Os livros dos misteriosos hititas
Os hititas, habitantes do influente reino de Hatti, acreditavam num deus que de tempos em tempos, sem aviso prévio, desaparecia sem deixar rastro. Suspeitavam que, quando isso acontecia, os amigos do deus logo o buscavam, porque do contrário o mundo podia se acabar. O próprio destino dos hititas herdou esse traço, pois sua civilização foi aniquilada e o pouco que conhecemos dela é sempre fragmentário ou à margem, fugaz e escasso. Seus admiradores têm tentado encontrar esses restos, certos de obter respostas a grandes enigmas da história.
A capital do império hitita foi Hattusa, hoje Bogazköi, e se encontra a leste de Ancara, na Turquia. De 1800 a.C. a 1200 a.C., foi uma cidade organizada, complexa, e nela se consolidou, durante seiscentos anos, uma das civilizações mais importantes da Ásia Menor, detentora do mais apreciado segredo industrial do mundo antigo: a fabricação do ferro. O primeiro dos reis se chamava Hattusili I; não sabemos quem foi o último. Trácios e frígios invadiram essas terras por volta de 717 a.C., e Sargão II condenou todos os hititas a um processo de eliminação.
Os hititas estabeleceram em Hattusa uma biblioteca na cidadela de Büyükkale, com textos cuneiformes em língua hitita (indo-européia). Três tabletas, uma das quais se perdeu, compendiavam mais de duzentas leis. Entre 1906 e 1912, duas expedições de arqueólogos acharam mais de dez mil tabletas, escritas em pelo menos oito línguas diferentes. Nos textos, havia não apenas leis, mas também reproduções multilíngües do Poema de Gilgamesh, e orações para combater a feitiçaria ou a impotência sexual. Do mesmo modo, centenas de tabletas estavam fragmentadas. No Templo de Nisantepe, a sudoeste da cidadela, havia um arquivo com tabletas reais que sofreram com os ataques ao local.
As escavações também revelaram a existência de um arquivo administrativo em Tappiga (hoje Masat Hõyük), destruído em 1400 a.C, e de bibliotecas em Sapinuwa (hoje Orataköi) e Sarissa (Kusakli). Na área de influência hitita se sabe que houve respeitáveis bibliotecas em Emar (hoje Meskene) e Ugarit (Ras Shamra).
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