Envolvidos pela lei



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Capítulo 8

Gabe destrancou a porta do hotel e deixou que Andi entrasse primeiro.

- Você está muito quieta - disse ele, ao segui-la.

- Tem algo incomodando você?

Ela evitou o olhar dele, sabendo que não podia dizer que, se a mulher que eles vieram encontrar em Seattle identificasse o corpo do Fortune Perdido, ele retomaria para as suas funções de policial. Ele fi­caria muito triste.

Ela balançou a cabeça.

- Só estou cansada, eu acho.

Ele pôs a mala em cima da cama.

- Como pode estar cansada? Sinto que posso cor­rer uma maratona e ainda sobrar energia para quei­mar.

Ela forçou um sorriso, determinada a não des­perdiçar a empolgação dele em resolver o caso.

- Não sei dessa maratona, mas aposto que consi­go a energia para andar até o píer em busca de fru­tos do mar.

Pôs a mala dela na cama, em cima da sua, e pe­gou-a pela mão.

- Essa é a minha garota.

Quando terminaram de comer e passaram pelo mercado, já havia escurecido. Ainda com energia para queimar, Gabe sugeriu uma caminhada ao longo da baía. Mais relaxada, Andi aceitou.

Ela parou, arrancou um pedaço do pão que com­prara no mercado e atirou na água. Ficou olhando os pássaros aquáticos dando rasantes para pegar o pe­daço de pão.

- Você viu isso? - perguntou ela para Gabe, rin­do. - O pequeno foi quem pegou. - Ela arrancou outro pedaço de pão e jogou ainda mais longe. - Ele pegou de novo! - disse ela, empolgada.

- Ele é inteligente - disse Gabe.

- Esperto - corrigiu ela, em seguida ficou de braços dados com ele e continuou a andar. Ele aprendeu que tem que ser esperto para sobreviver. Cérebro versus músculos. Cérebro vence sempre.

- Essa é a voz da experiência falando? Ela deu de ombros.

- A grande parte dos criminosos que enfrento é maior que eu. Se a coisa fosse resolvida numa briga e eu tivesse que depender apenas da minha força física, eu provavelmente perderia. Tenho que ser mais inteligente que eles.

- E se você bater de frente com um criminoso que tem músculos e inteligência, o que faz?

Ela escondeu um sorriso.

- Então eu corro como nunca. Ele jogou a cabeça para trás e riu.

- Não consigo ver você correndo de nada.

- Posso ser cabeça-dura, mas não sou estúpida. Sei quando recuar.

Ele jogou o braço em volta dela e deu-lhe um beijo na cabeça.

- Espero que sim.

Aquele gesto foi tão simples, tão casual, uma for­ma de carinho que ele vinha usando sempre, de umas semanas para cá. Então, por que ela teve vontade de chorar de repente?

Ela piscou rapidamente e virou o rosto, sem que­rer que ele visse a emoção dela. Mas, obviamente, ela não foi rápida o suficiente.

Ele parou e puxou-a de frente para si.

- Por que não me diz o que está incomodando? E não diga que não é nada - disse Gabe.

Ela quis distraí-lo com algum sarcasmo, mas não teve força para ser convincente.

- Leo voltará ao trabalho na semana que vem. Ele olhou para ela por um instante e resmungou algo, virando-se e segurando no corrimão, olhando para a água.

- E você não precisará mais de um parceiro.

- Não. Mas você continuará no caso Fortune - ela garantiu. - Prater acha que não faz sentido re­mover você agora.

Ele abaixou a cabeça.

- Então amanhã pode ser o meu último dia como detetive.

Ela quis tocá-lo e dizer que sentia muito. Ao in­vés, ela disse:

- Parece que sim.

Ele levantou a cabeça e olhou para o reflexo da lua na água.

- Desde quando você sabe disso?

- Desde ontem. Prater me disse quando me chamou em sua sala.

- E você não me disse nada?

Ela percebeu o ressentimento na voz dele. Prova­velmente sentiria o mesmo.

- Você estava animado com a chance de resolver o caso Fortune. Eu não quis estragar tudo.

Ele olhou para a água por mais um instante e sus­pirou. Ao virar-se, pegou a mão dela.

- Vamos para o hotel. Estou cansado.

Mais tarde, Gabe abraçou-a e segurou-a pelo que pareciam horas, antes de fazer amor com ela. Havia tristeza no toque dele, como se percebesse que o tem­po deles juntos estava acabando.

A namorada que fizera a queixa de pessoa desa­parecida era Delilah Johnson, bibliotecária. Uma mulher magra, com cabelos castanhos e curtos, de tal fragilidade que despertava uma vontade de pro­tegê-la.

E Andi estava pronta para deixá-la arrasada.

- O homem que você registrou como desapareci­do - começou ela.

- Christopher Jamison - disse Delilah, enxugan­do as lágrimas.

- Christopher Jamison - repetiu Andi. - Você disse que Christopher está desaparecido há três meses.

- Sim. Mais ou menos. Ele disse que iria ao Te­xas.

- Por que esperou três meses para prestar queixa? Ele era seu namorado. Acho que você devia ter mais consideração com a segurança dele.

- Eu amava Christopher.

- Então, por que esperar tanto para ir à polícia?

- Porque eu não sabia que ele estava desaparecido - disse ela com raiva, cobrindo o rosto com as mãos.

- Sinto muito - disse Andi. - Mas as perguntas são necessárias para estabelecer se o homem que encontramos é mesmo o seu namorado.

Delilah levantou a cabeça.

- Eu sei. É difícil pensar que Christopher pode estar morto.

- Eu entendo. Fique à vontade.

Delilah respirou fundo e soltou lentamente.

- Passei o verão na Europa. Foi uma viagem que planejei antes de começar a namorar Christopher. Sugeri mudar meus planos, mas ele insistiu que eu fosse. Disse que não estaria em Seattle e que pas­saria as férias de verão no Texas. Parecia estupidez cancelar a minha viagem se ele não estivesse aqui. Então fui para a Europa.

- Você fez algum contato com ele durante a sua viagem? - perguntou Andi.

- Sim. No começo. Trocávamos e-mail quase dia­riamente.

- Você disse "no começo" - afirmou Andi. - Por que parou de se corresponder com ele?

- Eu não parei - respondeu ela. - Quando várias semanas se passaram sem uma resposta, eu pensei que ele tivesse encontrado alguém e essa fora a ma­neira de terminar o nosso relacionamento.

Andi reconheceu o constrangimento daquela mu­lher e desconfiou que a bibliotecária sofria de baixa auto-estima. Sem querer lhe causar mais desconfor­to, optou por concentrar suas perguntas em outro tópico.

- Quando você voltou da Europa? - perguntou ela.

- Na semana passada. Quinta-feira, tarde da noite.

- E você tentou contactar Christopher? Ela balançou a cabeça, concordando.

- Eu achei que merecia uma explicação. Quando não o encontrei em casa, não considerei que algo pudesse ter acontecido com ele. Achei que ainda estava fora da cidade.

- E quando suspeitou que ele tinha desaparecido?

- Segunda-feira. As aulas começam logo e os professores têm reuniões obrigatórias antes da aber­tura do semestre.

- Você checou com a escola?

Ela balançou a cabeça, concordando, com os olhos cheios de lágrimas.

- Eles não têm notícias dele.

- E a família? Ele tem irmãos? - Um pai e dois irmãos.

- Você já falou com eles?

- Liguei para o pai dele. O sr. Jamison também não tem notícias dele.

- E os irmãos dele? - perguntou Andi.

- Não sei como entrar em contato com nenhum deles. Christopher tem estado longe deles por vá­rios anos. Emmett, o mais velho, foi para o FBI logo depois de formar-se na faculdade. Lembro-me de Christopher dizendo algo sobre ele sofrer um colapso emocional depois de capturar um assassi­no em série.

- E o irmão mais novo? - perguntou Andi.

- Jason. - Delilah deu de ombros.

- Não sei nada sobre ele, além do fato de ele ter perdido contato com a família há vários anos.

Andi já tinha visto exemplos de famílias desagre­gadas antes, mas a de Christopher era a campeã.

Ela decidiu mudar de tática e partir para a questão que confirmaria se Christopher era o cadáver.

- Você mencionou que Christopher tem uma mar­ca de nascença em forma de coroa na cintura.

- Sim. Bem aqui. - Delilah apontou em sua pró­pria cintura. Ele disse que é uma característica de família.

Andi olhou para Gabe e, em seguida, para Delilah. - O homem que encontramos tem a mesma marca.

Delilah tapou a boca com as mãos e as lágrimas invadiram-lhe os olhos.

- Oh, meu Deus... Então ele está morto. O meu Christopher está morto.

- Não saberemos com certeza enquanto não for identificar o corpo.

Os olhos dela se arregalaram de terror.

- Oh, não. Por favor. Eu não vou conseguir.

- Sinto muito, Delilah, mas alguém precisa identificar o corpo.

- O pai dele - disse ela. - Ele pode fazer isso.

- Gostaria que ligássemos para ele?

Ela hesitou e balançou a cabeça.

- Não. Eu ligo para ele. Ele não deveria ficar sa­bendo da morte de Christopher por estranhos.

O chefe Prater chegou perto de Andi, próximo à janela de vidro fumê, enquanto o médico le­gista puxava a gaveta contendo o corpo do For­tune Perdido. Gabe se propusera a entrar com o pai de Christopher, para identificar o corpo. En­quanto isso, Gabe ficou ao lado dele e de frente para o legista.

- Foi bom que aquela mulher, Johnson, soubesse como localizar o pai de seu namorado - disse Prater. - Ver o namorado dessa maneira lhe causaria pesadelos por anos.

Andi concordou e olhou para Dalilah, sentada do outro lado da sala, com as mãos cobrindo o rosto. - Acho que ela terá os pesadelos de qualquer jeito. Essa coisa toda é muito estranha.

- Ryan Fortune também acha. Falei com ele hoje cedo. Saber que o morto tem uma marca de nascença como a dele parece que o afetou um pouco.

- Imagino que sim, quando isso é considerado um traço de família.

- Ele quer falar com o pai de Christopher. Você acha que Jamison concordaria?

Andi levantou um ombro. - Posso perguntar.

Ela se endureceu quando o legista levantou o lençol do rosto do cadáver. Blake Jamison deu uma olhada e seus joelhos bambearam. Gabe o segurou firme e sussurrou algo em seu ouvido. Gabe levantou a cabeça e olhou diretamente para Andi. Mesmo sem poder enxergá-la pelo vidro, ela o viu e a mensagem que ele mandou foi alta e clara.

- Jamison o identificou - disse Andi. - O nosso Fortune finalmente tem um nome.

Andi e Blake Jamison aguardavam enquanto Gabe se aproximava da recepção na Fortune TX Ltda.

- Estamos aqui para falar com Ryan Fortune.

- O seu nome? - perguntou a recepcionista.

- Gabe Thunderhawk, Polícia de Red Rock. O sr. Fortune está nos aguardando.

Ela apontou para um conjunto de cadeiras.

- Sentem-se. Avisarei ao sr. Fortune que estão aqui.

Ryan apareceu antes que tivessem a chance de sentar.

- Sr. Fortune - disse Gabe, e apertou-lhe a mão.

Ele apresentou Jamison. - Esse é Blake Jamison.

Cheio de simpatia, Ryan segurou a mão de Jami­son com as duas.

- Sinto muito pela sua perda, sr. Jamison.

- Obrigado. E, por favor, deixe de lado as formalidades. Pode me chamar de Blake.

- Ok, Blake. Se não se importar, podemos con­versar no meu escritório.

Quando Gabe e Andi ficaram para trás, Jamison parou.

- Podem vir conosco. Não tenho nada a esconder.

- Esperaremos aqui - disse Gabe.

Ryan deixou de lado a sua mesa e levou Blake até um conjunto mais casual de cadeiras próximo a uma janela.

- Por favor - disse ele, apontando as cadeiras. - Agradeço por ter vindo me encontrar. Sei que os acontecimentos de hoje foram muito difíceis para você.

Blake suspirou.

- Você não faz idéia.

Ryan balançou a cabeça.

- Certamente. Serei breve. Não sei se está ciente disso, mas tenho uma marca de nascença idêntica à de seu filho.

- Sim. O chefe Prater mencionou isso.

- Até onde eu sei, essa marca é peculiar à minha família.

- Sim - concordou Blake. - É verdade.

Confuso pela reação de Blake, Ryan franziu a testa.

- Você está dizendo que o seu filho é um For­tune?

- Não. O meu filho é um Jamison.

Ryan afundou em sua cadeira, frustrado, achan­do que Blake estava brincando de gato e rato com ele.

- Então como você explica o fato de seu filho ter uma marca que você reconhece como peculiar aos Fortune?

- Eu nunca disse que a marca era peculiar aos Fortune. Eu disse que era peculiar à sua família.

Ryan se levantou, com o rosto vermelho de raiva. - Você está tentando me deixar louco? Os Fortune são a minha família.

- A sua família adotada. - Blake esclareceu.

- Eu não fui adotado. O meu pai era Kingston Fortune!

- Kingston Jamison Fortune.

Ryan ficou pálido ao perceber a conexão e abai­xou a cabeça sobre as mãos.

- Oh, meu Deus! - Ele levantou a cabeça. - Eu nem ao menos considerei essa possibilidade. Não sabia nada sobre a descendência de meu pai. Nin­guém sabia. Ele raramente falava sobre isso. Ele nos dizia apenas que fora criado por Hobart e Dora Fortune.

- Eles criaram o seu pai, sim. A mãe biológica dele, Eliza Wise, deu-o aos Fortune quando ele ainda era bebê. O pai, Travis Jamison, nunca soube de sua existência. É uma longa história e prefiro não entrar em detalhes agora, mas a irmã de Travis soube do nascimento de Kingston e planejava avi­sar a ele que ele tivera um filho. Infelizmente, Travis morreu antes que sua irmã pudesse lhe contar que era pai.

Parecendo exausto, Blake se levantou.

- Perdoe-me, preciso ir embora. Eu... Eu preciso tratar dos preparativos para o enterro de meu filho.

Ryan se levantou e ofereceu-lhe a mão.

- Eu entendo. E obrigado por vir. Espero que possamos conversar mais no futuro.

Blake apertou-lhe a mão.

- Sim. Deveríamos.

Enquanto Ryan caminhava com Blake até a por­ta, uma idéia lhe ocorreu.

- Os Fortune se reunirão em maio. Estamos ten­tando fazer isso há tempos. Ficaríamos honrados se você e a sua família se juntassem a nós.

- Não sei - disse Blake. - Agora, não consigo pensar em nada além do que preciso fazer hoje.

Ryan balançou a cabeça.

- Entendo. Manterei contato.

Ele assistiu Blake se juntar a Gabe e à detetive Matthews na recepção. Em seguida, voltou para a sua sala.

- Quem era ele?

Ryan parou e olhou para trás, e sorrindo ao ver o seu primo Clyde Fortune se aproximar do lado oposto do corredor.

- É uma longa história, e não sei bem se conse­guirei explicar.

Clyde levantou a mão.

- Se for notícia ruim, não quero ouvir. Já tenho problemas suficientes.

- Problemas?

- Sim, problemas - respondeu Clyde. - Problemas femininos. A minha irmã tapada, Violet, convi­dou uma amiga de faculdade para ficar no meu ran­cho. Por um mês - disse ele. - O que vou fazer com uma mulher esse tempo todo?

Rindo, Ryan lhe deu um tapinha nas costas.

- Tenho certeza de que não será tão mal quanto você pensa.

- Não - balbuciou Clyde enquanto saía. - Será pior.

Jason Wilkes entrou numa sala onde os funcio­nários se reuniam nos intervalos.

- Alguém por aqui viu Ryan? - perguntou ele às pessoas sentadas à mesa tomando café. - Ouvi dizer que ele estava no prédio, mas não está em sua sala.

Mary, a recepcionista, olhou para ele.

- Ele foi para casa há uns dez minutos contar as novidades para Lily.

Jason ficou curioso para saber o que seria tão im­portante para Ryan correr para casa para contar para Lily.

- Que novidades?

- O corpo do Fortune Perdido foi identificado - respondeu Mary. - O nome dele era Christopher Ja­mison. O pai e a namorada o identificaram hoje de manhã.

Blake Jamison estava na cidade? Ele rapidamente se virou, antes que alguém percebesse o pânico que invadia.

- Tentarei encontrar Ryan em casa - disse ele, tentando manter a voz calma.

Andi sabia que deveria se sentir mal com a volta de Gabe para sua função de policial. Mas como ela poderia se sentir mal com algo que permitiria a Gabe e ela de continuar a se verem? Se ele se tor­nasse detetive, o relacionamento teria que acabar. Ela sabia que os encontros às escondidas eram uma opção, mas nunca daria certo. Não gostava de que­brar regras. E mesmo que se propusesse a fazer isso, o sentimento de culpa a comeria viva, isso destruin­do o que quer que fosse que houvesse entre eles. Portanto, qual é a razão de tudo isso?

Se ela gostasse mesmo de Gabe, de verdade, teria que desejar a felicidade dele... E aí estava o proble­ma. Ela gostava mesmo de Gabe. Mas a felicidade dele - pelo menos a profissional- significava o fim de seu relacionamento. Ele queria ser um detetive. Era seu objetivo, um sonho. Um sonho que ele com­partilhara com ela na cama. Mas como poderia de­sejar a felicidade para ele, quando isso significava desistir do relacionamento?

Ela olhou na direção de Gabe, na sala do esqua­drão. Ele estava sentado à sua mesa atualizando um arquivo. Para todos, ele aparentemente estava bem. Concentrado. Ocupado. Mas ela o conhecia o sufi­ciente para identificar nele sinais de desapontamen­to e derrota. Os ombros levemente caídos. A tensão em um canto da boca. A mão que passava repetidas vezes pelo cabelo.

Cheia de determinação, Andi empurrou a cadeira e foi até a sala do chefe Prater.

- Chefe? Posso falar com você um instante?

Ele levantou o olhos dos papéis espalhados em sua mesa, recostou em sua cadeira e olhou para ela, fazendo sinal para que ela entrasse.

- Qual é o problema?

Ela fechou a porta e sentou-se em uma cadeira de frente para ele.

- É sobre Gabe.

- O que houve?

- Você sabe que ele quer se tornar um detetive?

Ele concordou com a cabeça.

- Estou com o requerimento dele no arquivo. Ela hesitou, incerta sobre como dizer.

- Depois de trabalhar com ele no caso Fortune, posso endossar suas habilidades. Ele seria um bom detetive. Precisa de algum ajuste no que diz respeito a trabalho em grupo - admitiu ela -, mas isso é algo que ele aprenderá com a experiência.

Ele olhou para ela com curiosidade.

- Você está apaixonada por esse rapaz? Andi ajeitou a postura.

- O que faz você pensar assim?

- Você trabalha para mim há nove anos e essa é a primeira vez que você faz campanha para um cole­ga de trabalho.

Ela ficou de pé.

- Não estou fazendo campanha para Gabe - ela se defendeu. - Trabalhei com ele, é só isso, e achei que você gostaria da minha opinião sobre a capaci­dade dele de fazer o trabalho.

Ele escondeu um sorriso.

- Oh, obrigado, Andi. Agradeço por você se dar ao trabalho de dividir as suas observações comigo.

Ruborizada, ela saiu pela porta.

- De nada.

De volta à sala do esquadrão, ela olhou a sua vol­ta. Era assim tão óbvio? Se Prater pensava que ela se apaixonara por Gabe, então todos na corporação pensavam a mesma coisa.

Era hora de acabar com isso, disse a si mesma, e saiu. E a primeira coisa a fazer era deixar a casa de Gabe e voltar para a sua própria casa.

- O que você está fazendo?

Andi não estava preparada para o som da voz dele, a dor que lhe causava. Ela esperava fazer isso sozinha e sair antes que ele voltasse. Recompondo­-se, guardou as roupas na mala.

- O que parece que estou fazendo? As malas. Ela ouviu os passos dele, e se enrijeceu, torcendo para que ele não a tocasse. Se a tocasse, ela temia não ser capaz de ir em frente.

Mas ele não a tocou. Em vez disso, ele começou a puxar as roupas dela de dentro da mala.

- Você não vai a lugar nenhum. Vai ficar aqui, onde eu possa ficar de olho em você.

Furiosa com ele, por tomar tudo aquilo mais difí­cil, ela arrancou as roupas da mão dele.

- Não preciso mais que você cuide de mim. Quem quer que seja que estava me incomodando, já não está mais. Há mais de uma semana que nada acontece. Nem mesmo uma ligação.

Ela fechou a mala e pegou-a, olhando para ele.

- Eu vivo em perigo todos os dias. Você também. Somos policiais. É um trabalho perigoso. - Ela se virou para sair e ele a pegou pelo braço, parando-a.

- Andi, eu ...

Ela prendeu a respiração, esperando que ele ter­minasse. Pensou que iria implorar para ela ficar, que declararia não poder viver sem ela. E que isso machucava-o tanto quanto machucava ela.

Contudo, ele a soltou e virou-se para o lado. Prendendo o choro, ela correu para a porta e em seguida para o carro. Não choraria, Andi prometeu a si mesma na viagem de volta para casa. Se come­çasse, talvez nunca mais parasse.

O chefe Prater raramente isolava alguém da cor­poração para reconhecimento especial e nunca dis­tribuía prêmios de honra ao mérito. Mas a cobertu­ra que a mídia fez em torno do caso Fortune Perdido e sua conexão com a família Fortune chamou a atenção do público, impondo-se a necessidade de a cidade reconhecer os profissionais responsáveis pe­la solução do caso.

Essa era a única razão que Andi atribuiu ao fato do chefe anunciar na segunda-feira de manhã que ela e Gabe receberiam placas de honra ao mérito numa cerimônia pública naquela tarde.

Quando ela chegou na Corte Municipal, onde aconteceria a cerimônia, todos os assentos já es­tavam tomados. Havia pessoas de pé ao fundo da sala. Ela viu Gabe de pé na frente, conversando com Ryan Fortune, e rapidamente desviou o olhar. Vê-lo machucava-a como jamais acontecera em sua vida.

- O que está fazendo aqui atrás? - O chefe Prater perguntou e levou-a pelo corredor. - Tem uma ca­deira reservada para você lá na frente. - Ele a deixou próxima a Gabe. - Sentem-se e acabaremos logo com isso.

Andi se sentou rapidamente. Gabe se sentou ao lado dela, enquanto Prater dirigiu-se ao microfone.

- Gostaria de pedir a atenção de todos - disse ele, aguardando a sala ficar em silêncio. - Não é sempre que faço festa para os membros da minha corporação. Para ser honesto, não acredito que seja necessário premiar um indivíduo por fazer algo considerado parte do seu trabalho. - Ele olhou para Andi e Gabe. - E sei que se vocês perguntas­sem ao policial Thunderhawk e à detetive Mat­thews, descobririam que eles também pensam assim. Estão na força policial porque escolheram estar. Porque não se imaginam fazendo outra coisa. Têm dedicado suas vidas a manter a lei em Red Rock e a manter a segurança de seus habitantes. Não esperam reconhecimento por fazerem o seu trabalho, como o Ron, aqui - disse ele apontando para o chefe dos correios. - Mas o caso que o poli­cial Thunderhawk e a detetive Matthews resolver­am na semana passada não foi um caso qualquer. Desde o início, apresentava problemas incomuns, associados a crimes cometidos em nossa cidade. Para quem não sabe, tinha a ver com assassinato. Em seguida, houve problemas com provas. Não ha­via nada na cena para um investigador começar a trabalhar. Sem arma. Sem identificação no cadá­ver. Tínhamos um estranho em mãos. Um João ­ninguém. Naquela altura, um outro grupo de investiga­dores poderia ter desistido e arquivado o caso, mantendo o foco em casos mais fáceis. Casos com indícios reais para serem seguidos. - Ele apontou para Andi e Gabe. - Mas esses dois, não. Eles se esforçaram e trabalharam duro. E a persistência deles teve retorno. Graças a eles, o nosso joão ­ninguém tem um nome. Christopher Jamison. A família dele já solicitou o corpo e levou-o para casa para um funeral.

Ele fez uma pausa.

- Dois casos, a quilômetros de distância, eram resolvidos simultaneamente. Uma pessoa desapare­cida em Seattle, Washington, e um joão-ninguém bem aqui em Red Rock, Texas. O trabalho duro de dois residentes de Red Rock tornou isso possível: detetive Andrea Matthews e policial Gabe Thunder­hawk.

Ele fez sinal para os dois se juntarem a ele no pódio.

- Considero uma honra e um privilégio con­ceder essas placas à detetive Andrea Matthews e ao oficial de polícia Gabe Thunderhawk, em re­conhecimento aos extraordinários serviços pres­tados para sua comunidade. - Ele entregou a pla­ca a Andi e apertou-lhe a mão, e depois fez o mes­mo com Gabe.

Achando que a apresentação havia acabado, Ga­be e Andi começaram a andar na direção de suas ca­deiras. A voz de Prater os parou.

- Não tão depressa, vocês dois - disse ele, segui­do de uma grande risada da audiência. - Tenho mais uma apresentação a fazer.

Ele folheou um maço de papéis no pódio e puxou um documento, virando-se para a platéia.

- O policial Thunderwalk, normalmente, não te­ria trabalhado neste caso. Mas por conta de uma dispensa médica de um de nossos detetives, Gabe foi convocado temporariamente para essa missão. E de acordo com a detetive Matthews, a respon­sável por esse caso, ele fez um trabalho surpreen­dente. Ela me assegurou que ele pode assumir o cargo de detetive pleno. - Sorrindo, ele se virou para Gabe e estendeu-lhe a mão. - Parabéns, dete­tive Thunderhawk.

Andi foi apanhada de surpresa com o anúncio.

Quanto a Gabe, demorou alguns segundos para se dar conta do que o chefe dissera. Quando a ficha caiu, ele olhou para Andi, confuso.

- Vá em frente. Pegue. Você mereceu - disse ela.

Andi gemeu ao som da campainha. Com as mãos cheias de cera e a metade do corredor para terminar de encerar, não estava com humor para visitas. A campainha tocou de novo e ela enfiou o pano no contêiner de cera, resmungando ao le­vantar-se. Foi até a porta e olhou pelo olho mági­co. Uma imagem distorcida de Gabe apareceu para lhe mostrar a última pessoa que ela gostaria de ver.

Ela se preparou para o confronto e abriu a porta. - Olha vejam só, não é o mais novo detetive Gabe Thunderhawk. Achei que você estivesse voando alto e não aterrissaria por pelo menos 24 horas.

Ela apontou para suas botas.

- Solas de chumbo. Garantem o homem com os pés no chão sob as mais extremas circunstâncias.

- Então, o que posso fazer por você? - perguntou ela, ansiosa por mandá-lo embora.

- Você pode começar me convidando a entrar. Ela olhou para trás, como se ele estivesse inter­rompendo algo muito importante.

- Agora não é o momento certo - ela começou e gritou - Ei!, quando ele passou por ela.

- Isso não vai demorar - ele a assegurou. Ela bateu a porta.

- Espero que não. Tenho coisas a fazer.

- Queria agradecer a você.

- Pelo quê? Eu não fiz nada.

- Você falou com Prater. Não sei o que disse a ele, mas, o que quer que tenha sido, o convenceu que posso fazer o trabalho.

- Você mereceu a promoção. Eu não tenho nada a ver com isso.

- Você sabe há quanto tempo ele estava com o meu requerimento? Dois anos. Agora me diga que você não teve nada a ver com isso.

- Eu disse que você fez um bom trabalho no caso Fortune, grande coisa.

- Sinto sua falta, Andi.

Ela sentiu o coração derreter e fez uma cara de má. - Arrume um cachorro. Eles são ótimas companhias.

Ele deu um passo na direção dela.

- Não quero um cachorro. Quero você.

Ela levantou a mão.

- Não, Gabe. Está tudo acabado entre nós. Ele pegou a mão dela e puxou-a para perto.

- Quem disse?

- Está bem ali no seu manual de conduta. Namoro entre funcionários da mesma unidade é proibido. - Você sabia disso quando falou com Prater, mas recomendou o meu nome assim mesmo, sabendo que seria o fim do nosso relacionamento.

- Essa conversa tem algum propósito? Se tiver, por favor, se apresse. Tenho coisas a fazer.

Ele olhou para ela por um longo tempo e soltou-a. - Você é a primeira mulher a me abandonar e a primeira que me arrependo por perder.

Andi sabia que quando um relacionamento entre colegas de trabalho terminava, o clima no local de trabalho ficava difícil.

O que ela não sabia - ou escolhera ignorar - era o quanto doía.

Com Gabe oficialmente como detetive, ele fora colocado numa mesa à frente dela, na parte da sala do esquadrão, conhecida como covil. A mudança tomou impossível para Andi deixar de vê-lo ou ou­vir sua voz.

Ela tentava bloquear a presença de Gabe com tanta vontade, que ela se assustou quando viu Rey­nolds parado próximo à sala dela.

- Recebemos um telefonema de uma mulher. Ela disse que seu ex-marido seqüestrou seu filho. Um policial está a caminho de lá. Achei que gostaria de saber.

- Quem é o policial?

- Jarrod, o novato.

Andi olhou para Gabe e encontrou-o olhando para ela.

Com o olhar nela, ele pegou suas chaves de cima da mesa.

- Eu cuido disso. Você provavelmente vai acabar matando o pobre Jarrod.


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