Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo


Misoginia: conceito relacionado a desprezo, ódio ou repulsa às mulheres. Fim do glossário. 239 TESTE SEU CONHECIMENTO



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Misoginia: conceito relacionado a desprezo, ódio ou repulsa às mulheres.

Fim do glossário.

239

TESTE SEU CONHECIMENTO

NÃO ESCREVA NO LIVRO

1. (Uern)

Na Idade Média, um mesmo cavaleiro podia ser vassalo de um suserano e suserano de outro cavaleiro. O vassalo de um vassalo de determinado cavaleiro também era vassalo do mesmo cavaleiro. E se um cavaleiro fosse vassalo de dois suseranos que entravam em guerra? Nesse caso, prevalecia o princípio da "homenagem lígia".

VAINFAS, 2010.

Nesse contexto medieval de suserania e vassalagem, é correto afirmar que "homenagem" era:

a) a cerimônia de entrega, lealdade e submissão de um vassalo a outro nobre que seria, então, seu suserano.

b) o contrato estabelecido entre as partes, em que constavam os valores, prazos, direitos e deveres de suseranos e vassalos.

c) o juramento feito diante de toda a comunidade medieval, que tornava suseranos e vassalos "irmãos na vida e na morte".

d) o feudo, na forma de terra, pensão, ou rendimento agrícola, recebido pelo suserano, devido à gratidão do vassalo à sua pessoa.

2. (Unesp)

Observemos apenas que o sistema dos feudos, a feudalidade, não é, como se tem dito frequentemente, um fermento de destruição do poder. A feudalidade surge, ao contrário, para responder aos poderes vacantes. Forma a unidade de base de uma profunda reorganização dos sistemas de autoridade [...].

Jacques Le Goff. Em busca da Idade Média, 2008.

Segundo o texto, o sistema de feudos:

a) representa a unificação nacional e assegura a imediata centralização do poder político.

b) deriva da falência dos grandes impérios da Antiguidade e oferece uma alternativa viável para a destruição dos poderes políticos.

c) impede a manifestação do poder real e elimina os resquícios autoritários herdados das monarquias antigas.

d) constitui um novo quadro de alianças e jogos políticos e assegura a formação de Estados unificados.

e) ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes centralizados e permite a construção de uma nova ordem política.

3. (Fuvest-SP)

A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa única pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista "liberdades", privilégios cada vez mais amplos.

Jacques Le Goff. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.

O texto trata de um período em que:

a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica, que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.

b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.

c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.

d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia ascendente e dos grandes proprietários de terras.

e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre comércio.

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4. (UFG-GO) Leia o fragmento a seguir.



A cidade contemporânea, apesar de grandes transformações, está mais próxima da cidade medieval do que esta última da cidade antiga.

LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Editora Unesp, 1998. p. 25.

Nessa passagem, o historiador Jacques Le Goff compara a cidade medieval com a contemporânea, estabelecendo uma aproximação entre ambas. A característica da cidade medieval que permite tal relação é a:

a) exaltação da vida cívica, associada aos jogos e aos espetáculos promovidos por seus governantes.

b) laicização da cultura, expressa na arquitetura dos edifícios públicos em contraste com o domínio religioso.

c) afirmação da autonomia política, revelada pela oposição dos citadinos ao poder dos senhores feudais.

d) valorização das atividades de produção e de trocas comerciais, alimentadas por uma economia monetária.

e) segregação social, manifestada na criação de bairros periféricos pobres e violentos.

5. Um dos elementos centrais da sociedade feudal era a relação de exploração dos camponeses pelos senhores feudais. Leia as seguintes afirmativas sobre os camponeses e o trabalho na Idade Média e escolha a opção correta. Em seguida, justifique no caderno o erro das afirmativas falsas.

I. Os camponeses se dividiam em dois grupos principais: os servos e os vilões. Os servos dependiam dos senhores feudais e não tinham liberdade plena, enquanto os vilões eram camponeses livres.

II. As mulheres camponesas eram responsáveis por tarefas domésticas, que incluíam o cuidado com o gado e a produção leiteira. Elas também fabricavam pão e cerveja.

III. Os camponeses precisavam cumprir uma série de obrigações para o senhor feudal das terras em que viviam. Exemplo disso era a corveia, que consistia no trabalho nas terras do senhor durante alguns dias da semana.

IV. Nem todas as obrigações de um camponês com seu senhor envolviam a realização de algum tipo de trabalho. O direito de pernada era uma das obrigações que não envolvia trabalho, já que era o direito de o senhor feudal passar a noite de núpcias com a noiva quando um servo se casava.

a) As afirmativas I e III estão corretas.

b) As afirmativas II e IV estão corretas.

c) As afirmativas I, II e III estão corretas.

d) As afirmativas II, III e IV estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

6. A formação dos Estados Nacionais na península Ibérica envolveu as lutas entre cristãos e muçulmanos pelo controle do território. Leia as seguintes afirmativas sobre esse tema e escolha a opção correta. Em seguida, justifique no caderno o erro das afirmativas falsas.

I. A península Ibérica foi ocupada por árabes muçulmanos desde o século VIII. Porém, os cristãos iniciaram uma ofensiva sistemática contra a dominação islâmica da região a partir do século XI.

II. As vitórias cristãs na península Ibérica não provocaram a expulsão dos muçulmanos, uma vez que foi permitida a coexistência pacífica de diferentes religiões nos reinos que se formaram na região.

III. A Revolução de Avis marcou a consolidação do processo de ocupação da península Ibérica pelos muçulmanos e a expulsão do último rei cristão do atual território de Portugal.

IV. Fernando e Isabel, conhecidos como reis católicos, firmaram uma aliança com a Igreja para expulsar os muçulmanos e judeus da Espanha. Um dos resultados dessa aliança foi a criação do Tribunal do Santo Ofício em 1478.

a) As afirmativas I e II estão corretas.

b) As afirmativas III e IV estão corretas.

c) As afirmativas I e IV estão corretas.

d) As afirmativas II e IV estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

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HORA DE REFLETIR

NÃO ESCREVA NO LIVRO

1. Durante a Guerra dos Cem Anos houve a mobilização de um sentimento de identidade nacional do povo francês a fim de fortalecer os exércitos franceses contra as forças inglesas. Hoje, todos compartilhamos, em maior ou menor grau, de sentimentos de identidade nacional. Isso se manifesta quando nos apresentamos como brasileiros ao expor nossas identidades individuais. Existem formas de pensar a identidade nacional que se transformam em um profundo nacionalismo, incluindo até práticas xenófobas e violentas contra indivíduos que não fazem parte da mesma nação.

LEGENDA: Entrada triunfal de Charles VII, rei da França, em Paris (c. 1435), após a cidade ser recuperada dos ingleses. Litografia colorida criada no século XIX por Paul Lacroix, com base em ilustração da obra Crônicas, de Enguerrand de Monstrelet (1400-1453).

FONTE: Bridgeman/Keystone

a) Discuta com seus colegas os pontos positivos e negativos do sentimento de identidade nacional em nossa sociedade.

b) Em seguida, elabore um texto sintetizando os tópicos discutidos.

2. A sociedade medieval europeia era rigidamente hierarquizada. A manutenção dessa hierarquia dependia do controle militar, político e religioso exercido pela elite sobre os camponeses. A exploração do trabalho rural era reforçada pela Igreja católica, principal força política, econômica e ideológica do período. A doutrina católica alegava que a posição social e econômica dos indivíduos era expressão da vontade divina.

a) No mundo contemporâneo, as religiões ainda se envolvem em questões políticas e econômicas? Qual é a sua opinião sobre essa situação?

b) Faça uma discussão em dupla sobre o assunto.

c) Depois, com a ajuda do professor, apresente as opiniões da dupla num debate com a classe.

MINHA BIBLIOTECA



PARA NAVEGAR

Biblioteca Digital Mundial. Site com diversos documentos do período medieval digitalizados. Disponível em: www.wdl.org/pt/. Acesso em: 11 dez. 2015.

PARA ASSISTIR

O senhor da guerra. Direção: Franklin Schaffner. Estados Unidos, Classic Line Filmes, 1965, 120 min. A história se passa no século XI, em um assentamento na costa da Normandia. O cavaleiro Chrysagon pode exigir a noite de núpcias com Bronwyn, que é a filha do ancião da vila e vai se casar, mas percebe que está de fato apaixonado pela moça.

El Cid. Direção: Antony Mann. Itália/Estados Unidos, Classic Line Filmes, 1961, 180 min. O filme conta a história do herói cristão El Cid que, no século XI, depois de conseguir estabelecer a paz entre os membros da realeza para unificar a Espanha, comanda a resistência contra os invasores mouros.

FONTE: Reprodução/Classic Line Filme

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CAPÍTULO 13 - Fim da Idade Média, Renascimento e Reforma protestante

Ano após ano, o número de seguidores do protestantismo vem aumentando no Brasil. Em 1996, eles representavam 15% da população brasileira. Em 2010, já totalizavam 22%, ou seja, aproximadamente 42 milhões de fiéis.

No Brasil, eles dividem-se em três grandes correntes: protestantes históricos (provenientes de igrejas tradicionais, como a presbiteriana e a luterana); pentecostais (distribuídos por diversas igrejas, entre as quais Assembleia de Deus e Deus é Amor); e neopentecostais (vertente surgida na década de 1970 e composta de igrejas como a Universal do Reino de Deus e a Sara Nossa Terra).

Como veremos neste capítulo, o protestantismo surgiu na Europa no século XVI devido a uma grande ruptura no interior da Igreja católica, denominada Reforma protestante. Veremos também os processos que resultaram no declício do mundo feudal e no renascimento comercial e urbano das cidades europeias.

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo há uma proposta de Atividade Alternativa sobre as igrejas protestantes existentes no Brasil.

LEGENDA: Fiéis da Igreja evangélica de Bargteheide, na Alemanha, acompanham culto de Natal ao ar livre, no dia 24 de dezembro de 2015.

FONTE: Markus Scholzdpa/AFP

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

· Analisar os processos que levaram ao revigoramento do comércio e das cidades, entre os séculos XI e XIV, na Europa.

· Compreender as mudanças sociais e culturais ocorridas nesse período.

· Identificar origens, concepções e valores da corrente de pensamento conhecida como Humanismo.

· Conhecer as principais características do movimento artístico, científico e intelectual denominado Renascimento.

· Perceber o contexto histórico (Europa ocidental) em que se desenvolveu o Renascimento.

· Entender os processos, os acontecimentos e a reação da Igreja católica relacionados à Reforma protestante.

· Compreender os interesses políticos e econômicos das religiões no período.

· Reconhecer, valorizar e respeitar a diversidade religiosa.

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1. A Baixa Idade Média

No início do período conhecido como Baixa Idade Média, fins do séculoX e início do século XI, a Europa passava por relativa estabilidade: diminuíam as invasões de povos como os vikings; havia queda na mortandade por epidemias (porque a população vivia distribuída em feudos, dificultando a propagação de doenças infectocontagiosas) e também ocorria certo crescimento demográfico.

Assim, entre os anos 1000 e 1400, aproximadamente, a Europa passaria por profundas transformações: revitalização do comércio, surgimento e crescimento de muitas cidades, consolidação da burguesia, enfraquecimento dos senhores feudais e fortalecimento dos reis, como veremos a seguir.

Novidades tecnológicas e aumento da população

Diversas inovações tecnológicas facilitaram a vida do camponês logo no início do século XI, como a charrua e o moinho de água. A charrua era um arado de ferro que revolvia e sulcava melhor a terra do que o arado de madeira, devido ao seu maior peso. Para puxar a charrua, no lugar do boi, começaram a ser usados cavalos, mais velozes. Na moagem de cereais, passou a ser usado o moinho de água, que substituía, em um dia, a força de quarenta trabalhadores.

Entre os séculos XII e XIII, os árabes introduziram na península Ibérica os moinhos de vento que, aos poucos, se revelaram indispensáveis na manutenção dos sistemas de diques e canais. Também graças a eles, uma quantidade muito grande de pântanos foi drenada e transformada em área para plantio.

LEGENDA: Afresco do século XV encontrado em uma das dependências do Castelo do Bom Conselho, em Trento, na península Itálica. No primeiro plano, pode-se ver um camponês lavrando a terra com uma charrua.

FONTE: Photo Scala, Florence/Imageplus

Com esses novos equipamentos, elevaram-se a qualidade e a quantidade da produção agrícola (veja a seção Eu também posso participar, na página seguinte). Alimentando-se melhor e momentaneamente livre das epidemias e das invasões, a população aumentou bastante. Calcula-se que, entre os anos 1000 e 1300, o número de habitantes da Europa tenha saltado de 42 milhões para 73 milhões de pessoas.

Nessa fase, o excedente agrícola passou a ser vendido em quantidades cada vez maiores, reaquecendo o comércio, que decaíra nos séculos anteriores. Esse processo fez com que o dinheiro voltasse a circular, permitindo a alguns camponeses reunir renda suficiente para comprar a liberdade junto ao senhor feudal. Livres, muitos se mudavam para as cidades. Outros continuavam no campo, mas agora como assalariados.

A circulação de moedas levou os senhores feudais a preferir que o pagamento das taxas devidas pelos camponeses fosse feito em dinheiro, e não mais na forma de trabalho (corveia) ou em produtos. Essa monetarização contribuiu para o enfraquecimento das relações tipicamente feudais.



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EU TAMBÉM POSSO PARTICIPAR

DIALOGANDO COM...BIOLOGIA

Do estrume aos agrotóxicos

Historiadores estimam que, a partir do século X, o aumento da produção agrícola europeia foi de aproximadamente 150%. Além das novidades tecnológicas, o maior uso do adubo nas plantações contribuiu para esse resultado.

Naquela época, o adubo consistia basicamente de sobras de alimentos, esterco de carneiro ou estrume de pombo, usado, em geral, para fertilizar as hortas. O esterco de pombo só perdeu importância na Europa no século XIX, com a introdução do adubo artificial.

Ao longo dos séculos, os agricultores têm procurado novas formas de melhorar a produtividade de suas lavouras. Atualmente, a pesquisa científica tem contribuído com o melhoramento de sementes, o uso de máquinas mais modernas no campo e o desenvolvimento de insumos químicos que protegem as plantações contra pragas e ervas daninhas.

Entretanto, especialistas alertam para o fato de que muitos desses insumos químicos, também conhecidos como agrotóxicos, podem causar a morte de animais; poluir os solos; contaminar os lençóis freáticos; e provocar danos à saúde do trabalhador rural e do consumidor, que ingere alimentos impregnados de produtos químicos.

O número de agricultores que investem no plantio orgânico (que utiliza fertilizantes naturais, como o lixo orgânico) tem aumentado nos últimos anos com o objetivo de reduzir o uso de produtos químicos.

Enquanto os cientistas não encontram formas menos agressivas de proteger as plantações, alguns cuidados podem ser tomados. Veja abaixo.

· Observe o tamanho de frutas e vegetais; se for acima da média, há indícios de uso exagerado de insumos químicos;

· Antes de consumir frutas, legumes e hortaliças, é importante lavá-los muito bem;

· Uma horta em casa ou na comunidade onde você vive garante a produção de alimentos saudáveis.

Texto elaborado com base em: GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1977; HAGEN, Rose-Marie; HAGEN, Rainer. Los secretos de las obras de arte. v. 1. Tomo I. Madrid: Taschen, 2005; Terreno ocioso vira horta urbana comunitária. Envolverde Jornalismo & Sustentabilidade, São Paulo. Disponível em: www.envolverde.com.br/ sociedade/terreno-ocioso-vira-horta-urbanacomunitaria. Acesso em: 16 dez. 2015.

LEGENDA: O esterco do pombo era um adubo precioso para o trato da agricultura durante a Idade Média. Acima, iluminura francesa do século XV representando as terras de um senhor feudal, na qual se observam um pombal, alguns trabalhadores e pombos sobre a neve. A ilustração pertence ao livro de horas intitulado As ricas horas do duque de Berry.

FONTE: Musée Condé, Chantilly/Arquivo da editora

LEGENDA: A Escola Família Agrícola Dom Fragoso, em Independência, Ceará, tem cerca de quinze unidades produtivas, onde são desenvolvidas diversas atividades agropecuárias. Na foto de 2013, alunos cuidam da horta, em que são produzidos alface, tomate, quiabo e feijão, entre outros, legumes e verduras posteriormente utilizados na merenda escolar.

FONTE: Eduardo Zappia/Pulsar Imagens

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Retomada do comércio: das feiras às cidades

Outro fator que estimulou a circulação de mercadorias foram as Cruzadas. Ao retornarem à Europa, os cruzados de origem nobre trouxeram produtos do Oriente - principalmente especiarias (cravo, canela, pimenta e noz-moscada) e seda da China - que eram comercializados pelos mercadores de várias cidades, como Gênova e Veneza.

Mais tarde, os mercadores dessas cidades e de várias regiões da Europa intensificaram o comércio com o Oriente a fim de trazer esses artigos até a Europa. Nos cruzamentos das rotas comerciais, como as de Champagne (na atual França), Bruges (atual Bélgica; veja a seção Olho vivo, na página 248), Sevilha (península Ibérica) e Pisa (península Itálica), entre outras, apareceram feiras regulares que, com o aumento do afluxo de pessoas, acabaram se transformando em cidades.

LEGENDA: As feiras medievais ofereciam aos comerciantes amplas opções de mercadorias e prometiam aos participantes vários divertimentos. Iluminura do século XIV representando um bispo, ao centro, abençoando a abertura de uma feira.

FONTE: Reprodução/Biblioteca Nacional, Paris.

FONTE: Adaptado de: WORLD History Atlas: Mapping the Human Journey. London: Dorling Kindersley, 2005. Créditos: Banco de imagens/Arquivo da editora

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Entre 1100 e 1300, surgiram na Europa ocidental cerca de 140 novos centros urbanos. Como essas cidades se constituíam quase sempre dentro de feudos ou nos burgos em torno deles, seus habitantes tinham de pagar taxas e impostos aos senhorios ou obter as chamadas cartas de franquia.



As cartas de franquia permitiam que os moradores administrassem as cidades por conta própria, seja por meio de um conselho ou assembleia, seja pela eleição de um prefeito. Ao conquistarem a autonomia, os núcleos urbanos passaram a ser chamados, na França, de comunas; em Portugal e na Espanha, de conselhos; na península Itálica, de repúblicas; e na região da atual Alemanha, de cidades livres.

Ao longo dos séculos XI a XV, as cidades passaram a ter importância cada vez maior, e a burguesia se consolidava como um segmento da sociedade daquela época.



A economia urbana e as corporações de ofício

As cidades transformaram-se em zonas de produção artesanal e em centros comerciais, procurados por senhores feudais endividados e por camponeses (servos e vilões), que fugiam da opressão dos feudos. Muitos camponeses começaram a se dedicar a atividades artesanais nas pequenas oficinas existentes, produzindo artigos como sapatos, roupas, ferramentas e armas.

Esses estabelecimentos funcionavam com base em uma divisão simples e hierárquica do trabalho. O dono da oficina era o mestre, a quem cabia o lucro obtido com a venda das mercadorias. Abaixo dele, na qualidade de empregados, estavam os oficiais ou jornaleiros. Havia também os aprendizes, trabalhadores que normalmente ingressavam na oficina ainda crianças, ou muito jovens, para aprender um ofício.

A partir de meados do século XII, surgiram as corporações de ofício, congregações que objetivavam defender os interesses coletivos dos artesãos, como sapateiros, marceneiros, tecelões, etc. Também garantiam a qualidade das mercadorias e impediam que as oficinas produzissem em excesso, evitando assim a queda do preço final dos artigos.

Nas oficinas têxteis que se instalavam nas cidades, algumas atividades eram realizadas normalmente por homens. Exemplos: tecelagem, costura e bordado. Quanto às mulheres, tosavam, cardavam, aparavam as irregularidades dos tecidos e ainda se encarregavam do acabamento das vestimentas. Em outros ramos, como os da metalurgia e da construção civil, as mulheres faziam serviços pesados: muitas trabalhavam como pedreiras, carpinteiras, ferreiras, etc.

LEGENDA: Detalhe do afresco do Palazzo Schifanoia (Ferrara, Itália), chamado Triunfo de Minerva, de autoria do italiano Francesco del Cossa. Produzida no final do século XV, a pintura é uma alegoria ao trabalho artesanal realizado pelas mulheres da época: bordado e tecelagem. Na mitologia romana, Minerva é a deusa das Artes e da Sabedoria.

FONTE: Bridgeman/Keystone

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A crise do século XIV

A partir do século XIV, uma conjunção de fatores provocou uma profunda crise econômica e social na Europa. A seguir, alguns deles.



· Conquista de territórios do Império Bizantino pelos turcos otomanos: como os bizantinos eram parceiros comerciais da Europa ocidental, seu declínio fez com que a economia europeia se retraísse.

· Secas prolongadas: a agricultura foi gravemente afetada, e parte da população ficou sem alimentos.

· Peste negra: um intenso surto epidêmico da doença provocou a morte de cerca de 25 milhões de pessoas entre as décadas de 1340 e 1350, ou seja, quase um terço de toda a população europeia daquela época. As péssimas condições de vida e higiene de boa parte da população facilitaram a proliferação da doença.

· Igreja católica: as disputas políticas envolvendo o alto clero, as denúncias de corrupção e outras acusações de ordem moral provocaram instabilidade da instituição diante da população e uma crise interna. Esses elementos contribuíram para a eclosão da Reforma protestante (veja mais adiante nesse mesmo capítulo).

As crises que atingiram o continente nesse período provocaram uma insatisfação generalizada entre a população. No campo, senhores feudais tentavam, sem sucesso, impedir a fuga de camponeses para os centros urbanos e, para compensar seus prejuízos, aumentavam os impostos. Nas cidades, a alta burguesia (mercadores muito ricos, banqueiros, mestres das oficinas) impedia que os artesãos conquistassem mais espaço nas decisões políticas dos governos locais.

O cenário socioeconômico conturbado da época provocou várias revoltas urbanas e camponesas, em diversos lugares da Europa. As rebeliões enfraqueceram as relações feudais e contribuíram para o processo de centralização administrativa em torno dos reis, para a consolidação de monarquias e para a formação de alguns Estados Nacionais.

LEGENDA: Em 1358, durante a Guerra dos Cem Anos (entre Inglaterra e França), eclodiu uma grande revolta entre os camponeses franceses. Marcada por extrema violência, essa revolta ficou conhecida como Jacquerie, cujo nome deriva de Jacques Bonhomme ("Jacques simplório"), como era conhecido seu líder, Guillaume Caillet. A partir de então, toda revolta camponesa na França passou a ser chamada Jacquerie. Ao lado, miniatura do século XIV representa o rei de Navarra presenciando a execução de um líder de uma Jacquerie.

FONTE: Reprodução/British Library, London.

Boxe complementar:



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