Reis Química



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, acesso em 8 mar. 2016, nas quais vamos nos apoiar para discutir o projeto.

De acordo com Ausubel, a AS ocorre quando o novo conhecimento pode se ancorar em um conhecimento prévio, chamado de subsunçor, modificando-o ou especificando-o.

Por outro lado, quando o novo conhecimento não encontra um subsunçor na estrutura cognitiva, ocorre o que Ausubel chama de aprendizagem mecânica (AM).

Estrutura cognitiva

Aprendizagem

Recepção ou descoberta

Significativa Mecânica

Representação esquemática reduzida sobre o mecanismo de aquisição de conhecimento.

A produção audiovisual no ensino de Química pode dar oportunidades únicas em que a interdisciplinaridade, a contextualização e a problematização convirjam para um caminho que proporcione uma AS.

Neste cenário, o projeto Quimicurta tem como objetivo promover a construção do conhecimento químico através da produção audiovisual; neste caso, curta-metragens. Mas como fazer isso? Qual é o papel do professor nesse processo?

Primeiro é importante salientar que o Quimicurta faz parte de uma ação pedagógica no Ensino Médio do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (CAp- -UFPE) desde o ano de 2012, ou seja, é uma ação que de fato já se concretizou como ferramenta pedagógica. Vamos então socializar esta experiência exitosa e convidar você, professor, a experimentar e inovar na sua sala de aula, por meio desta prática que pode ser direcionada como uma atividade extraclasse.

Para iniciar este projeto, o grupo deve ficar ciente da importância do comprometimento com a atividade, e uma autorização do uso de imagem deve ser assinada pelos pais ou responsáveis dos estudantes menores de idade.

Na sala de aula, os estudantes devem ser divididos em grupos e, por meio de um sorteio, cada grupo deve receber um tema trabalhado nas aulas de Química para desenvolver seu curta-metragem.

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É muito importante que os estudantes desenvolvam seus curtas deslocando o tema químico para outro contexto, o que força a negociação de significados. Do ponto de vista pedagógico a negociação de significados propicia a interdisciplinaridade e a reflexão, tornando o processo de aprendizagem significativo.

Para acompanhamento do trabalho, já que é uma atividade extraclasse, sugerimos a criação de um grupo em rede social. Atualmente, as redes sociais podem desempenhar um papel muito importante e, quando bem utilizadas pelo professor, podem se tornar fortes aliadas no contexto educacional. Acompanhar os grupos pela rede social possibilita ao professor exercer uma nova forma de ensino, pois os materiais sobre o tema químico de cada grupo, como notícias de diversas mídias, podem ser disponibilizados e debatidos. Dessa forma, os estudantes se apropriam de novos contextos e desenvolvem novas articulações do conhecimento químico.

Além do acompanhamento dos grupos é importante estabelecer um cronograma para entrega de elementos importantes da ação. Antes dos estudantes gravarem as cenas é importante que eles construam um roteiro que contenha a ideia central do curta-metragem e a descrição das cenas e das falas dos personagens. É importante que o professor faça uma leitura do roteiro para verificar se os aspectos químicos estão realmente ligados ao contexto escolhido pelo grupo. Além disso, o professor pode contribuir com aspectos interdisciplinares.

Após a devolução do roteiro e possíveis correções, os estudantes podem começar as gravações, que podem ser feitas até mesmo com aparelhos celulares. Existem programas gratuitos, como o Viva Vídeo, que podem ser utilizados para gravar e editar cenas no próprio celular e com qualidade muito boa. A ideia é fazer algo simples, mas com a participação de todo o grupo. Os estudantes já nasceram na era digital, então não será difícil identificar as habilidades de cada componente do grupo.

Após as gravações vem a etapa de edição das imagens, na qual a narrativa é construída. Existem programas gratuitos de edição (indicadas no final do texto), cujos tutoriais estão disponíveis on-line. Uma boa busca na rede levará os grupos a programas incríveis. É importante salientar ainda que, caso os estudantes optem por utilizar músicas, estas sejam de domínio público, para que não ocorram problemas de direitos autorais.

Após a entrega dos curtas, que pode ocorrer por meio da gravação em DVD ou em pendrive, é importante que haja a socialização das produções por meio de uma exibição. A exibição pode ocorrer na sala de aula, só para os estudantes envolvidos ou em um espaço específico para outros elementos da comunidade escolar ou da instituição de ensino.

Além do acompanhamento dos grupos na rede social e do curta-metragem em si, a avaliação dos grupos pode ser realizada por meio da produção coletiva, que pode ser um texto que discorra sobre as cenas nas quais os conceitos químicos foram inseridos.

Apresentações orais, em que cada grupo apresenta as cenas e discute o tema químico, também são uma alternativa para socializar a concepção do curta-metragem do ponto de vista da Química.

Já sabemos que a produção audiovisual pode ser uma rica ferramenta pedagógica, mas como é possível realizar uma avaliação individual em uma produção em grupo? O acompanhamento de cada estudante na rede social pode dar uma dimensão mais ampliada de questões comportamentais e de relação interpessoal que com certeza poderia também ser um rico campo de estudos para os professores de outras áreas, como Filosofia ou Sociologia.

A partir dos conceitos da AS, Joseph Novak, disponível em , acesso em 8 mar. 2016, introduziu o uso de mapas conceituais como forma de representação das conexões de ideias sobre um determinado conhecimento na estrutura cognitiva. Assim, um conceito é ligado a outro conceito através de uma palavra de ligação. A tríade conceito-palavra de ligação-conceito forma uma proposição. Tais proposições, que partem de um conceito gerador ou palavra raiz, podem ser avaliadas e fornecem um espelho de como os conceitos vão sendo articulados, tornaram-se ou não mais elaborados ou se estão sendo especificados. Desta forma pode-se ter uma ideia das modificações dos conhecimentos prévios através dos novos conhecimentos adquiridos. No contexto escolar, a vantagem do uso de mapas conceituais é a possibilidade que o estudante tem de poder articular conhecimentos em rede, o que aproxima os conceitos que, por alguma razão, ficariam distantes.

Sendo assim, os mapas conceituais são um recurso de avaliação individual que pode ser utilizado para identificar o processo de construção do conhecimento químico trabalhado por cada grupo ou suas elaborações numa perspectiva da AS. Claro que os estudantes, antes de tudo, devem ter a oportunidade de trabalhar no desenvolvimento de bons mapas, e o exercício da técnica é o melhor caminho. Como sugestão, que se baseia na ação desenvolvida no Quimicurta, os estudantes podem construir os mapas conceituais em dois momentos: um antes da produção do curta-metragem e outro depois. Desta forma o professor poderá comparar as associações de significados antes e depois da produção do curta-metragem, além de entender o impacto que a ação promoveu do ponto de vista da construção do conhecimento químico.

Os mapas conceituais se baseiam na interligação de conceitos e, no caso do Quimicurta, a palavra geradora ou raiz é o tema químico utilizado na produção de cada curta- -metragem. Sendo assim, pode ser avaliada em cada mapa, entre outros critérios, a correta ligação entre os conceitos, sendo que, no mapa elaborado após a execução do curta- -metragem, pode-se avaliar também como a introdução de elementos relativos ao roteiro do curta-metragem se articulou com o tema químico.

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Esta visão propicia ao professor a compreensão de como cada estudante conseguiu avançar na construção do conhecimento do tema químico trabalhado, suas interligações e seus contextos. Esta prática promove reflexões mútuas e o rompimento da passividade do estudante no processo ensino-aprendizagem.

Para exemplificar vamos transcrever aqui a avaliação de dois mapas conceituais (um antes e um depois da produção do curta-metragem) desenvolvidos por um estudante do CAp- -UFPE. O nosso objetivo não é fazer uma análise profunda, mas sim mostrar, de maneira geral, como é possível avaliar a construção do conhecimento químico numa perspectiva da aprendizagem significativa por meio de mapas conceituais.

No mapa conceitual 1, apresentado a seguir, desenvolvido antes da produção do curta-metragem, a palavra geradora “reação com éster” anuncia qual foi o tema químico desenvolvido pelo estudante e seu grupo, e mostra que o estudante consegue identificar que as reações de esterificação e hidrólise ocorrem com substâncias que possuem o grupo éster. Provavelmente estes foram os conceitos desenvolvidos nas aulas de Química. Contudo a sequência “reação de esterificação → ácido → orgânico → carboxílico” nos mostra uma interligação muito simples das ideias. Não há neste mapa qualquer aplicação de reações que envolvam o grupo éster, contudo observa-se que proposições válidas foram relacionadas por meio da ligação dos conceitos por palavras de ligação. As palavras de ligação são importantes para a identificação correta do que o estudante quis expressar em seu instrumento. Devemos ter em mente que o mapa vai ser avaliado sem a presença do estudante e a clareza é fundamental para uma boa avaliação.



Mapa conceitual 1, desenvolvido individualmente antes da produção do curta.

Por outro lado, o mapa conceitual 2, construído após a elaboração do curta-metragem, é mais elaborado e mostra que novos conceitos modificaram os conhecimentos prévios. O estudante consegue manter seu raciocínio sobre a reação de esterificação, mas apresenta uma melhor organização de ideias.

O novo termo “transesterificação”, presente no mapa conceitual 2, evidencia a contribuição do curta-metragem nas novas articulações do conhecimento químico deste estudante. No curta-metragem, o grupo adicionou este tipo de reação no contexto da trama para tratar da problemática do biodiesel. O termo “biodiesel” aparece no mapa como uma aplicação da reação no cotidiano. Aliás, o estudante conecta ao termo “cotidiano” as reações com o grupo éster. Neste caso o conhecimento passou a ter um novo significado, muito mais abrangente, e a experiência vivida na produção do curta-metragem pode ter sido um fator determinante nesse processo.

O termo “sabão e produtos de limpeza” nos ajuda nesta compreensão, pois o curta-metragem produzido envolvia uma agência de publicidade que tinha como principal objetivo montar a melhor companha para um novo sabão líquido. Este termo parece substituir o termo “hidrólise”, empregado pelo estudante em seu primeiro mapa conceitual (1), ou seja, a reação de saponificação parece ter muito mais significado para o estudante.



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Do ponto de vista processual observa-se que o estudante, no mapa conceitual 2, passa a diferenciar progressivamente o conhecimento à medida que especifica as reações com o grupo éster; contudo, ao fazer a ligação cruzada entre “cotidiano → transesterificação”, a reconciliação de saberes, que é um processo mais complexo, pôde ser identificada. Só podemos avaliar se de fato ocorreu uma aprendizagem significativa em outros momentos da vida deste estudante, mas os resultados apresentam fortes indícios de que o conhecimento químico passou a ter um novo significado, muito mais rico. 



Mapa conceitual 2, elaborado depois da produção do curta.

Resultados muito similares foram encontrados em outros mapas analisados e em todos eles aparecem elementos dos roteiros utilizados nos curtas-metragens. Desta forma, se torna claro que a produção de curtas-metragens pelos estudantes fornece uma nova perspectiva para o ensino de Ciências, em especial para o ensino de Química. Neste cenário as Ciências Exatas e a Arte podem se complementar para a promoção de uma aprendizagem que faça mais sentido para o estudante.

O Quimicurta pode tomar uma dimensão ainda maior quando professores de outros componentes curriculares conseguem detectar, nos contextos criados nos curtas, oportunidades para realizarem discussões sobre diversas outras perspectivas.

No canal do Youtube Química CAp UFPE , acesso em 8 mar. 2016, são encontrados todos os curtas-metragens que foram produzidos pelos estudantes desde 2012. Professores de Química de todo o Brasil podem utilizar esses curtas como instrumentos didáticos para reflexões e discussões em sala de aula. O diferencial desses curtas-metragens é que, além de terem curta duração (até 15 minutos), são elaborados por estudantes do Ensino Médio que foram desafiados a construir contextos para temas químicos, dando movimento ao saber. Por exemplo, o curta-metragem A culpa é do tarô (2014), disponível em , acesso em 8 mar. 2016, descreve com uma dose de bom humor uma situação em que a utilização indevida da radioatividade promove uma série de eventos que não foram planejados. Esse curta-metragem pode ser utilizado, por exemplo, para estabelecer um paralelo entre os benefícios e malefícios da radioatividade, gerando a problematização que leva à promoção da criticidade, que é um fundamento importante do ensino do século XXI.



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Ações interdisciplinares também são possíveis, uma vez que os curtas-metragens propiciam um diálogo entre disciplinas para a compreensão de uma realidade criada pelos próprios estudantes e expressa nas cenas do curta-metragem.

O curta Gloob (2013), disponível em , acesso em 8 mar. 2016, apresenta vários conflitos que podem auxiliar na discussão da ética em um componente curricular como Sociologia, ao mesmo tempo que possibilita ao professor de Química trabalhar as reações de saponificação e transesterificação. Assim, é possível propiciar a interação entre disciplinas aparentemente distintas, de maneira complementar, que possibilita a formulação de um saber crítico-reflexivo.

A construção do conhecimento propiciada pelo desenvolvimento do projeto Quimicurta se reveste de grande relevância, uma vez que estudantes e professores tornam-se parceiros na jornada. A produção audiovisual acaba por transcender as questões imediatistas de aprendizado, melhorando os relacionamentos e como consequência a convivência humana. Este talvez seja o maior ganho que será levado para a vida inteira do estudante que participou de uma produção audiovisual para fins pedagógicos.



Sugestões de programas gratuitos para auxiliar no projeto

• Elaboração de roteiro: Celtx (http://celtx.br.uptodown. com/). Acesso em: 10 mar. 2016.

• Gravação e edição de vídeo para celular: Viva Vídeo (http:// vivavideodownload.com). Acesso em: 29 mar. 2016.

• Edição de vídeo: VSDC Free Video Editor – (30 MB).

• Edição de imagem: GIMP 2.8 – (86,1 MB).

• Edição de áudio: Audacity (http://audacity.sourceforge. net/). Acesso em: 10 mar. 2016.

• Músicas de domínio público: Free Music Archive (http:// freemusicarchive.org/). Acesso em: 10 mar. 2016.

Referências bibliográficas Quimicurta

BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9 394 de 20/12/96. São Paulo: Saraiva, 1997.

. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 1997.

. MEC. Programa Ensino Médio Inovador – documento orientador. Brasília, 2013.

MOREIRA, Marco Antônio. Aprendizagem significativa: da visão clássica à visão crítica. Disponível em: . Acesso em: 11 fev. 2016.

Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Disponível em: . Acesso em: 11 fev. 2016.

MORTIMER, E. F. O construtivismo, mudança conceitual e ensino de Ciências: para onde vamos? Revista Investigações em Ensino de Ciências, v. 1, n. 1, 1996.

OLIVEIRA, B. J. (Org.) História da Ciência no Cinema. UFMG, Belo Horizonte, Editora Argumentum, 2005.

PIETROBOM, Sandra R. G. A prática pedagógica e a construção do conhecimento científico. Práxis Educativa. Ponta Grossa, PR, v. 1, n. 2, p. 77-86, 2006.

9 Referências bibliográficas

ALARCãO, Isabel. Professores reflexivos em escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003.

ALMEIDA, Eduardo Santos e outros. A visão dos alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio sobre o profissional de Química. Disponível em: . Acesso em: 8 mar. 2013.

ALMEIDA, Elba Cristina S. e outros. Contextualização do ensino de Química: motivando alunos de Ensino Médio. Disponível em: . Acesso em: 8 mar. 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares do Ensino Médio. Disponível em:


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