Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 2 mar. 2016. (Fragmento).

Boicininga: termo originário da língua tupi usado para designar a cobra cascavel.
Andirá-guaçu: termo usado para designar grandes morcegos encontrados nas Américas do Sul e Central.
Cuim: bebida preparada com uma espécie de farelo de arroz fermentado.
Sandeus: tolos, loucos.
Cauim: bebida indígena preparada com mandioca cozida e fermentada.
Preito: veneração, homenagem.
Bacanal: festa em que reina a devassidão; orgia.

5. No trecho transcrito, São Lourenço pergunta a Guaixará quem é ele. De que forma o demônio se caracteriza?

a) Guaixará é o rei dos diabos que desejam corromper a aldeia com pecados. De que maneira essa caracterização contribui para sugerir a natureza do demônio?

b) Ao ser questionado por São Lourenço, Guaixará revela o que deseja do povo da aldeia. Transcreva em seu caderno o trecho em que isso ocorre.

6. São Sebastião contradiz o diabo, quando este afirma que os índios lhe devem obediência. Qual o argumento utilizado pelo santo?

a) Segundo Guaixará e Aimbirê, São Sebastião está enganado a respeito dos indígenas. Por quê?

b) No final do trecho, São Lourenço parece concordar com a opinião de Guaixará sobre os índios. Explique.

c) De que forma o argumento utilizado por São Sebastião e o embate entre ele e o demônio sugerem a função religiosa e pedagógica desse auto?

7. Como você viu, esse auto foi escrito, originalmente, em três línguas: português, tupi e espanhol. Os versos em tupi são associados ao demônio. Observe também que os três diabos têm nomes indígenas.

> Considerando essas informações, explique de que maneira a escolha da língua falada pelos demônios e dos nomes dessas personagens acaba por reafirmar, de diferentes formas, a superioridade cultural e espiritual dos colonizadores.

Literatura e sociedade

Em 1549, Tomé de Sousa, governador-geral da colônia, chegou ao Brasil e estava autorizado a matar e escravizar os índios que resistissem ao domínio português. Na comitiva, veio o padre Manuel da Nóbrega.



> Com base nessas informações, discuta com seus colegas: o que as ações autorizadas por Portugal nessa data e o projeto de salvação dos indígenas pela fé católica declarado na Carta revelam a respeito dos interesses que guiaram o processo de colonização no período? Explique.
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Diálogos literários: presente e passado

Na atualidade, a sátira continua a ser um importante meio de denúncia dos comportamentos inadequados dos políticos, cuja função é zelar pelos interesses do povo que representam. Autores e artistas modernos e contemporâneos, em textos de diferentes gêneros discursivos (cartuns, charges, poemas, peças teatrais, etc.), criticam os desmandos e as posturas condenáveis daqueles que detêm o poder.

A sátira política nasceu na Antiguidade Clássica e inaugurou uma longa tradição. Entre os poetas que desenvolveram esse tema, destaca-se Juvenal, que criticou duramente a corrupção do Império Romano e a figura do imperador Tito Flávio Domiciano. No Arcadismo, Tomás Antônio Gonzaga, um dos líderes da Inconfidência Mineira, escreveu as Cartas Chilenas para ridicularizar o governador de Vila Rica, Luís da Cunha Meneses. O abolicionista romântico Luiz Gama também se insere nessa tradição, ao criticar a elite brasileira de forma irônica e violenta.

Como veremos no próximo capítulo, a poesia satírica também é uma das linhas que se destacam na literatura do Barroco, e Gregório de Matos será um dos autores do período a usar a sátira como uma arma para criticar os governantes de sua época.

Antes de mergulhar nesse movimento literário e compreender por que parte da obra desse autor se insere nessa tradição, veja como os textos apresentados a seguir, modernos e contemporâneos, ilustram algumas das manifestações da sátira política em diferentes gêneros e linguagens.

Dias Gomes e a caricatura do político brasileiro

O Bem-Amado

[…]


ODORICO — Quem ama a sua terra deseja nela descansar. Aqui, nesta cidade infeliz, ninguém pode realizar esse sonho, ninguém pode dormir o sono eterno no seio da terra em que nasceu. Isso está direito, minha gente?

TODOS — Está não!

ODORICO — Merecem os nossos mortos esse tratamento?

DOROTÉA E JUJU — Merecem não.

[…]


ODORICO(Já passando a um tom de discurso) Vejam este pobre homem: viveu quase oitenta anos neste lugar. Aqui nasceu, trabalhou, teve filhos, aqui terminou seus dias. Nunca se afastou daqui. Agora, em estado de defuntice compulsória, é obrigado a emigrar; pegam seu corpo e vão sepultar em terra estranha, no meio de gente estranha. Poderá ele dormir tranquilamente o sono eterno? Poderá sua alma alcançar a paz?

TODOS — Não. Claro que não.
Populares são atraídos pelo discurso de Odorico, que se empolga, sobe ao coreto.

ODORICO — Meus conterrâneos: vim de branco para ser mais claro. Esta cidade precisa ter um cemitério.

TODOS — Muito bem! Apoiado!

DOROTÉA — Uma cidade que não respeita seus mortos não pode ser respeitada pelos vivos!

ODORICO — Diz muito bem Dona Dorotéa Cajazeira, dedicada professora do nosso grupo escolar. É incrível que esta cidade, orgulho do nosso estado pela beleza de sua paisagem, por seu clima privilegiado, por sua água radioativa, pelo seu azeite-de-dendê, que é o melhor do mundo, até hoje ainda não tenha onde enterrar seus mortos. Esse prefeito que aí está...

DOROTÉA, DULCINÉA E JUJU — (Vaiam) Uuuuuuuu!

ODORICO — Esse prefeito que aí está, que fez até hoje para satisfazer o maior anseio do povo desta terra?

DIRCEU — Só pensa em construir hotéis para veranistas!

DULCINÉA — Engarrafar água para vender aos veranistas!

ODORICO — Tudo para veranistas, pessoas que vêm aqui passar um mês ou dois e voltam para suas terras, onde, com toda certeza, não falta um cemitério. Mas aqui também haverá! Aqui também haverá um cemitério!

JUJU(Grita histericamente) Queremos o nosso cemitério!

O objetivo da atividade proposta no final desta seção é levar o aluno à reflexão a respeito das diversas formas que a arte encontrou para retratar de maneira crítica a atuação dos políticos e poderosos em geral. Para isso, ele deve observar os textos, compreendendo que dois deles envolvem também elementos visuais. Depois, deve identificar o(s) aspecto(s) da vida política criticado(s) em cada um dos textos e a estratégia usada para construir a sátira. No texto de Dias Gomes, por exemplo, vemos a caricatura do político falastrão e suas promessas, as quais, ainda que tolas, acabam por seduzir a população. O poema visual de José Paulo Paes, por outro lado, faz uso do duplo sentido de uma placa de trânsito (referência ao bairro da Liberdade, em São Paulo, e ao substantivo liberdade) para ironizar o autoritarismo. O poema de Ishihara critica a corrupção e a impunidade, sugerindo um trocadilho entre “privado” e “privada” (o vaso sanitário), que seria o destino das CPIs. Por último, na charge de Rico, observa-se que as palavras escritas — que remetem à atividade em redes sociais (curtir, comentar e compartilhar) — estão associadas à imagem de políticos ou poderosos e passam a descrever ações ligadas à corrupção. É importante que os alunos percebam, com a atividade, que em todos os textos analisados a natureza das críticas permanece a mesma, com mudanças apenas na linguagem, e que a sátira política, em diferentes manifestações artísticas, tem a intenção de revelar de forma irônica e crítica a atividade dos políticos de um país.
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DOROTÉA, JUJU, DIRCEU E DULCINÉA — Queremos o cemitério! Queremos o cemitério!

ODORICO — E haveremos de tê-los. Cidadãos sucupiranos! Se eleito nas próximas eleições, meu primeiro ato como prefeito será ordenar a construção imediata do cemitério municipal.

TODOS(Aplausos) Muito bem! Muito bem!

(Uma faixa surge no meio do povo)
VOTE NUM HOMEM SÉRIO E GANHE SEU CEMITÉRIO

[…]


GOMES, Dias. O Bem-Amado. Disponível em:
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