Apostila de Sociologia 3º ano do Ensino Médio



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Apostila Sociologia Básica Geral

A ideologia cotidiano 

 

Em nosso cotidian, ao nos relacionarmos com as outras pessoas, exprimimos 



por  meio  de  ações,  palavras  e  sentimentos  uma  série  de  elementos  ideológicos. 

Como  vivemos  em  uma  sociedade  capitalista,  a   lógica  que  a  estrutura,  a  da 

mercadoria,  permeia  todas  as  nossas  relações,  sejam  elas  econômicas,  políticas, 

sociais  ou  sentimentais.  Podemos  dizer  que  há um  modo  capitalistade  viver,  de 

sentir e de pensar. 

A expressão de ideologia na sociedade capitalista pressupõe a elaboração de 

um  discurso  homogêneo,  pretensamente  universal,  que,  buscando  identificar  a 

realidade  social  com  o  que  as  classes  dominantes  pensam  sobe  ela,  oculta  as 

contradições existentes e silencia outros discursos e representações contrárias. 

Esse  discurso  não  leva  em  conta  a  história  e  destaca  categorias  genéricas 

 — a família ou juventude, por exemplo  —, passando, em cada caso, uma ideia de 

unidade, de uniformidade. Ora, existem famílias com constituições diferentes e em 

situações  econômicas  e  sociais  diversas.  Há  jovens  que  vivem  nas  periferias  das 

cidades  ou  zona rural,  enfrentando dificuldades,  bem como  jovens  que  moram  em 

bairros  luxuosos  ou  condomínios  fechados,  desfrutando  de  privilegiada  situação 

econômica  ou  educacional.  Portanto,  não  existe a  família  e  a  juventude,  mas 

famílias e jovens diversos, cada qual com sua história. 

Outra  manifestação  ideológica  na  sociedade  capitalista  é  a  ideia  de  que 

vivemos  em  uma  comunidade  sem  muitos  conflitos  e  contradições. As  expressões 

mais claras disso são as concepções de nação ou de região como determinado país 

ou  dado  espaço  geográfico.  Essas  concepções  passavam  a  visão  de  que  há  uma 

comunidade de interesses e propósitos partilhados por todos os que vivem num país 

ou  num  espaço  específico.  Ficam  assim  obscurecidas  as  diferenças  sociais, 

econômicas e culturais, os conflitos entre os vários grupos e classes, enfatizando-se 

uma  unidade  que  não  existe.  Um  exemplo  disso  é  a  atribuição  de  determinadas 

características  a  toda  uma  região  que  tem  em  seu  interior  uma  diversidade  muito 

grande. 

Mas  existem  outras  formas  ideológicas  que  são  desenvolvidas  sem  muito 

alarde  e  quem  penetram  nosso  cotidiano.  Uma  delas  é  a  ideia  de  felicidade. 



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Felicidade,  para  muitos,  é  um  estado  relacionado  ao  amor,  mas  também  significa 



estabilidade  financeira  e  profissional,  bem-estar  existencial  e  material.  É  um 

conjunto de situações, mas normalmente a mais focalizada é a amorosa. E os filmes, 

as novelas, as revista, apesar de todas as condições adversas que um indivíduo possa 

enfrentar, estão sempre reforçando o lema: "o amor vence todas as dificuldades". 

Talvez a maior de todas as expressõesideológicas que encontramos em nosso 

cotidiano  seja  a  ideia  de  que  o  conhecimento  científico  é  verdade  inquestionável. 

Muitas  pessoas  podem  não  acreditar  em  uma  explicação  oferecida  por  campos  do 

conhecimento que não são considerados científicos, mas basta dizer que se trata de 

resultado  de  pesquisa  ou  informação  de  um  cientista  para  que  a  tomem  como 

verdade  e  passem  a  orientar  suas  práticas  cotidianas  por  ela.  Isso  aparece 

principalmente  quando  as  informações  e  notícias  são  veiculadas  pelos  meios  de 

comunicação e se referem à saúde. Da busca do sentido da vida às possibilidades de 

sucesso, a ciência é vista como uma grande solução para todos os problemas, males 

e enigmas. 

Ora,  nada  está  mais  distante  do  conhecimento  científico  do  que  a  ideia  de 

verdade  absoluta  e  apretensão  de  explicar  todas  as  coisas.  A  ciência  nasceu  e  se 

desenvolveu questionando as explicações dadas a situações e fenômenos, e continua 

se  desenvolvendo  com  base  no  questionamento  de  seus  próprio  resultados.  O 

pensamento científico é histórico e tem sua validade temporária, sendo a dúvida seu 

valor maior. 

Mas  o  conhecimento  científico,  quando  analisado  da  perspectiva  de  um 

pensamento  hegemônico  ocidental,  torna-se  colonialista,  pois  o  que  é  particular 

(ocidental) se universaliza e se transforma em um paradigma que nega outras formas 

de explicar e conhecer o mundo. Assim, desqualifica outras culturas e saberes, tidos 

como  inferiores  e  oxóticos,  como  o  conhecimento  das  civilizações  ameríndias, 

orientais e árabe. 

 


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