Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 11 fev. 2016.

Drones: veículos aéreos não tripulados (VANT), controlados a distância por meios eletrônicos e computacionais.
Distopia: representação ficcional de uma sociedade caracterizada por condições de vida insuportáveis, com o objetivo de criticar tendências da sociedade atual, alertando para seus perigos.

Análise

1. Qual é a questão abordada pelo texto?

> Quais são as informações que permitem concluir que a questão abordada já é uma realidade?

2. O texto apresenta uma opinião clara sobre a questão abordada. Qual é ela?

> Essa opinião pode ser atribuída a um indivíduo? Explique.

3. Quais são os argumentos apresentados para sustentar a posição defendida no texto?

4. Releia o segundo parágrafo do texto. Ele ilustra uma estratégia argumentativa. Explique que estratégia é essa.

5. O último parágrafo traz uma conclusão decorrente da argumentação feita ao longo do texto. Que conclusão é essa?

Editorial: definição e usos

Além do artigo de opinião, outro gênero discursivo que se caracteriza pela manifestação explícita de uma opinião e pela apresentação de argumentos que a sustentam é o editorial.



Tome nota

O editorial é um gênero discursivo que tem a finalidade de manifestar a opinião de um jornal (ou algum órgão de imprensa) sobre acontecimento importante, geralmente polêmico, no cenário nacional ou internacional. Não é assinado, porque não deve ser associado a um ponto de vista individual. Deve ser enfático, equilibrado e informativo. Além de apresentar os argumentos que sustentam a posição assumida pelo jornal, costuma também resumir opiniões contrárias, para refutá-las.


Página 301

Os projetos gráficos dos grandes jornais procuram estabelecer diferenças visuais entre os editoriais e os demais textos (notícias, artigos de opinião, etc.). Alguns dos recursos utilizados podem ser o tamanho da fonte, do texto, a presença de fios que os separam dos outros textos, o uso do logotipo do jornal.

Essa diferenciação permite que os leitores localizem mais facilmente a seção de editoriais e saibam que, nela, encontrarão textos argumentativos escritos para expressar a opinião daquele periódico sobre alguma questão de destaque entre as notícias do dia. Observe o exemplo abaixo.

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AGÊNCIA O GLOBO

1º fev. 2015, p. 14.

Os jornalistas encarregados de redigir os editoriais são conhecidos como editorialistas. Geralmente são os profissionais mais experientes, que trabalham em um jornal há mais tempo ou fazem parte do seu quadro editorial, que desempenham tal função.



Contexto de circulação

Os jornais diários são o espaço de circulação dos editoriais, que têm neles uma seção fixa. Geralmente essa seção aparece logo nas primeiras páginas, próxima às colunas de opinião que abordam temas da vida política nacional e internacional.

A disposição gráfica fixa utilizada para publicar artigos de opinião e editoriais fez com que surgisse a denominação Op-Ed (Oposto ao Editorial), uma referência aos textos de opinião que aparecem, graficamente, na página oposta ou no lado oposto ao dos editoriais.

Grandes jornais, como o The New York Times, utilizam a denominação Op-Ed para marcar a seção das colunas dos articulistas que escrevem regularmente no jornal. As opiniões expressas nessas colunas são de responsabilidade dos seus autores, não do periódico. Esses artigos são sempre assinados.

Os leitores dos editoriais

Buscam os editoriais os leitores que não se contentam com as informações sobre os principais acontecimentos nacionais e internacionais, e que desejam ver tais acontecimentos analisados, considerados a partir do contexto maior em que se inserem.

Os leitores de editoriais, a exemplo dos de artigos de opinião, são pessoas que procuram analisar os fatos e, por esse motivo, procuram textos analíticos e argumentativos nos jornais que leem.

Esses leitores esperam encontrar, nos editoriais, não só a opinião do jornal, mas também uma confirmação da posição que eles mesmos têm a respeito dos acontecimentos analisados. Em casos mais específicos — grandes tragédias, escândalos surpreendentes —, podem procurar um auxílio para compreender fatos que, à primeira vista, parecem incompreensíveis, inexplicáveis ou mesmo irracionais.



Estrutura

A estrutura básica de um editorial deve trazer uma introdução que contextualize a questão a ser analisada; um desenvolvimento no qual são apresentados os argumentos que sustentam a tese defendida por meio de uma análise (e, se for o caso, refutados os argumentos contrários); e uma conclusão que decorra da argumentação feita. Essa estrutura é semelhante à encontrada nos artigos de opinião.

A diferença essencial entre esses dois gêneros argumentativos é, por um lado, a extensão dos textos: enquanto artigos de opinião são mais longos, editoriais devem ser curtos, enfáticos, tratando a questão central de modo resumido e objetivo. Por outro lado, diferenciam-se quanto à perspectiva adotada para a análise: os editoriais não são assinados e não podem ser associados a uma perspectiva subjetiva, já que têm como função expressar o ponto de vista do periódico em que são publicados.

Veja, no texto a seguir, a análise da estrutura de um editorial.


Página 302

Ares irrespiráveis

A OMS alerta que os efeitos da contaminação sobre a saúde são maiores do que se pensava

“Se você acha que a economia é mais importante que o meio ambiente, tente segurar a respiração enquanto conta o seu dinheiro.” Com esta provocadora frase o comissário europeu de Meio Ambiente, Janez Potocnik, quis alertar sobre as últimas provas científicas que indicam que o efeito da contaminação sobre a saúde é pior do que se pensava. Agora, a OMS fez questão de realçar isso com um relatório em que calcula que a má qualidade do ar pode ser a causa de sete milhões de mortes por ano no mundo, o dobro do que se estimou em 2008. A OMS chegou a esta conclusão depois de revisar mais de mil estudos publicados em revistas científicas.

Enquanto no mundo há 3 bilhões de pessoas que cozinham ou esquentam seus alimentos em fogões abertos que emitem partículas nocivas, na Europa e nos países avançados o tráfego é a principal causa de poluição, sobretudo de NO2 e partículas finas, derivadas do diesel. Havia sido demonstrado que a exposição a elevados níveis de contaminação provoca doenças do coração, AVC, insuficiência respiratória e câncer, mas os efeitos são piores do que se pensava.

Por exemplo, até agora quase toda a mortalidade por câncer de pulmão era atribuída ao fumo. Esta continua sendo a principal causa e, de fato, um fumante tem 20 vezes mais possibilidades de sofrer deste tipo de tumor que alguém que não fuma. Mas a OMS calculou que, em 2010, a contaminação causou 223.000 mortes por câncer de pulmão. A questão é que a pessoa pode deixar de fumar, mas dificilmente deixa de respirar essas partículas se vive em uma cidade como Pequim, Tóquio, Madri ou Barcelona. Ou como Paris, que há algumas semanas chegou a tal nível de poluição ambiental que teve de proibir a circulação da metade da sua frota.

A Agência Europeia de Meio Ambiente calcula que, entre 2009 e 2011, 96% da população urbana da UE esteve exposta a concentrações de partículas finas superiores aos limites que a OMS considera toleráveis. E isto tem seus efeitos: a morte prematura de 400.000 pessoas ao ano. À luz destes dados e das novas provas científicas, não há dúvida de que as autoridades devem levar mais a sério a qualidade do ar que respiramos.

El País. Edição Brasil. 27 mar. 2014. Disponível em:


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