POLÍTICA EXTERNA: DO FIM DA GUERRA FRIA AOS DIAS ATUAIS
Do ponto de vista geopolítico, a ordem mundial inaugurada após
a Guerra Fria
apontava para uma possível unilateralidade das ações dos Estados Unidos, respal-
dados por sua incontestável supremacia militar. O país iniciou o século XXI como
superpotência absoluta cuja hegemonia indicava a construção de uma ordem mundial
unipolar. Um mundo dominado pela
pax americana, estruturada
em um poder unila-
teral que permitiria liberdade de ações, sem a construção de posições consensuais.
Pax americana
Os Estados Unidos iniciaram o século XXI como superpotência absoluta e a sua hegemonia chegou
a ser denominada pax americana. Era uma comparação com a “pax romana”, adotada pelo imperador
de Roma, Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.). Roma estabeleceu a paz e a ordem em todas as fronteiras do
império pela violência e pela forte repressão a qualquer tentativa de sublevação, impondo as leis romanas
a todos os territórios controlados pelo Império.
As intervenções militares dos Estados Unidos na primeira década deste século, o poder de decisão sobre
questões
internacionais, inclusive aquelas que afetam diretamente a soberania dos Estados, as frequentes
ameaças de ocupação, a política de guerra preventiva, a imposição de seus valores e a interferência no
governo de outros países – culturalmente diferentes, como é o caso do Afeganistão e do Iraque – justificaram
o uso do conceito de pax americana no contexto geopolítico. A justificativa dada pelos Estados Unidos, na
maioria
das vezes, foi apoiada na necessidade de intervir por questões humanitárias e, portanto,
buscar a paz, como no Império Romano.
A política externa estadunidense foi marcada pelo unilateralismo. Os Estados
Unidos tomaram medidas que, independentemente das posições e das necessida-
des de outros países, visavam atender a seus interesses e manter sua supremacia.
Os Estados Unidos reagiram ao atentado terrorista de 11 de setembro de 2001
invadindo o Afeganistão com o pretexto de eliminar terroristas lá instalados, princi-
palmente Osama Bin Laden (1957-2011), líder do grupo islâmico Al Qaeda, acusado
de ter planejado o ataque. Depois de derrubar o governo afegão,
liderado por religio-
sos islâmicos radicais ligados ao Talibã, ocuparam o país. Leia o Entre aspas ao lado.
No entanto, no caso da guerra contra o Iraque, em 2003, não havia nenhuma
evidência de que o país constituísse uma ameaça aos Estados Unidos ou a qualquer
outro país do Oriente Médio. As alegações de que o governo iraquiano estava ligado
à Al Qaeda, financiava grupos terroristas e tinha em seu arsenal militar armas de
destruição
em massa foram reconhecidas, posteriormente, como falsas pelo próprio
governo estadunidense (figura 18).
Talib‹
É um grupo islâmico radi-
cal cuja origem está no contexto
da invasão soviética, em 1979,
ao Afeganistão, contra a qual
lutavam guerrilheiros patroci-
nados pelos Estados Unidos.
Com a retirada soviética, gru-
pos rivais disputaram a hege-
monia, conquistada pelo Talibã
em 1998. Antes da invasão
estadunidense, em 2001, esse
grupo chegou a controlar a maior
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