Sam bourne o código dos justos



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Moshiach era agora muito conhecido, apesar de não tê-lo visto dessa forma. A palavra que importava era rabino. O homem da fotografia espalhada por todo lugar — um antigo rabino de barba branca bíblica e chapéu de feltro colado firmemente na cabeça — era o líder, o rabino.

Para ele, parecia uma descoberta. Precisava apenas encontrar aquele homem e conseguiria algumas respostas. Uma comunidade como aque­la, tinha certeza, era hierárquica e disciplinada: nada acontecia sem a concordância do líder. Era como um chefe tribal. Se Beth fora levada pelos homens de Crown Height, o rabino teria dado a ordem. E saberia onde ela estava agora.

Will saiu apressado, ansioso para encontrar aquele rabino o mais rápido possível. Ao voltar para a rua, notou que outras pessoas anda­vam em velocidade semelhante; todo mundo parecia apressado. Esta­ria acontecendo alguma coisa? Teriam sido informados do seqüestro?

Percorridas uma ou duas quadras, encontrou o que procurava: um lugar onde as pessoas se reuniam para comer ou beber. Para repórte­res, cafés, bares e restaurantes eram locais essenciais. Para falar com estranhos, onde mais começar? Dificilmente poderia bater nas portas das pessoas; pará-las na rua era sempre um último recurso. Mas num café, poderia iniciar uma conversa com quase todo mundo — e conse­guir muita informação.

Não havia cafés ali, tampouco bares, mas o Glatt Kosher de Marmerstein já servia. Era mais um espaço de refeições que um restau­rante. Parecia mais um refeitório, com comida quente num balcão ser­vido por mulheres grandes com jeito de avós. Os fregueses pareciam ser homens macilentos, pálidos, que devoravam schnitzel de galinha, batatas encharcadas de molho e chá gelado como se não comessem há 24 horas, isso levou Will a lembrar-se do refeitório na escola do primá­rio: mulheres grandes alimentando meninos magricelas.

Só que esse cenário era muito mais bizarro. Os homens pareciam ter saído de um livro de fotografias do leste europeu do século XVII, ainda que vários deles resmungassem em telefones celulares. Um deles usava simultaneamente um BlackBerry e lia o New York Post. O con­traste entre o antigo e o moderno era gritante.

Will enfileirou-se para pegar seu prato, embora estivesse sem von­tade de comer; só precisava de um pretexto para estar ali. Hesitou diante da escolha de legumes, brócolis ou cenoura cozidos demais, e logo foi censurado por uma das babushkas atrás do balcão.

— Ande logo, quero chegar em casa para o shabbos — disse ela sem um sorriso.

Aquilo explicava a correria: era tarde de sexta-feira e o Shabat apro­ximava-se. Tom comentara alguma coisa sobre isso quando Will saíra, mas ele não se importara: literalmente não sabia que dia era. Havia de ser a má notícia. Crown Heights certamente fecharia dali a uma ou duas horas; ninguém estaria por perto e ele não descobriria nada. Não lhe restava opção; teria de agir rápido, começando já.

Encontrou o que precisava: um homem sentado sozinho. Não ha­via tempo para rodeios. Teria de empregar o método americano ins­tantâneo: Oi, tudo bem, de onde você é?

Ele se chamava Sandy e era da Costa Oeste. As duas informações pegaram Will de surpresa. Achava que aqueles homens de barbas e cha­péus pretos tivessem nomes estrangeiros e falassem com forte sotaque russo ou polonês. Isso fora parte do choque cultural que estava vivenciando na última hora, a compreensão de que um canto do que pode­ria ser a Europa medieval vivia e respirava ali mesmo, na Nova York do século XXI. Sentiu-se um nadador novato que descobre que não pode mais tocar o fundo.

— Você é judeu? — perguntou o homem.

— Não, não sou, sou jornalista. — Que coisa ridícula para dizer. — Quer dizer, o motivo de eu estar aqui é que sou jornalista. Da revis­ta New York.

— Legal. Vai escrever sobre o rabino?

— Sim. Bem, entre outras coisas. Você sabe, simplesmente escre­ver sobre a comunidade.

Sandy revelou-se relativamente novo em Crown Heights. Disse que fora "um surfista de verão" em Venice Beach, "vagando por lá e usan­do um monte de drogas". Sua vida fora uma trapalhada até seis anos antes, quando conhecera um emissário do rabino, que estabelecera um centro de extensão comunitária bem à beira-mar. O rabino Gershon servira-lhe uma refeição quente numa noite de sexta-feira, e foi assim que começou. Sandy aparecera lá para o Shabat seguinte e o seguinte; passara a noite com a família de Gershon.



  • Sabe o que foi melhor, melhor até que a comida e o abrigo? — disse Sandy, com uma intensidade que Will achou embaraçosa num homem que acabara de conhecer. — Eles não me julgavam. Diziam apenas que HaShem ama toda alma judia e entende por que às vezes tomamos o caminho errado, nos desgarramos.

  • HaShem?

  • Desculpe, quer dizer Deus. HaShem literalmente significa "o Nome". No judaísmo, sabemos o nome de Deus, podemos vê-lo escri­to, mas nunca o dizemos.

Will fez-lhe um gesto para que continuasse. Ele explicou que puse­ra a vida nas mãos do rabino e dos seus seguidores. Passara a vestir-se como eles, comer comida kosher, orar de manhã e à noite, honrar o Shabat abstendo-se de todo trabalho ou comércio — nada de compras, nada de usar eletricidade, nada de andar de metrô — do pôr-do-sol de sexta-feira ao de sábado.

— E você já tinha feito algo assim antes?



  • Eu? Só pode estar de brincadeira. Cara, eu não sabia nem o que era shabbos! Comia tudo que se mexia: lagosta, caranguejo, cheesebúrgueres. Minha mãe nem sequer sabia o que era kosher ou treif.

  • E o que ela acha disso tudo?

Indicou com a mão as roupas e a barba de Sandy.

  • Sabe, é uma espécie de processo. Ela achou difícil essa coisa de kosher; eu não posso comer com ela quando vou a sua casa. E agora que tenho filhos, fica meio complicado. Mas sabe o que foi mais duro para ela, sem sombra de dúvida? Quando me tornei Shimon Shmuel, em vez de Sandy. Ela não conseguiu aceitar.

  • Você mudou de nome?

  • Na verdade, eu não chamaria isso mudar de nome. Todo judeu já tem um nome hebraico, mesmo que não saiba qual é. É o nome de nossa alma. Por isso, gosto de dizer que descobri meu verdadeiro nome. Mas uso os dois. Quando visito minha mãe, ou quando conheço alguém como você, sou Sandy. Em Crown Heights, sou Shimon Shmuel.

  • Então, o que pode me dizer sobre esse rabino?

  • Bem, ele é o nosso líder e um grande professor, e todos nós o amamos e ele nos ama.

  • As pessoas fazem tudo o que ele manda?

  • Não é bem assim, Tom. (Will tivera de pensar rápido. Em toda a sua preparação se esquecera de inventar um pseudônimo. Assim, to­mara emprestado o primeiro nome de Tom e o nome de solteira da mãe; então Sandy achava que conversava com um repórter freelance cha­mado Tom Mitchel.) — O rabino simplesmente sabe o que é certo para todos nós. É como o pastor, e nós o seu rebanho. Sabe o que precisa­mos, onde devemos morar, com quem devemos nos casar. Então, sim, ouvimos seu conselho.

O palpite de Will foi confirmado. O cara manipulava tudo.

  • E onde ele mora?

  • Ele está sempre por aqui, todo dia.

  • E posso conhecê-lo?

  • Devia ir à shul esta noite.

  • Shul?

— A sinagoga. Mas é mais que isso. É a nossa sede, nossa casa de reunião, nossa biblioteca. Você vai descobrir tudo que precisa saber sobre o rabino lá.

Will decidiu grudar-se em Sandy. Precisava de um guia, e ele seria ideal. Não era muito mais velho que Will, não era rabino, nem estudio­so, nem uma figura autoritária que exigisse insinuar-se em suas gra­ças, mas um hippie sem perspectivas, imaginou, que simplesmente implorou para ser salvo. Se os ETs tivessem chegado primeiro, Sandy teria ido com eles; era um homem que precisava de alguém para erguê-lo quando caísse.

Conversaram enquanto percorriam a pé as poucas quadras até a primeira parada de Sandy.


  • Me diga uma coisa, Sandy. Que maneira de se vestir é essa? Por que vocês todos se vestem do mesmo modo?

  • Confesso que fiquei bastante grilado com isso a princípio. Mas sabe o que diz o rabino? Somos mais distintos porque nos vestimos assim.

— Como ele explica isso?

— Bem, o que nos torna diferentes uns dos outros não é a camisa de grife que vestimos, nem o terno caro, algo externo. O que nos torna diferentes uns dos outros é o que está no nosso íntimo: nosso verdadei­ro eu, nossas neshama, nossas almas. Isso brilha. Se o exterior passa a ser irrelevante, se todos parecermos iguais, as pessoas podem verda­deiramente voltar-se para o interior.

A essa altura, haviam chegado ao prédio a que Sandy se referira como mikve e traduzira para Will como "banho ritual". Juntaram-se à fila pagando um dólar ao recepcionista na porta. Will pagou cinqüenta centavos a mais para pegar uma toalha, e dirigiram-se para o andar de baixo para o que parecia ser um grande vestiário.

Assim que Sandy abriu a porta, foram atingidos por uma nuvem de vapor. O próprio ar parecia gotejar. Will teve de piscar os olhos três ou quatro vezes para ajustá-los. Quando afinal recuperou a visão, re­cuou como se houvesse levado um soco.

O espaço achava-se entulhado de homens e meninos nus ou se des­pindo. Adolescentes ossudos, cinqüentões barrigudos, as barbas se encaracolando na umidade, e idosos enrugados — todos retirando a última peça de roupa. Will freqüentara academias de ginástica em vá­rias ocasiões, mas os limites de idades eram mais estreitos, havia me­nos pessoas, e nada igual àquele volume de barulho. Todo mundo ali falava; se eram crianças, gritavam.

— Temos de ficar inteiramente despojados quando entramos no mikve — dizia Sandy —, a fim de nos purificarmos para o shabbos. Nos­sa pele precisa fazer contato total com a água da chuva acumulada no mikve. Se usamos aliança, temos de retirá-la. Temos de ficar como éra­mos no dia em que nascemos.

Will olhou para seu próprio dedo, a aliança que Beth lhe dera. Na cerimônia do casamento, ela a pusera em seu dedo e sussurrara um voto só para seus ouvidos.

— Mais que ontem, menos que amanhã.

Referia-se à profundidade do amor que um sentia pelo outro.

Agora ele se via cercado de homens nus, alguns retiravam as ves­tes com borlas —- que Sandy explicou que eram usadas de acordo com um mandamento religioso: um lembrete de Deus, mesmo sob a camisa — outros as vestiam, e elas logo ficavam manchadas com a umidade da pele ainda molhada, vários resmungavam preces numa língua que Will não entendia. Que mundo mais estranho para que meu amor por Beth me trouxesse a este lugar neste momento, pensou ele, observando a cena.

— Vem? — Sandy indicava a piscina com a mão.

Algo dizia a Will que se quisesse conquistar a confiança daquele homem, teria de mostrar respeito e participar de qualquer ritual que o momento exigisse.

— Claro — ele respondeu, tirando as roupas; até a aliança.

Cautelosamente, seguiu Sandy, lembrando-se dos dias de escola e da ida para o chuveiro coletivo após uma tarde de inverno treinando rúgbi. Então, como agora, sentiu-se encabulado, tendo o cuidado de cobrir as partes íntimas com as mãos. O cenário ali parecia-se muito com aqueles antigos banhos da escola, até nas poças d'água escuras e nos pêlos pubianos espalhados pelo piso de azulejos brancos. Havia uma placa: AME SEU PRÓXIMO, TOME UMA CHUVEIRADA AN­TES DO MIKVE. Will aceitou a sugestão de Sandy, parado sob o jato de água por apenas alguns segundos.

Depois estava na hora do mikve. Parecia um pequeno lago de mer­gulho, e mergulhar era o que se fazia. Descer a escada, patinhar um ou dois passos e depois afundar — um mergulho completo, para que nem um único fio de cabelo na cabeça permanecesse seco —, em seguida mais dois e fora. A temperatura era agradável, mas ninguém se demo­rava. Não estavam ali para mergulhar nem para um banho numa jacuzzi, mas para serem purificados.

Quando Will afundou sob a superfície, prendendo a respiração, foi tomado de uma inesperada raiva. Não dos homens à sua volta, nem sequer dos seqüestradores de Beth, mas de si mesmo. Sua mulher de­saparecera, talvez estivesse em perigo, e ali estava ele com o rabo de fora. Não onde devia, num centro de comando do Departamento de Polícia de Nova York, rodeado por terminais de computador piscando e manejados por especialistas em seqüestro, cada um trabalhando 24 horas para rastrear telefonemas e decodificar e-mails, usando tecnologia de ponta, até finalmente um policial virar-se e anunciar para a sala — "Pegamos ele!" — E isso faria com que todo mundo se amontoasse em radiopatrulhas e helicópteros, para cercar o antro dos criminosos com uma equipe de atiradores de elite da SWAT que então surgiriam com Beth, tremendo, enrolada numa manta, e o malvado seqüestrador algemado ou, melhor ainda, num saco plástico preto. Tudo isso se passou na mente de Will enquanto ele prendia a respiração na água de chuva destinada a santificar-lhe o corpo. Eu vi filmes demais, pensou quando subiu à tona, respirou fundo e sacudiu a água dos cabelos. Mas o sentimento dentro dele persistia. Devia estar procurando Beth e, em vez disso, banhava-se com o inimigo.

Ao enxugar-se e vestir as roupas de volta, não pôde evitar ver os homens à sua volta de modo diferente. Que segredos sinistros levavam? Estariam imaculadamente ignorantes dessa trama ou envolvidos no se­qüestro de sua mulher? Seria algum tipo de conspiração, que começa­va com o rabino, mas que envolvia todos eles? Olhou para Sandy, que remexia em grampos de cabelo ao tornar a pôr o solidéu na cabeça. Sem dúvida ele parecia um inocente de olhos arregalados, mas talvez isso não passasse de uma pose hábil.

Will remontou à primeira conversa deles no jantar. Imaginava que houvesse procurado Sandy, mas talvez pudesse ter sido o contrário. E se esse tal de "Sandy" o viesse seguindo desde que chegara a Crown Heights, tramando para estar sentado sozinho no Marmerstein bem no momento exato em que ele aparecera? Não seria uma armação tão di­fícil de fazer. Afinal, não eram essas pessoas famosas pela astúcia...

Will deteve-se nesse momento. Sabia o que estava acontecendo; começava a entrar em pânico, deixando uma névoa vermelha baixar quando precisava de clareza. Velhos estereótipos não resgatariam Beth — disse severamente a si mesmo. Precisava ouvir seus pensamentos. Seja paciente, continue educado e conseguirá a verdade.

Passaram rapidamente na casa de Sandy que, imaginou Will, fora apenas designada para ele. Era decorada num estilo que fazia parte da geração de seus avós: armários de fórmica branca que pareceriam mo­dernos em 1970, um piso de linóleo que parecia ser da era Kennedy. A cozinha tinha duas pias e um tanque de aspecto industrial com água fervente, até com torneira distribuidora no canto. Em todas as paredes, com expressões variadas, viam-se fotografias do homem que Will ago­ra sabia ser o rabino.

A sala de estar oferecia a única pista da presença de crianças. Era dominada por um cercado cheio de brinquedos infantis de plástico ver­melho e amarelo. Uma criança que começava a andar estava entre elas, empurrando um caminhão de lixo de brinquedo. Perto, sentada no can­to de um sofá muito simples, uma mulher dava mamadeira a um bebê.

Will foi tomado por uma sensação que não esperara: inveja. A prin­cípio, pensou que invejava Sandy por ter o lar intato, a mulher em se­gurança. Mas não era isso. Invejava a mulher por ter filhos. Era uma sensação nova, mas naquele momento, como se em nome de Beth, co­biçou o bebê e a criança: via-os através dos olhos dela, como os filhos que tão desesperadamente queria ter. Talvez pela primeira vez entendesse a necessidade da mulher. Não, era mais que isso. Podia sentir.

A mulher tinha os cabelos cobertos por um pequeno chapéu bran­co nada gracioso. Embaixo, um coque grosso e escuro — o mesmo esti­lo usado por toda mulher em Crown Heights pelo que ele havia visto.


  • Esta é Sara Leah — disse Sandy, distraído, dirigindo-se para a escada.

  • Oi, eu sou Tom — disse ele, curvando-se para oferecer a mão. Sara corou e balançou a cabeça, recusando-se a estender a mão. — Per­dão — disse Will.

Claramente, as regras sobre mulheres e recato iam além da simples questão de vestuário.

— Muito bem, vamos para a shul — gritava Sandy, que já descia correndo a escada. Ele avaliou os trajes de Will. — Você não vai preci­sar disso — comentou, indicando com um gesto a bolsa que ele pendu­rara no ombro.

— Não, tudo bem, acho melhor deixá-la comigo.

Dentro, estavam a carteira, o BlackBerry e, é claro, o livrinho de anotações.

— Tom, não quero que se sinta desconfortável na shul; é o shabbos, e não carregamos coisas aos shabbos.


  • Mas são apenas chaves, dinheiro, você sabe.

  • Eu sei, mas não levamos essas coisas conosco à shul nem a lugar algum na noite de sexta-feira.

  • Você não leva as chaves de casa?

Sandy levantou a camisa e mostrou o cós da calça. Um barbante enfiado nos ilhoses prendia uma única chave prateada. Will precisava pensar rápido.

— Pode deixar sua bolsa aqui. Vai fazer o jantar do shabbos conosco, espero: pode pegá-la depois.

Concordando, Will largou a bolsa e desejou apenas que Sara Leah não desse uma espiada: bastava uma olhada nos cartões de créditos, e ela saberia que ele não era Tom Mitchell. Descobriria que ele era Will Monroe, e não exigiria muito trabalho de detetive saber que era o ma­rido da seqüestrada, cujo destino todas aquelas pessoas certamente conheciam. Ela avisaria ao rabino ou seus capangas, e Will sem dúvida seria atirado num calabouço como Beth.


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