Envolvidos pela lei



Yüklə 0,83 Mb.
səhifə7/7
tarix24.11.2017
ölçüsü0,83 Mb.
#32775
1   2   3   4   5   6   7

Capítulo 9

Lenny era um homem de 36 anos com a mente de uma criança de oito, com um sonho de um dia tornar-se um policial. Ele já estava na folha de paga­mento do Departamento de Polícia de Red Rock, mas com o título de faxineiro e não de oficial. Tra­balhara para o departamento por seis anos e fizera de tudo, desde limpar celas a cumprir mandados.

Foi um mandado que o trouxera à mesa de Andi logo após a saída de Gabe. Ele tinha a mania de chegar de fininho, o que fez com que Andi quase pulasse de sua cadeira quando ele tocou-lhe o ombro.

Ela pôs a mão no coração.

- Lenny - disse ela, com um sorriso fraco. - Você me assustou.

Ele chegou mais perto e sussurrou: - Entrega ultra-secreta para Gabe. Ela sorriu.

- Ele está fora a trabalho. Ponha ali. Eu aviso para ele.

Ele pôs os documentos na mesa dela, como se fossem uma bomba que pudesse explodir a qualquer momento.

- Você não vai esquecer, vai? Sorrindo, ela balançou a cabeça.

- Você tem a minha palavra, Lenny. Entrego a ele no minuto em que ele voltar.

- Então, está bem. Tchau.

- Tchau, Lenny. - Sorrindo, ela voltou a atenção ao arquivo que estava atualizando. Momentos depois, a curiosidade tomou conta dela. Olhou para os papéis que Lenny trouxera e notou que a capa tinha a palavra FAX escrita em letras garrafais. Curiosa sobre quais informações Gabe requisitara, esticou a mão para pegar os documentos e virou a página.

Registros telefônicos? - perguntou a si mesma e olhou para o topo da página para ver de quem eram os registros. Ficou furiosa quando viu seu próprio nome e número de telefone.

- Aquele imbecil - balbuciou ela, analisando a página e notando que o relatório só mostrava liga­ções recebidas e feitas durante o mês de agosto. O mesmo mês em que o assediador começara a perturbá-la.

Ela se levantou e foi até a mesa dele revirar suas gavetas. Não se sentiu nem um pouco culpada por fazer isso, afinal, ele começara a bisbilhotar a vida dela quando requisitou os seus registros telefônicos.

Andi estava quase desistindo quando de repente encontrou um arquivo chamado "Aerdna", Andrea de trás para frente.

- É isso mesmo, Gabe? - balbuciou ela enquanto pegava o arquivo. - Você vai ter que parar de assistir a esses seriados de detetives na TV.

Ela vasculhou o conteúdo do arquivo, encontran­do registros telefônicos da casa dela e um perfil do seu vizinho Richard. Curiosa - e um pouco mais do que irritada -, ela se sentou-se para ler o perfil de Richard. Casado e divorciado três vezes. Nada de novo. Cinco anos no mesmo endereço. Nenhum man­dado especial na lista, mas um fio lhe subiu a espi­nha quando ela viu que ele já fora preso por atacar uma mulher.

Voltou as páginas para examinar os registros do telefone de sua casa. A lista era curta, como espera­do, pois poucas pessoas tinham o seu número. Re­conheceu o número do dentista e olhou o número seguinte, lembrando-se de que recebera um daque­les telefonemas mudos logo em seguida à ligação do dentista: 210-555-3889. Ela franziu a testa, sem re­conhecer o número, e seguiu a linha que Gabe de­senhara até o final da página com a seguinte nota:

Telefone público no estacionamento do super­mercado entre as ruas Oitava e Lee.

Obviamente, ele verificara cada número. Mas não tivera tempo de verificar seu telefone celular, ela pensou. Enfiou o arquivo de volta na gaveta e retor­nou à sua mesa, pegando o arquivo que Lenny trouxera. Ela virou as páginas rapidamente, procurando pela data em que ela e Gabe retornaram da viagem a Nova Orleans. Ao encontrar, procurou então pela hora aproximada em que recebera a mensagem de texto. Quando encontrou, ela ficou atônita, incapaz de acreditar no que via.

Deirdre enviara a mensagem? Mas... Por quê? Só havia uma maneira de descobrir, disse a si mesma e levantou-se.

Ela confrontaria Deirdre.

Deirdre se esticou na cama como uma gata. Nun­ca imaginara que sexo poderia ser tão bom assim. Não apenas bom, ela se corrigiu. Fantástico!

Sorrindo, rolou e ficou de bruços. E foi tudo pura sorte. Quem teria imaginado que uma multa de trân­sito acabaria em três semanas de sexo fenomenal? E não era qualquer rapaz. Um rapaz atlético, charmo­so e inteligente.

A campainha tocou e ela ficou de lado na cama olhando curiosa em direção à sala. Quem estaria to­cando a campainha a essa hora do dia? Todos que conhecia sabiam que ela trabalhava à noite e dormia de dia. Provavelmente o entregador de jornal, disse a si mesma. Ela tem estado muito ocupada e esquecera de fazer o pagamento.

Mas quando abriu a porta, ela ficou surpresa ao ver Andi ali parada.

- Oi - disse ela, surpresa. - O que faz aqui?

- Preciso falar com você.

Encucada pela raiva de Andi, ela olhou para trás. - Agora não é uma boa hora - disse ela -, eu estou com um homem no chuveiro.

- Não vai demorar - Andi falou com firmeza e entrou à força.

- O que está havendo? - disse Deirdre. - Você está me assustando.

Andi se virou e enfiou um papel no rosto de Deirdre.

- Por que você anda me assediando? É por causa do Gabe?

Surpresa, Deirdre se afastou, empurrando a mão de Andi.

- O que você está falando? Não fiz nada contra você.

- Não mesmo? - Andi gritou com raiva e enfiou o papel no rosto de Deirdre novamente. - Olha o número sublinhado de vermelho. É o seu número, Deirdre. O número do telefone dado a você pelo departamento.

- E daí? - disse Deirdre. - Todos usam os seus celulares para fazer ligações pessoais. São ligações locais, que diferença faz?

- Muita diferença quando se usa o telefone para assediar pessoas.

Deirdre ficou de queixo caído.

- Perdão, mas sinto lhe informar que nunca tele­fonei assediando ninguém em toda a minha vida.

- Gabe discordaria. Ele disse que você ligava pa­ra ele a qualquer hora do dia e da noite.

- Então é isso? O todo-poderoso Gabe Thun­derhawk. Ok. Eu já liguei para ele algumas vezes. Qual o problema?

- E você ligou para mim. Uma mensagem de tex­to que poderia muito bem ser considerada uma ameaça.

- Eu não fiz isso!

- E você pichou a palavra vadia na porta da minha garagem.

Deirdre esgasgou.

- Você ficou louca? Eu nunca faria tal coisa.

- Eu faria.

Andi levantou a cabeça, e congelou, com o olhar fixo no homem de pé perto da porta do quarto de Deirdre. Ele estava um pouco mais grisalho, mas parecia a mesma pessoa de 15 anos atrás.

- Wesley? Ele sorriu.

- Olá, Andrea.

Deirdre olhou para um e para o outro, confusa. - Vocês se conhecem?

Ele entrou na sala sem tirar o olho de Andi.

- Oh, sim. Andrea e eu temos uma história antiga. Deirdre ficou olhando.

- Mas... como?

- Nós nos conhecemos quando Andrea estava na faculdade. Eu fui professor dela. O favorito se lembro-me bem.

- Por quê? - perguntou Andi. - Por que você está me assediando?

- Assediando? - repetiu ele. - Assédio é uma palavra feia. Prefiro enxergar isso como nivelar o placar. Você destruiu a minha vida, arruinou a mi­nha carreira. Por que você deveria seguir em frente, sem se afetar, enquanto eu pago o preço pela sua indiscrição?

Deirdre olhou para Andi.

- Você teve um caso com Wesley? Você dormiu com ele?

- Oh, sim - disse Wesley antes que Andi pudesse responder. - A nossa pequena Andrea é uma devas­sa. Ela me cansou com sua insistência, me seduziu com o seu charme e juventude.

Com o rosto coberto de lágrimas, Deirdre atacou Andrea.

- Ele é meu - gritou ela, histérica. - Meu!

Andi levantou as mãos para proteger o rosto, mas conseguiu enroscar o pé atrás da perna de Deirdre. Ela puxou com força e Deirdre caiu para trás, cho­rando.

Olhando para Wesley, Andi passou a mão sobre a bochecha, espalhando o sangue que Deirdre lhe arrancou do rosto.

- Seu bastardo doentio - gritou ela. - Você a usou, não usou? Você a usou para obter informações sobre mim.

- Oh, usei sim. Mas não apenas para informa­ções. - Ele empurrou o pé na cintura de Deirdre, fazendo-a virar de bruços. - Ela tem um apetite insaciável por sexo. E, ao contrário de você, gosta de experimentar os prazeres sombrios do sexo.

- Por que, seu... - com os olhos em chamas, Deirdre tentou se levantar, pronta para atacá-lo.

Rindo, ele pôs o pé no peito dela e empurrou-a para baixo. Ela caiu, batendo com a cabeça na mesa de centro. Gemeu de dor, seus olhos se fecharam e seu corpo amoleceu. Uma poça de sangue se for­mou embaixo da cabeça dela.

Andi se segurou para não ir até Deirdre, sabendo que poderia ficar vulnerável ao mesmo tratamento dado por ele. Para ajudar Deirdre, ela precisava man­ter o foco. Alerta. Tinha que pensar.

E manter Wesley falando.

- Eu não destruí a sua vida - disse ela. - Você fez isso consigo mesmo. Você conhecia as regras da universidade e mesmo assim ignorou-as.

- Regras - repetiu ele balançando a cabeça. - E por que as punições só valem para os professores e não para os alunos? Por que permitem que você saia ilesa, enquanto eu sou escorraçado, perco meu em­prego, minha posição?

- Você conhecia o risco e as conseqüências, se fosse pego.

- Como eu poderia saber que a sua colega de quarto teria tanta raiva?

Confusa, Andi franziu a testa.

- Marcy não tinha raiva de mim. Éramos amigas.

- Não por você, querida. Por mim. Marcy e eu éramos amantes antes de você e eu nos envolvermos.



Marcy? Ela pensou descrente. Marcy a aconse­lhara a não se envolver com Wesley, mas nunca ocorreu a Andi que sua colega de classe falava por experiência própria.

Ele riu de prazer, ciente do choque que causara nela.

- Como você era inocente. Logo eu me entediei com ela. Um rostinho bonito, mas nada na cabeça. Você, por outro lado, me estimulava sexual e inte­lectualmente. Ou teria feito isso por um tempo se não fosse por Marcy, nós nunca saberemos. Ela pa­gou o preço pela traição. Assim como você pagará por destruir a minha vida.

Oh, Deus, Andi pensou. Ele matou Marcy. Ele destruiu a amizade entre elas e matou-a. Mas... quando?

Deirdre gemeu, mas Andi não olhou para ela.

Tinha que manter Wesley falando até descobrir uma maneira de subjugá-lo. Sua arma estava no coldre de ombro e escondida sob o paletó. Mas não teve coragem de pegá-la. Ele estava perto demais. Um movimento em falso e a arma estaria apontando pa­ra ela. Ele era rápido e forte.

- Estou curiosa - disse ela. - Como você con­venceu Deirdre a ajudar você? Ela é uma policial e minha amiga. Eu acharia impossível que você a per­suadisse.

Ele riu.

- Você esqueceu de mencionar “boba”. Ela nunca se deu conta de que eu a estava usando. Extrair informação dela foi fácil. Aperte os botões certos e ela não pára de falar.

- E a mensagem que recebi? Você a enviou?

- Claro que sim. Deirdre é descuidada com as coisas dela. Enquanto ela estava no chuveiro, pe­guei o celular.

- E o dia que você embelezou a minha garagem com a sua obra de arte. Como sabia que eu estava na casa de Gabe?

- Eu segui você. – Ele balançou a cabeça, como se estivesse desapontado com ela. Andréa! Você nunca presta atenção nas aulas? Fique sempre atenta com o que acontece à sua volta. Claro, você estava distraída naquele dia, não estava? Tudo o que você pensava era em chegar na casa daquele índio e transar até não poder mais.

A mão dele se aproximou rápido demais, Andi não teve tempo de desviar. O soco atingiu-a em cheio no rosto, arremessando-a para trás.

- Vadia - disse ele ao pegá-la pelo cabelo, puxan­do com força.

O segundo soco atingiu-a do outro lado do rosto.

Sabendo que só podia contar consigo mesma, agar­rou o braço dele com ambas as mãos e levantou o joelho, acertando no meio das pernas.

Gabe deixou suas chaves em cima da mesa e olhou para Reynolds.

- Onde está a Andi?

- Eu fui ao banheiro e, quando voltei, ela já não estava mais aqui. Talvez tenha saído mais cedo para almoçar.

Ele olhou no relógio.

- Um pouco cedo demais. - Ele deu de ombros e sentou-se à sua mesa, abrindo o arquivo em que estivera trabalhando.

- Ouvi dizer que você agora é detetive.

Gabe olhou para cima e riu quando viu Lenny parado a menos de um metro.

- Vou colocar uns sinos nos seus sapatos, Lenny. Lenny chegou mais perto.

- Estou praticando para me aproximar de crimi­nosos.

- Bem, você está fazendo um bom trabalho. Eu nem sabia que você estava aqui.

- Você recebeu os documentos?

- Que documentos?

- Os que entreguei à detetive Andrea. - Ele pôs a mão na mesa de Andi. - Eu coloquei bem aqui.

Gabe balançou a cabeça.

- Não, nenhum documento.

- Mas ela prometeu. Ela disse que entregaria a você quando retomasse.

Perdendo a paciência, Gabe deixou a caneta de lado.

- Ela me entregará quando voltar.

- Mas eu prometi a Marge que daria a você pessoalmente. Era a minha missão.

- Que tipo de documentos era?

- Um fax. Marge disse que eram apenas para os seus olhos.

Gabe se levantou.

- E você os entregou para Andi?

Com os olhos cheios de medo, Lenny se afastou. - Você não estava aqui. A detetive Andi disse que entregaria a você.

Ao se dar contar de que estava assustando o homem, Gabe procurou manter a calma.

- Tudo bem, Lenny. A culpa não é sua. Onde está Marge?

- Na sala dela. Acabei de vê-la. Está de mau humor. E gritou comigo.

Gabe correu, torcendo para Andi não ter encon­trado algo que identificasse o assediador, e fosse con­frontá-lo sozinha. Ele entrou na sala de Marge.

- O fax que você pediu ao Lenny para me entre­gar - disse ele sem fôlego. - Pode me conseguir uma cópia?

- Entre na fila - disse ela. - Tenho uns quarenta pedidos na sua frente.

Ele bateu as mãos na mesa dela e encarou-a. - Eu sou a fila.

Ela se afastou, olhando-o preocupada. - Claro, Gabe. Já vou pegar.

Deirdre. Gabe dissera a Andi, diversas vezes, que suspei­tava que Deirdre estava por trás de toda a confusão. Mas mesmo com a prova ali ao lado dele, era difícil acreditar. Ela era mesmo estranha. E possessiva. Talvez até um pouco vingativa. Mas ele nunca achou que ela fosse estúpida. E apenas uma pessoa estú­pida usaria o próprio telefone, liberado pela polícia, para fazer uma ameaça.

Isso fez com que ele pensasse se não tinha al­guém mais por trás disso. Alguém apertando os bo­tões e preparando Deirdre para o tombo.

Com isso em mente, aproximou-se da porta do apartamento de Deirdre com cuidado. Com as cos­tas contra a parede, sacou a arma e procurou ouvir. A princípio, não ouviu nada além do som da rua, depois, ouviu um som abafado de vozes. Uma mu­lher. Um homem. Ele estava longe demais para ter certeza, mas achava que as vozes vinham do quarto e não da sala.

À sua esquerda estava a janela da sala, e ele che­gou mais perto, tentando ver através da fresta das cortinas. Mas quando ele voltava para a porta, notou uma fresta maior na parte de baixo.

Ajoelhando-se, olhou pela fresta. O coração dele pareceu parar por um instante quando viu uma mu­lher no chão. Uma poça de sangue estava formada por baixo daqueles cabelos louros. Deirdre. Não Andi. Envergonhado pelo alívio que sentiu, levan­tou-se aproximou-se da porta, calculando suas ações. Chutar a porta e entrar. Cair para a esquerda, no caso de haver alguém lá dentro armado e com Andi.

Além disso, ele teria que usar o seu instinto. - Respirando fundo, chutou a porta com força. A porta se abriu. Ele entrou e se jogou para a esquer­da, segurando a arma com ambas as mãos. Olhou rapidamente para os lados, a sala estava vazia, exce­to por Deirdre, que permanecia no chão, imóvel como a morte.

Ele continuou até o corredor e encostou-se na parede, olhando para dentro do quarto escuro. Sem ouvir nada, chegou mais perto da porta. Mantendo a arma apontada para o centro do quarto, soltou a mão para acender a luz e rapidamente andou para a esquerda.

Quando a luz acendeu, viu Andi de pé, com os olhos arregalados e com a boca tampada pela mão do homem que a usava de escudo. A longa lâmina da faca que ele mantinha no pescoço dela brilhava ferozmente.

- Olá, detetive Thunderhawk. Fico feliz que tenha se juntado a nós.

A voz do homem estava calma, mas Gabe pôde perceber a loucura por trás dela.

Manteve a arma apontada para a testa do homem e, lentamente, entrou no quarto, para tentar um tiro certeiro.

- Você está em vantagem. Sabe o meu nome, mas não sei o seu.

- Wesley Gardner. Professor Wesley Gardner. Andrea não lhe falou sobre mim?

Ainda que Andi houvesse confessado que teve um caso com um professor, não lhe dissera o nome.

Mas, mesmo que tivesse dito, Gabe não daria ao homem o prazer de saber que deixara uma impres­são em Andi.

- Sinto muito. Não me lembro de ela ter mencio­nado algo sobre você.

Wesley bateu com a lâmina no pescoço de Andi. - Por que Andréa? - perguntou ele. - Você não quis fazer o detetive Thunderhawk pensar que era virgem, quis? Não quando eu tive o prazer de remo­ver aquele estigma particular.

Gabe já ouvira o suficiente. - Deixe-a ir - ordenou ele.

Sorrindo, Wesley virou a faca no pescoço dela, deixando uma pequena marca de sangue. - Creio que não. Ainda não.

- Se você não a soltar, vou explodir os seus miolos.

O professor riu.

- Você não arriscaria um tiro. Poderia acertar a sua queridinha. - Ele passou a faca pelo sangue, espalhando-o pelo pescoço dela.

- A menos que queira que eu corte o pescocinho dela, sugiro que solte a arma.

Gabe percebeu um movimento no canto do olho.

Deirdre. Ela estava viva e vindo pelo corredor com uma arma em punho.

Era uma chance, uma grande chance, mas ele não acreditou que Deirdre estivesse nessa com Wesley. Ele soltou a arma e deixou que ela ficasse pendura­da em seu dedo. Ele viu o pânico nos olhos de Andi.

- Você está certo, Wesley - disse ele, jogando a arma no chão. - Não vou arriscar a vida de Andi. Eu a amo demais para deixar isso acontecer.

Ele olhou para Andi.

- Parceiros. Certo, Andi? Parceiros sempre pro­tegem uns aos outros.

Ele viu os olhos dela se cerrarem e percebeu que ela entendera o que ele tentava dizer.

- Agora! - Ele gritou e Andi pisou no pé de Wesley, libertando-se e caindo no chão.

Gabe pulou no chão, pegou sua arma e rolou, co­brindo Andi enquanto o tiro ecoava pelo quarto.

Ele abaixou a cabeça e olhou para Andi.

- Graças a Deus - murmurou ele. - Graças a Deus você está salva.

Policiais de uniforme circulavam pelo aparta­mento de Deirdre, verificando os detalhes associa­dos com a cena do crime. Esta cena envolvia um deles. Na verdade, três deles.

Enquanto os atendentes da ambulância empurra­vam a maca que carregava Deirdre pela sala, Andi estremeceu ligeiramente enquanto reconhecia o som de rodas deslizando pelo piso.

Gabe sabia que tinha de removê-la dali. Ela não dissera uma só palavra desde que ele a pegara do chão. Nem ao menos chorara. Quando os para­médicos tentaram examiná-la, ela afundava o ros­to contra o pescoço de Gabe e apertava-o com força, recusando que qualquer pessoa chegasse perto dela.

Ele fez contato visual com o chefe Prater e em seguida levantou-se com Andi em seus braços e caminhou até a porta.

- Vamos levar você para o hospital - disse a ela, enquanto Andi o agarrava com força. - Está tudo bem - disse ele. - Não vou sair de perto de você. O chefe Prater nos levará até o hospital.

Sozinha na sala de emergência, Andi estava dei­tada numa maca, olhando para o teto. O choque co­meçava a passar. Imagens rolavam em sua mente como meteoros no céu. Os olhos de Wesley, a lou­cura. Deirdre caída no chão, uma poça de sangue. Andi podia sentir a faca em seu pescoço, o medo que lhe invadia a garganta.

Marcy, ela pensou, segurando o choro ao lem­brar-se. Por todos esses anos, detestara Marcy pelo que acontecera com ela e com Wesley. Ela a cul­para, da mesma maneira que Wesley culpara Marcy, por destruir a sua vida, por roubá-la de Wesley. Mas agora ela entendia que Marcy não estava tentando machucá-la quando informou ao reitor que Andi e Wesley tinham um caso. Estava apenas tentando proteger Andi. Ela tinha sido usada por Wesley e descartada como um brinquedo velho. Queria ape­nas que Andi não passasse pela mesma situação.

Oh, Deus, ela pensou e fechou os olhos de ver­gonha. Ela o amara. Como uma idiota, ela amara Wesley, chorara por ele. Mesmo quando ele partira sem lhe avisar, ela não o culpara.

Em vez disso, ela pusera a culpa em Marcy.

Ela se deu conta de que, mesmo naquele tempo, Wesley tinha sido mal. Ele a usara, assim como usara Deirdre. Descobrira as necessidades dela, seus prazeres e então usou-os para conseguir o que que­ria dela. De Andi, ele queria apenas sexo, para inflar o seu ego. De Marcy, provavelmente quisesse a mesma coisa. Mas quando chegou a vez de Deirdre, suas necessidades haviam mudado, ficaram violen­tas. De Deirdre, ele queria informações, acesso à vida de Andi, seus hábitos, seu número de telefone, seu endereço. E depois de conseguir tudo isso, quan­do estivesse certo de ter Andi onde queria, ele pro­vavelmente teria matado Deirdre, assim como Andi tinha certeza de que ele matara Marcy. Assim como ele teria matado Andi, se não fosse Deirdre e Gabe.

Lágrimas encheram seus olhos quando pensou em Gabe. Ela pusera a vida dele em risco, e que fi­zera o mesmo com Deirdre. O mesmo que fizera com Marcy. Gabe dissera que a amava. Ele abaixara a arma e oferecera a vida em troca da dela. E tudo porque a amava.

Uma pessoa estava morta por causa dela, outra ferida gravemente. Será que ela suportaria se Gabe tivesse sido morto?

De repente, cheia de pânico, ela se sentou, tocan­do os curativos no pescoço. Tinha que sair dali, Ga­be voltaria a qualquer instante. Ele ia querer levá-la para sua casa, cuidar dela. Ela não podia deixar que ele a amasse. A dor era muito grande.

Desceu da maca e tirou a vestimenta do hospital.

Andi pegou suas roupas, vestiu-se e olhou pela fres­ta da cortina que a fechavam num cubículo. Sem ninguém para pará-la, ela saiu e começou a correr.

Capítulo 10

- Como você se sente de volta ao trabalho? Leo deu um gole no café que Andi lhe preparara e levantou um ombro.

- Como se calçasse um sapato velho. Confortá­vel, familiar. A vantagem é sair de perto da falação da Myrna.

Andi riu.

- Como se a Myrna falasse tanto.

- Aquela mulher é um megafone ambulante. No final do dia, os meus ouvidos ficam sangrando.

Rindo, Andi começou a repor café na caneca de Leo, mas ele a interrompeu.

- Um é o meu limite. Ordens médicas.

- Foi mal. Esqueci.

- Se quer se sentir mal, tente a dieta de 1.500 calorias por dia em que o médico me colocou. Nem um pássaro sobrevive com essa quantidade.

- Você parece estar sobrevivendo.

- E você, quando volta a trabalhar?

- Não sei. Logo. Só preciso de um tempo.

- Sei como é. Já foi visitar a Deirdre? De cabeça baixa, Andi disse:

- Não.

- Eles estavam tentando enquadrá-la como cúmplice.



Ela levantou a cabeça.

- Eles não podem fazer isso! Ela salvou a minha vida.

- É. O Gabe disse isso a eles. Ele saiu em defesa dela, e você deveria ter feito o mesmo.

Ela abaixou a cabeça, envergonhada. - Eu faria, se soubesse.

- Você saberia se atendesse o telefone.

Ela ficou em silêncio, e ele suspirou. - Gabe perguntou por você.

- Diga a ele que estou bem.

- Ele disse que você não retorna os telefonemas dele.

Ela foi até a pia e jogou o café no ralo.

- Se eu atender o telefone toda vez que ele toca, então é melhor nem ficar de descanso. A idéia de ficar de folga é justamente me desligar de tudo por um tempo.

- Tudo significa Gabe, imagino.

- Eu não disse isso.

- Nem precisa. Reynolds me disse que quando o apoio chegou no apartamento de Deirdre, você não queria se soltar de Gabe.

- Eu estava em estado de choque. Pessoas nessa situação se comportam de maneira estranha.

- Sei.

- O que quer dizer com isso?



- Não quero entrar em contradição com você. Quando uma pessoa está em negação, ouvi dizer que o melhor é não contrariar.

- Não estou em negação sobre nada.

- Deixe disso, Andi. Sou eu, o Leo. Você pode enganar a todos, menos a mim. Você está apaixona­da pelo cara! Por que não admite?

- Não estou!

- Está sim, e está maltratando o coitado. Ele está preocupado com você e você nem fala com ele.

- Já disse para avisar a ele que estou bem. Só pre­ciso de um tempo.

- Tempo para quê? Para fortalecer suas defesas de novo? Para vir com aquela conversa de sai da minha frente, idiota? Cresça, Andi. Você não pode mais fugir dos seus sentimentos. Droga, sei que aquele professor aprontou com você. Mas e daí? Vá­rias pessoas são abandonadas antes de encontrar o par perfeito.

Ela vasculhou o cérebro em busca de um argu­mento.

- Sou mais velha que ele.

- E você considera isso um problema? Myrna me ameaça o tempo inteiro, dizendo que vai me trocar por um modelo mais novo.

- Acho que está se esquecendo das regras de con­duta do Departamento. Gabe é um detetive agora. Oficiais da mesma unidade não podem namorar ou se casar.

- Danem-se as regras do Departamento.

- Você está sugerindo que eu ignore as regras?

- Não estou sugerindo que ignore nada. Droga, se você ama o cara, arrume outro emprego! Ou melhor, fique em casa e tenha bebês. Eu ve­nho querendo um netinho para pular no meu colo.

Andi tapou os ouvidos.

- Não estou mais ouvindo você. Por favor, vá. Leo ficou de pé.

- Tenho mesmo que ir embora. Myrna vai soltar os cachorros em mim se eu chegar tarde do meu pri­meiro dia de trabalho.

Ele parou e deu-lhe um beijo na bochecha.

- Pense sobre isso, menina - disse ele, passan­do a mão no cabelo dela. - Você já não é mais tão jovem.

Andi abriu os olhos. Tentou escutar o que parecia um barulho, que a acordara.

Isso é paranóia, disse a si mesma, e fechou os olhos. Wesley está morto. Não há ninguém para in­comodar você. Mas mesmo com os olhos fechados, ela continuou a escutar.

O ar-condicionado central ligou e ela estremeceu.

Em seguida, forçou-se a relaxar. Não se permitiria ficar assustada em sua própria casa.

E então houve um barulho, um gemido e um tombo.

Ela se sentou, com os olhos arregalados e o cora­ção acelerado. Desceu da cama devagar, caminhou na ponta dos dedos até a penteadeira e pegou sua arma. Movendo-se em silêncio, foi até a porta. Res­pirou fundo e pulou no corredor.

- Parado! Estou armada. E vou atirar.

- Atire logo - uma voz implorava. - Acabe logo com a minha miséria.

- Gabe?


- Sim, sou eu. Acho que quebrei o pé.

Ela acendeu a luz. Gabe estava no chão, na entra­da do corredor, com as pernas enroscadas na escada que ela deixara ali quando trocara uma lâmpada.

- O que está fazendo aqui?

- Você se importa de guardar a arma? - Estava brincando quando pedi que atirasse.

- O seu pé está mesmo quebrado?

- Sei lá. Dói como se estivesse.

- Tire a bota antes que seu pé comece a inchar.

Ele tentou tirar as botas.

- Tarde demais.

- Quer que eu corte fora com a tesoura?

- Se você estiver falando da bota, sim.

Ela correu até a cozinha e voltou com a tesoura.

- Vou tirar a escada primeiro, Ok?

Ele fechou os olhos e concordou.

Rapidamente, ela removeu a escada e ajoelhou-se perto dele.

- Vou ter que levantar a sua calça. Se doer, diga que eu paro.

Ele concordou de novo. O rosto dele estava páli­do e marcado de dor. Gentilmente, ela removeu a calça de cima da bota.

- Você está bem? - perguntou ela.

- Vai logo, corta. Está ficando mais apertado, posso sentir.

Ela abriu a tesoura e enfiou-a entre suas meias e o couro, começando a cortar.

- Dói?

- Está me matando. Essas são as minhas botas favoritas.



- Se você consegue fazer piadas, não deve estar tão mal.

Ao ver o tamanho do inchaço, ela disse:

- Talvez seja melhor chamar uma ambulância.

- Traga gelo, depois veremos.

Ela foi até a cozinha e voltou com uma sacola de plástico cheia de gelo.

- Está muito gelado - avisou ela.

Ele prendeu a respiração, endurecendo o corpo enquanto ela colocava a sacola sobre o pé dele.

- Sinto muito - murmurou ela.

Ele pegou a mão dela e puxou-a para sentar-se ao seu lado.

- Eu também.

- Você é quem está machucado, não eu.

Ele abriu os olhos e olhou para ela.

- Você também está, Andi. Talvez não no pé, mas está.

- Estou bem, só preciso de uns dias.

- Você já teve uns dias. Cada dia pareceu um ano.

- Para mim também - disse Andi com lágrimas nos olhos.

- Porque você não quis falar comigo?

- Por que doía demais. Você poderia ter morrido por minha causa.

Ele a abraçou.

- Nós convivemos com o perigo todos os dias. É o nosso trabalho. Não foi isso que você me disse?

- Sim. Mas isso é diferente.

- Por quê? Porque eu corria perigo, e você não? Deixe disso, Andi.

Ela se afastou dele.

- Eu amo você, ok? Como eu poderia viver se algo acontecesse com você e tivesse sido culpa mi­nha?

- Voltaremos a esse tópico. Primeiro, volte naquilo que você falou e fale de novo.

- Eu amo você?

- Isso mesmo.

Ela segurou um riso molhado.

- Amo mesmo. Não queria, e ainda não sei se quero.

- Mas ama.

- Amo.

- Ok. Agora que resolvemos isso, vamos discutir a outra parte. Sobre eu me machucar e a culpa ser sua. Isso é impossível, então não tem preocupação.



- Mas é possível! - Ela gritou. - Wesley poderia ter matado você!

- E eu poderia ter quebrado o pescoço naquela escada. Isso também seria culpa sua?

- Sim. Fui eu quem a deixou ali.

- Mas fui eu quem tropeçou. E ao invadir a sua casa, a culpa foi minha, e não sua. Eu tomo minhas decisões, e por causa disso, a responsabilidade é minha sobre qualquer conseqüência que venha a re­sultar. Próximo?

- Próximo, o quê?

- Próximo problema.

- Era só isso.

- Então agora você se casa comigo?

Os olhos dela se arregalaram. - Casar com você?

- É. Você me ama, eu amo você. A gente se casa e vive feliz para sempre.

- Tem outro problema. Um problema pequeno.

- O quê?

- Trabalhamos na mesma unidade.

- Sem problema. Eu volto a ser policial.

Ela olhou para ele admirada.

- Você faria isso por mim? Desistiria de ser detetive para vivermos juntos?

- E tem escolha?

- Bom, tem. Eu poderia deixar de ser detetive.

- Você chegou primeiro. O justo é que eu renuncie.

- Ou eu poderia abrir o meu próprio negócio. Sempre quis ser detetive particular. Com um mari­do para me ajudar, eu poderia tentar.

Ele cerrou os olhos.

- É por isso que está concordando em se casar comigo?

Rindo, ela o beijou.

- Isso, dentre outras coisas. Ele a abraçou.

- Como o quê?

- Vamos para o hospital cuidar do seu pé... depois eu lhe mostro.

Quando ela tentou levantá-lo, ele a segurou.

- O quê? - perguntou ela, confusa.

- Só queria dizer que amo você.

Ela se arrepiou com o amor que viu nos olhos dele.

- Amo você também, Gabe.

Buquês de flores cobriam todas as superfícies da­quele quarto de hospital. Cartões e balões comple­tavam o ambiente.

Apesar de tudo aquilo, Deirdre estava deitada, virada para a cortina da janela.

Andi hesitou, incerta se seria bem-vinda. Gabe a empurrou delicadamente.

- Vai lá - sussurrou ele. - Ficarei aqui na porta esperando.

Andi respirou fundo e foi até a cama.

- Ei, Deirdre - disse ela. - Como está se sentindo? Deirdre se virou lentamente para Andi.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- Sinto muito. Eu não sabia. Eu juro que não sabia.

- Você não precisa se desculpar de nada.

- Ele ia matar você.

- Mas não matou, e graças a você ainda estou viva.

- Como você pode dizer isso depois de tudo o que ele fez com você?

- Porque ele fez, Deirdre. E não você. Ele usou você, assim como me usou.

Esperando arrancar um sorriso da amiga, ela tocou-lhe o rosto.

- Você vai ter que me dar o nome do seu cabe­leireiro.

- Está horrível, não está? Eles precisaram raspar parte do meu cabelo para poder dar os pontos.

- Você vai lançar moda. Mas acho que já vi ro­queiros com o cabelo assim.

Deirdre sorriu.

- Não acredito que você consiga fazer piadas de­pois de tudo o que passou.

- Sou uma sobrevivente. Nós duas somos. E você, quando sai daqui?

- Segunda-feira, eu acho. Os meus pais vêm me pegar. Eles me levarão para Houston por um tempo.

- Boa idéia. Mas não deixe que eles convençam você a voltar para lá. Red Rock precisa de você. E eu também.

- Alguém tem uma caneta?

Andi e Deirdre olharam para a porta.

Deirdre arregalou os olhos quando viu Gabe de muletas e com o pé engessado.

- O que aconteceu com você?

Usando sua mais nova habilidade, ele entrou no quarto com as muletas.

- Andi ficou brava comigo e quebrou o meu pé. Gostaria de assinar no meu gesso?

Rindo, ela se esforçou para sentar.

- Diga-me a verdade. O que aconteceu com você?

- Ele tropeçou na escada ao tentar invadir a minha casa - explicou Andi.

Deirdre deu um olhar enfurecido para os dois.

- Um de vocês, por favor, diga-me como ele que­brou o pé?

Gabe passou o braço em volta dos ombros de Andi. - Ela disse a verdade. Eu tropecei mesmo na es­cada enquanto tentava invadir a casa dela. O que ela não lhe disse foi que eu estava invadindo a casa para pedi-la ela em casamento.

Deirdre arregalou os olhos. - Vocês vão se casar?

Andi balançou a cabeça concordando. - Quando?

Andi olhou para Gabe e sorriu.

- Nós ainda não temos uma data. - Ela olhou de volta para Deirdre. - Mas espero que você aceite ser minha madrinha de casamento.

- Eu? - perguntou Deirdre, quase sem acreditar no convite de Andi.

- Claro. Você é a minha melhor amiga. Então, você aceita?

- Claro que sim! - Deirdre chorou e depois riu. ­Talvez eu até pegue o buquê!



***


Yüklə 0,83 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   2   3   4   5   6   7




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin