Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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sociedade de controle.

Além   de   ter,   por   muito   tempo,   reproduzido   um   padrão   autoritário,   a   escola

pública brasileira passou a sofrer com o problema do financiamento. Nos anos

do regime militar (1964-1985), as políticas econômicas levaram à redução do

investimento público na educação, o que fez crescer o setor privado da escola-

empresa, em que a relação cidadão-instituição se transforma em uma relação

cliente-empresa. Aumentou  também  o  descaso do Estado com o professor,

tanto   em   termos   salariais   como   em   sua   formação,   levando   à   progressiva

desvalorização da carreira docente. Esse quadro de baixos investimentos em

educação só foi atenuado a partir da primeira década do século XXI, quando

esse setor voltou a receber mais recursos.

LEGENDA: Diretor-auxiliar de escola em Ponta Grossa (PR) observa imagens

obtidas por câmeras instaladas dentro das salas de aula do colégio. Foto de

2011.   A   instituição   escola   ainda   hoje   reproduz   e   atualiza   mecanismos   de

disciplinarização e controle.

FONTE: Henry Milléo/Agência Gazeta do Povo

Outro aspecto historicamente pouco trabalhado pela escola brasileira é o da

diversidade   cultural.   Em   uma   sociedade   marcada   pela   pluralidade   étnica   e

cultural, o ensino escolar de conteúdos relacionados às culturas indígenas e de

origem africana foi por muito tempo deixado de lado. As poucas tentativas de

abordagem dessas temáticas em geral se davam no campo do estereótipo,

reforçando preconceitos, já que esses conteúdos também não faziam parte da

formação  dos  professores.   Em  um  caso  extremo  de  violência  simbólica,  as

populações   indígenas   não   tinham   acesso,   na   escola,   a   aspectos   de   suas

próprias   culturas,   naquilo   que   a   antropóloga   brasileira   Mariana   Kawal   Leal

Ferreira vê como uma incompatibilidade com o ideal de autodeterminação dos

povos indígenas.



A lei 10.639, de 2003, instituiu a obrigatoriedade do ensino de cultura e história

afro-brasileira e africana nos currículos de Ensino Fundamental e Médio de

todas as escolas. Em 2008, a legislação foi modificada pela lei 11.645, que

acrescentou   a   obrigatoriedade   do   ensino   de   história   e   cultura   dos   povos

indígenas. Além disso, de acordo com o Censo Escolar 2013, 238 mil crianças

e jovens estavam matriculados em escolas indígenas, que hoje alfabetizam os

alunos tanto na língua de sua comunidade como em português e ensinam a

história   e   os   hábitos   tradicionais   de   seu   povo.   Segundo   o   mesmo

levantamento, havia 227 mil alunos matriculados em escolas localizadas em

comunidades quilombolas.

LEGENDA: Escola indígena em aldeia do povo Munduruku, em Itaituba (PA).

Foto de 2014.

FONTE: Sérgio Castro/Estadão conteúdo/AE

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Também a concepção de como deveria ser a educação formal de pessoas com

deficiência   foi   mudada.   Diante   da   situação   de   invisibilidade   social   desses

indivíduos, a Constituição de 1988 prevê a garantia de seus direitos, e uma lei

complementar, aprovada no ano seguinte, orienta ações para a inclusão da

pessoa com deficiência. Uma das ações consideradas decisivas é a matrícula

dessas   pessoas   em   escolas   regulares,   medida   que   aproxima   realidades

diferentes e dá condições para o combate e a superação de preconceitos.

Diversas   medidas   e   regulamentações   para   a   educação   inclusiva   foram

apresentadas nas últimas décadas: softwares para narração de livros didáticos,

formação de professores proficientes em Libras (Língua Brasileira de Sinais),

entre outras. A efetiva inclusão da pessoa com deficiência ainda esbarra, no

entanto,   em   muitos   desafios   práticos,   a   começar   pela   adaptação   da

infraestrutura   das   escolas,   a   fim   de   torná-las   acessíveis   a   pessoas   com

deficiência motora ou visual, e pela capacitação de professores para atender às

especificidades de cada tipo de necessidade.

LEGENDA:   Turma   na   Escola   Estadual   Pedro   Fernandes,   em   Ribeirão   das

Neves (MG) na qual uma funcionária auxilia na comunicação entre um aluno

com paralisia cerebral e seus colegas e professores. Foto de 2013.



FONTE: Leo Drummond/Ag·ncia Nitro


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