Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


Jovens e identidade nos grupos sociais



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Jovens e identidade nos grupos sociais


Entre alegrias, conflitos e angústias, o jovem na sociedade ocidental vive um

período   no   qual   se   questiona   e   busca   sua   própria   identidade,   construída

mediante relações familiares ou com integrantes de outros segmentos sociais,

como colegas de escola, de trabalho e de lazer.

Parte importante da identidade é construída na interação do indivíduo com o

meio   social,   ao   definir   traços   comuns   de   conduta   que   implicam   a   ideia   de

pertencimento   a   um   coletivo.   Numa   sociedade   globalizada   como   a   atual,   a

interação entre realidades locais e global marca os processos identitários.

A   identidade   da   juventude   se   relaciona   com   cada   época   e   contexto

sociocultural e pode ser percebida pelo comportamento, pela forma de se vestir

ou pelo consumo musical, entre muitos outros aspectos.

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As representações sociais da juventude ora trazem atributos juvenis positivos,

relacionados   à   mudança   social,   ora   acentuam   uma   dimensão   negativa,

acarretada   pelos   problemas   de   emprego   e   pela   falta   de   perspectivas.   A

socióloga   brasileira   Helena   Abramo   exemplifica:   se,   nos   anos   1960,   a

juventude   era   um   "problema"   por   protagonizar   uma   crise   de   valores   e   um

conflito de gerações situado principalmente no terreno ético e cultural, a partir

da década de 1970 os "problemas" do emprego e da entrada do jovem na vida

produtiva  praticamente  transformaram   a  juventude   em   categoria  econômica.

Nesse   sentido,   a   juventude   atual   vê-se   incentivada,   especialmente   pela

publicidade,   ao   individualismo   e   ao   consumismo   -   comportamento

caracterizado pelo consumo em larga escala de bens materiais e simbólicos,

ainda que estes não apresentem utilidade prática.

LEGENDA:   Três   momentos   da   história   da   China:   ao   fundo,   uma   das

edificações da Cidade Proibida, sede do poder imperial chinês até 1912; no

muro,   o   retrato   de   Mao   Tsé-tung   (1893-1976),   líder   do   movimento   que

implantou   o   socialismo   no   país   em   1949;   em   primeiro   plano,   jovem   com

penteado  e  trajes  da moda de influência ocidental contemporânea.  Foto de

2011.

FONTE: Louis Quail/In Pictures/Corbis/Latinstock




LEGENDA: Jovem observa vitrine em shopping center no Rio de Janeiro (RJ),

em 2015. Como a juventude também se tornou categoria econômica, empresas

criam estratégias de venda direcionadas a esse público.

FONTE: Ana Branco/Agência O Globo

Entre 2013 e 2014, houve em grandes cidades brasileiras um fenômeno que

ficou conhecido como "rolezinho". Jovens, em geral moradores das periferias,

organizavam pelas redes sociais grandes encontros em shopping centers para

passear, namorar, cantar, entre outras coisas. Isso gerou uma reação tanto de

frequentadores e consumidores quanto dos gerentes desses estabelecimentos,

que buscaram impedir esses jovens de frequentarem, em grupos, tais espaços.

Desse  contexto surgiram debates não apenas  sobre  os próprios  rolezinhos,

como também sobre os motivos para a reação a eles.

Um   elemento   central   em   muitas   das   análises   é   que   a   tensão   entre

organizadores e frequentadores dos rolezinhos, de um lado, e consumidores e

comerciantes dos shopping centers, de outro, decorreria da segregação social

presente   na   sociedade   brasileira.   Fenômenos   como   o   do   rolezinho   estão

diretamente ligados ao estímulo ao consumo promovido pelos criadores desses

centros de consumo, que acabam se tornando também espaços de lazer com

usos não previstos por seus criadores.

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Veja a seguir uma interpretação sociológica para tais fenômenos, alinhada com

a análise do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-) de que a satisfação

dos consumidores é a maior ameaça para a sociedade de consumo:




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