Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Concepções da educação no Brasil

Por   muito   tempo,   a   educação   formal   (escolar)   estava   em   geral   reservada

àqueles que tinham condições de pagar por ela. Foi a sociedade moderna,

baseada na cidade e na indústria, que trouxe a necessidade de expandir o

sistema   educacional.   Com   o   advento   do   Estado   moderno,   passou-se   a

considerar insuficiente a socialização e a aprendizagem das crianças apenas

no interior das famílias, pois esta não dava conta dos novos interesses em

jogo: o convívio social nas cidades, a participação política e o preparo para as

novas   funções   e   trabalhos   decorrentes   dos   avanços   tecnológicos.   Como

resultado   das   mobilizações   populares   e   de   intelectuais   e   políticos,

paulatinamente, a escola constituiu-se em um direito de todos.

No   Brasil,   desde   o   início   do   século   XX,   ações   de   educadores,   estudantes,

intelectuais e movimentos políticos colaboraram para a constituição da escola

pública, gratuita e obrigatória - fato que se consolidou somente no final daquele

século.  Grandes  mudanças  marcaram   a  educação   brasileira  nesse   período,

após   numerosas   contribuições   e   debates   entre   pedagogos   a   respeito   da

estrutura do sistema educacional e sua relação com o Estado. Um dos marcos

nesse processo foi a contribuição do jurista e educador Anísio Teixeira (1900-

1971), que defendeu, nos anos 1920: a) a universalização da escola com uma

educação acessível a todos; b) um ensino laico, não atrelado a credo religioso;




c) uma escola pública como responsabilidade do Estado; e d) uma educação

gratuita ofertada a toda a população.

Naquela época, os intelectuais que discutiam a educação se deparavam com a

urbanização e a industrialização crescentes, que apresentavam novos desafios

para o desenvolvimento econômico e social. O país era considerado atrasado

no   contexto   do   capitalismo,   por   depender   da   exportação   de   uma   pequena

variedade de produtos primários.

LEGENDA: Nas décadas de 1920 e 1930, o educador Anísio Teixeira divulgou

os pressupostos do movimento Escola Nova, que enfatizava o desenvolvimento

do intelecto em detrimento da memorização. Anísio ocupou diversos cargos

públicos   e   se   destacou   como   defensor   da   escola   pública,   gratuita,   laica   e

obrigatória.

FONTE: Arquivo do jornal O Estado de S. Paulo/Agência Estado

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Essa situação se alterou apenas em parte com a abertura da economia e das

fronteiras produtivas nos moldes da internacionalização do capital, na segunda

metade do século XX.

Foi de acordo com esse objetivo de preparar a nação para o desenvolvimento

econômico que as escolas integrais comunitárias, os cursos profissionais e a

preparação de professores foram pensados.

Com a entrada de cada vez mais mulheres no mercado de trabalho, crescia a

necessidade de ampliar o horário letivo para que crianças e jovens tivessem

uma estrutura de apoio durante a jornada de trabalho dos pais.

Outra   grande   mudança   na   concepção   de   educação,   no   Brasil,   veio   com   o

pedagogo   Paulo   Freire   (1921-1997).   Pensando   que   a   educação   é   sempre

política,   porque   permite   transformar   a   realidade,   ele   criou   um   método   de

alfabetização que se baseava nas condições concretas de vida dos alunos.

Sua pedagogia se propõe a dar condições aos jovens e adultos de ganharem

autonomia   e   se   conscientizarem   politicamente.   Para   Freire,   educador   e

educando são "sujeitos em ato", capazes de reconstruir a realidade que os

circunda em busca da justiça social.




LEGENDA: Oficina de maculelê na Escola Estadual Capitão Egidio Lima, em

Timóteo   (MG).   A   escola   refez   seu   currículo   buscando   valorizar   as

manifestações culturais afro-brasileiras. Foto de 2013.

FONTE: Leo Drummond/Agência Nitro

Assim   como   Paulo   Freire,   o   sociólogo   Florestan   Fernandes   (1920-1995)

considera que a educação deve trazer a experiência da criatividade do aluno

para vencer a opressão social, a dominação de classe e o autoritarismo nas

relações escolares. Segundo ele, a educação é um nexo de relações que leva

o ser humano a constituir sua sociabilidade, sua forma de organização social

concreta,   sua   expressão   cultural.   Existir   socialmente   significa   compartilhar

condições   históricas   e   desenvolver   ações   em   que   indivíduos   e   grupos   se

influenciam reciprocamente.

LEGENDA: O educador Paulo Freire, em foto de 1994.

FONTE: Bel Pedrosa/Folhapress

LEGENDA: O sociólogo Florestan Fernandes, em foto de 1989.

FONTE: Paulo Cesar/Agência Estado/AE




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