6. PRODUTO
6.1. Dados Landsat
O mapa digital foi obtido a partir do processamento digital de imagens TM/Landsat-5, cedidas para a realização deste trabalho pela área de Sensoriamento Remoto e SIG do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande listadas. Na Tabela... estão listadas as imagens que foram utilizadas.
Tabela 6.1. Disponibilidade das imagens TM/Landsat-5
Imagem
Órbita/ponto
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Data da passagem
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214/65
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04 de agosto de 2001
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215/64
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17 de outubro de 1999
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215/65
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07 de maio de 2001
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216/64
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18 de agosto de 2001
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216/65
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10 de maio de 2001
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216/66
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Imagem não disponível no acervo da ASR/DEAg
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6.2. Processamento Digital
O processamento digital das imagens teve como objetivo auxiliar na interpretação visual na definição das amostras para a classificação de Padrões. Foram usados os algoritmos: Realce de contrates (função Linear); Classificação de Padrões (Classificador Maxver) e Mapeamento (geração de uma imagem temática matricial)
Na análise visual, foram utilizadas as seguintes bandas espectrais: banda 3 do visível (região do vermelha); banda 4 da região do infravermelho próximo e a banda 5 do infravermelho médio. Na banda 3 a vegetação com alto índice foliar aparece escura devido à absorção da energia eletromagnética pela clorofila presente nas folhas. Na banda 4, do infravermelho próximo, esta vegetação aparece em tonalidades de cinza claro, pois a planta reflete bastante o infravermelho próximo, que é absorvido pelos alvos terrestre em forma de calor (por isso que em dias de calor forte sob as árvores é sempre mais fresco). Na banda 5 a vegetação tende a aparecer escura, quando o índice foliar é alto, devido à presença de água (a água presente nas plantas é um ótimo absorvente da energia eletromagnética nesta faixa do espectro solar). O solo exposto nas bandas 3 e 5 aparece em tonalidades claras devido à alta refletância e na banda 4 em tonalidades mais escura pela alta absorção do infravermelho próximo.
Para a classificação de padrões foi usada a Banda-5 (Figura 9).
Figura 6.1. Mosaico da Banda 5.
Como suporte à classificação de padrões foi usado o mosaico de imagens do satélite francês SPOT do Estado da Paraíba (Figura 10)
Figura 6.2. Composição RGB das bandas 3, 2 e 1. As áreas nas diferentes tonalidades de vermelho indicam áreas de solo exposto ou com pouca cobertura vegetal. As áreas esverdeadas mostram as áreas de ocorrência da cobertura vegetal (culturas agrícolas e/ou vegetação natural) desde semidensa à densa.
Acreditando-se que o estado de conservação dos recursos naturais está diretamente relacionado com as vulnerabilidades e com os riscos existentes em uma determinada comunidade, realizou-se a identificação da degradação das terras usando-se técnicas de Sensoriamento Remoto por meio do método de foto-imagem-interpretação sistemático, proposto por Veneziani e Anjos (1982), que se baseia numa seqüência de etapas lógicas e sistemáticas. Os principais procedimentos consistem na caracterização dos padrões do terreno formadores das tonalidades de cinza de toda a área de trabalho da imagem, e em seguida agrupadas em níveis de degradação, segundo a Tabela 3.
Tabela 6.2. - Características interpretativas dos níveis de degradação das terras
(banda 5 - TM/Landsat -5).
Nível de Degradação (Temas da classificação)
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Textura
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Tonalidade de Cinza
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Muito Baixo
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Fina
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muito escuro
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Baixo
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Fina
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Escuro
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Moderado
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Grosseira
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Médio
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Grave
|
Grosseira
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Claro
|
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Muito Grave
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Fina
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muito claro
|
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Após a classificação de padrões aplicou-se o algoritmo Mapeamento e obteve-se uma imagem matricial. Esta imagem foi editada e foi feito o refinamento da classificação para eliminar a confusão de borda entre as imagens para homogeneização dos temas e para minimizar os erros de omissão (áreas que não foram classificadas como pertencente a nenhuma das classes) e de comissão (uma determinada classe é classificada como outra classe. Por exemplo, sombra de nuvem pode ser classificada como água e vice-versa). Após a edição temática foi feito o cálculo das áreas de todas as classes (Tabela 4). Além das classes relacionadas aos níveis de degradação, foram criadas as classes água, nuvem e sombra (de nuvem e de relevo). Terminado este procedimento a imagem temática foi levada para o módulo SPRING – SCARTA para a confecção do mapa final (Anexo 4).
Tabela 6.3. Resultado da classificação dos padrões dos níveis de
degradação das terras no Estado da Paraíba, com base
no Processamento Digital de Imagens
Nível de Degradação
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ÁREA em Km²
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% de ocorrência no Estado
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Muito Baixo
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2.400
|
4,2
|
|
Baixo
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10.695
|
20,43
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Moderado
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23.801
|
41,54
|
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Grave
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13.149
|
22,81
|
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Muito Grave
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2.015
|
3,52
|
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Total
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52.060
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92.5
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4.524 km² (7,5% do território paraibano) representam os corpos de água, as sombras de nuvem e de relevo, as nuvens, áreas não classificadas e áreas com falta de informação (dados de imagem).
Embora não tenham sido realizados trabalhos de campo para validar o mapa digital, podemos, a partir dos resultados, tecer os seguintes considerações.
Na Tabela 4 verificamos que os níveis muito baixo e muito grave possuem valores muito baixos. Estes dois valores são bastante preocupantes. Os valores do nível muito baixo, a priori, indicam que o Estado tem muito poucas áreas onde o bioma caatinga praticamente está preservado. Estas áreas estão relacionadas ou às porções mais elevadas do terreno, regiões de difícil acesso e devido à topografia são de uso restrito à agricultura e à pecuária, ou às áreas de preservação, como a reserva biológica de Mamanguape. O baixo valor para o nível muito grave, correspondente a 2.015 km², é preocupante, pois mostra que se têm áreas desertificadas no Estado e a sua direta relação com o nível grave pode indicar que as dimensões das áreas desertificadas podem ser maiores, e que as áreas classificadas como deste nível, pela alta refletância (brilho) podem estar representando as porções onde predominam o solo nu ou o substrato rochoso (afloramentos de rochas ou áreas onde não mais o solo existe). A vegetação, quando presente, se caracteriza por diferentes graus de raquitismo em seu desenvolvimento.
Os valores dos níveis grave e baixo também são próximos. Com o nível baixo estão relacionadas as áreas de cultura agrícola e de preservação ao longo da faixa litorânea do Estado e as áreas de altitude onde se desenvolve a cultura agrícola e pomares. Também a ele se associam áreas da caatinga que ainda não foram totalmente desmatadas, mas que estão sofrendo uma certa pressão demográfica, principalmente pela pecuária extensiva e pela extração vegetal. O nível grave tem sua maior distribuição no Seridó, no Cariri e na porção centro oeste do Estado. Na região de Itaporanga, área de relevo acidentado, ele se intercala com os níveis baixo e moderado. A norte da cidade de Pombal, na região de Catolé do Rocha ele aparece disseminado também entre os níveis baixo e moderado. Este nível é bastante preocupante, pois no geral os solos são muito pobres, carecem da fertilidade orgânica, e a vegetação nativa praticamente não mais existe, e as áreas abandonadas pela agriculturas foram ou estão sendo invadidas pela jurema, às vezes o pereiro, a catingueira e o marmeleiro, sendo que entre as cactáceas aparece o xique-xique e facheiro. Praticamente não existem bromélias. A vegetação geralmente é arbustiva, de porte baixo e aberta, às vezes apresentam sinais de raquitismo. Os solos são muito rasos, e não apresentam coberturas por gramíneas e herbáceas. A presença de detritos orgânicos na superfície do solo é praticamente nula. Este nível sofre ainda pressão demográfica pela extração da lenha e pela pecuária extensiva, embora já não haja uma oferta de biomassa significativa aos animais e nem de recursos hídricos.
O nível moderado está presente em todas as partes do Estado, sendo que sua distribuição mais significativa está entre João pessoa e Campina Grande, na região de Sapé-Ingá-Riachão do Bacamarte. Nesta área predomina a pecuária extensiva em pasto plantado, em relevo plano a suave ondulado – ondulado, e algumas culturas agrícolas de sequeiro como o milho e feijão. Existe um número razoável de pequenos açudes que servem para dessedentar o gado durante os períodos normais de seca, mas que não suportam estiagens longas. Nas regiões do Seridó, do Cariri e do alto sertão ele se intercala com o nível grave. A associação de áreas do nível muito grave com o nível moderado praticamente não existe. Com este nível associam-se áreas agrícolas e áreas de pecuária. Predomina a vegetação semidensa, embora possam aparecer áreas de vegetação mais densa ou mais rala. O solo apresenta certa cobertura por gramíneas, podem aparecer algumas herbáceas e cactáceas como o mandacaru, a palma silvestre, a coroa de frade, além do xiquexique. Em algumas partes podem aparecer as bromélias. Nesta área, principalmente ao longo dos baixios, aparece a algaroba, às vezes disseminada entre a vegetação nativa. O nível moderado pode às vezes apresentar aspectos do nível baixo, como do nível grave. A densidade populacional já é maior do que nos níveis grave e muito grave que é muito baixa.
Em termos de processo de desertificação os níveis moderado, grave e muito grave, que ocupam cerca de 67,87% do território paraibano, de acordo com a classificação de padrões, devem ter uma especial atenção, pois indicam diferentes estágios do processo de desertificação.
6.3. Dados de Referência
Como dados de referência no desenvolvimento do presente trabalho foram utilizadas dissertações de mestrado em Engenharia Agrícola e teses de doutorado em Recursos Naturais da UFCG, todas vinculadas ao projeto Estudo da Degradação Ambiental e das Vulnerabilidades Agrícolas Frente aos Desastres ENOS no Semi-árido Paraibano, financiado pelo CNPq e ao projeto de LARED – Rede de Estudos Sociais na Prevenção dos Desastres na América Latina - Gestão de Riscos a Desastres ENSO na América Latina: Proposta de Consolidação de uma REDE Regional de Pesquisa financiado pelo IAI (Instituto Interamericano), como a seguir:
-
Alexandre Eduardo de Araujo. Construção Social dos Riscos e Degradação ambiental. Município de Sousa, Um estudo de Caso. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal da Paraíba, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
Aloysio Ferraz de Abreu. O Desastre Seca X Políticas Públicas.O Semi-Árido Paraibano: Um estudo de caso. 2004. Tese (Doutorado em Doutorado Em Recursos Naturais) - Universidade Federal de Campina Grande. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
Augusto Francisco da Silva Neto. Estudo das Vulnerabilidades Agro-ambientais frente aos Eventos ENOS e a Construção Social dos Riscos em Municípios do Cariri Ocidental - Paraíba: uma análise comparativa. 2004. Tese (Doutorado em Doutorado Em Recursos Naturais) - Universidade Federal de Campina Grande. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
Célio Saraiva de Moura. Sensoriamento Remoto e SIG no Município de Sumé, Paraíba. Estudo dos impactos dos eventos ENOS nas atividades agrícolas: um estudo de caso. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal da Paraíba, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
Edgley Pereira da Silva. Estudo da Vulnerabilidade Socioeconômico Ambiental e os Riscos a Desastre ENOS (El Niño Oscilação Sul) no Município de Picuí - Paraíba: Um estudo de caso.. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal da Paraíba, . Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
Hamilcar José Filgueira de Medeiros. Estudo dos riscos a desastre ENOS nas regiões semi-áridas da Paraíba, do Peru (Piura)e EEUU (Arizona): Uma análise sócio-econômica comparativa.. 2004. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) - Universidade Federal de CampinaGrande. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
João Miguel de Moraes Neto. Gestão de Riscos a Desastres ENOS (El Niño Oscilação Sul) no semi-árido Paraibano: Uma análise comparativa. 2003. Tese (Doutorado em Doutorado Em Recursos Naturais) - Universidade Federal de Campina Grande. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
-
Mônica Garcia Agra de Medeiros. A questão do gênero frente aos efeitos sócio-econômicos e agro-ambientais dos eventos ENOS no semi-árido paraibano. 2004. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) - Universidade Federal de Campina Grande. Orientador: Marx Prestes Barbosa.
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