Química – Ciscato, Pereira, Chemello e Proti



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. Acesso em: jan. 2016.

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Graphic design/Shutterstock

ARZTSAMUI/Shutterstock

Olho humano sem catarata (A) e com catarata (B).



Depleção da camada de ozônio

Em 1974, o químico mexicano Mario José Molina (1943-) e o químico estadunidense Frank Sherwood Rowland (1927-2012), da Universidade da Califórnia, alertaram para a possibilidade de depleção da camada de ozônio em razão da presença, na atmosfera, de gases contendo átomos de cloro, flúor e carbono na sua composição – denominados genericamente de CFCs. Depleção significa redução, mas foi com a expressão “buraco na camada de ozônio” que esse efeito acabou ficando mais conhecido. Na época, muitos criticaram as predições de Molina e Rowland, pois os gases CFCs vinham sendo empregados ​em muitos produtos e processos industriais desde a década de 1920, e sua grande estabilidade química e baixa toxicidade apontavam que eles eram seguros, ao menos na troposfera.



CFC: sigla utilizada para identificar substâncias do tipo clorofluorcarbono, como o CCl3F e o CCl2F2.

Em 1985, com base em dados gerados por satélite, cientistas de uma entidade britânica constataram que o teor de ozônio sobre a Antártida estava, desde o final da década de 1970, diminuindo drasticamente. Eles perceberam que havia uma redução periódica de cerca de 50% na concentração do ozônio estratosférico (de setembro a novembro, período correspondente à primavera no hemisfério sul). O debate que surgiu entre os cientistas foi: seria essa uma variação climática natural ou resultado da ação humana?

Em 1987, expedições científicas e sobrevoos com equipamentos para analisar a composição do ar confirmaram a presença de átomos de cloro provenientes das moléculas de CFCs. Assim como a radiação UV era capaz de quebrar as ligações interatômicas das moléculas de O2 e O3, ela também podia decompor as ligações interatômicas das moléculas de CFCs presentes nas camadas superiores da atmosfera. A confirmação do fenômeno rendeu a Molina e Rowland o prêmio Nobel de Química de 1995. Acompanhe na ilustração a seguir a evolução da depleção da camada de ozônio entre 1979 e 2010.

Página 172



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Mike Carlowicz/Robert Simmon/Ozone Hole Watch/NASA

Uma unidade Dobson corresponde a 2,7 ⋅ 1016 moléculas de ozônio por centímetro cúbico (a 0 °C e 1 atm).



Fonte: NASA. Disponível em: . Acesso em: maio 2016.

Graças aos avanços no conhecimento sobre as reações químicas envolvendo a radiação UV na estratosfera e à preocupação com o possível desaparecimento da camada de ozônio e a consequente impossibilidade de vida na Terra, líderes de dezenas de nações assinaram, em 1987, um documento conhecido como Protocolo de Montreal, comprometendo-se a interromper a produção de gases CFCs ao longo dos anos seguintes. Como leva algum tempo para que os CFCs alcancem a estratosfera, os cientistas acreditam que demore pelo menos 60 anos para que a camada de ozônio se recupere totalmente.

Como substitutos desses gases surgiram os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), que, por serem mais reativos que os CFCs na troposfera, apresentam menor impacto sobre a camada de ozônio. No Brasil, o uso de CFCs foi completamente eliminado em 2010. Por suas iniciativas em prol da proteção da camada de ozônio, o país foi agraciado com dois prêmios concedidos pela ONU (Organização das Nações Unidas). Vale mencionar especialmente o de 2007, pelo destaque na eliminação antecipada do uso de CFCs. Há também um cronograma para a eliminação dos HCFCs até 2040. A indústria pretende, nesse intervalo de tempo, substituir completamente os HCFCs por HFCs (hidrofluorcarbonos), que, aparentemente, até onde se sabe hoje, não afetam o ozônio estratosférico.

Questões relativas ao texto de abertura



Responda em seu caderno

1 Utilizando os pressupostos da teoria atômica de Dalton, represente a reação de decomposição do ozônio por meio de modelos.

2 Analise o gráfico Variação do teor de ozônio na atmosfera em diferentes altitudes e responda: a que altitude a concentração de ozônio é máxima? Quantas vezes essa concentração máxima é maior do que a concentração a 20 km de altitude?

3 Diversos meios de comunicação alertam constantemente para os riscos de comprar produtos de procedência duvidosa. Com base no que foi discutido no texto de abertura, explique os riscos a que um consumidor pode se expor ao comprar óculos de sol falsificados e como essa ação está relacionada com a depleção da camada de ozônio.
Página 173

4 Faça a associação correta entre as variáveis X, Y e Z com os tipos de radiação ultravioleta citados no texto.

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Adilson Secco

Representação sem escala; cores fantasia.



5 A expressão “buraco na camada de ozônio” acabou se popularizando até mesmo no meio científico. Com base na análise da ilustração Evolução do teor de ozônio na estratosfera de 1979 a 2011, faça uma crítica a essa expressão e proponha uma descrição cientificamente adequada.

6 Na ilustração Evolução do teor de ozônio na estratosfera de 1979 a 2011 é possível notar que, entre 2006 e 2011, a área média da região com mais baixo teor de ozônio permaneceu praticamente estabilizada. Que medidas podem ter sido responsáveis por esse fato?

7 Estudos indicam que um único átomo de cloro proveniente dos CFCs é capaz de participar de 2 milhões de ciclos de decomposição do ozônio (50 ciclos diários), isto é, cada átomo de cloro isoladamente pode levar à decomposição de até 2 milhões de moléculas de ozônio. Com base nessas informações e na ilustração Evolução do teor de ozônio na estratosfera de 1979 a 2011, determine quantos bilhões de átomos de cloro são necessários para reagir com uma quantidade de ozônio equivalente a 1 Dobson.

Reflita sobre os tópicos abordados neste capítulo



Discuta com seus colegas

É correto afirmar que a presença de ozônio na atmosfera sempre promove benefícios aos seres humanos?

É possível prever a rapidez com que determinada substância se decompõe com base na rapidez de formação de um dos produtos da reação?

Por que algumas reações, como as explosões, são rápidas, e outras, como a formação da ferrugem, são lentas?

O que pode ser feito para estender o prazo de validade de um alimento não industrializado?

Para que servem e como funcionam os catalisadores automotivos?


Página 174

TEMA 1
Quantificando a rapidez de uma reação química


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Caio Guatelli/Folhapress

A tonalidade castanha do ar comumente vista nas grandes cidades deve-se à presença de poluentes atmosféricos, como o dióxido de nitrogênio (NO2). São Paulo, SP, 2008.

Conforme visto no texto de abertura, o gás ozônio concentra-se naturalmente na estratosfera, onde é formado pela ação da radiação UV sob o gás oxigênio. Porém, em razão de certos poluentes atmosféricos, pode-se formar ozônio na troposfera. Esse processo e suas consequências serão descritos neste tema.

Formação do ozônio troposférico e o conceito de taxa média

Desde a segunda metade do século XIX, o gás ozônio vem sendo utilizado como agente terapêutico, especialmente por suas propriedades germicidas. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), por exemplo, médicos alemães utilizavam o ozônio para o tratamento de ferimentos dos soldados.

Produzido naturalmente na estratosfera, ele também pode ser produzido na troposfera – quando isso acontece, ele é denominado ozônio troposférico.

A exposição ao ozônio troposférico deve ser controlada, pois pode prejudicar o sistema respiratório. Alguns dos efeitos nocivos do ozônio à saúde são: dores no peito, tosse, garganta irritada e falta dear. Acompanhe na tabela da página seguinte alguns desses efeitos do ozônio em função de sua concentração no ar.


Página 175

Efeitos tóxicos da inalação de gás ozônio

Concentração de O3 no ar (ppmv)

Efeitos tóxicos

0,1

Lacrimejamento e irritação no trato respiratório superior.

1,0-2,0

Rinite, tosse, cefaleia, náuseas. Pessoas predispostas podem desenvolver asma.

2,0-5,0 (10-20 min)*

Aumento progressivo de dispneia.

5,0 (60 min)*

Edema agudo de pulmão e, ocasionalmente, paralisia respiratória.

10,0

Morte em 4 horas.

50,0

Morte em minutos.

Dispneia: sensação de falta de ar acompanhada de respiração trabalhosa.

*Os valores apresentados entre parênteses representam o tempo de exposição a que uma pessoa deve ser submetida para desenvolver os sintomas apresentados.



Fonte: BOCCI, V. Ozone: A new medical drug. 2. ed. Berlin: Springer Science & Business Media, 2010. p. 3.

As plantas também apresentam consequências da exposição a altos níveis de ozônio troposférico: este gás as enfraquece, deixando-as mais suscetíveis ao ataque de fungos e insetos. Isso acontece porque o ozônio reage com o gás etileno (H2C ═ CH2), que as plantas emitem naturalmente, produzindo substâncias nocivas a seus tecidos (veja imagens a seguir).



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Nigel Cattlin/Alamy/Glow images

R.J. Reynolds Tobacco Company Slide Set/CC by 3.0 US

O tabaco (Nicotiana tabacum L.) é um bioindicador de ozônio. Nas imagens é mostrado o estado das folhas de tabaco antes (A) e depois (B) da exposição a poluentes, como o ozônio troposférico.

Até os pneus dos carros têm sua vida útil reduzida pela presença do ozônio troposférico, uma vez que ele reage com a borracha. No entanto, o ozônio também tem aplicações industriais, como será visto mais adiante.

Uma das maneiras de sintetizar ozônio é submetendo o gás oxigênio a uma descarga elétrica de alta voltagem em um aparelho chamado ozonizador. No caso do uso medicinal, é importante utilizar gás oxigênio puro, e não ar, pois a presença de altos níveis de gás nitrogênio favorece a produção de gases tóxicos, como os óxidos de nitrogênio. Esses mesmos gases indesejáveis podem ser produzidos durante a queima de combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel. Como esses gases podem amplificar a conversão do gás oxigênio em ozônio na troposfera, o ozônio tem se tornado um dos principais poluentes atmosféricos dos centros urbanos.

Nas camadas atmosféricas mais baixas, a luz do Sol incide sobre o gás dióxido de nitrogênio (NO2), um poluente liberado pelos automóveis e pelas chaminés industriais. Veja no gráfico a seguir as medições de concentração, em ppbv (partes por bilhão em volume), de dióxido de nitrogênio e de ozônio em um período de 24 horas em uma grande cidade.

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LUIZ RUBIO

Fonte: NASA. Disponível em:


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