Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Silvia Maria de Ara jo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi M.docx

Desafios do ensino no Brasil

Tanto a Constituição de 1988 quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, de 1996, afirmam a educação como um direito humano fundamental.

Entretanto, a universalização da educação de qualidade ainda está em curso

para ser atingida no país, uma vez que nem todas as crianças e jovens das

faixas   etárias   abrigadas   pela   lei   frequentam   a   escola   ou   concluem   seus

estudos satisfatoriamente. O analfabetismo na população adulta ainda não foi

erradicado, conforme dados a seguir:



O grau de analfabetismo da população brasileira, medido pela taxa de pessoas

com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever um bilhete simples,

ainda   se   encontrava   no   patamar   de   10%,   em   2007.   É   uma   taxa   bastante

elevada, sobretudo quando comparada à de outros países do continente sul-

americano, como Uruguai, Argentina e Chile, cujas taxas variam entre 2% e

4%.

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Quando se analisam as taxas de analfabetismo no Brasil segundo os diferentes

grupos  de idade,  verifica-se  enorme distância entre jovens e  idosos.  Se na

faixa de 15 a 24 anos a taxa de analfabetismo correspondia a 2,2%, em 2007,

entre pessoas com 60 anos ou mais a proporção de analfabetos atingia 28,4%,

fato   revelador   de   um   enorme   passivo   educacional   ainda   não   saldado.  [...]

apesar de o analfabetismo entre os jovens de 15 e 24 anos ter se tornado um

problema  residual nas regiões Sul,  Sudeste  e Centro-Oeste,  onde as taxas

giram em torno de 1%, sua erradicação na região Nordeste constitui um desafio

de maior envergadura, pois ainda se registram taxas de 4,7% na referida faixa

etária e 10,4% entre os jovens de 25 a 29 anos.

CORBUCCI, Paulo Roberto; CASSIOLATO, Maria Marta; CODES, Ana Luiza;

CHAVES,   José   Valente.   Situação   educacional   dos   jovens   brasileiros.   In:

CASTRO,   Jorge;   AQUINO,   Luseni;   ANDRADE,   Carla   (Org.).  Juventude   e



políticas sociais no Brasil. Brasília: Ipea, 2009. p. 93.

A partir dos anos 1990 e com mais intensidade nos anos 2000, o aporte de

recursos para a educação aumentou e políticas específicas foram elaboradas,



em parcerias entre o Governo Federal, os estados e as prefeituras. Um marco

importante   nesse   sentido   foi   a   criação   do   Fundo   de   Manutenção   e

Desenvolvimento   do   Ensino   Fundamental   e   de   Valorização   do   Magistério

(Fundef), em 1998, que instituiu limites mínimos de aplicação de recursos no

Ensino   Fundamental   por   todas   as   esferas   do   Estado   brasileiro.   Com   a

substituição do Fundef pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

do Ensino Básico e de Valorização dos Profissionais da Educação), em 2007,

fixou-se a destinação às escolas de um volume maior de recursos federais, e a

Educação Infantil, o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA)

também passaram a ser atendidos.

A   repercussão   parcial   desses   processos   aparece   nos   dados   da   Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2010, divulgada pelo IBGE, que

constatou alguns avanços na área de educação. Acompanhe nos gráficos a

seguir a evolução, no período de 1992 a 2008, da situação da alfabetização no

país entre as pessoas de 15 anos ou mais, segundo sexo e cor ou raça.

FONTE: Adaptado de: INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pesquisa   Nacional   por   Amostra   de   Domicílios   1992/2008.   Disponível   em:

www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2010.pdf.   Acesso

em: 20 jul. 2015.

Notas: 1. Não inclui população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima,

Pará e Amapá entre os anos de 1992 e 2003; a partir de 2004 a amostra inclui

todo   o   Território   Nacional,   constituindo-se   numa   nova   série.   2.   Não   houve

pesquisa em 1994 e 2000.

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O gráfico mostra um crescimento contínuo da taxa de alfabetização no Brasil,

que vai de 82,8% a 90% no período entre 1992 e 2008. Este crescimento é

significativo, mas a taxa de 10% de analfabetos ainda é grande, considerando-

se as dimensões da população brasileira. Quanto às taxas de alfabetização

segundo   o   sexo,   no   mesmo   período,   pode-se   perceber   que   são   próximas,

embora   tenha   havido   uma   inversão   na   posição   de   homens   e   mulheres.

Enquanto em 1992 os índices eram de 83,4% entre os homens e 82,2% entre




as mulheres, em 2008, eram de 90,2% para o sexo feminino e 89,8% para o

masculino.

Já a diferença entre as taxas de alfabetização de brancos e de pretos e pardos

persiste, ainda que tenha sido reduzida no período analisado. Em 1992, 89,4%

dos brancos eram alfabetizados, enquanto pretos e pardos somados chegavam

a 73,4%.  Em  2008,  o índice de  alfabetização  entre  brancos  era de  93,8%,

enquanto entre os pretos e pardos era de 86,4% .

Segundo   dados   do   Censo   Demográfico   de   2010,   realizado   pelo   IBGE,   a

parcela de crianças de 10 anos analfabetas diminuiu de 11,4% para 6,5% -

portanto, continua alta. Os dados revelam grandes disparidades entre as áreas

rurais   e   urbanas   e   na   comparação   das   regiões   Norte   e   Nordeste   com   as

demais regiões, apontando a necessidade de não apenas universalizar a oferta

de Ensino Fundamental no país, mas de melhorar a qualidade da escola como

um todo.


A Pnad de 2014 indicou que a taxa de analfabetismo para a população com

mais de 15 anos reduziu para 8,3%, consideradas também as áreas rurais.

Embora os indicadores tenham melhorado, ainda representam um contingente

de cerca de 13,2 milhões de pessoas com idade igual ou maior do que 15 anos

que não sabem ler, escrever e fazer as quatro operações aritméticas básicas

no   Brasil.   Há,   portanto,   muito   a   ser   feito   para   erradicar   o   analfabetismo,

principalmente   se   consideradas   as   disparidades   regionais   e   as   dificuldades

enfrentadas pelos professores e diretores nas escolas, no que se refere às

condições de trabalho.

Críticos da metodologia do IBGE apontam que o problema é ainda mais grave,

pois esse índice não avalia o analfabetismo funcional, isto é, a capacidade de a

pessoa utilizar plenamente a leitura e escrita e habilidades matemáticas em

seu   cotidiano.   O   Indicador   de   Alfabetismo   Funcional   (Inaf),   elaborado   por

instituições não governamentais mediante amostragem, com base em testes e

entrevistas, registrou que 27% da população brasileira (ou seja, mais de 1/4)

encontravam-se   funcionalmente   analfabetos   no   início   da   segunda   década

deste século.



LEGENDA:   Alunos   de   programa   de   alfabetização   de   adultos   em   Barão   de

Cocais (MG), em 2010. No Brasil, a taxa de analfabetismo é consideravelmente

mais elevada entre os adultos.

FONTE: Bruno Magalhães/Agência Nitro

LEGENDA: Escola de Jovens e Adultos localizada em área rural de Piracicaba

(SP). Foto de 2012.

FONTE: Cláudio Coradini/Futura Press

311

Reconhecendo   terem   sido   insuficientes   as   soluções   para   o   sistema

educacional,   os   estudiosos   da   educação   destacam   como   problemas   que

persistem   na   educação   brasileira:   a   baixa   qualidade   do   ensino,   a   falta   de

capacitação adequada dos professores, a precária infraestrutura das escolas,

as   salas   superlotadas,   os   currículos   repetitivos   e   defasados   e   a   ainda

insuficiente aplicação de verbas no setor.

Como o sistema educacional é de responsabilidade de estados e municípios,

há uma diferença dos regimes de ensino, dos salários e dos currículos nas

diversas   regiões   do   país.   Em   2008,   foi   aprovado   um   piso   salarial   nacional

unificado   para   os   professores   da   Educação   Básica   pública   (Ensino

Fundamental e Ensino Médio), visando reduzir a histórica disparidade regional

de salários nessa profissão.

No Brasil, além do que já foi mencionado, há o problema da distorção entre a

idade do estudante e a série que frequenta. Ou seja, os jovens estão na escola,

mas podem não estar no nível de ensino esperado para sua idade. A título de

exemplo, ainda segundo a Pnad 2014, somente 61,1% dos adolescentes de 15

a   17   anos   frequentavam   o   Ensino   Médio   naquele   ano,   e   a   taxa   de

escolarização para essa faixa etária alcançava 84,3%.

Boxe complementar:




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