Coleção História em Debate 2 História Ensino Médio


Partido do Congresso Nacional Indiano



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Partido do Congresso Nacional Indiano e pela Liga Muçulmana, que propunha uma reforma constitucional que abrangesse a instituição de um autogoverno e o direito ao voto para os indianos.

Apesar do tratado, os britânicos não cumpriram as exigências indianas, reprimindo violentamente a oposição a seu governo. Dessa forma, em um contexto de questionamento do papel dos ingleses no país, decepção com acordos quebrados pelos colonizadores, crescente miséria e precariedade causadas pelo desemprego nas cidades e, somadas à existência de milhões de camponeses sem terra, o Partido do Congresso ganhou mais força.

A princípio, o Partido do Congresso funcionava como um fórum para a atividade política de caráter nacionalista em toda a Índia. Durante a década de 1920, foi liderado por Mohandas Gandhi e Jawaharlal Nehru, representando os hindus. Em alguns momentos, contou com a participação de Mohamed Ali Jinnah, que representou os muçulmanos.

Compondo quase um quarto da população indiana, os muçulmanos entravam em choques constantes com os hindus. O Partido do Congresso e a Liga Muçulmana competiam por espaço político. Membros do Congresso hostilizavam líderes muçulmanos, que, por sua vez, reclamavam que símbolos hindus eram exaltados por parte dos governos do Congresso. A partir de 1939 muitos muçulmanos passaram a defender a ideia de que formavam uma nação com direito a um Estado separado. Já o Congresso defendia a unidade. Essa rivalidade foi incentivada pelos colonizadores britânicos como meio de dividir a população e enfraquecer os movimentos independentistas.

O Partido do Congresso Nacional Indiano (conhecido como Partido do Congresso) é a mais antiga organização política ativa na Índia e, atualmente, um dos maiores partidos do país. Foi fundado em 1885 pela elite nativa – formada pelas bases da educação ocidental – e tinha caráter nacionalista.

Fundada em 1906, por uma elite fundiária e aristocrática, a Liga Muçulmana tomou como objetivo defender os interesses de todos os muçulmanos. Seu principal líder, Mohamed Ali Jinnah (1875-1948), membro de uma família tradicional, estudou Direito em Londres e passou a advogar com sucesso em Bombaim. Em meio às lutas por direitos civis na Índia, a Liga aproximou-se do Partido do Congresso Nacional, mas ambos não chegaram a nenhum acordo quanto às garantias constitucionais para os muçulmanos.

Mohandas Karamchand Gandhi é o nome original de Mahatma Gandhi, que assim passou a ser popularmente chamado como uma alusão a seus ideais libertários. O termo mahatma vem do sânscrito e significa “grande alma”.

Gandhi nasceu numa família influente do estado de Guzerate, no ano de 1869. Estudou Direito em Londres (1888-1891) e foi trabalhar na África do Sul de 1893 a 1914, onde procurou defender os direitos dos trabalhadores indianos. Após retornar à Índia, liderou protestos de trabalhadores em Bihar e em Guzerate. Em 1920 conseguiu o apoio do Congresso Nacional indiano para sua estratégia de desobediência civil e não violência. Defensor da resistência pacífica à dominação britânica e da tolerância religiosa, Gandhi foi preso muitas vezes e praticou diversos jejuns em defesa dessas causas. Morreu em 1948, aos 78 anos, assassinado por um hindu que não concordava com a tolerância religiosa defendida por ele.

A participação de Gandhi na luta pela autonomia política indiana ocorreu de maneira pacífica, por meio de uma campanha que pregava a não violência e cujo objetivo era afastar seus seguidores das posições governamentais e estatais de destaque,
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promovendo a desorganização da estrutura de governo até então em vigor. Sempre que os britânicos reagiam à oposição com violência, o líder iniciava longos jejuns, como forma de chamar a atenção dos governos mundiais para a necessidade de autonomia indiana e para as atrocidades cometidas pelos colonizadores, exercendo assim um papel importantíssimo no processo de independência indiano.

Para combater a dominação e a violência britânicas, Gandhi propunha a resistência pacífica por meio da desobediência civil. Com campanhas pelo país, recomendava aos indianos que não pagassem os impostos nem comprassem produtos ingleses, boicote que ficou conhecido como swadeshi. Estimulou-os a vestir o khadi, traje caseiro, interrompendo a compra dos têxteis britânicos. E, acima de tudo, pedia que não aceitassem as leis que os discriminavam em sua própria terra. O objetivo era não cooperar com os colonizadores, isolando-os e enfraquecendo-os.

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Eric Lafforgue/age fotostock/Grupo Keystone

Mulher indiana vestindo e confeccionando o khadi, uma vestimenta típica indiana feita em casa. Madurai, Índia, 2013.

Como precaução contra novas manifestações, o governo inglês da Índia promulgou o Decreto Rowlatt, ato legislativo que impunha duras medidas destinadas a sufocar o movimento independentista, além de autorizar a detenção preventiva e o julgamento sem júri. O presidente do Conselho Legislativo Imperial, juiz Sidney Rowlatt, justificou as medidas repressivas como uma forma de combater o terrorismo. A lei entrou em vigor em março de 1919. Houve reações com greves e protestos em todo o país. A repressão foi violenta e culminou no massacre do Jallianwala Bagh (o jardim Jallianwala). Na ocasião, tropas britânicas dispararam contra uma multidão de manifestantes indianos, provocando a morte de 370 pessoas e deixando mais de mil feridos.

Na década de 1920, cresceu a luta nacionalista, quando o comando de Mahatma Gandhi no Partido do Congresso passou a ser importantíssimo, em razão de seus jejuns e da visibilidade mundial conquistada por suas campanhas, assim como pela liderança exercida sobre a população indiana. Em 1930, Gandhi liderou seguidores numa marcha de 300 quilômetros até o mar, onde tomou em mãos o sal, desafiando as leis britânicas que proibiam a posse do produto que não fosse adquirido do monopólio governamental. Em 1934 foi substituído como dirigente máximo do Partido do Congresso por Jawaharlal Nehru.

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Mary Evans/Diomedia

Fotografia de Mahatma Ghandi durante a Marcha do Sal publicada no periódico The Illustrated London News em 26 de abril 1930.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o poder político e bélico da metrópole enfraqueceu e, ao mesmo tempo, os movimentos populares pela independência da Índia se fortaleceram. Pressionados pelos indianos e desgastados pela guerra, os britânicos abriram as negociações para a transferência do poder. O objetivo era preparar a independência com a criação de uma Assembleia Constituinte, formando um governo transitório indiano, que deveria obrigatoriamente preservar o território e assegurar os inúmeros interesses econômicos do Reino Unido na região. Entretanto, os planos ingleses nunca foram realizados, pois as divergências entre muçulmanos e hindus impediam a unidade.

Diante daquele quadro, o governo britânico já não podia mais resistir às manifestações contrárias a seu domínio nem controlar os graves conflitos entre hindus e muçulmanos, e a independência
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do povo indiano foi conquistada em 15 de agosto de 1947. Apesar disso, a recém-formada Índia não tinha como lidar com as inúmeras lutas religiosas que estouravam em seu território, o que ocasionou sua fragmentação em dois países.

A Liga Muçulmana, liderada por Mohamed Ali Jinnah, fundou o Paquistão, reunindo os muçulmanos em territórios a oeste e a leste do subcontinente indiano. A República da Índia (multiétnica e plurirreligiosa) passou a ser dirigida por Jawaharlal Nehru.

A formação do Estado Paquistanês ocasionou intenso deslocamento populacional – mais de 12 milhões de pessoas migraram: os indianos muçulmanos para o Paquistão e os paquistaneses hinduístas para a Índia. Esse fluxo acirrou a guerra civil com massacres dos dois lados, deixando cerca de 200 mil mortos. Nesse contexto de violência religiosa e disputa por territórios, o líder Mahatma Gandhi, partidário da união entre os povos hindus e muçulmanos, foi assassinado, em 1948, por um radical hindu.

Em 1971, com o apoio da Índia, o Paquistão Oriental rom peu com o Paquis tão Ocidental e formou a República de Bangladesh.

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© DAE/Studio Caparroz

Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Larousse, 2010. p. 306.

Pausa para investigação

A Caxemira está localizada na região do Himalaia, na fronteira entre a Índia e o Paquistão. A região vem sendo objeto de disputa entre os dois países desde sua independência, em 1947. Além da disputa territorial, uma grave questão relacionada ao conflito é a religiosa, uma vez que a população da Caxemira é de origem paquistanesa, ou seja, de religião muçulmana, enquanto a religião predominante na Índia é o hinduísmo, o que agrava os embates entre as duas partes.

Forme um grupo com uns colegas e, juntos, utilizando periódicos impressos ou on-line, pesquisem e identifiquem a situação atual da Caxemira. Anotem as informações que considerarem relevantes – sobre conflitos, negociações de paz, cessar-fogo, aspectos econômicos e sociais – e as apresentem em sala de aula.

Professor, as orientações e a resposta referentes a esta seção estão no Manual do Professor.


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Indochina

A Indochina é a região que abrange os países do Sudeste Asiático localizados entre a China e a Índia.

A França dominou a região desde 1858, quando tomou o controle da porção sul do Vietnã. Em 1885, o país venceu um embate contra a China, que controlava a parte norte do país, consolidando a hegemonia francesa com a fundação da chamada Indochina Francesa, que anexou também o Camboja. Ainda no fim do século XIX, a potência agregou a seus domínios o território pertencente ao Laos, controlando significativamente a região.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Império Japonês ocupou o norte da Indochina Francesa com o intuito de impedir que a China importasse armas e combustíveis, enfraquecendo assim o domínio francês na região. A Tailândia aproveitou-se da fragilidade da França e também reivindicou seus territórios perdidos anteriormente. Com o declínio da influência francesa na Indochina, a região passou a ser controlada pelos japoneses.

Com o fim da guerra, o Japão, mesmo afetado pelo conflito, viu-se sem condições de continuar controlando a região. Ciente disso, a França tentou retomar seu domínio. No entanto, foi barrada pelo movimento independentista denominado Vietminch (sigla da Liga para a Independência do Vietnã), comandado por Ho Chi Minh (1890-1969). O objetivo da liga era expulsar do Vietnã tanto os japoneses quanto os franceses. Inicialmente tiveram apoio dos Estados Unidos contra os japoneses (1943-1945) e, após a guerra, voltaram-se para a retirada dos franceses. Em 1945, o líder do movimento declarou a independência do Vietnã. A reação francesa iniciou uma luta armada que terminou com a derrota dos franceses em 1954.

Em julho de 1954, na Conferência de Genebra, reunida a fim de buscar uma solução para os conflitos na Indochina, foi acordado que o Vietnã, o Laos e o Camboja se tornariam independentes. O Vietnã foi dividido em Norte e Sul.

O Vietnã do Norte tornou-se uma república socialista, enquanto o Vietnã do Sul transformou-se em um forte aliado dos Estados Unidos. Essa situação acabou mantendo a região em estado de tensão e provocando uma nova guerra (1964- 1975), que contou com intensa participação estadunidense, cujo governo temia que a região fosse dominada pelo comunismo.

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Mapas: © DAE/Studio Caparroz

Fonte: ARRUDA, José Jobson A. Atlas histórico básico. 17. ed. São Paulo: Ática, 2011. p. 34.

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Fonte: LE MONDE Diplomatique. El atlas histórico. Buenos Aires: Capital Intelectual, 2011. p. 64.


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O Sudeste Asiático

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© DAE/Studio Caparroz

Fonte: BLACK, Jeremy. World history atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2008. p. 251.

O arquipélago indonésio esteve sob o domínio da Holanda desde o século XVII, quando os neerlandeses estabeleceram na região a Companhia Holandesa das Índias Orientais, fundando a colônia das Índias Orientais Neerlandesas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Países Baixos foram ocupados pela Alemanha, cujo poderio sobre as colônias havia enfraquecido. Os japoneses então, vendo o caminho livre, dominaram a Indonésia.

Apesar das tentativas neerlandesas de retomar o controle da Indonésia, a população, dando início à Revolução Nacional Indonésia – que durou mais de quatro anos –, conseguiu forçar o reconhecimento formal de sua independência em dezembro de 1949.

As Filipinas, por sua vez, foram colonizadas no século XVI pela Espanha, permanecendo sob seu domínio até o século XIX. Os nativos combateram a presença espanhola em seu território com o apoio dos americanos, que tinham interesse em controlar a região. O domínio espanhol foi então substituído pelo norte-americano em 1898, quando a Espanha vendeu o arquipélago aos Estados Unidos.

Os filipinos lutaram para tornar o país independente dos EUA e, assim como os indonésios, passaram por um período de domínio japonês, só conseguindo recuperar a autonomia em 1946.

Já a Malásia tornou-se colônia britânica em 1824. Bem como os demais países do Sudeste Asiático, passou a ser controlada pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial. Com o apoio dos britânicos, o país retomou o poder de seu território, sendo proclamado independente em 1957.
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Emancipações na África

Nas primeiras décadas do século XIX, todo o continente africano foi invadido e segmentado em possessões e colônias de domínio europeu. Essa divisão provocou sérios problemas por unir grupos distintos e desrespeitar os diferentes aspectos étnicos e culturais.

A resistência dos povos africanos ao controle europeu foi bastante grande, várias vezes assumindo o caráter de guerras e conflitos armados pela retomada dos territórios e das práticas tradicionais redefinidas pelo olhar dos colonizadores, sempre voltado à exploração comercial.

Negros de origem antilhana, bem como africanos de Serra Leoa, Libéria, Nigéria, Costa do Ouro, Somália, Cabo Verde e Etiópia, fundaram em 1897 a Associação Africana, que em 1900 formulou um documento manifestando a solidariedade aos “irmãos africanos menos favorecidos”. Foi nessa época, sobretudo nos Estados Unidos, que as ideias de pan-africanismo surgiram com mais força e radicalismo. Esse movimento visava unir os africanos e seus descendentes numa comunidade ligada por uma união de sentimentos e de conscientização, com o objetivo de combater a opressão colonialista.

Na esteira da desorganização política e econômica advinda da Segunda Guerra Mundial, na década de 1950 surgiram os movimentos de independência no Norte da África, e seus resultados práticos apareceram na década seguinte. De modo geral, eles se organizavam em frentes políticas e militares de combate aos países colonizadores, como no caso da Argélia (ocupada pela França).

Mas o que é pan-africanismo? É um movimento político ideológico centrado na noção de raça, noção que se torna primordial para unir aqueles que a despeito de suas especificidades históricas são assemelhados por sua origem humana e negra. O movimento pan-africano surgiu como um mal-estar generalizado que ensaiava o tema da resistência à opressão, pensando a libertação do homem negro.

HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2008. p. 138.

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© DAE/Studio Caparroz

Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 154.
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Colônias britânicas

O nacionalismo africano se espalhou rapidamente após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, africanos que iam estudar na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos percebiam ainda mais claramente a discriminação racial a que estavam submetidos. Os britânicos viam nas emancipações uma oportunidade para expandir seus mercados consumidores e manter seus domínios pela via comercial. Entretanto, os nacionalistas africanos fizeram intensas e, algumas vezes, violentas campanhas para pôr fim à dominação colonial.



África do Sul

No período de partilha do continente, no século XIX, os britânicos dominaram a África do Sul depois de vencerem inúmeras batalhas contra grupos africanos e bôeres, consolidando então sua ação imperialista no território, cujo governo era exercido pela minoria branca. Nessa organização, efetivada em 1910 com a constituição da União Sul-Africana, prevaleciam os interesses europeus, e cada vez mais se impôs o regime de segregação racial. O estabelecimento de um Estado de hegemonia da minoria branca impunha a exploração da maioria negra da população. Em 1911 o governo estabeleceu um conjunto de leis que limitava ainda mais os direitos dos negros em relação a trabalho, residência e até relações sexuais. Por essa lei, os trabalhadores eram proibidos de fazer greves e não podiam ter trabalhos especializados, por exemplo. A resposta a tais medidas foi a criação, em 1912, do Congresso Nacional Africano (CNA), destinado a reivindicar os direitos da população negra.

Em 1948, o governo decretou o apartheid, um conjunto de leis ainda mais rígido e explícito de segregação étnica.

Apartheid era um sistema rígido de segregação racial, de separação entre brancos e negros, que teriam lugares separados onde morar [...]. Os contatos entre os dois grupos deveriam restringir-se às relações de trabalho, nas quais os brancos estavam destinados a ser os patrões e os negros, os empregados. [...] Na lógica do apartheid, cabia aos brancos a riqueza e aos negros, a pobreza. E estes últimos não eram cidadãos.

SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 140.

Diante desses acontecimentos, o CNA lançou uma forte campanha de desobediência civil, que culminou, em 1960, na morte de dezenas de pessoas durante uma manifestação contrária ao apartheid em Sharpeville, bairro negro próximo a Johanesburgo. Esse massacre mobilizou o mundo todo contra as políticas segregacionistas, num movimento que praticamente obrigou a Grã-Bretanha a declarar o país independente em 1961.

Apesar disso, o congresso foi declarado ilegal pelo governo independente – Partido Nacional, sob o comando dos africânderes –, e a repressão aos não europeus cresceu cada vez mais. Esse fato levou à prisão do líder do CNA, Nelson Mandela, em 1963.

O regime do apartheid, entretanto, passou a ser criticado pelas demais nações. A pressão aumentou com as independências dos demais países africanos. Nesse contexto, em 1991 o regime chegou ao fim, quando o então presidente Frederick de Klerk o declarou encerrado oficialmente e libertou os líderes políticos presos no período de vigência do apartheid, incluindo Nelson Mandela, que pouco tempo depois foi eleito presidente do país.

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Walter Dhladhla/AFP Photos

O presidente Nelson Mandela durante cerimônia de sua posse. África do Sul, 1994.
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Nigéria

Nigéria deriva de Níger, nome do rio que atravessa parte do território do país, cujos limites foram traçados pelo colonialismo britânico. Atualmente é o país mais povoado da África e um dos mais ricos graças a suas jazidas petrolíferas.

Entre os séculos XVII e XIX, o comércio de escravos foi a atividade comercial estabelecida com os europeus, tendo em vista a crescente necessidade de mão de obra nas lucrativas lavouras americanas. Em meados do século XIX, entretanto, essa atividade foi substituída pelo comércio das commodities europeias.

Commodity, em inglês, significa literalmente mercadoria. O termo é utilizado para se referir às matérias-primas, produtos de base utilizados na fabricação de outros bens. Geralmente, as commodities são produzidas em grande escala, com destino à exportação.

Com o intuito de difundir sua influência e comercializar suas mercadorias, bem como explorar as matérias-primas locais disponíveis, o governo britânico criou, em 1886, a Companhia Real do Níger, empresa mercantil cujo objetivo era explorar a capacidade comercial da região. Em 1900 foram instituídos os protetorados britânicos da Nigéria, com o objetivo de fundir todo o território em uma única colônia.

A Nigéria era a maior das colônias britânicas na África, com uma população de mais de 60 milhões. A região tinha – e ainda tem – grande diversidade cultural e religiosa, mas isso foi ignorado pelos colonizadores, que pretendiam aglutinar todos em um mesmo território, sem respeitar as diferenças entre essas populações. Essa tentativa britânica não foi bem-sucedida, e as tensões entre as populações locais seguiram, fato que dificultou a administração colonial dos ingleses.

Em 1960, a Nigéria tornou-se independente sem haver solucionado as contradições resultantes da associação, pelo império Britânico, de três regiões com estruturas, economias, etnias e culturas diferenciadas e antagônicas, politicamente unificadas e cristalizadas pelo Império Britânico. O trágico resultado foi a Guerra Civil de Biafra de 1967 a 1970, quando essa província rica em petróleo proclamou sua independência e foi derrotada pelo governo federal. A Nigéria independente foi o resultado mais negativo da política britânica de administração imperial indireta e de agrupamento territorial artificial.

VISENTINI, Paulo Fagundes; RIBEIRO, Luiz D. T.; PEREIRA, Analúcia D. História da África e dos africanos. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 94-95.

Organizando ideias

Leia o texto e responda às questões.

Junto com os movimentos de libertação cresceu a ideia de uma unidade africana, só possível de ser criada a partir dos efeitos da colonização, e que foi batizada com o nome de “pan-africanismo”. Por trás dessa ideia havia um forte sentimento anticolonial e de valorização do que foi chamado de “negritude”, ou seja, um conjunto de características culturais próprias das sociedades africanas e afro-americanas, formadas a partir da diáspora atlântica. A ideia de negritude é fruto do contato com Ocidente, com a escravidão, com a dominação colonial e com o racismo. Ela não existe em africanos que não passaram por um processo de formação ocidental, que não foram assimilados pelos valores da sociedade colonizadora. A ideia de negritude incorpora a contribuição ocidental, além de recuperar as raízes africanas.

Por ter se formado a partir do contato com as culturas ocidentais, o movimento da negritude contém a ideia de raça à medida que defende uma diferenciação entre o negro e o branco. Nesse movimento, a ideia de raça negra é um forte elemento de sustentação da possibilidade de africanos e afrodescendentes pensarem a África como uma unidade [...].

MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano. São Paulo: Ática: 2006. p. 167 -168.

1. De acordo com o texto, pan-africanismo e negritude remetem à ideia de uma África para os africanos. Explique essa afirmação.


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