década de 1930, vindo a se fortalecer nas décadas seguintes. Apesar de alguns
autores da sociologia dizerem que não há uma data correta que marca o seu começo
em solo brasileiro, essa época parece ser a mais adequada para se falar em início
ciência, em fases, ou em geração de autores, de acordo com o sociólogo brasileiro
autores que se preocuparam em fazer estudos históricos sobre a nossa realidade,
com um caráter mais voltado à Literatura do que para a Sociologia. Desta geração
no Rio de Janeiro, foi militar engenheiro, além de ter estudado Matemática e
Ciências Físicas e Naturais. Porém, o que gostava de fazer, como profissional, era o
correspondente do jornal ―O Estado de São Paulo‖. Nessa função foi enviado para a
Guerra de Canudos, no interior da Bahia, de onde surgiu sua maior contribuição à
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Olhando mais pelo lado sociológico, podemos perceber que Cunha estava
fazendo revelações quanto à organização da República que estava sendo
consolidada. Canudos era um retrato de uma sociedade republicana que não
conseguia suprir as necessidades básicas de seu povo. A observação de Euclides da
Cunha e as revelações que faz quanto à sociedade brasileira em Os Sertões,
transforma esta obra em um dos referenciais de início do pensamento sociológico no
Brasil.
A fase “B” da implantação da Sociologia no Brasil
Numa segunda fase de geração de autores, a preocupação em se fazer
pesquisas de campo, que é uma característica das pesquisas sociológicas, começa a
ser levada em conta. Existem vários autores desta geração que poderíamos
referenciar, como Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda,
Fernando de Azevedo, Nelson Wernek Sodré, Raymundo Faoro, etc. No entanto,
vamos nos fixar em um deles, o qual pode ser visto como um exemplo clássico do
pensamento social brasileiro: Gilberto Freyre.
Gilberto Freyre foi o autor de Casa Grande & Senzala (1933), livro no qual
demonstrou as características da colonização portuguesa, a formação da sociedade
agrária, o uso do trabalho escravo e, ainda, como a mistura das raças ajudou a
compor a sociedade brasileira.
Freyre foi um sociólogo que nasceu em Pernambuco no ano de 1900 e,
no desenvolver de sua profissão, criou várias cátedras de Sociologia, como na
Universidade do Distrito Federal, fundada em 1935. Freyre faleceu em 1987.
Quando escreveu Casa Grande & Senzala tinha 33 anos e, anti-racista que
era, inaugurou uma teoria que combatia a visão elitista existe-te na época, importada
da Europa, a qual privilegiava a cor branca. Segundo tal visão racista, a mistura de
raças seria a causa de uma formação ―defeituosa‖ da sociedade brasileira, e um
atraso para o desenvolvimento da nação.
Freyre propõe um caminho inverso. Em Casa Grande & Senzala ele começa
justamente valorizando as características do negro, do índio e do mestiço
acrescentando, ainda, a ideia de que a mistura dessas raças seria a ―força‖, o ponto
positivo, da nossa cultura.
Este autor forneceu, para o seu tempo, uma nova maneira de ver a
constituição da nacionalidade brasileira, isto é, o Brasil feito por uma harmoniosa
união entre o branco (de origem europeia), o negro (de origem africana), o índio (de
origem americana) e o mestiço, ressaltando que essa ―mistura‖ contribuiu, em
termos de ricos valores, para a formação da nossa cultura.
E a fase “C” da implantação da Sociologia no Brasil
Já a partir dos anos de 1940 novos sociólogos começam a aparecer no
cenário brasileiro. Esta terceira geração é formada por sociólogos que vieram de
diferentes instituições universitárias, fundadas a partir de 1930 e inauguram estilos
mais ou menos independentes de fazer Sociologia. Dessa forma, e
progressivamente, a intelectualidade sociológica no Brasil começa a ganhar corpo.
Também começam a surgir estilos ou tendências, o que fez com que surgissem
diferentes ―escolas‖ de Sociologia em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador,
Belo Horizonte e em outros lugares.
Dos autores que fazem parte dessa terceira geração, podemos citar Oliveira
Viana,
Florestan Fernandes,
Guerreiro Ramos, dentre vários outros. Mas
vamos nos deter na obra do sociólogo paulista Florestan Fernandes (1920-
1995), importante nome da Sociologia crítica no Brasil.Qual é a proposta de
Sociologia que ele apresenta?
Florestan Fernandes foi um sociólogo que fez um contínuo questionamento
sobre a realidade social e das teorias que tentavam explicar essa realidade. O
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objetivo deste autor foi de, numa intensa busca investigativa e crítica, ir além das
reflexões já existentes. Florestan Fernandes tinha como metodologia ―dialogar‖, de
maneira muito crítica, com a produção sociológica clássica, como com as obras de
Durkheim, Weber e Marx. Mas veja, o diálogo não se dava somente com aqueles
autores, pois a lista de clássicos, principalmente modernos, é bem extensa. Florestan
também mantinha contínuo diálogo com o pensamento crítico brasileiro. Autores
como Euclides da Cunha e Caio Prado Júnior, fazem parte de sua lista de
interlocutores. O diálogo com esses autores foi fundamental para o seu trabalho de
análise dos movimentos e lutas existentes na sociedade, principalmente aquelas
travadas pelos setores populares.
Um outro aspecto de sua maneira crítica de fazer Sociologia foi a sua
afinidade com o pensamento marxista, principalmente sobre o modo de analisar a
sociedade, o que se constituiu numa espécie de ―norte‖ crítico orientador de seu
pensamento. As transformações sociais que ocorreram a partir de 1930 no Brasil
foram, também, uma espécie de ―motor‖ para os trabalhos de Florestan. Mas não
apenas para ele, pois serviram de impulso para os trabalhos sociológicos no Brasil
como um todo. E isso se deu principalmente a partir de 1940, pois essas
transformações se intensificaram muito por causa do aumento da industrialização e
da urbanização.
Para finalizar, vale ressaltar que a Sociologia crítica que Florestan inaugura
também tinha o ―olhar‖ voltado aos mais diversos grupos e classes existentes na
sociedade. Algumas de suas pesquisas com grupos indígenas e sobre as relações
raciais em São Paulo, por exemplo, tiveram o mérito de fornecer explicações que se
contrapunham às explicações dadas pelas classes dominantes da sociedade
brasileira.
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