Por toda parte



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. Acesso em: 11 mar. 2015.
Página 179

Tema 3 - Sincretismo cultural

Observe as imagens a seguir.



Figura 11

[Sem título], de Rubem Valentim, 1979. Escultura em concreto armado. Praça da Sé, São Paulo.

Rubem Valentim. 1979. Concreto armado. Praça da Sé, São Paulo. Foto: Fernando Favoretto

Figura 12

Bastão de Xangô. Escultura de madeira. Referência a Xangô, orixá de cultos de religiões de origem africana.

Século 19-20. Escultura de madeira. Museu Real da África Central, Bélgica. Foto: Werner Forman Archive/The Bridgeman Art Library/Keystone

O sentimento de religiosidade afro-brasileira também está presente nas obras de outros artistas. Rubem Valentim (1922-1991), pintor, escultor, gravador e professor baiano, filho de pais que frequentavam tanto as missas católicas quanto as religiões afrodescendentes, cresceu em meio a imagens de altares cristãos e adornos dos orixás, o que o influenciou na criação de sua arte, como observado nas imagens acima.



O que é sincretismo cultural?

No Brasil, a mistura de povos provocou, também, o encontro das culturas desses grupos. Esse processo de fusão de culturas é chamado de sincretismo cultural. Isso acontece quando duas ou mais culturas se misturam em sua fé, na sua arte e em seus costumes.


Página 180

Observe novamente as esculturas da página anterior, do artista Rubem Valentim. Agora, veja com atenção as ilustrações abaixo, que têm como tema símbolos das tradições afrodescendentes e do catolicismo.

O artista argentino Carybé (1911-1997) apaixonou-se pela diversidade da cultura no Brasil. Naturalizado brasileiro, morou muitos anos na Bahia e retratou, em muitas de suas obras, símbolos religiosos da cultura afro-brasileira. Veja detalhes na imagem ao lado.

Figura 13

Capa do livro Iconografia dos deuses africanos no candomblé da Bahia (São Paulo: Raízes Artes Gráficas, 1980), com aquarelas do artista Carybé. 43 cm × 32 cm.

Carybé. 1980. Aquarela sobre papel. Capa do livro Iconografia dos deuses africanos no candomblé da Bahia, Editora Raízes Artes Gráficas

Figura 14

Símbolos de algumas entidades de cultos afro-brasileiros, também chamadas de orixás.

Mariana Waechter

Omulu


Oxalá

Ogum


Exu Oxumaré

Iemanjá Oxóssi Iansã Xangô Oxum

Ossanha
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Agora, leia este trecho de letra de música.



Sincretismo Religioso

[...] Êta, povo brasileiro! Miscigenado,


Ecumênico e religiosamente sincretizado
Ave, ó, ecumenismo! Ave!
Então vamos fazer uma saudação ecumênica
Vamos? Vamos! Aleluia – aleluia! Shalom – shalom!
Al Salam Alaikum! – Alaikum Al Salam!
Mucuiu nu Zambi – Mucuiu!
Ê, ô, todos os povos são filhos do senhor!
Deus está em todo lugar. Nas mãos que criam, nas bocas que cantam, nos corpos que dançam, nas relações amorosas, no lazer sadio, no trabalho honesto.
Onde está Deus? – Em todo lugar!
Olorum, Jeová, Oxalá, Alah, N’Zambi... Jesus!
E o Espírito Santo? É Deus! Salve sincretismo religioso! – Salve!
Quem é Omulu, gente? – São Lázaro!
Iansã? – Santa Bárbara!
Ogum? – São Jorge!
Xangô? – São Jerônimo!
Oxóssi? – São Sebastião!
Aioká, Inaê, Kianda – Iemanjá!
Viva a Nossa Senhora Aparecida! – Padroeira do Brasil!
Iemanjá, Iemanjá, Iemanjá, Iemanjá
São Cosme, Damião, Doum, Crispim, Crispiniano, Radiema...
É tudo Erê – Ibeijada! Salve as crianças, salve!
Axé pra todo mundo, axé
[...] Energia, Saravá, Aleluia, Shalom,
Amandla, caninambo! – Banzai!
Na fé de Zambi – Na paz do Senhor, Amém!

Trecho da letra da música Sincretismo Religioso. VILA, Martinho da. Sincretismo religioso. Intérprete: Martinho da Vila. In: _____. Coisas de Deus. Rio de Janeiro: Sony Music, 1997. 1 CD. Faixa 13.


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Observando a letra da música Sincretismo Religioso (1997), do cantor e compositor Martinho da Vila (1938), podemos perceber que no Brasil há muitas crenças religiosas, cada uma com características próprias, mas muitas dessas crenças com pontos em comum. Imagens, palavras, gestos, cantos, cumprimentos fazem parte desse acervo cultural religioso.



Figura 15

Vista interna da Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador, Bahia, 2014.

R.M. Nunes/Shutterstock/Glow Images

Figura 16

Detalhe do teto da igreja.

A arte com temas sagrados tem sido produzida em diferentes épocas. Veja a imagem de uma igreja construída na cidade em que o artista Rubem Valentim nasceu e cresceu. A Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador, estado da Bahia, é um exemplo de arte sacra. Repleta de símbolos católicos em muitos detalhes em relevos cobertos de ouro, foi construída entre os séculos XVII e XVIII. É considerada uma das mais importantes obras de arte do Barroco brasileiro, fazendo parte também do patrimônio cultural e artístico da humanidade. Veja os detalhes do teto.

Será que o mundo visual que nos rodeia nos influencia a criar imagens?

E os diferentes sons que ouvimos? Também formam nosso repertório cultural musical?

Que som é o seu? Que som é preferido dos seus amigos? Qual é o som da nossa miscigenação?



AMPLIANDO
Barroco brasileiro é um estilo artístico e arquitetônico europeu trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses. Aqui, fez-se representar no trabalho de brancos, negros e mestiços, que o influenciaram com características de suas culturas. Seu desenvolvimento aconteceu entre os séculos XVIII e XIX. Alguns artistas representativos desse período são os mineiros Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho (1730-1814), e Manoel da Costa Ataíde, também chamado de Mestre Ataíde (1762-1830).
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MAIS DE PERTO

- Sementes do pensamento

Observe a reprodução desta outra obra de Rosana Paulino.

Figura 17

Assentamento, de Rosana Paulino. Desenho a grafite e aquarela.

Rosana Paulino. Desenho a grafite e aquarela. Coleção particular

O que você pode perceber ao olhar mais atentamente?

Viaje com seus olhos por toda a imagem. Descreva o que você vê.

Como são as linhas, as formas, as cores? O que mais há nessa forma de arte? Como será que foi feita? Essa imagem faz você se lembrar de alguma coisa? O que será que significa?
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Converse com os colegas e o professor. Será que eles descobriram algo a mais? A imagem provoca algum pensamento em você? Qual?

Na imagem, linhas formam delicados desenhos. Uma forma de mulher apresenta-se de perfil, envolta em um jogo de luzes e sombras que marcam o volume do corpo. Quem será essa mulher?

A imagem faz parte da série Assentamento, da qual já falamos. Representa em seu centro uma semente, mas quem germina é uma pessoa.

Foi assim que a cultura afrodescendente se iniciou no Brasil. Pessoas vindas de várias partes da África trouxeram suas sementes culturais. E aqui, em solo fértil, essas sementes floresceram e deram muitos frutos.

Músicas, danças, palavras, comidas, crenças e tantas outras características são tão presentes em nosso cotidiano que, muitas vezes, não nos lembramos de que um dia esses povos lançaram suas sementes culturais aqui.

Olhe para este detalhe da imagem novamente. É uma fotografia, um desenho ou uma pintura? Ou são as três linguagens misturadas?

Se você disse as três... Acertou! Rosana Paulino trabalhou com imagens que foram feitas para estudos científicos no século XIX. A artista selecionou fotografias e depois as digitalizou, passando para o computador. Depois, imprimiu essas imagens em impressoras comuns, de jato de tinta. Em seguida, mergulhou o papel com a imagem impressa em uma vasilha com água fria, escorreu o excesso e depois colocou a imagem sobre uma folha de papel. Então, ela pegou um rolo de gravura e passou várias vezes sobre a imagem, pressionando-a até que ela passasse para a folha de papel em branco. Depois, com cuidado, removeu a folha original com a primeira imagem. Na sequência, trabalhou sobre a imagem transferida com lápis grafite e tinta aquarela.

Essa artista visual, pesquisadora e educadora gosta de fazer experiências e criar em muitas linguagens. Em vários de seus trabalhos, essas formas de fazer arte estão reunidas em técnicas mistas.

Figura 18

Detalhe da obra Assentamento, de Rosana Paulino.

Rosana Paulino. Desenho a grafite e aquarela. Coleção particular.
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PALAVRA DO ARTISTA

Rosana Paulino (1967)

Figura 19

Celso Andrade/Acervo particular

Rosana Paulino.

Olá, meu nome é Rosana Paulino. Nasci na cidade de São Paulo, onde moro e produzo minha arte. Gosto de criar na arte desde criança. Quando pequena, desenhava, pintava modelava em argila e brincava de inventar coisas junto com minhas irmãs. Hoje, desenvolvo vários trabalhos de arte explorando as linguagens da gravura, desenho, pintura, instalação e outras possibilidades.

Eu acho que para fazer arte o artista deve ser sincero ao se expressar. Isso significa que, para criar arte, é preciso compreender sua própria poética.

Criar sob a sua poética pessoal é lidar com algo que lhe chama atenção, algo que você quer entender, compreender melhor. O caminho pode ser a experimentação. Quando a gente experimenta alguma coisa, pode entendê-la melhor.

Vou dar um exemplo. Imagine que você está querendo entender o que é uma laranja. Se você segurar essa fruta, você poderá sentir sua textura, cheiro, ver suas cores, tamanho, volume e outras coisas que você pode sentir. Se partir a laranja e fizer um suco, você poderá provar do seu sabor, novamente sentir seu aroma e dizer se gosta ou não de laranja. Se resolver desenhá-la, sua percepção será melhor, porque agora você conhece de perto essa fruta.

Na arte também é assim. Precisamos sentir, perceber, experimentar para compreender. Se eu tenho uma ideia, eu tenho de testar como transmitir essa ideia, escolher linguagens, materiais, procedimentos artísticos, temas ou assuntos que me tocam. Também me preocupo como mostrar meu trabalho para outras pessoas. Sim, porque cada linguagem tem um jeito de apresentar ao público. Tem ideias que são mais interessantes na forma do desenho, pintura, escultura, gravura ou instalação, por exemplo.

Espero que você goste de estudar, apreciar e criar arte.

Agora que você conhece um pouco do meu trabalho, que tal pensar sobre as coisas que você gostaria de compreender melhor?

Qual é a sua poética pessoal?

Na arte, como você pode expressar suas ideias?

Rosana Paulino, em entrevista especialmente para este livro, 29 jan. 2014.
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MAIS DE PERTO

- O som da miscigenação

Observe a imagem a seguir.

Figura 20

Luciana Whitaker/Folhapress

Chico Science (de chapéu) e a banda Nação Zumbi em estúdio para gravação de CD, no Rio de Janeiro, em 1993.

Já falamos neste capítulo sobre miscigenação. Vamos relembrar? Reveja a seção Vem cantar!, no início deste capítulo.

Somos um povo miscigenado, mestiço, formado por muitas etnias. Temos ascendência de povos africanos, indígenas e europeus. Também sofremos influências de culturas vindas da Ásia, da Oceania e da América do Norte.

Os artistas criam com base em suas leituras e interpretações sobre o mundo. Em seus processos de criação, podem espelhar-se em si mesmos ou refletir os anseios de uma sociedade inteira, como na música de Chico Science (1966-1997). Um dos fundadores e líder do grupo musical pernambucano Nação Zumbi (1990), juntos expuseram em várias de suas letras o desejo por uma nação brasileira sem preconceitos e mais justa, ideias expressas na música Etnia (1996), entre outras.

O grupo Nação Zumbi tem desenvolvido uma música que mistura ritmos e gêneros nordestinos, como o maracatu, com outras influências musicais, passando pelo rock, hip-hop, punk rock, samba, reggae e música eletrônica. É um dos principais nomes do movimento manguebeat, ao lado dos grupos Mestre Ambrósio, Mundo Livre S/A, Sheik Tosado, entre outros.

AMPLIANDO
Manguebeat (também escrito como manguebit ou mangue beat, integrando essas duas palavras) foi um movimento cultural (principalmente na música) criado por volta de 1990, no Recife, estado de Pernambuco, e ficou conhecido internacionalmente. As músicas desse movimento tinham como referência ritmos nordestinos, principalmente o maracatu, misturando-o a estilos musicais diversos. Seus temas abordavam principalmente a crítica aos preconceitos e às injustiças sociais.
Maracatu é um ritmo musical e também uma importante manifestação da cultura popular nordestina, que se originou em Pernambuco. No capítulo seguinte, aprofundaremos o conhecimento sobre o maracatu.
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PALAVRA DO ARTISTA

Chico Science (1966-1997)

Figura 21

Reprodução da capa do CD Afrociberdelia, Chico Science & Nação Zumbi, 1996. No centro da capa, o músico Chico Science (de camiseta verde).

Afrociberdelia. Chico Science & Nação Zumbi. Gravadora: Sony Music. 1996

Francisco de Assis França, o Chico Science (1966-1997), foi um cantor e músico pernambucano que ajudou a criar o grupo Nação Zumbi e a desenvolver e divulgar o movimento manguebeat. Nesse grupo, foi responsável pela composição de várias músicas, que misturavam literatura de cordel a temas urbanos e discussões sobre as inovações tecnológicas. Também se envolveu ativamente em movimentos sociais pela melhoria de vida das pessoas e valorização da cultura nordestina e afrodescendente.

A música Etnia foi lançada no CD Afrociberdelia, em 1996. Em entrevistas da época, Chico Science contou que a escolha do nome do álbum estava relacionado à união de palavras que expressam as manifestações artísticas e culturais da nossa história, fazendo referências a acontecimentos mais recentes, como as tecnologias.

“Afrociberdelia de África, o ponto de fusão do maracatu, da cibernética e da psicodelia.”

Chico Science, em entrevista de 1996. SILVA, Walter de. Chico Science: do mangue para o mundo. Disponível em:


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