Língua Portuguesa volume 1



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. Acesso em: 12 abr. 2016. © Gege Edições Musicais Ltda. (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo).

O autor

Gilberto Gil (1942-), natural de Salvador, músico e compositor. Trata-se de um dos grandes nomes da música popular brasileira, reconhecido no mundo todo. Ganhou um prêmio Grammy na categoria Melhor Disco de World Music em 1998 e um Grammy Latino em 2003.

Junto com o também baiano Caetano Veloso (1942-), liderou o Tropicalismo, movimento que agitou a cena cultural brasileira na década de 1960.

Gil atuou também no campo político: foi vereador na Câmara Municipal de Salvador e exerceu o cargo de Ministro da Cultura.

©Shutterstock/Benjamin Kralj



1. Levando em conta os itens desta atividade, compare a primeira estrofe do poema de Gregório de Matos com os versos iniciais da canção de Gilberto Gil. Escreva no caderno.

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”

Tempo rei

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

depois da Luz se segue a noite escura,

em tristes sombras morre a formosura,

em contínuas tristezas a alegria.



Não me iludo

Tudo permanecerá do jeito que tem sido

Transcorrendo

Transformando

Tempo e espaço navegando todos os sentidos

[...]




  1. Na estrofe do poema de Gregório de Matos, o eu lírico desenvolve a oposição entre nascer e morrer, tristeza e alegria, luz e noite, sombra e formosura. De que forma o eu lírico da canção confirma essa mesma ideia?

b) Quais expressões dos trechos reproduzidos acima confirmam a ideia da passagem rápida do tempo? Copie-as.




  1. O pronome indefinido tudo usado no segundo verso da letra de música auxilia na construção da temática de transitoriedade. Explique o sentido que esse pronome assume na construção de sentido da letra.




  1. Qual é o sentido metafórico dos substantivos Sol e Luz empregados no poema?


2. Nos versos da canção, o eu lírico usa os substantivos próprios Pão de Açúcar e Corcovado no plural. Qual pode ser a razão dessa escolha?
3. Releia o refrão da letra de música.

a) Por que o eu lírico afirma que o tempo é rei? Por que o chama de pai?


b) Observe que essa estrofe tem tom de súplica, de oração, de invocação. Copie no caderno os elementos que podem confirmar essa interpretação.

Uso dos verbos no modo imperativo.

Uso de substantivos abstratos.

Uso de vocativo.

Uso de substantivos próprios.

©iStockphoto.com/RiodeJaneiro_Photography


4. Releia estes versos da canção:

"Água mole

Pedra dura

Tanto bate que não restará nem pensamento"

Observe que eles quebram a expectativa do leitor, que, ao iniciar sua leitura, provavelmente reconhece o ditado “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Ao recriar o ditado nesses versos, que efeito o compositor obtém? Explique.
5. Como você explicaria os versos a seguir?

"Mães zelosas

Pais corujas

Vejam como as águas de repente ficam sujas

Não se iludam

Não me iludo

Tudo agora mesmo pode estar por um segundo"
6. Embora as duas composições coincidam quanto à certeza da transitoriedade de todas as coisas, elas se diferenciam ao observar o propósito da impermanência. Compare a última estrofe do poema de Gregório de Matos com o refrão da letra de música de Gilberto Gil e, no caderno, indique em que consiste essa diferença.

"Começa o mundo enfim pela ignorância,

e tem qualquer dos bens por natureza

a firmeza somente na inconstância."

"Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei

Transformai as velhas formas do viver

Ensinai-me, ó pai, o que eu ainda não sei

Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei"



Texto 3

O poema que você vai ler agora chama-se "Canção do vento e da minha vida" e foi criado pelo poeta modernista brasileiro Manuel Bandeira. A publicação original ocorreu em 1940, em seu livro Lira dos cinquent’anos, cujos poemas tratam, de forma aparentemente simples, de temas universais como amor, morte, vida.



Canção do vento e da minha vida

Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,

O vento varria os frutos,

O vento varria as flores...

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De frutos, de flores, de folhas.

 

O vento varria as luzes,



O vento varria as músicas,

O vento varria os aromas...

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De aromas, de estrelas, de cânticos.

 

O vento varria os sonhos



E varria as amizades...

O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses

E varria os teus sorrisos...

O vento varria tudo!

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De tudo.


BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

Gilberto Miadaira/Arquivo da editora



O autor

Manuel Bandeira (1886-1968), natural de Recife, foi poeta, tradutor, crítico literário e professor. Em 1904, quando Bandeira morava em São Paulo, constatou que sofria de tuberculose, por isso partiu para o Rio de Janeiro. A doença o levou à Europa, onde entrou em contato com os novos movimentos artísticos que agitavam o velho continente. É, com Mário de Andrade e Oswald de Andrade, um dos mestres do Modernismo no Brasil. Fotografia de 1938.

©Wikimedia Commons/Juniorpetjua



1. No soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, Gregório de Matos trata da efemeridade da vida. Verifique como esse tema é abordado no poema de Bandeira relendo os versos anafóricos “O vento varria...”, que se repetem ao longo do texto. Responda no caderno:

a) O verbo varrer deve ser interpretado no sentido conotativo ou denotativo? Por quê?

b) Observe a resposta dada ao item anterior e estabeleça um paralelismo entre o uso do verbo varrer e o do termo vento, explicando o valor semântico desse substantivo nesses versos anafóricos.

2. Observe a presença das reticências neste versos: “O vento varria as flores...”, “O vento varria os aromas...”, “E varria as amizades...”, “O vento varria as mulheres...”, “E varria os teus sorrisos...”.

a) Copie no caderno a resposta que não é adequada para explicar o sentido do emprego desse recurso no poema.

A repetição das reticências alonga o ritmo desses versos.

A repetição das reticências confere a esses versos uma atmosfera de vaguidão e de melancolia.

A repetição das reticências torna esses versos enfadonhos, expressando assim o mau humor do eu lírico.

b) O tema do poema é atemporal, ou seja, trata de um assunto que sempre incomodou as pessoas, ou trata exclusivamente de questões do tempo de Manuel Bandeira? Para responder a essa questão, releia o poema observando tudo o que o vento varre: esses elementos fazem parte da nossa vida contemporânea ou são exclusivos do tempo de Bandeira? Fazem parte da vida dos brasileiros ou provavelmente podem ser constatados na vida de pessoas de diversos lugares do mundo? Explique.



3. Gregório de Matos desenvolve a oposição entre nascer e morrer em versos como “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, “depois da luz se segue a noite escura”. Com recursos diferentes dos usados pelo poeta barroco, o que ressalta Manuel Bandeira em relação ao tempo?

As dificuldades do dia a dia, sempre repetitivo.

A inexorabilidade do tempo na vida humana.

A alegria e a tristeza em todos os momentos da vida.



4. O verso “O vento varria tudo!”, na última estrofe, é o único formado por uma frase exclamativa. O que essa pontuação não indica? Copie.

O desespero do eu lírico em relação à sua vida presente.

O fim de todas as lembranças do passado.

Um resumo das perdas sofridas pelo eu lírico.

A impotência do eu lírico frente ao tempo que transforma sua vida.


  1. Nos versos “E minha vida ficava / cada vez mais cheia”, que também se repetem no poema, o adjetivo cheia pode ter duplo sentido. Apresente duas possibilidades de interpretação para esses versos.


O Brasil em busca de sua identidade

A produção literária de Manuel Bandeira está ligada à arte do início do século XX, tempo entre as duas guerras mundiais (1919-1939), em que ocorreram fatos que afetaram todo o mundo ocidental: os desdobramentos da Revolução Russa de 1917, a crise da Bolsa de Nova York em 1929, a ascensão de regimes totalitários como o fascismo e o nazismo, etc. Nesse contexto, formaram-se diversos movimentos artísticos sediados sobretudo em Paris. Eles buscavam, cada um a seu modo, inovações técnicas, experimentações e maior liberdade. Desejava-se romper com os padrões dos séculos anteriores, aproximar-se da sensação de velocidade, da ideia de liberdade e abrir espaço para a expressão do inconsciente.

Em razão de seu passado colonial, do jogo de forças da economia cafeeira e de seu desenvolvimento desigual, o Brasil vivia uma situação de desequilíbrios diversos em todo o território nacional e a consequente tensão gerada por essa realidade. Nesse contexto, durante a República Velha (1889-1930) formaram--se movimentos sociais em busca de mais igualdade e diminuição do poder da oligarquia cafeeira.

Os anseios artísticos vividos em Paris chegam também ao Brasil e têm como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, organizada em São Paulo, em 1922. Considerado um divisor de águas na história da cultura brasileira, esse evento, organizado por intelectuais e artistas, quis marcar o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores. O ponto alto de sua revindicação era a defesa de uma nova perspectiva estética e o compromisso com a independência cultural do país.

A obra de Manuel Bandeira está diretamente ligada aos ideais da Semana de Arte Moderna: a valorização das características marcadamente brasileiras (a linguagem, a leveza, os tipos brasileiros) e a inovação estética (experimentos como o uso do verso livre, a sintaxe mais solta).

A produção de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira, um dos maiores poetas brasileiros, em tudo encontrou temas para sua poesia. Irônico e terno, escreveu sobretudo versos livres.

Seus poemas apresentam características bem definidas do movimento literário de sua época, como o humor e o olhar aguçado sobre tudo que o cerca. Mas também se percebe, em sua produção, influência de particularidades de sua vida pessoal. Leia:

Aos 18 anos, Manuel Bandeira obteve um diagnóstico terrível: tuberculose. Era o ano de 1904 e não havia cura para a doença. O então estudante de Arquitetura viu-se forçado a abandonar a prancheta e a recolher-se à cama, onde, sob o olhar amoroso e vigilante da irmã e enfermeira, Maria Cândida, passou a escrever versos, enquanto esperava a “indesejada das gentes”.

Desse modo, brotava à beira do abismo da morte, na despretensão de um acaso triste, o poeta do verso humilde e cotidiano. Aquele que teria o olhar dilatado para o lirismo das coisas singelas. O lirismo das pedras, das folhas secas, [...] das crianças que brincavam na rua, da aspereza dos cactos, dos pardaizinhos cinzentos de asas quebradas, da rua do sabão, do impossível carinho.

Octavio Paz, o grande literato mexicano, certa vez afirmou que a biografia do escritor é a sua obra. Com isso, quis dizer que não interessava ao público o que o autor tenha vivido, mas o que escreveu. [...]

No caso de Bandeira, temos algo interessante: conhecendo-lhe a vida, conhecemos muito de sua obra, porque ela é surpreendentemente autobiográfica. Assim mesmo, ou talvez por isso mesmo, ele tem o poder assustador de gerar arrebatamentos nos leitores.

OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Moderno, lírico, genial. Discutindo Literatura. São Paulo, Escala, ano 2, n. 7.

©Wikimedia Commons/Juniorpetjua

A depreensão do tema literário e a fruição do texto

Os conflitos existenciais costumam fazer parte da vida. Dificilmente alguém não terá se perguntado qual o sentido de estar vivo, de que vale nascer, crescer e morrer, etc.

Cada período histórico procura responder a essas questões de determinado modo.

Vamos retomar o estudo dos três textos lidos neste capítulo para compreender melhor como isso acontece.

No poema de Gregório de Matos, o eu lírico se mostra atormentado pelas contradições do mundo e procura conciliar os contrastes, concluindo que só a impermanência se mantém. E quem já não experimentou contradições, não questionou a transitoriedade da vida? Daí essa obra do século XVII tocar os leitores até hoje.

O contemporâneo Gilberto Gil traz outro ponto de vista para o questionamento tão antigo da brevidade da vida: em sua canção, o eu lírico reverencia o tempo e humildemente lhe pede auxílio como se ele fosse uma divindade, reconhecendo a insignificância da vida humana. Certamente alguns se identificam com a constatação de que há instâncias que ultrapassam o poder e o conhecimento humano.

Manuel Bandeira, por sua vez, destaca em seu poema escrito no início do século XX o movimento do tempo: este varre tudo, deixando o eu lírico cheio nos dois sentidos: exausto e repleto. Além disso, o tempo é visto como objeto do cotidiano, pois todas as coisas varridas no poema fazem parte do dia a dia de cada um de nós e de todos.

Note que, ao ler cada obra literária, buscamos identificar seu tema principal, encontrar, por meio de nosso conhecimento de mundo, o sentido para tal expressão artística, e percebemos assim por que ela nos toca de algum modo, encontrando ao menos um ponto de contato entre a experiência do eu lírico e a nossa.

Ao comparar textos de épocas e autores distintos, o leitor também encontra os pontos em que esses textos dialogam. Isso permite perceber melhor a individualidade de cada obra e a permanência de temas ou formas. Ao ler um texto, imediatamente nossa leitura de outro o afeta.

A fruição literária — o ato de aproveitar prazerosamente o que se lê —ocorre nessas idas e vindas, assim como na conversa sobre o texto com um colega, ou mesmo em uma segunda ou terceira leitura do texto em outro momento. A fruição passa pelo raciocínio e pela emoção, um pouco como o varrer contínuo e a cada momento distinto do poema de Bandeira.

Perceber o tema do texto literário, perseguir as formas escolhidas para se construir o sentido pretendido, relacionar essas escolhas, esses sentidos a certos aspectos da vida, das memórias, do contexto histórico do artista e nosso são alguns dos percursos fundamentais para a fruição da literatura.

Selecione um poema ou uma letra de música que tenha um significado especial para você. No caderno, faça a interpretação pautada em marcas textuais e apresente-a para a classe.



Para ler outras linguagens

Fotografia

Você teve oportunidade de observar neste capítulo a angústia existencial expressa por meio de textos verbais. Entretanto, outras linguagens também procuram propor uma maneira de apresentar e compartilhar essa sensação. A fotografia é uma delas. Às vezes se vincula a uma questão política de determinado período e local na composição de um tema, que tem raízes também pessoais, como é o caso do trabalho denominado Ausências, do fotógrafo argentino Gustavo Germano.

Eduardo Germano, irmão do fotógrafo Gustavo Germano, foi uma das cerca de 9 mil pessoas consideradas desaparecidas durante a ditadura civil-militar argentina (1976-1983). Na família, as lembranças se concretizavam nos retratos antigos. Gustavo decidiu certo dia reproduzir uma dessas imagens com as pessoas na atualidade. Reuniu os irmãos crescidos e posou com eles no mesmo lugar. O espaço antes ocupado por Eduardo ficou vazio. Foi assim que Gustavo teve a ideia de criar o projeto Ausências.

Em 2012, Gustavo Germano percorreu a Argentina e depois o Brasil, refazendo imagens de famílias vítimas desses desaparecimentos políticos e expressando os vazios provocados por eles. Observe a seguir uma dupla de fotos desse trabalho, que diz respeito à ditadura civil-militar brasileira (1964-1985).

1967

Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira



Ana Lucia Valença de Santa Cruz Oliveira

Ana Carolina Valença de Santa Cruz Oliveira

Marcelo de Santa Cruz Oliveira

Ana Maria Valença Maia

©Gustavo Germano
2012

Ana Lucia Valença de Santa Cruz Oliveira



Ana Carolina Valença de Santa Cruz Oliveira

Marcelo de Santa Cruz Oliveira



Ana Maria Valença Maia

©Gustavo Germano



  1. As pessoas retratadas na fotografia atual procuraram organizar-se em posição semelhante à da foto original, mais antiga, do tempo em que a pessoa desaparecida ainda convivia com a família. O que isso ressalta?

  2. Além do vazio constatado na comparação das fotos do passado e do presente, que outro elemento ajuda a impactar o leitor?

  3. O fato de a foto antiga ser em preto e branco e a recente, colorida contribui com a ideia que o fotógrafo procura transmitir? Explique.

4. Em sua opinião, uma exposição de fotos desse projeto:

a) Pode ajudar a família dos desaparecidos a lidar com o drama que vivem? Como? Responda no caderno.

b) Pode colaborar para que as pessoas em geral tomem conhecimento — ou não se esqueçam — de situações trágicas como essa, provocadas por fatos históricos?

E por falar em...



Condição humana

Dificilmente se encontra algo melhor do que o tempo para mostrar a fragilidade e mesmo a miséria da condição humana. Abstrato, ele expõe as alterações provocadas pela passagem da vida, pela transitoriedade a que estão submetidos todos os seres vivos: a beleza pode acabar, os sentimentos se transformam, não há garantia de eternidade neste mundo. Por essa razão, a fotografia se impõe como o documento máximo desse tempo que passa. É no contraste de cores que fica impresso o que somos naquele momento e que, depois de um tempo, tanto nos emociona.

O fotógrafo baiano Diogo Nunes escolheu retratar um problema do tempo atual e de outras épocas, percebido em diversos lugares do mundo: a solidão. As pessoas fotografadas não se conhecem, mas todas as imagens revelam um ponto em comum: os indivíduos se mostram sozinhos, o fato de haver ou não alguém ao redor não parece diminuir a solidão. A série de fotos produzidas com essa ideia chama-se Sobre estar só.

Nas redes sociais, o fotógrafo afirma sobre essa série: “Os caminhos se cruzam, mas as pessoas não se tocam. Não compartilham nada além daquele breve instante no metrô, ou na fila do supermercado. A maior parte do dia estamos em contato com outro ser humano, mas sempre há aquela hora, que parece eterna, onde tudo desaparece e resta apenas o indivíduo e seus arrependimentos. Essa série busca enquadrar os momentos no cotidiano em que sentimos o peso de viver em nossa carne maltratada”.

Veja, nesta página, fotos de Diogo Nunes que fazem parte de seu trabalho Sobre estar só.

Maceió, Alagoas, 2012.

Diogo Nunes - www.diogonun.es

Nápoles, Itália, 2012.

Diogo Nunes - www.diogonun.es

Barcelona, Espanha, 2012.

Diogo Nunes - www.diogonun.es



  1. Observe as fotos em que as pessoas estão realmente sozinhas. Os cenários em que se mostram têm algo em comum. O quê? Isso ajuda a dar ideia da solidão? Explique.




  1. Nem todas as fotos mostram pessoas sozinhas. Portanto, o que contribui para que relacionemos as imagens à ideia de solidão?




  1. As pessoas retratadas nas fotografias parecem fechadas em si mesmas. Em sua opinião, o que leva uma pessoa a se sentir só?




  1. O fato de as fotos não serem coloridas contribui com a ideia que o fotógrafo procura transmitir. Comente essa afirmativa.




  1. Essas cenas foram registradas em lugares específicos do mundo, mas poderiam ocorrer em qualquer lugar, mesmo que o elemento da natureza ao redor não fosse o mar ou a areia, e sim o mato ou a paisagem urbana. Certamente o fotógrafo decidiu registrar a solidão porque constatou que ela estava em toda parte, sobretudo à volta dele. Em sua opinião, o que está à sua volta e valeria a pena registrar em imagem?

Essas fotos de Diogo Nunes registram a solidão que ele constatou no cotidiano de pessoas de diversos lugares. Para constatar a existência de cenas que valem a pena ser registradas, é preciso olhar ao redor, buscar a poesia do entorno, que muitas vezes, na correria do dia a dia, com as angústias e preocupações que nos envolvem, nem notamos. Para reparar no outro, é preciso sair um pouco de si, prestar atenção no que nos cerca.

O projeto Escola do olhar, criado há alguns anos pelo fotógrafo brasileiro André François (1966-), propõe esse exercício do olhar. Ele e seu grupo ensinam crianças e adolescentes a fotografar com a técnica pinhole (leia “pinroule”), enquanto desenvolvem com eles conceitos de cidadania e os ajudam a olhar de outra maneira o lugar onde moram, para despertar o desejo de transformar o que incomoda ou de simplesmente melhorar o que já é satisfatório.



Fotografar o bairro com pinhole

A pinhole (em inglês, “buraco de agulha”) é uma câmera fotográfica simples construída em caixa, lata ou outro recipiente que possa ser completamente vedado.

Propomos aqui uma atividade com pinhole: divididos em grupos, vocês fotografarão o o bairro onde moram ou o bairro da escola. Sigam estas orientações:

1. A foto de seu grupo deve mostrar o bairro, mas o enfoque será dado a partir de um tema escolhido por vocês. O tema pode ser: cidadania, natureza, pessoas, esportes, lazer, trabalho, moradia ou outro.

2. Construam a pinhole de acordo com as orientações expostas a seguir.

3. Circulem pelo bairro e fotografem. Atenção: cada pinhole tira apenas uma foto; então, se quiserem mais de uma imagem, preparem mais caixas.

4. Organizem com o professor e os outros grupos uma exposição das fotos na escola.

Material para fazer a pinhole

uma caixa de sapatos ou outra caixa semelhante

tesoura

caneta hidrocor preta



papel preto fosco

cola


fita isolante preta

um pedaço de papel-alumínio (cerca de 4 cm × 5 cm)

agulha de costura

lixa


papel fotográfico preto e branco (qualquer marca)

lápis


régua
Como fazer a pinhole

Pintem as esquinas (ângulos retos) da caixa com a caneta preta. Recortem o papel preto no tamanho das laterais, do fundo e do interior da tampa. Colem tudo bem rente e de modo que todo o interior da caixa fique coberto.

Recortem uma “janela” retangular na lateral menor da caixa com cerca de 2 cm de altura e 3 cm de largura. Pintem de preto toda a borda do retângulo.

Com cuidado, façam com a agulha um furo no centro do papel-alumínio. O ideal é o furo ter 1 mm de diâmetro.

Lixem delicadamente o interior do papel-alumínio para tirar o excesso de papel ao redor do furo.

Tapem a janela com o papel-alumínio usando a fita isolante ao redor.

Encapem com a fita isolante as bordas da parte de cima da caixa e da tampa para a luz não escapar.

Com a mesma fita, façam uma espécie de porta para tapar o furo. A parte dessa portinha que vai ficar em contato com o furo tem de ser preta e ela não pode deixar passar luz pelos lados.

Ponham o papel fotográfico dentro da câmera. Isso deve ser feito em um local fechado e totalmente escuro ou, no máximo, com luz vermelha bem fraca. A parte fosca do papel fotográfico fica pregada na parede da caixa com fita adesiva e a parte brilhante (a mais lisinha) fica de frente para o furo. Feito isso, fechem a caixa e passem fita isolante ao redor da tampa para impedir que a luz entre pelas frestas.

Para tirar a foto, posicionem a caixa diante daquilo que desejam fotografar e puxem (ou levantem) a portinha que cobre o furo. Sigam as dicas das "Regras para fotografar com a pinhole".

Terminado o tempo de exposição, fechem a portinha, vedando-a bem, e não abram a caixa. Levem-na a um laboratório que revele fotos de pinhole. O papel, depois de revelado, produz uma imagem em negativo. Por isso, caso desejem, é preciso pe­dir uma cópia em positivo.
Regras para fotografar com a pinhole

Prefiram tirar a foto ao ar livre. Se for um dia de sol, a janela deve ficar aberta por 30 segundos a 1 minuto. Se o dia estiver nublado, o tempo aumenta para 2 a 4 minutos.

Quanto maior a câmera, maior o tempo de exposição, porque a luz enfraquece à medida que viaja do furinho até a parede onde está o papel.

Quanto maior o orifício, menor deve ser o tem­po de exposição à luz — porém, menos nitidez haverá na foto, que ficará mais borrada.

Quando fotografar, para a foto não sair tremida, apoie a câmera em uma superfície fixa.

Adaptado de: Crescer. São Paulo, Abril, jan. 2007.

Fotos: P. Imagens/Pith

Aproveite para...

... ler

Companhia das Letras/Reprodução



Boca do Inferno, de Ana Miranda, editora Companhia das Letras.

Nesse romance, a escritora mistura ficção e realidade ao reconstruir a cidade de Salvador no século XVII, tendo como personagens principais o poeta Gregório de Matos e o padre Antônio Vieira. Um assassinato desencadeia uma série de perseguições, que revelam a arbitrariedade, a corrupção e a tirania que recaem sobre a Colônia. Com essa trama, Ana Miranda traça um painel do período, levando o leitor pelos meandros da política, da religiosidade e do verbo afiado de Gregório de Matos e de Antônio Vieira.



Poemas escolhidos de Gregório de Matos, organização de José Miguel Wisnik, editora Companhia das Letras.

A obra reúne poemas de Gregório de Matos, selecionados e comentados pelo professor de Literatura José Miguel Wisnik.



Vou-me embora pra Pasárgada, organização de Emanuel de Moraes, editora José Olympio.

Trata-se de antologia de poemas de Manuel Bandeira organizada por Emanuel de Moraes, reunindo alguns dos melhores poemas do poeta pernambucano.



©Editora José Olympio/Reprodução

Companhia das Letras/Reprodução



... assistir a

Antes de partir, de Rob Reiner (EUA, 2008).

Carter Chambers, um mecânico, está gravemente doente, internado em um hospital. Seu companheiro de quarto é Edward Cole, o dono do hospital. Edward deseja ter um quarto só para si, mas como sempre pregou que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para ser financeiramente viável, não pode ter seu desejo atendido. Ambos são desenganados pelos médicos. Carter então faz uma lista do que gostaria de realizar antes de morrer. Ao saber dessa lista, Edward propõe que eles a realizem. Essa decisão leva os dois a viajar para aproveitar os últimos meses de vida.



As férias de minha vida, de Wayne Wang (EUA, 2006).

Georgia Byrd, uma mulher tímida, ao ser diagnosticada como portadora de uma doença terminal, decide mudar radicalmente de vida. Após fazer uma revolução em seu guarda-roupa, ela viaja para aproveitar ao máximo o período que ainda lhe resta de vida.



Sociedade dos poetas mortos, de Peter Weir (EUA, 1990).

Em 1959, na Welton Academy, tradicional escola preparatória, um ex-aluno volta ao colégio, agora como professor de Literatura. Seus métodos de incentivar os alunos a pensar por conta própria provocam um choque com a direção tradicional da instituição, principalmente quando o professor fala aos alunos sobre uma certa Sociedade dos Poetas Mortos...



... acessar

http://www.gilbertogil.com.br/


Unidade 6

Discurso e convencimento

Nesta unidade, você vai estudar o gênero texto jornalístico de divulgação científica, assim como outros gêneros textuais que têm em comum a intenção de persuadir seu interlocutor a pensar ou fazer algo.


FLICKR.COM/VIVI PORTELA

Objetivos

Ao final desta unidade, verifique o que você aprendeu em relação aos seguintes objetivos:

▸ Ler textos jornalísticos de divulgação científica e observar sua organização e sua linguagem.

▸ Reconhecer a intertextualidade como um dos recursos de construção de um texto.

▸ Relacionar as escolhas textuais às características do suporte de publicação e seu leitor suposto.

▸ Perceber as diferentes vozes que compõem um texto.

▸ Organizar uma exposição oral.

▸ Ler e interpretar textos de modalidades diferentes, mas que têm em comum a intenção de persuadir o interlocutor a fazer ou pensar algo.

▸ Observar a expressão de provérbios por meio da linguagem visual.

▸ Identificar as necessidades de sua região e produzir uma proposta de melhoria a ser apresentada às autoridades competentes.


Cena de A dança do Universo, espetáculo dirigido por Soledad Yunge, São Paulo, 2014.
A peça, inspirada no livro de mesmo nome do físico Marcelo Gleiser, foi encenada pela primeira vez em 2005, para celebrar o centenário da Teoria da Relatividade (1905-2005), elaborada por Albert Einstein, e o Ano Mundial da Física. O texto teatral, de autoria de Oswaldo Mendes, mostra um grupo de atores reunidos para relembrar grandes cientistas e suas teorias, e também para discutir o desafio de conciliar os mundos objetivo (ciência) e subjetivo (teatro).

Língua e produção de texto

O texto jornalístico de divulgação científica

Não escreva neste livro.



Para começar

Observe esta seção de jornal, atentando para cada detalhe.


Interdisciplinaridade com: Biologia, Física, História, Química.

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/12/1713831-cerebro-reage-diferentemente-segundo-idiomas-ouvidos-na-infan



ciência

Cérebro reage diferentemente segundo idiomas ouvidos na infância

Glowimages/Science Photo Library/SuperStock

Complexa rede de interconexões do cérebro.
02/12/2015 - 8h50

A exposição precoce a uma língua influencia a forma como o cérebro trata, mais tarde, os sons de uma outra língua — é o que diz um estudo publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications.

Parece difícil para os autores do artigo, no entanto, concluir que o fato de escutar uma língua nos primeiros anos de vida influenciará, mais tarde, o aprendizado de línguas estrangeiras. Assim, durante o primeiro ano de vida, o cérebro é muito atencioso e armazena muitas informações. Representações neurais de sons ouvidos são estabelecidas.

Para este estudo, os pesquisadores canadenses analisaram 43 crianças, com idades entre 10 a 17 anos, que falam francês e que foram, algumas delas, expostas muito cedo ao chinês.


Eles fizeram com que três subgrupos ouvissem gravações de pseudopalavras, então as sonoridades eram próximas ao francês mas não faziam sentido, como por exemplo “vapagne” ou “chansette”.

O primeiro subgrupo era constituído por crianças nascidas e criadas em famílias francófonas que não haviam estudado nem ouvido chinês. O segundo subgrupo compreendia crianças chinesas que falavam fluentemente o francês na idade de 3 anos. O terceiro subgrupo era formado por crianças adotadas na China antes dos 3 anos, por famílias que só falavam francês. Estas crianças não haviam mais falado, nem ouvido o idioma chinês.


Luis Moura/Arquivo da editora
QUEM GUARDA, TEM

Como as memórias são formadas


CÉREBRO

córtex
pré-frontal

lobo temporal

hipocampo

amídala

1

A informação chega ao córtex primário, onde é processada


2

A memória é encaminhada a regiões do cérebro, entre elas o hipocampo


3

O cérebro codifica a informação em circuitos neurais


4

Grupos de neurônios são ativados, formando um desenho cerebral

Cada vez que a memória é recuperada são reativados os mesmos grupos de neurônios
DÁ BRANCO

Quando o cérebro não grava a informação completa

Se há falta de atenção ou de interesse pelo assunto

Em situações de estresse, sonolência ou cansaço

Se houver muitas informações para serem lembradas
COMPETIÇÃO

Memórias recentes passam por uma seleção. As que despertam mais a atenção ou têm fatores emocionais têm mais chance de ser consolidadas

Fontes: Gilberto Teixeira, neurocientista e pesquisador da USP; Simone Fuso, neuropsicóloga e professora da Universidade Mackenzie.
“Nós utilizamos pseudopalavras francesas para estudar a forma como o cérebro trata os sons de uma língua falada de maneira corrente em função das línguas ouvidas após o nascimento”, explicou à AFP Lara Pierce, psicóloga da Universidade McGill em Montreal, no Canadá, e coautora do estudo, “mas sem que outras características da língua, como o sentido, pudesse intervir”.

Exames de ressonância magnética efetuados durante a difusão destes sons demonstraram que todas as crianças que foram expostas ao chinês muito cedo — quer tenham ou não continuado a falar a língua — tinham uma região do cérebro ativa que não era vista nas crianças unicamente expostas ao francês.

Nas crianças adotadas por famílias de língua francesa e de língua não chinesa, foram ativadas, como nas crianças bilíngues, áreas do cérebro conhecidas por estarem envolvidas na memória e na atenção.

“Aprender uma língua na infância pode, portanto, mudar a maneira de apreender outro idioma”, observou Lara Pierce. “Mas não podemos dizer se aprender uma nova língua será mais fácil ou não para estas crianças”, acrescentou.

Em novembro de 2014, Lara Pierce e seus colegas também demonstraram que o cérebro continua a reagir a sons e tons de uma língua ouvida e aprendida na infância, mas depois esquecida.

Folha de S.Paulo. São Paulo, 2 dez. 2015. Versão on-line. Disponível em:


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