. Acesso em: 21 out. 2015.
Leia o texto abaixo.
Com base no texto e sob orientação do professor, converse com os colegas sobre a seguinte afirmativa:
No Brasil, no que se refere à discriminação no mundo do trabalho, a mulher negra ocupa posição ainda pior do que a mulher branca e o homem negro.
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O espaço geográfico
©iStockphoto.com/cifotart
A cidade de São Paulo expressa uma profunda transformação da natureza, com a produção de um espaço marcado pela técnica avançada da sociedade que a construiu. Na foto, avenida Paulista em 2013.
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Ao se relacionarem com a natureza, os grupos humanos passaram a modificá-la: florestas foram derrubadas, rios tiveram seus cursos alterados, baías e enseadas foram aterradas, etc.
A superfície do planeta está cada vez mais pontilhada de agrupamentos humanos, com destaque para as grandes cidades, interligadas por uma rede mais ou menos densa de vias de transporte e de comunicação. Em muitos locais, o próprio ar apresenta uma composição diferente daquela de algum tempo atrás. Desse modo, o espaço é resultado de modificações cada vez maiores na natureza pelos grupos humanos.
Ações inadequadas do ser humano na natureza geralmente provocam impactos ambientais no solo, na água, na vegetação, etc. O crescimento das cidades e o estabelecimento de indústrias sem planejamento são ações que contribuem para a degradação ambiental.
Embora a interferência do ser humano na natureza seja necessária para o funcionamento da sociedade, deve-se lembrar que seus recursos são esgotáveis. Por exemplo: se a média de consumo de água não diminuir em um curto período de tempo, o mundo enfrentará, em um futuro não muito distante, graves problemas de escassez.
Sociedade e trabalho
O ser humano é essencialmente social. Para satisfazer suas necessidades, ele não age sozinho, mesmo porque, se assim procedesse, seria impotente diante da natureza. Por isso o trabalho é uma atividade coletiva, ou seja, social.
Para atuar em conjunto, as pessoas se organizam em sociedade e definem o modo como o trabalho social deve ser realizado. Com isso, estabelecem relações entre si, chamadas de relações sociais. Ao se organizarem socialmente, também organizam seu espaço de vida, o que é feito por meio do trabalho. Assim, o espaço é uma criação da sociedade e o trabalho é, por excelência, geográfico, na medida em que envolve a produção do próprio espaço.
Organização social
No decorrer da História, a humanidade conheceu diferentes maneiras de organização social e de produção do espaço.
Quando, entre antigos povos, as relações sociais eram de igualdade, todos trabalhavam e produziam o indispensável para viver – cabe dizer que o mesmo ainda ocorre entre alguns povos indígenas atuais. A vida era realmente comunitária, pois tudo era comum e todos compartilhavam os mesmos interesses. Eram reconhecidos e aceitos como chefes os que tinham mais experiência e conhecimento.
No espaço correspondente a esse tipo de organização social, não havia cercas separando as terras cultivadas, os animais eram criados em um único cercado e todas as habitações tinham o mesmo aspecto.
A introdução da divisão do trabalho em uma comunidade demonstra, em geral, a constituição de uma estrutura social marcada por desigualdades.
Na antiga Mesopotâmia, por exemplo, o campo era dividido em lotes, cada qual dedicado a uma divindade, mas cultivados em conjunto. O excedente produzido destinava-se à cidade, que desempenhava um papel político e religioso. Os governantes e os sacerdotes que detinham o poder recebiam e controlavam os excedentes produzidos nas terras comuns. Separadas do campo, as cidades eram cercadas por muros e, internamente, apresentavam-se divididas em propriedades particulares.
Na Idade Média, os feudos eram bons exemplos de segregação social. Eles eram divididos em várias parcelas, e o senhor feudal concedia o uso da terra ao camponês, geralmente em troca de uma renda fixa, paga em espécie ou, a partir do fim desse período, em dinheiro. Porém, com o desenvolvimento do capitalismo e a monetarização da economia, ocorrida a partir da reativação do comércio, muitas cidades medievais assumiram um papel produtivo, pois, assim como o campo, passaram a produzir mercadorias.
Ao diferenciar os detentores dos meios de produção daqueles que têm para vender somente sua força de trabalho, a produção capitalista imprimiu significativas marcas no espaço. Com a grande expansão produtiva, a partir da Revolução Industrial (século XVIII), essas marcas tornaram-se ainda mais visíveis. Surgiram as fábricas, cercadas por precárias habitações de operários; os luxuosos bairros burgueses; as ruas mais largas, que ampliavam a circulação; etc.
Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá
Direção de Silvio Tendler. Brasil: Caliban Filmes, 2006. 89 minutos.
Documentário conduzido por uma entrevista com Milton Santos, um dos geógrafos mais importantes do Brasil e do mundo, acerca da globalização e de seus efeitos em diversos países.
Pulsar Imagens/Ricardo Teles
Boa parte do tempo dos povos indígenas é dedicada a atividades relacionadas à alimentação. Na foto, indígenas da aldeia Kamayurá pescam na lagoa Iananpaú,
no Parque Indígena
do Xingu, em
Canarana (MT), 2014.
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Organização do espaço
Até o século XIX, a produção do espaço das cidades aconteceu de maneira desordenada. A oposição entre grupos ou segmentos sociais contribuía para tornar a estruturação espacial das cidades ainda mais caótica.
As práticas do urbanismo moderno, que surgiram no fim do século XIX e início do século XX, visavam impor ao espaço das cidades uma organização. O objetivo era estruturá-las em zonas residenciais e comerciais, distritos industriais e áreas de lazer. Até hoje, tais funções são determinadas pelos chamados planos diretores, que procuram gerir os espaços das cidades.
Um exemplo significativo da tentativa de impor uma organização ao espaço são as cidades planejadas, como Brasília, Palmas e Belo Horizonte.
As construções de Brasília
Heloisa Espada e Sergio Burgi. Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles, 2010.
Livro de fotos de Brasília. Traz desde fotos históricas, que mostram a construção da cidade, os operários, os primeiros moradores, a pobreza, etc., até atuais, que retratam a cidade, as pessoas e seu cotidiano já estabelecidos.
©Google earth/Image ©2015 DigitalGlobe
Palmas, capital do Tocantins, é a última cidade brasileira planejada do século XX. Imagem de satélite de 2015.
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Transformações sociais
A dinâmica social, impulsionada por desigualdades e conflitos existentes no interior das sociedades, muitas vezes impede a pretendida estruturação do espaço, com cada fração do território tendo uma função previamente definida.
Os espaços que as sociedades tentam construir obedecendo a uma lógica predeterminada geralmente acabam transformados pela influência de agentes imobiliários, como grandes empresas construtoras, ou pela ação de segmentos sociais excluídos ou prejudicados pela estruturação espacial imposta, como é o caso dos moradores de favelas ou dos chamados sem-teto. Esses últimos são agentes sociais capazes de construir espontaneamente o espaço de acordo com suas necessidades, exercitando, para isso, sua criatividade.
As transformações sociais são sempre acompanhadas por mudanças na produção do espaço. Mas, em quase todos os países, as relações sociais predominantes no passado deixaram muitas marcas no espaço, que permanecem até hoje, mais ou menos modificadas e combinadas com as marcas da sociedade atual.
No Brasil, por exemplo, o latifúndio é uma herança do período colonial (século XVI ao XIX), quando predominaram no país relações escravistas. Junto à grande propriedade, não é rara a existência de casebres miseráveis para abrigar trabalhadores, em grande parte, descendentes de antigos africanos escravizados.
Latifúndio: grande propriedade rural, parcialmente não aproveitada ou cultivada de maneira inadequada e com baixo investimento de capital. O latifúndio já existia na Roma antiga e foi predominante na Europa medieval. Persiste até hoje em quase todo o mundo, principalmente nos países pobres ou de industrialização tardia. No Brasil, estudiosos consideram que o latifúndio é uma herança das sesmarias distribuídas pela Coroa portuguesa no período colonial.
As relações sociais mudaram, pois, agora, não são mais escravistas. Os atuais trabalhadores recebem um salário, e a propriedade da terra geralmente é de uma empresa, que, por sua vez, possui outras propriedades. Embora alteradas as relações de produção, as diferenças sociais do passado permanecem no presente.
Nesse processo, o espaço também se modificou: as culturas, muitas vezes, não são as mesmas de antigamente, e o uso da terra foi modernizado com a utilização de novas técnicas e novos instrumentos de trabalho. Apesar das modificações, as marcas do passado escravista ainda estão presentes no espaço, por exemplo, na estrutura fundiária, na desigualdade social e nas relações de trabalho.
Frans Post/Coleção Beatriz e Mario Pimenta Camargo, São Paulo
Frans Post. Engenho, 1661. Óleo sobre madeira. Dimensões: 45 cm × 56,5 cm. A obra reproduz instalações humanas em uma grande propriedade canavieira no Brasil colônia.
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São Paulo Antiga
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