Transmissão
O HIV é transmitido por três vias principais: contato sexual, exposição a fluidos ou tecidos corporais infectados e de mãe para filho durante a gravidez, o parto ou a amamentação (conhecida como infecção perinatal).[4] Não há nenhum risco de contrair o HIV através de exposição a fezes, secreções nasais, saliva, escarro, suor, lágrimas, urina ou vômito de pessoas infectadas, a menos que estes estejam contaminados com sangue.[65] É possível se infectar por mais de uma cepa do HIV, uma condição conhecida como superinfecção pelo HIV.
Relação sexual
O modo mais comum de transmissão do HIV é através do contato sexual com uma pessoa infectada.[4] A maior parte de todas as contaminações por HIV no mundo ocorrem através de contatos heterossexuais (ou seja, relações sexuais entre pessoas do sexo oposto);[4] no entanto, o padrão de transmissão varia significativamente entre os países. Nos Estados Unidos, em 2009, a maior parte das transmissões ocorreram em homens que fazem sexo com homens,[4] sendo 64% de todos os novos casos.[67]
No que diz respeito aos contatos heterossexuais não protegidos, as estimativas de risco de transmissão do HIV por ato sexual parecem ser de quatro a dez vezes maiores em países de baixa renda do que nos países de alta renda.[68] Em países pobres, o risco de transmissão de mulheres para homens é estimado em 0,38% por relação sexual e a transmissão de homens para mulheres em 0,30%. Estimativas equivalentes em países mais ricos são de uma taxa de transmissão de 0,04% por relação sexual de mulheres para homens e de 0,08% de homens para mulheres.[68] O risco de transmissão durante o sexo anal é especialmente alto, estimado em 1,4% a 1,7% por contato sexual, heterossexual ou homossexual.[68][69] Embora o risco de transmissão através do sexo oral seja relativamente baixo, ele existe.[70] O risco de se infectar através do sexo oral tem sido descrito como "praticamente nulo",[71] no entanto alguns casos têm sido relatados.[72] O risco de transmissão por relação sexual oral receptiva é de 0% a 0,04%.[73] Em contextos que envolvem a prostituição em países de baixa renda, o risco de transmissão da mulher para o homem foi estimado em 2,4% por relação e de homem para mulher em 0,05%.[68]
O risco de transmissão aumenta com a presença de muitas doenças sexualmente transmissíveis[74] e úlceras genitais.[68]As úlceras genitais parecem aumentar o risco de infecção em cerca de cinco vezes.[68] Outras doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia, clamídia, tricomoníase e vaginose bacteriana, estão associadas com aumentos ligeiramente menores nos riscos de transmissão.[73] A carga viral de uma pessoa infectada também é um importante fator de risco para a transmissão tanto sexual quanto de mãe para filho.[75] Durante os primeiros 2,5 meses de uma transmissão de HIV, o poder de contágio de uma pessoa infectada é doze vezes maior devido a alta carga viral.[73] Se a pessoa está nos estágios finais da infecção, as taxas de transmissão são cerca de oito vezes maiores.[68]
Profissionais do sexo (incluindo os da indústria pornográfica) têm um aumento na taxa de HIV.[76] [77] O sexo sem proteção pode ser um fator associado com aumento do risco de transmissão.[78] Agressões sexuais também aumentam o risco de transmissão do HIV, visto que preservativos raramente são usados e traumas físicos na vagina ou no reto são frequentes, além de poder haver um maior risco de infecção simultânea de doenças sexualmente transmissíveis diferentes.[79]Também há registros de casos de pessoas que infectam outras propositalmente ou que querem se infectar com o vírusHIV, por conta de algum tipo de transtorno psicológico.[80] No Brasil, a transmissão consciente do vírus é crime e configuralesão corporal grave, delito previsto no artigo 129, parágrafo 2º, do Código Penal (CP), com pena de reclusão de dois a oito anos.[81]
Fluidos corporais
O segundo modo mais frequente de transmissão do HIV é através de sangue e dehemoderivados.[4] Pelo sangue a transmissão pode ocorrer através da partilha de seringas durante o uso de drogas injetáveis, picada de agulha acidentais, transfusão de sangue (ou de hemoderivados) contaminado ou injeções médicas com equipamento não esterilizado. O risco de transmissão ao compartilhar uma seringa durante o uso de drogas é de entre 0,63 e 2,4% por ato, com uma média de 0,8%.[82] O risco de contrair o HIV de uma picada de agulha a partir de uma pessoa infectada pelo vírus é estimado em 0,3% (cerca de 1 em 333) por ato e o risco por exposição a membrana ou mucosa com sangue infectado é de 0,09% (cerca de 1 em 1000 ) por ato.[65] Nos Estados Unidos, usuários de drogas intravenosas responderam por 12% de todos os novos casos de HIV em 2009,[67] e, em algumas áreas mais de 80% das pessoas que usam drogas injetáveis são portadoras do HIV.[4]
O HIV é transmitido em cerca de 93% das transfusões de sangue que envolvem sangue infectado.[82] Nos países desenvolvidos, o risco de contrair HIV de uma transfusão de sangue é extremamente baixo (menos de um em meio milhão), visto que há uma melhor seleção de doadores e uma triagem de HIV é realizada;[4] por exemplo, no Reino Unido, o risco é relatado em um em cinco milhões.[83] Nos países de baixa renda, apenas metade das transfusões são adequadamente selecionadas (em 2008)[84] e estima-se que até 15% das infecções por HIV nestas áreas vêm de transfusão de sangue e de hemoderivados contaminados, o que representa entre 5% e 10% das infecções globais.[4] [85]
O uso de equipamento médico sem esterilização desempenha um papel significativo na propagação do HIV na África subsaariana. Em 2007, entre 12 e 17% das infecções nesta região foram atribuídos ao uso de seringas médicas.[86] AOrganização Mundial de Saúde (OMS) estima que o risco de transmissão como resultado de uma injeção médica na África seja de 1,2%.[86] Riscos significativos também estão associados a procedimentos invasivos, assistência ginecológica e atendimentos odontológico nesta área do mundo.[86]
Pessoas com tatuagens, piercings e escarificações estão, teoricamente, em risco de infecção, mas nenhum caso confirmado foi documentado.[87] Não é possível para mosquitos ou outros tipos de insetos transmitir o HIV.[88]
Mãe-filho
O HIV pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez, durante o parto ou através do leite materno.[89] [90] Esta é a terceira forma mais comum de transmissão do HIV no mundo.[4] Na ausência de tratamento, o risco de transmissão antes ou durante o nascimento é de cerca de 20%, enquanto na amamentação é de 35%.[89] Em 2008, a transmissão perinatal foi responsável por cerca de 90% dos casos de HIV em crianças.[89] Com o tratamento adequado, o risco de infecção entre mãe e filho pode ser reduzido para cerca de 1%.[89] O tratamento preventivo envolve a mãe iniciar a terapiaantirretroviral durante a gravidez, fazer o parto através de uma cesariana, evitar a amamentação e administrar medicamentos antirretrovirais para o recém-nascido.[91] Muitas destas medidas não estão, porém, disponíveis no mundo em desenvolvimento.[91] Se o sangue contaminar alimentos durante a pré-mastigação, pode haver risco de transmissão.[87]
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