Escritores perseguidos
A perseguição de escritores foi comum no século XX, mas quero me referir a quatro em particular. O primeiro é James Hanley (1901-1984). Ao publicar O garoto (1931), romance realista que narra a iniciação de um jovem marinheiro, os editores do livro foram condenados por um juiz de Manchester a pagar quatrocentas libras e a retirar a edição das livrarias. Em 1934, a Editora Boriswood reeditou o livro e a polícia confiscou 99 exemplares para destruição imediata. Para completar, Hugh Walpole destruiu um exemplar em público e disse: "[...] É tão desagradável e horrível, tanto como narrativa quanto pelos incidentes relatados, que estranho que os impressores não se declarassem em greve enquanto o imprimiam [...]."
O segundo é Mario Vargas Llosa, peruano, autor de A cidade e os cães (La ciudad y los perros, 1962), magnífico romance em que descreveu sua experiência no colégio militar Leoncio Prado de Lima. Os militares, perturbados com o conteúdo do livro, queimaram em 1964 os exemplares confiscados. Na Universidade Central da Venezuela foram queimados vários exemplares de seus livros e artigos sobre o governo de Cuba.
O terceiro autor é o marxista brasileiro Jorge Amado, autor de Dona Flor e seus dois maridos. Mil e setecentos exemplares de um romance seu foram queimados por ordem direta do ditador Getúlio Vargas.
Por último, devo falar de Taslima Nasrim, que teve de abandonar Bangladesh por causa da perseguição muçulmana. Ter escrito em bengali para fortalecer a posição da mulher no mundo islâmico custou-lhe a destruição de vários livros nos anos 90 do século XX.
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