Igor moreira



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. Acesso em: 22 out. 2015.

ALVES/Acervo do artista



Charge de Evandro Alves, publicada no Le Monde Diplomatique Brasil, em 2013. Nos dias atuais, aparelhos como celulares e computadores são rapidamente substituídos por outros com tecnologia mais avançada.

a) Explique o que é obsolescência planejada.

b) Qual é a mensagem transmitida pela charge?

c) Você já descartou algum objeto mesmo achando que poderia usá-lo mais? Converse sobre isso com os colegas.


2. Atualmente, na América do Sul, existe uma área de litígio entre a Bolívia e o Chile. Na Guerra do Pacífico
(1879-1883), a Bolívia e o Peru perderam para o Chile parte de seus territórios em virtude do acordo de paz firmado em 1904. Com essa perda, a Bolívia deixou de ter acesso ao oceano; desde então, reclama o retorno desse acesso. Observe o mapa a seguir e, depois, responda às questões.

a) Por que é tão importante para a Bolívia ter novamente acesso ao mar?

b) Relacione esse fato com a afirmação de Friedrich Ratzel: “Espaço é poder”.
Chile: territórios anexados (1904)

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: FERRER, Isabel. Chile e Bolívia revivem em Haia seu conflito por uma saída para o mar. El País, 5 maio 2015. Internacional. Disponível em: .
Acesso em: 22 out. 2015.

3. Observe as fotos a seguir.
IMAGEM EM BAIXA

Gerson Gerloff/pulsar imagens

Fotoarena/Veetmano Prem

Pulsar Imagens/Mario Friedlander



Dança do pau de fitas em
Santa Maria (RS), 2015.



Dançarinos de frevo em Olinda (PE), 2015.



Indígenas Paresi dançando em Tangará da Serra (MT), 2013.

▸ As fotos acima retratam manifestações culturais distintas que ocorrem no Brasil. Elabore um texto sobre a importância da aceitação e da compreensão da diversidade de ideias, culturas, tradições, crenças, povos e etnias em um país como o nosso.

4. Enem (2013) No dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da Unesco de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial. O presidente do Iphan explicou que “a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades”. A partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações integradas visando à preservação da sua paisagem cultural.

Disponível em: . Acesso em: 7 mar. 2013 (adaptado).

O reconhecimento da paisagem em questão como patrimônio mundial deriva da

a) presença do corpo artístico local.

b) imagem internacional da metrópole.

c) herança de prédios da ex-capital do país.

d) diversidade de culturas presente na cidade.

e) relação sociedade-natureza de caráter singular.

Em grupo

Em sua obra Pensando o espaço do homem, Milton Santos (2007, p. 54) nos ensina que “uma paisagem representa diferentes momentos do desenvolvimento de uma sociedade. A paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos”.

Comparar fotos da mesma paisagem em momentos históricos diferentes é uma forma de refletir sobre as transformações dessa paisagem ao longo do tempo. Esse é o desafio desta atividade. Para começar, leiam o poema abaixo. Depois, observem as imagens e façam o que se pede.
Memória

Há pouco tempo atrás,

aqui havia uma padaria.

Pronto – não há mais.

Há pouco tempo atrás,

aqui havia uma casa,

cheia de cantos, recantos,

corredores impregnados

de infância e encanto.

Pronto – não há mais.

Uma farmácia,

uma quitanda.

Pronto – não há mais.

A cidade destrói, constrói, reconstrói.

Uma árvore, um bosque.

Pronto – nunca mais.

MURRAY, Roseana. Paisagens. Belo Horizonte: Lê, 1996.

Rodval Matias/Arquivo da editora



Vista da praia de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em 1865.

Pulsar Imagens/Rubens Chaves

Coleção Gilberto Ferrez/Instituto Moreira Salles



Vista da praia de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em 2012.

Acervo Instituto Moreira Salles/Marcel Gautherot

Vista do Teatro Amazonas, em Manaus (AM), por volta de 1945.

Pulsar Imagens/Ernesto Reghran

Vista do Teatro Amazonas, em Manaus (AM),
em 2015.

O que mudou e o que permaneceu nas paisagens retratadas? Como poderíamos explicar as transformações? Com base no poema, nas imagens e nos ensinamentos de Milton Santos, reflitam sobre essas questões e elaborem um pequeno texto com suas conclusões. Ao terminar, comentem-no com os outros colegas e o professor.

Em debate

Sob orientação do professor, formem uma roda de conversa na sala e discutam os conceitos de paisagem e espaço geográfico com base no texto a seguir.

A paisagem, à semelhança de uma foto, é a materialização de um momento da sociedade.


Já o espaço geográfico é a paisagem acrescida da sociedade que a anima e que lhe causa transformações, conforme as relações sociais se modificam.
3

Espaço e conhecimento
cartográfico

Opção Brasil Imagens/G. Evangelista

Aplicativo de mapa em um smartphone. Esse recurso tem se tornado cada vez mais popular entre as pessoas. Foto de 2015.

O uso de mapas e de imagens de satélite está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Porém, a correta leitura e interpretação de mapas exige o domínio de alguns conhecimentos básicos, que serão estudados neste capítulo.

Atualmente, aplicativos de mapas instalados em aparelhos celulares e smartphones são muito usados pelos motoristas. Além de sugerir o caminho mais curto ou mais rápido, por exemplo, esses aplicativos indicam a existência de obras nas vias, acidentes e a intensidade do trânsito nas imediações.

Há, ainda, uma ferramenta disponível para computador ou aparelho celular que permite ao usuário observar o mundo por meio de imagens panorâmicas, em 360 graus, ao nível da rua. Ao fazer uso dessa ferramenta, o usuário pode, por exemplo, visualizar a rua a que deseja ir, onde há espaços para estacionar, se determinado restaurante é simples ou sofisticado, etc. É como dar uma volta pelo local sem estar lá.
A linguagem dos mapas

Observe a imagem do planeta Terra. Será que você consegue enxergar todos os detalhes da superfície terrestre? Certamente, não. Com o mapa, acontece algo parecido, pois, como qualquer representação gráfica, consiste em uma reprodução incompleta da realidade. Falta-lhe, no mínimo, tridimensionalidade.

Nascido da necessidade humana de representar e conhecer seu ambiente, o mapa é uma representação gráfica plana de toda a superfície terrestre ou de parte dela.

Como não é possível inserir toda a realidade no papel, dizemos que o mapa é uma representação seletiva do terreno, pois envolve a escolha dos elementos que se quer representar. E essa escolha é feita com determinados objetivos. Cada sociedade, em cada época, elabora mapas de acordo com suas necessidades de conhecimento e localização dos recursos essenciais para sua sobrevivência. Mas os mapas também são muito usados com a finalidade de exploração e dominação, ou seja, com fins geopolíticos.

Além de representação plana e seletiva, o mapa é uma representação convencional, pois utiliza símbolos, cores, pontos e linhas para identificar as formas e características do terreno representado. A compreensão dos signos de um mapa é indispensável para sua leitura e interpretação. Como você lê o mapa abaixo?

NASA


Imagem de satélite mostrando a Terra vista do espaço
em 2014.

Mundo: urbanização (2012)

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 45.

Texto & contexto

1. Com base no mapa acima, o que você diria sobre a distribuição mundial das taxas de urbanização?

2. Por que o mapa é uma representação seletiva e convencional do terreno que ele representa?

3. Com que frequência e em que situações você costuma utilizar mapas? Você, geralmente, usa mapas em papel ou mapas disponibilizados na internet?

A representação da Terra

Há várias maneiras de representar o espaço em que vivemos, por exemplo, por meio de fotos, filmes, etc. Para representar a Terra, o meio mais preciso é o globo terrestre artificial, pois é o que guarda maior fidelidade à forma esférica do planeta. No entanto, por sua praticidade, o mapa é o modo mais usado para a representação do espaço.

Como já foi dito, um mapa, ou uma carta geográfica, é uma representação gráfica plana – total ou parcial – da superfície terrestre.

A Cartografia moderna dispõe de recursos técnicos muito avançados que se baseiam em informações coletadas por sensoriamento remoto e processadas por computadores. Por constituir uma reprodução de uma superfície curva ou esférica em uma superfície plana, o mapa, por mais preciso que seja, implica uma maior ou menor distorção, certa infidelidade da representação gráfica em relação à realidade retratada. A superação desse problema depende da adequada utilização das projeções cartográficas.



Projeções cartográficas

Pode-se dizer que projeções cartográficas são artifícios e procedimentos usados para projetar a superfície esférica da Terra em uma superfície plana, tendo em vista a produção do mapa desejado.

Diversas questões estão envolvidas em uma projeção, a serem decididas pelo cartógrafo encarregado de elaborar o mapa. Por exemplo: Que forma ou figura geométrica assumirá a folha de papel sobre a qual será feita a projeção? O que se pretende distorcer ou deformar menos: as áreas, as formas ou as distâncias?

A Terra apresenta o formato de um geoide e sua superfície é irregular, o que impossibilita sua representação em um plano sem incorrer em extensões ou contrações das áreas representadas.

Projetar é fazer aparecer a sombra de objetos em um plano. Imagine um filme a que você assiste no cinema. Quando a luz passa pelo filme, ele emite sombras em uma tela. Algo parecido acontece com a representação da Terra no papel. É como se o cartógrafo a envolvesse em folhas de papel transparentes e iluminasse o seu interior. A sombra dos contornos dos continentes e das ilhas apareceria no papel e poderia ser desenhada. Ao abrir o papel, haveria um desenho de todo o planeta em uma folha plana.
A volta ao mundo em 80 dias

Júlio Verne. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2012.

Esse clássico da literatura mundial conta a jornada do inglês Phileas Fogg depois de apostar que conseguiria dar a volta ao mundo em 80 dias.

Geoide: forma esférica achatada nos polos; esse achatamento faz com que não seja uma esfera perfeita.

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Desdobramento do globo terrestre

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de FITZ,


Paulo Roberto. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. p. 42.

Tipos de projeção

As projeções cartográficas podem ser classificadas de acordo com diferentes metodologias, que sempre buscam um melhor ajuste para representar a superfície terrestre.

Uma dessas classificações se refere à superfície de projeção. Segundo essa classificação, as projeções podem ser:


Cilíndricas – consistem em envolver a esfera terrestre em um cilindro de papel, sobre o qual será feita a projeção, a partir de um foco no interior do globo. Desenrolando o cilindro, tem-se um mapa-múndi, ou planisfério. As diferenças entre as projeções cilíndricas dependem do ponto em que é colocado o foco da projeção, já que comumente tangencia a linha do equador. Caracterizam-se por apresentar paralelos e meridianos retos.

Projeção cilíndrica

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro, 2009. p. 21.



Cônicas – projeções em que a figura geométrica sobre a qual é reproduzida a superfície do globo tem a forma de um cone. De quase todas as projeções cônicas, resultam mapas com meridianos retos e paralelos curvos. Na projeção cônica simples, por exemplo, a representação é fiel apenas sobre o paralelo tangente à esfera e sobre o meridiano central; afastando-se daí, surgem as deformações, que são maiores nas bordas do mapa.

Projeção cônica

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 21.



Azimutais ou planas – são feitas sobre um plano, e o ponto de contato com o globo varia conforme a área que se quer representar com alguma fidedignidade, já que as distorções aumentam a partir do centro do mapa. Em uma projeção azimutal polar, os meridianos aparecem retos, e os paralelos, curvos.

Projeção azimutal ou plana

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 21.

As projeções cartográficas também podem ser classificadas quanto às deformações apresentadas. Vale lembrar que podemos reduzir as deformações com relação a áreas, distâncias ou ângulos, mas nunca conseguiremos minimizar as três simultaneamente.
Projeção conforme

Projeções conformes – priorizam a manutenção das formas terrestres em detrimento das áreas, que ficam distorcidas. Os ângulos, no planisfério, são mantidos idênticos aos do globo terrestre, mas a escala só guarda verdadeira correspondência nas proximidades do centro da projeção, geralmente na linha do equador. A partir daí, as distorções aumentam progressivamente. A rigor, diversas escalas são usadas.

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 22.

Projeções equivalentes – preservam as áreas dos espaços representados, com o uso de uma única escala, mas os ângulos ficam deformados, e as formas, distorcidas.



Projeções equidistantes – alteram tanto as formas quanto as áreas do espaço representado em benefício da preservação das distâncias e das direções, que são mantidas com precisão a partir do centro da projeção.

Projeção equivalente

Projeção equidistante

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar.


6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 22.

Fonte: Adaptado de IBGE. Atlas geográfico escolar.


6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 22.

Projeções mais conhecidas

Há centenas de projeções cartográficas utilizadas na representação do espaço geográfico, entre elas:
Projeção de Mercator

Projeção de Mercator – a Cartografia moderna teve início em 1569, quando o cartógrafo e matemático flamengo Gerhard Kremer, que se consagrou pelo codinome Mercator, elaborou um mapa múndi usando uma projeção cilíndrica conforme. Com o foco de projeção no centro do globo, a projeção de Mercator é fiel à realidade apenas na faixa equatorial; à medida que a latitude aumenta, os paralelos se afastam cada vez mais uns dos outros, o que significa um aumento exagerado das áreas nas proximidades dos polos. A Groenlândia, por exemplo, aparece com uma área semelhante à da América do Sul; porém, na realidade, é oito vezes menor.

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 12.

Projeção de Peters



Projeção de Peters – projeção cilíndrica equivalente, publicada pela primeira vez em 1973, que distorce formas, mas preserva as áreas dos continentes e dos países.

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de FERREIRA, Graça Maria Lemos.
Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo:
Moderna, 2013. p. 12.

Projeção de Mollweide



Projeção de Mollweide – muito usada na confecção de planisférios, distorce as áreas sem os exageros das projeções de Mercator e de Peters.
O meridiano central e os paralelos são retos, ao passo que os demais meridianos são curvos.

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de FERREIRA, Graça Maria Lemos.
Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 13.

Projeções de Bertin e de Fuller – são empregadas com frequência para retratar aspectos do mundo globalizado de hoje, como os fluxos comerciais. A do francês Jacques Bertin, de 1953, preserva a fidelidade da superfície dos continentes, e as coordenadas não têm configuração perpendicular, pois os meridianos são curvos, dirigindo-se para uma representação do polo localizada no meio do mapa. A projeção do estadunidense
Buckminster Fuller, de 1967, centrada geralmente no polo norte, favorece a manutenção das formas e da proporcionalidade das terras emersas em detrimento dos oceanos.

Projeção de Bertin

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de DURAND, Marie-Françoise. Geografia e relações internacionais:


globalização, territórios e redes na perspectiva da escola geográfica francesa.
Caderno CRH, Salvador, v. 19, n. 48, p. 439, set./dez. 2006.

Projeção de Fuller

João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora

Fonte: Adaptado de DURAND, Marie-Françoise. Geografia e relações internacionais: globalização, territórios e redes na perspectiva da escola geográfica francesa. Caderno CRH, Salvador, v. 19, n. 48, p. 439, set./dez. 2006.



Texto & contexto

1. Explique a seguinte frase: “O mapa, por mais preciso que seja, implica uma maior ou menor distorção, certa infidelidade da representação gráfica em relação à realidade retratada”.

2. Por que não existe projeção cartográfica perfeita?

3. Identifique as diferenças entre as projeções cilíndricas, cônicas e azimutais ou planas, considerando a disposição dos paralelos e dos meridianos.

4. Identifique as diferenças entre as projeções conformes, equivalentes e equidistantes, considerando as deformações com relação a áreas, distâncias ou ângulos.

5. Ao analisar o mapa-múndi de acordo com a projeção de Peters, o que chama sua atenção? Que tipo de projeção é essa?

6. Qual é a vantagem da projeção de Mollweide em relação à de Peters e à de Mercator?

Cartografia e visões de mundo

A construção de um mapa, além de estar sujeita ao tipo de projeção a ser usado e aos recursos técnicos disponíveis, depende dos interesses em jogo e da visão de mundo à época, isto é, da ideologia dominante, que se expressa no trabalho cartográfico.

Na Idade Média ocidental, por exemplo, a profunda religiosidade, própria do teocentrismo então dominante, favoreceu até mesmo a concepção de que o mundo era um disco, com Jerusalém no centro. Mapas da época colocavam o paraíso no leste, na direção da cidade sagrada. Assim, homens e mulheres deveriam buscar a salvação no leste, ou oriente. Desse fato advém o termo orientação, que se emprega até hoje. Mas poderia ser, por exemplo, ocidentação, ou seja, procurar e encontrar o oeste, pois qualquer ponto cardeal serve para a definição das demais direções.
LatinStock/Alamy/Ivy Close Images

Elaborados pelos sábios da Idade Média, os mapas mais famosos são conhecidos como cartas T-O. Eles mostram o mundo habitado em um círculo, representado por um disco chato e centrado em Jerusalém. Os três continentes conhecidos à época (Europa, Ásia e África) são representados e divididos por meio de cursos de água, formando o T, que representa a cruz de Cristo e a Santíssima Trindade. O O remete à harmonia de um mundo fechado.
A carta T-O que você vê na imagem ao lado foi produzida no século XIII.

Para saber mais

Quando a América surgiu no mapa

[...] O mapa-múndi feito pelo monge alemão Martin Waldseemüller, em 1507, foi o primeiro documento a utilizar a palavra “América” para designar o novo continente e a retratar integral e separadamente o hemisfério ocidental. A precisão com a qual identifica o contorno das Américas surpreende ainda hoje os especialistas.


Dos entre 500 e mil exemplares editados na época, só restou esse, descoberto em 1901 e conservado pela família do príncipe alemão Johannes Waldburg-Wolfegg, que o vendeu para a Biblioteca do Congresso em 2003 por 10 milhões de dólares – o valor mais alto pago pela instituição por um documento. Com 500 anos recém-completados, a “certidão de nascimento da América” não cessa de intrigar os historiadores. O mapa de Waldseemüller foi tema de várias pesquisas recentes, que procuram entender por que o monge alemão escolheu adotar o nome do navegador Américo Vespúcio, e não o de Cristóvão Colombo, que descobriu o continente em 1492. Mais curioso ainda é o fato de que, em trabalhos posteriores, o cartógrafo deixou de lado o nome América para utilizar a expressão “Terra Incognita”. Só depois de 1520 América passou a ser adotada pelos cartógrafos. [...]

BETING, Graziella. Quando a América surgiu no mapa. História Viva, [s.d.]. Disponível em:


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