Fronteiras da Globalização 3


Migrações estrangeiras do século XIX ao XXI



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Migrações estrangeiras do século XIX ao XXI

Entre os países americanos, o Brasil foi o quarto que mais recebeu imigrantes, ficando atrás dos Estados Unidos, da Argentina e do Canadá. O marco do início da imigração no Brasil foi o decreto assinado em 1808 por dom João VI, que permitia a posse de terras por estrangeiros. A partir daí, grandes contingentes de portugueses, italianos, alemães, espanhóis, eslavos e japoneses, entre outros, elegeram o Brasil como nova pátria.

Foi a partir da segunda metade do século XIX (1850) e o início do século XX (1930) que o Brasil recebeu o maior número de imigrantes. Em 1850, nosso país era essencialmente agrário e dependente da mão de obra escrava, cuja entrada no país estava proibida pela Inglaterra a partir desta data. Após a Abolição da Escravatura, decretada em 13 de maio de 1888, a cultura cafeeira já tinha feito a riqueza do Vale do Paraíba (Rio de Janeiro e São Paulo), e fazendeiros que iniciavam a expansão dessa cultura em outras regiões no estado de São Paulo estimularam a vinda de imigrantes, principalmente colonos italianos, para substituir a mão de obra escrava.

Outros fatores, como as crises econômicas na Europa nessa mesma época e a possibilidade de ascensão social na América, também motivaram as grandes correntes migratórias para o Brasil.

Esses imigrantes eram, em sua maioria, jovens, pobres, do sexo masculino, em idade produtiva e com habilidades técnicas e manuais que desenvolveram ao trabalhar nas lavouras de seus respectivos países. Alguns traziam também a mentalidade empresarial, uma vez que vinham de potências industrializadas, o que foi fundamental, alguns anos depois, para as primeiras experiências realizadas nesse setor no Brasil.

O gráfico da página 118 permite visualizar os períodos de maior imigração para o país. Relacioná-los com importantes acontecimentos históricos do Brasil e do mundo pode explicar o maior ou o menor número de imigrantes, em determinadas épocas.



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FONTE: Adaptado de: IBGE. Séries estatísticas e históricas. Migrações externas. Disponível em: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP2&sv=36&t=migracoes-externas-total-imigrantes-brasil. Acesso em: 23 mar. 2016. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora

Como você pode observar no gráfico, a partir da década de 1930, a vinda de imigrantes para o Brasil começou a diminuir consideravelmente, em razão de um conjunto de fatores.

- O não cumprimento das promessas feitas pelos agenciadores desses imigrantes, que não encontravam aqui o que lhes era prometido, como terra própria para cultivar.

- A queda da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que causou instabilidade econômica mundial e a queda do preço do café, principal fonte de divisas para o Brasil.

- A instabilidade política motivada pela Revolução de 1930, quando o presidente Getúlio Vargas tomou o poder.

- A Lei de Cotas da Imigração, instituída em 1934 no governo Vargas. Ficou estabelecido pela Constituição de 1934 e reiterado na Constituição de 1937 um limite de 2% do total de novos imigrantes que poderiam vir para o Brasil a cada ano, segundo a nacionalidade. Esses 2% eram calculados sobre o total de imigrantes que haviam entrado nos últimos cinquenta anos. Os portugueses eram a única exceção a essa lei.

- Outras restrições juntaram-se à Lei de Cotas, como obrigar que 80% dos novos imigrantes fossem agricultores.

Depois desse período, apenas houve um aumento de entrada de imigrantes nas décadas de 1950 e 1970, em razão do processo de industrialização e do crescimento econômico dessas décadas.

A partir da última década do século XX e, notada mente, na primeira década do século XXI, o Brasil passou a receber novamente imigrantes e, agora, também refugiados, como veremos mais adiante.

A imigração estrangeira no Sul e no Sudeste

As regiões Sul e Sudeste foram as que mais receberam imigrantes estrangeiros. Veja no gráfico a seguir os principais grupos de imigrantes que vieram para o Brasil.

FONTE: Adaptado de: RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 242. (Edição de bolso.) CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora

Enquanto a colonização estrangeira no Sul fundamentou-se na pequena e média propriedade, na policultura e na agricultura familiar, na região Sudeste ela foi impulsionada pelo desenvolvimento das grandes lavouras cafeeiras.

A região Sul recebeu italianos, alemães e eslavos. Os italianos se estabeleceram nas regiões de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde se dedicaram ao cultivo da uva e à fabricação do vinho.

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Também se estabeleceram em Santa Catarina, nas cidades de Orleans, Nova Veneza, Urussanga e Criciúma.

O Paraná recebeu, principalmente, povos eslavos (russos, ucranianos e poloneses), que se fixaram em Rio Negro, Ivaí e nos arredores de Curitiba.

Entre 1850 e 1851, os alemães fundaram importantes colônias no estado de Santa Catarina, como a que deu origem a Blumenau, hoje importante centro industrial e comercial catarinense.

A região Sudeste recebeu principalmente italianos e japoneses, que se dirigiram para os cafezais.

Os italianos, nos primeiros anos, dedicaram-se às lavouras cafeeiras do estado de São Paulo, que recebeu o maior número deles. Cidades como Tietê, Orlândia, Ribeirão Preto e Araraquara têm ainda descendentes de imigrantes italianos. No Espírito Santo, fixaram-se na região da cidade de Colatina.

Os japoneses vieram para o Brasil a partir de 1908. Quase todos se dirigiam para as lavouras de café do interior paulista e do norte do Paraná. Outros se fixaram nos estados do Mato Grosso e Pará.

Em São Paulo, dedicaram-se a variadas atividades agrícolas e em diferentes regiões: cultivo de arroz, no Vale do Paraíba; cultivo de chá e banana, no Vale do Rio Ribeira do Iguape; criação do bicho-da-seda e avicultura, em Alta Paulista e Alta Soro cabana, e atividades hortifrutigranjeiras, em Cinturões verdes na Grande São Paulo e arredores. No Paraná, os japoneses dedicaram-se à agricultura (café, soja) e à criação do bicho-da-seda. Em Mato Grosso, também exerceram atividades agrícolas. No Pará, introduziram o cultivo de pimenta-do-reino e da juta.

Outras correntes migratórias, como de espanhóis e sírio-libaneses, espalharam-se pelo território brasileiro e se instalaram nos estados do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Das correntes migratórias que se dirigiram para o Brasil, a mais significativa foi a de portugueses. Entre 1890 e 1930, eles formaram o grupo mais numeroso de imigrantes que chegaram ao Brasil, pois não sofriam as restrições impostas aos demais grupos. Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro receberam o maior número deles, que também se encontram espalhados por todo o Brasil. As cidades de Salvador (BA), Recife (PE), Belém (PA), Florianópolis (SC), entre outras, têm importantes comunidades portuguesas.

LEGENDA: Os alemães estabeleceram-se nos estados do Sul. Na imagem construção em Blumenau (SC) em estilo enxaimel, típico da arquitetura alemã. Foto de 2014.

FONTE: Zig Koch/Pulsar Imagens

LEGENDA: O bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo (SP), concentra uma grande colônia japonesa. Nos últimos anos, esse bairro também tem recebido grande número de imigrantes chineses. Na foto, comemoração do Ano-Novo chinês, em 2016.

FONTE: Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress




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