam distinguir entre as mobilizações diversas aquelas que foram rápidas manifestações, às vezes bem pontuais, provocadas por problemas políticos locais, mas nem por isso menos importantes que as demais.

Em relação à crise de acumulação capitalista de 2008, espera-se que os estudantes identifiquem que ela se apresenta com alcance global, escala de tempo prolongada e diversidade de erupções e convulsões, de que muitas mobilizações são exemplo. Uma leitura interessante sobre o assunto é o livro O desafio e o fardo do tempo histórico, de István Mészáros (São Paulo: Boitempo, 2007).



Pausa para refletir (Grzybowski)

1. A resposta é pessoal, mas espera-se que os estudantes compreendam que, muitas vezes, os movimentos sociais lutam por questões que se apresentam em muitos países e em diferentes sociedades. Exemplos da natureza global de algumas lutas dos movimentos sociais são a luta pela aprovação da Lei Maria da Penha no Brasil, a luta pelo fim da mutilação genital feminina compulsória em alguns países africanos e a chamada Marcha das Vadias, organizada em muitos países, incluindo o Brasil, para se manifestar contra o assédio sexual e pela livre expressão do corpo. Todas elas combatem manifestações de uma mesma questão: o machismo e a discriminação de gênero.

2. Resposta pessoal.

Diálogos interdisciplinares

Esta atividade propõe aos estudantes que explorem outras realidades, além da deles próprios, a partir de um problema social relevante. Os mapas devem ser utilizados como uma ferramenta para identificar a relação dos problemas sociais com o espaço e os contextos locais, regionais e/ou nacionais. Você pode decidir com que contexto trabalhar (local, regional e/ou nacional) para que possa adaptar a atividade ao seu planejamento de acordo com as suas possibilidades e as dos estudantes (principalmente em termos de recursos que poderão ser utilizados na pesquisa).

O trabalho pode ser feito individualmente, mas recomendamos que seja realizado em grupos, pois a troca de ideias e experiências pessoais é fundamental em um trabalho como esse.

A seguir, indicamos alguns sites que consideramos fontes confiáveis de informação.

· Combate à fome e à pobreza extrema.

Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida: www.acaodacidadania.com.br.

· Combate ao trabalho infantil e ao trabalho análogo à escravidão.

Repórter Brasil: http://reporterbrasil.org.br; Unicef: www.unicef.org/brazil/pt/index.html.

· Direitos da infância e da juventude.

CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes) de sua cidade;

Fórum Nacional DCA: www.forumdca.org.br; Secretaria Nacional de Juventude: www.juventude.gov.br;

Unicef: www.unicef.org/brazil/pt/index.html.

· Movimento feminista e movimentos de mulheres.

Geledés: www.geledes.org.br;

Transfeminismo: http://transfeminismo.com;

Universidade Livre Feminista: www.feminismo.org.br/livre.



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· Movimento LGBTI.

Liga Brasileira de Lésbicas: http://lblnacional.wordpress.com;

MOOCAH: www.movimentolgbt.org;

Transfeminismo: http://transfeminismo.com.

· Movimento Negro.

Geledés: www.geledes.org.br;

Portal Raízes: http://portalraizes.org.

· Movimento pela reforma agrária.

Comissão Pastoral da Terra: www.cptnacional.org.br;

MST: www.mst.org.br.

· Movimento por moradia.

MTST: www.mtst.org.

(Acesso em: 25 maio 2016.)

Sugira aos alunos que procurem descobrir, com base nas informações encontradas nos sites dos movimentos indicados, se eles têm sede em sua cidade e podem ser visitados.

O trabalho de análise do material encontrado pelos estudantes pode ser orientado por algumas questões simples, como as que seguem:

· Quais são as principais reivindicações do movimento social pesquisado?

· De que maneira ele busca atingir seus objetivos?

· Que estratégias e ferramentas ele costuma utilizar?

· O movimento sempre adotou essa forma de luta? O que mudou ao longo de sua história?

· Qual é a relação das reivindicações do movimento com o espaço em que ele está inserido?

· Como esse movimento social transforma o espaço?

· Vocês conseguem imaginar por que esse movimento é local/regional/nacional/global?

Revisar e sistematizar

1. Ao tomarem consciência de suas necessidades e reconhecerem que as soluções só podem ser buscadas coletivamente, indivíduos e grupos sociais tendem a se associar a outros com as mesmas necessidades para pressionar as autoridades a resolvê-las. Quando se promove a ação política e se definem finalidades, as reivindicações ganham em poder de efetividade.

2. Não é qualquer ação coletiva que pode ser concebida como movimento social, pois este tem características que o distinguem daquela. Por exemplo, a ação coletiva de uma torcida de futebol, diante de um resultado qualquer, não tem caráter de movimento social. A ação coletiva se constitui como um movimento social quando indivíduos ou um grupo social compartilham uma visão comum sobre determinado tema e atuam conjuntamente para mudar a situação. O fato de ser social significa que o movimento luta pelo fim de alguma desigualdade social e de suas consequências: de renda, de gênero, de etnia, de orientação sexual, etc.

3. Nos anos 1970 e 1980, diversos países da América Latina viveram regimes políticos autoritários, nos quais a oposição era duramente reprimida e a sociedade, impedida de se manifestar e de se organizar. As políticas econômicas adotadas por esses governos levaram ao aumento da concentração de renda. No Brasil, as cidades cresceram de modo desordenado e a população das periferias manteve-se sem acesso a moradias adequadas. Os trabalhadores sofriam com o arrocho salarial e tinham dificuldades de lutar por mudanças nas condições de trabalho. Da organização de indivíduos e grupos sociais pela conquista de seus direitos emergiram movimentos sociais urbanos, rurais e de minorias que contestaram tanto o sistema político como o uso do Estado como instrumento de grupos privilegiados.

4. O Estado moderno, de certo modo, foi um elemento estruturante dos direitos do cidadão na sociedade industrial, na medida em que sistemas de proteção ao trabalhador e serviços públicos de assistência social foram estabelecidos. No entanto, nas últimas três décadas do século XX, os teóricos neoliberais e seus adeptos passaram a desconstruir a ideia de um Estado para a coletividade, defendendo um "Estado mínimo". Na lógica da redução do papel do Estado, caberia a este apenas criar condições favoráveis à estabilidade financeira e monetária, com a adoção de políticas contra a inflação e de controle da moeda circulante.

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Setores influentes passaram a apoiar políticas de privatização de bens públicos, de liberdade de ação para o mercado, de redução de barreiras tarifárias e tributárias, ao mesmo tempo que defendiam o controle dos salários, a redução dos benefícios sociais e dos investimentos públicos em saúde, educação e infraestrutura. Ao ter seu papel reduzido, o Estado deixa de ser uma instituição mediadora da cidadania. Isso resultou, em diversos países da América Latina, na ampliação da pobreza e da exclusão social, levando à reação da sociedade por meio da organização de movimentos sociais.



Observação: Como a questão pede ao estudante que estabeleça uma relação entre Estado, sociedade e capitalismo na era do neoliberalismo, a resposta apresentada é uma das possíveis. Os estudantes poderão desenvolver outras, pertinentes à temática discutida.

5. Em períodos anteriores da história brasileira, como durante a República Oligárquica (1889- -1930), os indivíduos tinham de se submeter à troca de favores para obter direitos. Assim, os movimentos sociais foram de suma importância para que os direitos à moradia, à infraestrutura urbana, à saúde e à educação fossem reconhecidos como direitos do cidadão, a serem assegurados por políticas públicas implementadas pelo Estado.

Comentário: A Constituição de 1988 consolidou o instituto da cidadania no Brasil, embora, na prática, ainda seja possível observar a persistência de relações de submissão e clientelismo na sociedade brasileira.

6. Podemos considerar inclusão e exclusão como feições de um mesmo problema. Se, de um lado, encontramos indivíduos que usufruem das riquezas socialmente produzidas, de outro, há indivíduos mantidos à margem dos direitos sociais e do acesso a bens e oportunidades. Estes se encontram impossibilitados de usufruir daquilo que produziram com seu trabalho ou mesmo da própria oportunidade de trabalhar. Na contemporaneidade, a exclusão tecnológica, por exemplo, soma-se a outras formas de exclusão que vêm de longa data.

7. Os movimentos sociais contemporâneos são protagonizados por múltiplos sujeitos: estudantes, pacifistas, ambientalistas, grupos étnicos, entre outros. A luta contra a desigualdade e pelo respeito às condições de cidadania e igualdade segue na pauta. Pode-se dizer que, a partir da segunda metade do século XX, cresceram os movimentos que defendem a autonomia individual e o respeito à identidade e que respondem, portanto, mais a demandas específicas do que a gerais. No contexto da globalização, emergiram também movimentos de resistência à dominação do mercado sobre as outras esferas da vida.

8. A identidade é ponto-chave para a ação coletiva. Quando os indivíduos reconhecem e partilham entre si interesses, necessidades e visões de mundo, eles tendem a se mobilizar coletivamente para buscar as mudanças sociais pretendidas. Afirmar que os movimentos sociais constroem uma identidade cultural significa dizer que também partilham de valores, modos de vida e visão crítica sobre a sociedade.

Teste seu conhecimento e habilidades

1. b;

2. e;

3. e.

Atividades complementares

1. Seminário: Os movimentos sociais no Brasil e no mundo

A realização de um seminário pode ser uma estratégia produtiva para dar continuidade à discussão sobre movimentos sociais com os estudantes. Como é impossível estudar todos os movimentos sociais, os estudantes podem trabalhar em equipes para buscar informações sobre aqueles que escolherem pesquisar. Deve-se cuidar para que as equipes contemplem movimentos com diferentes causas: feminista, ambientalista, de trabalhadores urbanos, de trabalhadores rurais, etc. Os movimentos devem ser cuidadosamente estudados para que haja compreensão dos contextos em que emergiram, de suas características, das lutas desenvolvidas, das conquistas realizadas, etc.

Um seminário envolve, em um primeiro momento, estudo, pesquisa, levantamento de dados sobre o tema. Você pode orientar os estudantes nessas etapas, fornecendo-lhes sugestões de fontes

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bibliográficas básicas. O segundo momento é o das apresentações dos grupos, cuja organização deve ser mediada por você. Defina com antecedência as datas e a duração das apresentações, reservando tempo para perguntas da turma.

O seminário pode ser integrado à atividade interdisciplinar proposta para este capítulo - na seção Diálogos interdisciplinares.

2. Links para outras atividades

Texto introdutório: BÁDUE, Ana Flávia P. L. Movimentos sociais contemporâneos. Disponível em: http://ensinosociologia.fflch.usp.br/sites/ensino-sociologia.fflch.usp.br/files/Texto_6.pdf. Acesso em: 12 fev. 2016.

Roteiro de atividades. Disponível em: http://ensinosociologia.fflch.usp.br/sites/ensinosociologia.fflch.usp.br/files/Ana%20Fl%C3%A1via%20-%20atividades.pdf. Acesso em: 12 fev. 2016.

Atividade que busca despertar curiosidade nos estudantes a respeito dos diversos movimentos sociais da atualidade.

Leituras recomendadas

DINIZ, Eli; LOPES, José Sérgio Leite; PRANDI, Reginaldo (Org.). O Brasil no rastro da crise. São Paulo: Anpocs/Hucitec/Ipea, 1994.

O volume traz análises sociológicas sobre partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais, Estado e cidadania no contexto histórico dos anos 1990.

OLIVEN, Ruben. Urbanização e mudança social no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980.

Estudo dos processos de urbanização e de modernização da sociedade brasileira e sua relação com a marginalidade urbana e as desigualdades sociais.

SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Este texto sociológico estuda as lutas dos trabalhadores e de outros movimentos sociais no Brasil das décadas de 1970 e 1980.

SECRETARIA dos Direitos Humanos. Relatório sobre violência homofóbica no Brasil: ano de 2012. Disponível em: www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/dados-estatisticos. Acesso em: 12 fev. 2016.

Estatísticas sobre a homofobia no Brasil no ano de 2012.

SENRA, Ricardo. Cartilha argentina guia estudantes que ocupam escolas paulistas. BBC Brasil, 24 nov. 2015. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151124_salasocial_manual_ocupacao_escolas_rs. Acesso em: 12 fev. 2016.

Texto sobre a influência de movimentos do exterior para os estudantes secundaristas que ocuparam escolas no estado de São Paulo, em 2015.

TERRA, João. Cartas de empoderamento: o movimento LGBT negro na África do Sul contra o apartheid. Afreaka. Disponível em: www.afreaka.com.br/notas/cartas-de-empoderamento-o-movimento-lgbt-negro-na-africa-sul-contrao-apartheid/. Acesso em: 12 fev. 2016.

O artigo fala a respeito da luta do movimento LGBT negro, na África do Sul, contra o apartheid.

VENANCIO, Tatiana. Democracia na era digital: a internet como base dos movimentos sociais contemporâneos. ComCiência, 12 maio 2014. Disponível em: www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=99&id=1218. Acesso em: 11 fev. 2016.

Texto que aborda a relação entre novas mídias e movimentos sociais.

FONTE: Alexandre Beck/Acervo do artista

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Capítulo 10

EDUCAÇÃO, ESCOLA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Aqui começam as orientações para o Capítulo 10 (p. 291 a p. 316).

No Capítulo 10 a escola é tratada como uma instituição social, e a educação, analisada como um processo social, visto que escola e educação tendem a se desenvolver de acordo com as condições sociais de cada época e cultura. Nas sociedades democráticas ocidentais, é somente no século XX que desenvolve-se o princípio da universalização da educação, que era até então restrita a certos grupos sociais. Educação como direito, os problemas da educação no Brasil e suas implicações sociais, o papel do Estado e das políticas públicas em relação à educação são destaques deste capítulo.

Conceitos-chave: educação, processo social, conhecimento, sistema social, controle social, ambivalência, tecnologia, instrumentalização da técnica e da ciência, escola, valores sociais, cultura legítima, capital cultural, violência simbólica, disciplinarização.

Objetivos do capítulo para o estudante

· Compreender a educação como um processo social de inserção dos indivíduos em uma sociedade e de transmissão de conhecimentos e comportamentos, que variam de acordo com as diferentes épocas e culturas.

· Entender as formas aristocráticas de educação que antecederam a sua universalização.

· Analisar a extensão da escolarização às massas no século XX, proporcionada por transformações sociais e culturais, muitas das quais relacionadas ao desenvolvimento capitalista.

· Avaliar a educação como um processo de duas vias que supõe interação, interinfluências, resistências, adaptações, inovações, e que não apenas flui do educador para o educando.

· Identificar os aspectos conservadores e inovadores do processo educacional: conservadores por ajustar os indivíduos aos padrões vigentes de comportamento e inovadores por propiciar a transformação desses mesmos padrões.

· Analisar a escola como uma instituição social que transmite conhecimento e, ao mesmo tempo, propicia a sua transformação.

· Reconhecer que a escola e a educação também podem servir como instrumentos para perpetuar a dominação e as desigualdades sociais por meio da violência simbólica.

· Reconhecer que o sistema educacional precisa enfrentar, hoje, o desafio da sociedade informatizada e se adaptar a ela. Isso deve ocorrer não apenas por meio da transmissão de conhecimentos técnicos, mas também pela formação ética do indivíduo, que lhe permita utilizar tais conhecimentos e recursos para a emancipação e a transformação social.

· Conhecer a trajetória do sistema educacional brasileiro e avaliar alguns problemas que nele persistem, como a desvalorização da carreira docente, a infraestrutura precária das escolas, a superlotação das classes, as defasagens de currículos, a insuficiência de investimento estatal, a evasão escolar, etc.



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Questão motivadora

Considerando a importância da participação dos estudantes em sala, sugerimos que eles sejam orientados a ler o capítulo, ou partes dele, e a anotar suas ideias principais antes da aula. Isso pode estimulá-los a levantar questões e problematizar o conteúdo do capítulo durante a aula expositiva. Você também pode indagá-los quanto às leituras realizadas, anotando as ideias centrais de suas falas no quadro.

Dica

Como a temática da educação comporta grandes contrastes teóricos na Sociologia, sugerimos um trabalho cuidadoso com as ideias dos autores clássicos (Durkheim, Mannheim), dos contemporâneos (Morin, Bourdieu, Habermas) e de autores brasileiros da Sociologia e da Pedagogia (Fernandes, Freire).

Avaliação

Recomendamos que não apenas o conteúdo teórico estudado neste capítulo seja avaliado, mas também a articulação que os estudantes estabelecem com a sua experiência imediata (escolar, familiar, social). Uma forma mais objetiva de avaliação é sugerir aos alunos que, após a leitura do capítulo, sistematizem suas ideias principais em um fichamento.

Pluralidade das teorias sociológicas: um exemplo no Capítulo 10

Cada teoria sociológica forma um todo coerente, um conjunto de conceitos inter-relacionados que visa explicar determinados aspectos da realidade social. No entanto, elas não são necessariamente concordantes entre si, pois suas interpretações e explicações podem se basear em diferentes pressupostos sobre a sociedade em geral e/ou em distintos momentos históricos dessa sociedade.

Chamamos sua atenção para o modo como pode ser conduzido o estudo sobre educação neste capítulo. Há várias passagens em que argumentos de diferentes autores se contrapõem; em outras, se coloca a questão de como o projeto de educação de uma sociedade desvela suas contradições.

Como exemplo de pluralidade das teorias sociológicas podemos considerar as contrastantes posições teóricas de Durkheim e de Bourdieu sobre os sistemas educacionais. O primeiro os vê como formas de controle social, ou seja, de integração do indivíduo ao conjunto de normas e valores sociais vigentes. Já o segundo analisa os sistemas educacionais como formas de reprodução das estruturas de dominação social, em que alguns têm mais vantagens do que outros.

Acreditamos que, em razão do caráter explicativo dos conceitos sociológicos, seja fundamental recorrer a eles, relacionando-os às teorias que os informam. No caso citado, é essencial que os estudantes tenham clareza do significado e do papel da coesão social na teoria durkheimiana, e do capital cultural na bourdiesiana. Isso lhes permitirá uma compreensão mais ampla dos fenômenos que os cercam e também da sociedade em que vivem, com seus conflitos e contradições.

Complemento teórico

Destacamos a seguir a passagem de um livro de Edgar Morin, A cabeça bem-feita, em que o autor parte do pensamento de Durkheim para propor um novo olhar sobre a prática pedagógica.

Aprender a viver

Como dizia magnificamente Durkheim, o objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas o "de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida" [L'Évolution pédagogique en France, Paris: PUF, 1890, p. 38]. É, justamente, mostrar que ensinar a viver necessita não só dos conhecimentos, mas também da transformação, em seu próprio ser mental, do conhecimento adquirido em sapiência e da incorporação dessa sapiência para toda a vida. Eliot dizia: "Qual o conhecimento que perdemos na informação, qual a sapiência (wisdom) que perdemos no conhecimento?". Na educação, trata-se de transformar as informações em conhecimento, de transformar o conhecimento em sapiência [...].

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 47.

Comentários sobre as atividades

Encontro com os cientistas sociais (Durkheim)

No período em que Durkheim viveu, o acelerado ritmo das descobertas científicas e das inovações tecnológicas influenciou a formação de correntes de pensamento que acreditavam na supremacia e na infalibilidade do pensamento científico. As artes,



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que trabalham mais com o pensamento subjetivo e crítico, tiveram seu espaço reduzido na formação escolar. A prevalência do processo de racionalização influencia os sistemas educacionais de todos os níveis e isso se reflete na seleção de conteúdos das disciplinas escolares e na condução pedagógica do processo de ensino-aprendizagem.



Pausa para refletir (Morin)

1. e 2. Respostas pessoais.

3. Morin alerta para o fato de que as tecnologias, por si, não são suficientes para a transformação do conhecimento. Este comporta riscos e ilusões, os quais podem ser compreendidos pela análise de suas causas, e a educação tem um papel fundamental nesse sentido.

Intelectuais leem o mundo social (Cortella)

O relato do autor de uma experiência escolar sua quando cursava o Ensino Médio é um recurso motivacional para discutir com os estudantes a natureza do conhecimento e sua relação com a vida em todas as suas dimensões.



Debate (Roda de conversa)

Respostas pessoais. Sugerimos que os estudantes se organizem em roda para a realização desta atividade. Outra possibilidade é propor que gravem o debate.



Debate (Rogers)

O evento proposto requer que você oriente os estudantes tanto na sua preparação como na sua realização. A ideia é que eles organizem todos os passos do evento; porém, devem contar com o seu auxílio sempre que necessário (seleção dos convidados, reserva de sala e de equipamentos, etc.). Além disso, espera-se que você dê início ao debate, problematizando a questão-tema da atividade. Para tornar a discussão mais produtiva, os estudantes devem elaborar antecipadamente, em seus respectivos grupos, perguntas iniciais, inspiradas no texto de Carl Rogers. Eles podem escolher um porta-voz por grupo para ler as questões aos convidados e outro representante para anotar os questionamentos que serão discutidos durante o debate.



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