UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período : Agosto/2015 a Fevereiro/2016
( X ) PARCIAL
( ) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: Mercados Interculturais: Práticas, linguagens e identidades em contextos amazônicos.
Nome do Orientador: Voyner Ravena Cañete
Titulação do Orientador: Doutora
Faculdade: Biologia
Instituto/Núcleo: Instituo de Ciências Biológicas – ICB
Laboratório:
Título do Plano de Trabalho:
“O açaí nosso de cada dia”: formas de consumo em feiras de Belém e Igarapé Miri (PA).
Nome do Bolsista: Flavio Henrique Souza Lobato
Tipo de Bolsa : ( ) PIBIC/ CNPq
( ) PIBIC/CNPq – AF
( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador
( X ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/UFPA – AF
( ) PIBIC/ INTERIOR
( )PIBIC/PARD
( ) PIBIC/PADRC
( ) PIBIC/FAPESPA
( ) PIBIC/ PIAD
( ) PIBIC/PIBIT
RESUMO DO RELATÓRIO ANTERIOR
Nos dois últimos ciclos de pesquisa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC (2013/2014 – 2014/2015), no âmbito do Projeto de Pesquisa Mercados interculturais: linguagens, práticas e identidades em contextos amazônicos (Edital Universal-CNPq 2013), a farinha foi o objeto de estudo do bolsista. Dentre os tantos elementos que fazem parte do mundo caboclo-ribeirinho e citadino amazônico, pois, a farinha de mandioca é um produto de destaque. É um alimento importante na subsistência das populações amazônicas, que cria e perfila relações socioeconômicas e culturais em diferentes espacialidades. As pesquisas buscaram descrever e analisar práticas que permeiam o universo cultural da farinha – produção, circulação, comercialização e consumo – bem como memórias e possíveis relações identitárias de vendedores e consumidores de farinha em portos/feiras do bairro do Guamá. Os procedimentos metodológicos utilizados partiram de uma abordagem quali-quantitativa, com pesquisas bibliográficas, documentais e de campo, por meio de aproximações etnográficas. Como técnicas de coleta de dados utilizou-se observações sistemáticas, registros fotográficos, conversas informais, aplicação de questionários e entrevistas com produtores, vendedores e consumidores de farinha, em Bragança e nas Feiras do Porto da Palha e da Farinha, Bairro do Guamá, Belém (PA). Os resultados obtidos mostram como produção, o transporte, a comercialização e o consumo da farinha ocorrem. Em outro ângulo, descrevem consequências dos reajustes intensos no preço da farinha, segundo os vendedores e consumidores das feiras foco de estudo. Nessa versão, contudo, a fim de ampliar as análises do projeto maior, a pesquisa debruçou-se sobre o açaí e suas formas de consumo em feiras em diferentes contextos socioculturais, mais especificamente na Feira da 25 de Setembro, em Belém, e na Feira do município de Igarapé Miri (PA).
INTRODUÇÃO
O presente estudo integra o Projeto de Pesquisa “Mercados interculturais: linguagens, práticas e identidades em contextos amazônicos”1 (Edital Universal-CNPq 2013), em que práticas econômicas presentes em portos, feiras e mercados são analisadas enquanto, também, socioculturais. Nesses espaços, pois, produtos e práticas que compõe o cotidiano amazônico (re)criam, manifestam e difundem códigos sociais, linguagens, valores, bem como, constroem relações de sociabilidade, de identidade, de parentesco, interétnicas e interculturais. Assim, no projeto, são realizadas aproximações etnográficas e conceituais sobre os fluxos, e os refluxos, de produtos – que se originam de comunidades ribeirinhas, populações tradicionais ou povos indígenas até portos, feiras e mercados do estado do Pará. As dinâmicas que orientam a organização social, econômica, ambiental e cultural desses grupos, a importância conferida a estes produtos, as formas de consumo, bem como, as relações, de diferentes ordens, que se (re)constroem por esses lugares, e em seus interstícios, são, igualmente, objetos de estudo do projeto.
Nesse sentido, no universo alimentar caboclo-ribeirinho e citadino amazônico, o açaí figura como um dos principais ícones da alimentação do paraense (SIMONIAN, 2007). Para se ter uma dimensão da importância do fruto, Vedoveto e Bauch (2009) sinalizam o estado do Pará lidera a produção e o consumo do açaí em todo o mundo. De aproveitamento integral, o açaí é consumido/utilizado de diversas formas: no caso da massa que encobre a dimensão do caroço, esta é consumida como suco, sorvete, picolé, doces, sobremesas e, em sua forma mais tradicional, polpa só ou acompanhada da farinha de mandioca e de outros gêneros alimentícios; o caroço, por outro lado, é frequentemente utilizado para o plantio de novos açaizais2, como adubo natural e até para a purificação de água (PONTE, 2013).
O consumo do açaí no estado do Pará, no Brasil e no mundo afora, desponta para além de uma prática alimentar cultural presente, sobretudo, no modo de vida das famílias ribeirinhas e citadinas do norte do país. Seu consumo acentuado na contemporaneidade é reflexo de diversos estudos que versaram sobre suas as propriedades químicas, que revelaram a sua riqueza nutricional e capacidade de combater agentes maléficos ao organismo, bem como, de prevenir doenças de ordem cardíacas, por exemplo (ROGEZ, 2000; COHEN et al, 2006). Atrelada a sua riqueza nutricional, sua “fama” foi fomentada em novelas exibidas em tevê aberta, passando, o açaí, por um processo de supervalorização. Em face disto, uma acentuada produção extrativista em diversos interiores do estado do Pará e, por conseguinte, exportação e comercialização em feiras, mercados e supermercados de todo o mundo se estabeleceu.
Com efeito, novos modos de consumo e alimentação do açaí, assim, nasceram, se reproduziram e vêm redesenhando-se, se reinventando, de acordo com a cultura em que ele chegou. Esse cenário forjou mudanças até mesmo nas suas tradicionais formas de comercialização e consumo, visto que aqueles que consumiam o açaí apenas acompanhado da farinha passaram a buscar experimentar este misturado ou acompanhado de outros alimentos ofertados pelo mercado. Todo esse destaque de produção e de exportação intensa, contudo, implicou no preço médio do açaí, que sofreu frequentes e elevadas alterações, afetando diretamente as formas de consumo, notadamente, das populações com hipossuficiência financeira – chegando até mesmo a apresentar certa dificuldade para manter-se o status de paraense autêntico, de papa chibé (CORRÊA, 2010). Tais altas criaram, ainda, muitos espaços de consumo sofisticados, elitizados,”gourmetizados”, do açaí em diversas cidades do estado, do Brasil e do mundo.
Diante desse panorama, este trabalho visa identificar como se estabelecem atualmente as diferentes formas de consumo do açaí, quais as suas importâncias e como estas se manifestam e desenham-se em diferentes contextos (rural e urbano, produção e consumo), mais especificamente em feiras de Belém e Igarapé Miri (PA).
JUSTIFICATIVA
O açaí compreende um produto que ultrapassa a essência alimentar, a subsistência, de populações que vivem na (e da) Amazônia. É um gênero de grande valoração econômica e cultural, tendo em vista que contribui com a renda de muitas famílias e ajuda a compor e perpetuar o valioso etnoconhecimento amazônico, bem como contribui na (re)construção de relações sociais, interculturais, identitárias (PONTE, 2013). Consoante Sales (2014), o açaí que chega nas feiras ou nos mercados ajuda a compor um complexo mercado econômico-cultural, que conecta e possibilita trocas entre as ruralidades e as urbanidades (SOUZA, 2010) – entre os diferentes agentes envolta da produção e do consumo do açaí –, através dos rios ou das estradas (LEFEBVRE 1991; SAHLINS, 1997).
No campo teórico conceitual, este vem sendo, comumente, estudado sob diferentes ângulos de análises. Corrêa (2014) em uma revisão bibliográfica sinaliza que este já foi alvo de pesquisas, sobretudo, acerca da extração e manejo de açaizeiros; do aproveitamento integral do fruto e das árvores; da formação de novos produtos a partir do açaí ou de misturas com outros produtos; de melhoras em termos de produtividade, de propriedades químicas; de suas utilizações para as indústrias de alimentos e farmacêutica, etc, abordando de forma indireta e/ou correlacionada ao modo de vida de comunidades amazônicas. No entanto, no que concerne ao estudo do consumo do açaí no campo cultural, socioantropológico, são poucos os estudos que se debruçam, como a relevante tese de Romero Ximenes Ponte (2013), que analisa o açaí em diferentes dimensões. Nessa concepção, é importante esclarecer que a antropologia ao analisar o consumo/a alimentação, de conformidade com Travancas (200?, s. p.), não está apenas preocupada com os produtos, os gêneros comercializados ou consumidos, mas sim com os significados que são conferidos pelos grupos sociais a estes. Para a autora em tela, “O consumo pede uma reflexão mais sistemática que possibilite desvendar os seus significados culturais. Afinal, é inegável que ele se tornou um fenômeno cultural em nossas sociedades contemporâneas” (TRAVANCAS, 200?, s. p.). Concebeu-se, ao longo do tempo, uma rede complexa de simbologias e representatividades subjetivas e culturais aos produtos que se consome.
Nesse cenário, a relevância em estudar as formas de consumo do açaí acentua-se no fato de que este, enquanto elemento inerente ao cotidiano paraense, cria e perfila relações socioeconômicas e culturais plurais em diferentes espacialidades (GUIMARÃES, 1999). Ao passar por um processo crescente de supervalorização (CORRÊA, 2014), o “ouro negro” amazônico tem criado novas formas de consumo/alimentação e até mesmo de relações, de sociabilidades, de identidades. Espaços como ocorrendo em feiras e mercados não têm resistido com facilidade desses processos, visto que já é possível notar um intenso processo de sofisticação, elitização ou “gourmetização” do produto, na Feira da 25 de Setembro, por exemplo.
Diante dessa conjuntura, é, em demasiado, interessante investigar como vem se estabelecendo, nas feiras, as formas de consumo do açaí e suas diferentes relações nos modos de vida rural e urbano amazônida-paraenses. Como foco do estudo escolheu-se a Feira da 25 de Março, localizada no bairro do Marco, Belém (PA) e a Feira da cidade de Igarapé Miri (PA), tais escolhas residem no fato de que, respectivamente: uma representa um contexto de consumo popular, sua localização ser estratégica na cidade de Belém e por apresentar estar passando por um processo de sofisticação significativo (SOUSA; RODRIGUES, 2014), já sendo considerada por muitos “a feira de ricos”; a outra por apresentar um emblemático consumo tradicional de açaí e por, principalmente, figurar a feira da cidade que mais produz açaí em todo o estado do Pará, sendo considera a capital mundial do açaí.
Destarte, a partir dos resultados alcançados com a pesquisa realizada para a construção deste estudo, espera-se contribuir com o campo de estudos ao qual a temática abordada neste estudo vincula-se, levantar a importância da discussão do tema e oferecer aos novos pesquisadores e a sociedade em geral uma referência bibliográfica inovadora que poderá servir de embasamento teórico para a continuidade de outras pesquisas no Projeto de Pesquisa Mercados Interculturais, na Faculdade de Ciências Sociais, no Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da UFPA ou em outros Projetos, Programas, Núcleos de pesquisa da UFPA e de outras Instituições de ensino e pesquisa do Brasil, seja por intermédio da mesma ou de novas abordagens.
OBJETIVOS: Houve mudanças nos objetivos propostos, ocorrendo a ampliação da pesquisa e o foco passou a ser as formas de consumo do açaí.
Geral
Identificar como se estabelecem atualmente as diferentes formas de consumo do açaí e como elas se manifestam e desenham em diferentes contextos (rural e urbano, produção e consumo), mais especificamente em feiras de Belém e Igarapé Miri (PA)
Específicos
-
Mostrar as diferentes formas de consumo do açaí em feiras de Belém e Igarapé Miri (PA) e suas relações: semelhanças e diferenças
-
Identificar as prováveis sociabilidades que se expressam em torno do consumo do açaí nos dois municípios.
-
Compreender importância do açaí e das formas de consumo entre os consumidores das duas cidades.
FEIRA, O CORAÇÃO CULTURAL DA CIDADE
De origem latina, a etimologia do verbete feira, feria, compreende “dia de festa” (LEITÃO, 2010). Partindo dessa compreensão, e sob uma perspectiva histórica, nota-se que as feiras estiveram presentes nas mais diversas civilizações que habitaram a terra: asteca, grega, romana, árabe, etc. Entrementes, muito antes dessas civilizações, em diversos momentos bíblicos, por exemplo, feiras e mercados são mencionados – como na passagem em que Jesus expulsa diversos mercadores que estavam fazendo da casa de seu pai um verdadeiro mercado. Os diversos autores que debruçam seus estudos nas feiras, no entanto, majoritariamente, defendem que as primeiras feiras originaram-se no século IX, na Europa, sendo responsáveis pelo abastecimento local (PIRENNE, 1936 apud SATO, 2007) ou ainda na Idade Média (MOTT, 2000).
No ínterim do Feudalismo, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de técnicas e ferramentas forjou uma nova dinâmica de trabalho, mais facilitada e intensa, que possibilitou o aumento da produção em escala acentuada, passando o excesso a ser trocado nas feiras (GONÇALVES; ABDALA, 2013) – trocado, pois, estava-se em uma sociedade amonetária. Porém, as feiras despontam mesmo com a revolução comercial ocorrida no século XI, onde novas feiras e novos mercados passaram a ser organizados, e inclusive oficializados, visando garantir o abastecimento local (ALMEIDA, 2009). Max Weber (1979) assinala, nesse sentido, que as feiras foram responsáveis pelo aparecimento de várias províncias, cidades, vilas e povoados. Do mesmo modo, elas, no desenvolver das atividades comerciais, fomentaram a abertura de estradas, que permitiram, por sua vez, o intercâmbio e uma maior comunicação entre diferentes sítios, pessoas e produtos.
Nesse período, as feiras ocorriam no embalo de festas ou festejos religiosos, onde mercadores se reuniam e trocavam inúmeros produtos, bem como, relações econômicas, políticas, sociais e culturais se (re)construíam (SANTOS; RODRIGUES, 2013). De Lacerda Badaró (2008) salienta que as feiras eram, na verdade, grandes eventos ocorridos durante o ínterim dos séculos XIII e XIV, que reuniram grandes multidões para se desfazerem, trocarem ou adquirirem mercadorias, passearem ou apenas entreterem-se ao admirar tais eventos. Desde essa época, porquanto, as feiras já se caracterizam como lugares de troca, em suas múltiplas concepções, de sociabilidades, de festas, de alegria e, sobretudo, espaços de cultura.
Autores como Mott (2000) e Matos (2012) assinalam que no Brasil a gênese das feiras trata-se de uma herança cultural dos portugueses. Estas emergem entre o transcorrer dos séculos XVII e XVIII, com o advento do exponencial crescimento populacional e da diversidade econômica, incentivados pelo domínio e proteção da colônia contra possíveis invasores, tendo a função social de abastecer, nomeadamente, os moradores que passariam a ocupar o “vazio demográfico” brasileiro ou, em outro panorama, daqueles que buscaram, na cidade grande, novas e melhores oportunidades de vida. Lobato e Ravena-Cañete (2015, p. 248) interpretam a formação dessas feiras enquanto “oportunidades de emprego e geração de renda para pessoas menos favorecidas”, em especial, àquelas advindas dos interiores, que estavam na cidade em busca de melhores condições de vida.
Na Amazônia, especificamente no estado do Pará, o aparecimento das feiras pode ser observado em, pelo menos, dois distintos contextos. No primeiro, as feiras e rios têm uma relação umbilical. Rios, furos, igarapés, baías (as águas) foram e são os canais de comunicação entre pequenas cidades, comunidades, vilas, povoados, etc., logo, historicamente, estes conceberam as primeiras relações comerciais (MEDEIROS, 2010), seja transportando os alimentos que abasteceriam às cidades, seja na busca por destes. Nessa época, muitos dos locais de encontro entre produtos e consumidores, os portos ou trapiches, foram conferidos, espontaneamente, como o palco do surgimento das feiras.
De outro lado, em um contexto urbano, as feiras nascem como reflexo da criação de mercados nas cidades do século XX, dada a preocupação com o abastecimento local, por estas estarem perpassando por um contínuo processo de crescimento horizontal: provocado pelo êxodo rural. Em Belém, Antônio Lemos, à época Intendente da cidade, por meio da construção de pequenos mercados, promoveu a oferta de gêneros alimentícios, a um baixo preço, como uma medida de abastecimento das áreas periféricas da cidade, sobretudo – dada as suas constantes expansões. Envoltas aos mercados, é onde surgem as primeiras feiras livres, nas vias públicas, como uma espécie de oferta alternativa (MEDEIROS, 2009), um mercado informal cultural que se expandiu, concebendo teias de relações por entre ruas, vielas, avenidas e passagens das cidades.
A conjuntura contemporânea permite analisar que o abastecimento local, ademais às oportunidades de trabalho e renda, é claro, figuram os principais motivos de criação, desenvolvimento e fixação de feiras e mercados. Nessa direção, Sato (2007) sinaliza que, à época de sua pesquisa, no Brasil, havia aproximadamente 40 mil pessoas trabalhando diretamente, nesses espaços, isso sem estimar os postos de trabalho informal. Tais espaços, sob esse prisma, forjam uma economia popular, onde se troca, dá, recebe, compra, retribui e\ou vende gêneros alimentícios, roupas e confecções, artigos e inúmeros outros elementos de diferentes ordens.
Essas práticas, porém, têm um sentido multifaceto, para além do dinheiro-produto, da negociação (num prisma econômico) (FREITAS, 2006). Neles, transeuntes, produtores, vendedores e compradores, segundo Vargas (2001), concebem um jogo de trocas (e apropriações) de histórias e estórias, de personagens, de relações, de identidades, de sociabilidades, de interculturalidades. No contexto amazônico, nesse sentido, portos-feiras e mercados, ao longo dos anos, materializaram-se, de acordo com Lobato (2014, p. 9), enquanto “espaços, em si mesmos, de mudança, de liminaridade, de conexão entre os mundos rural e urbano, por intermédio de sua dinâmica célere e sua capacidade de aglutinar agentes sociais, mercadorias, práticas e saberes”. Tais intercâmbios, desse modo, acabam por formar lugares de recíproca e profícua influência, entre o mundo rural e o urbano, em que tanto os feirantes, quanto produtores de comunidades de onde advém os produtos a serem comercializados (SOUSA; RODRIGUES, 2014), assim como, os consumidores são afetados – seja por intermédio de práticas culturais plurais, seja mediante comportamentos complexos inerentes à subjetividade humana, que, em certa medida, o permeiam. Esse processo de trocas, de apropriações, de transformações, por sua vez, se entre nutrem, geram e reproduzem, para além das tradicionais, inovadoras práticas que contemplam a vida urbana (CARNEIRO, 2000; VEDANA, 2013).
No entanto, processos globalizantes modernos, que influenciam e condicionam a vida urbana contemporânea, passaram a introjetar nas cidades supermercados, shopping centers, grandes armazéns, de supermercados, espaços criados para competir com as feiras (GONÇALVES; ABDALA, 2013). Esses espaços trazem uma alternativa ao consumidor, que oferecem conforto, segurança, modernas formas de armazenamento, de comercialização, de higiene, de oferta e, sobretudo, de preços (MOTT, 2000), que, em certa medida, ameaçaram feiras e mercados, porém, não conseguiram findar seus funcionamentos. Diante desse cenário, e ainda sob o viés da “cidade da ordem”, da lógica capitalista – que “pressupõe um novo ritmo, uma nova forma de organizar pessoas e espaços, a partir da produção de novos objetos técnicos recheados de intencionalidades” (MEDEIROS, 2010, p. 32) – diversas feiras e mercados no Brasil, e na Amazônia, passaram por reconfigurações estruturais, verdadeiras “assepsias” sociais, sanitaristas e higiênicas, com o discurso de garantir a qualidade da comercialização dos produtos nesses espaços. Contudo, paralelamente, houve substanciais modificações nas dinâmicas de relações, de venda, no cotidiano e na vida, na cultura das/nas feiras e mercados.
Mesmo assim, ainda que tenham incorporado, e incorporem, componentes da vida moderna, feiras e mercados exercem resistência ante esses processos globalizantes, salvaguardando e nutrindo, por vezes, traços da vida cotidiana tradicional (LOPES; VASCONCELOS, 2010). Porquanto, nesses lugares, de maneira bem mais expressiva e “pura”, ainda é possível olhar, respirar, sentir, saborear, tocar e ouvir cultura em essência (LOBATO, 2014; LOBATO. RAVENA-CAÑETE, 2015), pois “a ‘modernidade’ ainda não conseguiu lograr maiores oportunidade de expansão“ neles (MEDEIROS, 2010, p. 29). Fato que muito dificilmente ocorre áreas mais centrais da urbe tendo em vista que as novas dinâmicas modernas já exercem dominância. Empregando a concepção de resiliência para esta realidade, observa-se a existência de um processo de “resiliência cultural”. Há, pois, uma capacidade de resistência às dinâmicas forjadas por choques culturais, em direção à preservação do modo de vida, da cultura. Em outras palavras, muitas práticas culturais, códigos e significados são mantidos ou pouco sofrem interferências das influências de uma cultura externa (BARROS, 1997). Esse processo, consoante Lobato (2014, p. 5), ocorre por esses compreenderem espaços “onde a lógica célere da ruralidade/simplicidade/autenticidade ainda se manifesta com grande fervor”, (re)produzindo continuamente cultura.
Porquanto, feiras e mercados são, em verdade, um conglomerado de elementos que compõem e representam culturalidades. Nesses ambientes, estão exibidos saberes, fazeres, crenças, costumes ou outra qualquer prática, signo ou código concebido e/ou apropriado pelo individuo em/de seu grupo social (TYLOR, 2005; LARAIA, 2001), enfim, expõe-se cultura. Dessa acepção, tais espaços representam verdadeiros palcos:
[...] de produção, reprodução, (re)afirmação e exposição das práticas culturais de um determinado grupo. Afinal, o que é comercializado nesses espaços é fruto, na totalidade ou em parte, de práticas artesanais – as quais, quase sempre, estão embutidas significações, códigos, linguagens, etc –, que expõem, de acordo com o olhar do observador, os mais singulares e, ao mesmo tempo, mais comuns aspectos culturais que representam uma dada coletividade (LOBATO; RAVENA-CAÑETE, 2015, p. 244-245).
De sua vez, Medeiros (2010, p. 39) pondera feiras e mercados:
Como espaços caracterizados pela rica e complexidade cotidianidade estruturada ao longo do tempo, são verdadeiros celeiros de vozes, olhares, sons, cheiros e cores que animam o lado “simples” da cidade, o lado daqueles que fazem desse espaço, um espaço de vida e ao, mesmo tempo, de possibilidades múltiplas de viver, aprender, construir, solidarizar e re(ex)sistir.
Metaforicamente, a cidade urbana pode ser comparada a um grande corpo humano. Dentre os órgãos que a compõe, a feira representaria o coração. O sangue bombeado pelo coração, que dá vida ao corpo e o percorre, seria a cultura – composta por uma rede de elementos de diferentes ordens, e com especificas funções: saberes, fazeres, crenças, costumes, identidades, sociabilidades, etc. Nesse jogo de alusões, a feira bombeia cultura pelas veias que compreendem a cidade. A cultura (sangue) que traz vida à cidade (ao corpo) é, também, produzida nas feiras, esta, continuamente, nutre e é nutrida pela cidade. Destarte, feiras e mercados, são, em essências, os corações culturais das cidades.
CONSUMO/ALIMENTAÇÃO E SUAS FORMAS.
Roberto DaMatta, em “O que faz o Brasil, Brasil?”, (1986, p. 46) já postulava,
(...) nem tudo que alimenta é sempre bom ou socialmente aceitável. Do mesmo modo, nem tudo que é alimento é comida. Alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva; comida é tudo que se come com prazer (...). Em outras palavras, o alimento é como uma grande moldura; mas a comida é o quadro, aquilo que foi valorizado e escolhido dentre os alimentos; aquilo que deve ser visto e saboreado com os olhos e depois com a boca, o nariz, a boa companhia e, finalmente, a barriga (...). O alimento é algo universal e geral. Algo que diz respeito a todos os seres humanos: amigos ou inimigos, gente de perto ou de longe, da rua ou da casa (...). Por outro lado, comida se refere a algo costumeiro e sadio, alguma coisa que ajuda a estabelecer uma identidade, definindo, por isso mesmo, um grupo, classe ou pessoa (...). Temos então o alimento e temos comida. Comida não é apenas uma substância alimentar, mas é também um modo, um estilo e um jeito de alimentar-se (...). A comida vale tanto para indicar uma operação universal – ato de alimentar-se – quanto para definir e marcar identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer, estar e viver.
Comida ou alimento, seja como for. O consumo de líquidos e de sólidos é uma prática que está muito além de uma necessidade eminentemente biológica, de uma condicionante sine qua non para a sobrevivência de animais e, de certa forma, vegetais. Compreende, em verdade, de conformidade com Maciel (2005, p. 49), “um sistema simbólico em que códigos sociais estão presentes atuando no estabelecimento de relações dos homens entre si e com a natureza”. Travancas (200-?, s. p.) pondera esse pensamento ao discorrer que as pessoas não tão somente compram porque precisam se alimentar, “não compram apenas porque precisam ou o único valor dos bens é comercial”, existe uma teia complexa de valores, de significados envoltas à compra, à venda e ao consumo. Come-se sim para alimentar-se, porém, “comemos qualquer coisa? Todas as culturas escolhem os mesmos alimentos, elaboram pratos idênticos a partir deles? Não é o que ocorre” (TRAVANCAS, 200-?, s. p.).
Consoante DaMatta (1986, p. 43), para além disso, existe um universo de complexidades e subjetividades simbólicas que tangem a comida. Ao passo que esta possui a capacidade de envolver e estimular diversas sinestesias que comumente se encontram separadas no corpo humano, como: a gustativa, “que distingue o salgado do doce e do amargo; o gostoso do péssimo; o quente do frio”; a de odores “que permite separar dos outros o alimento que tem bom cheiro e está sadio e bom”, a visual “que nos faz comer ou não algum aumento com os olhos, ou recusá-lo por sua aparência, tendo ou não ‘olho maior do que a barriga’” e a digestiva, “posto que no Brasil também classificamos os alimentos por sua capacidade de permitir ou não uma digestão fácil e agradável”. Os hábitos que estão, intrínseca e extrinsecamente, atrelados à alimentação, ou o consumo, são, porquanto, “fenômenos socioculturais [e subjetivos] historicamente construídos pela humanidade e, que variam conforme a cultura, condições geográficas, convenções sociais e acúmulos de experiências” (BARBOSA, 2012, p. 1). De tal forma que, Lifschitz (1995 apud BARBOSA, 2012, p. 10) discorre que “As práticas alimentares cada vez mais definem identidades que estabelecem recortes [parâmetros] sociais entre o mesmo e o outro”. Desse modo, o consumo é uma prática cotidiana que construída e emanada de uma cultura forjada, historicamente, por diferentes signos, valores, códigos e linguagens.
Destarte, a cultura de cada sociedade é quem legitima os paradigmas de consumo a serem seguidos pelos indivíduos que dela fazem parte. Os hábitos alimentares podem ser definidos como escolhas de ”consumo de alimentos por um indivíduo, ou grupo, em resposta a influências fisiológicas, psicológicas, culturais e sociais” , são elementos que ajudam a construir a “existência de um povo”, a formar uma cultura e ajudar a identificá-la como tal (DUTRA, 2001 apud LEONARDO, 2009). Nessa concepção, convém pontuar que dentro de um grupo social pode existir pequenas diferenças quanto às formas e/ou padrões de consumo de um mesmo produto. Ademais, a alimentação/o consumo, e suas formas, enquanto um dos frutos da cultura, como ela, são dinâmicas. Transformam-se. Reinventam-se continuamente. Dessa sorte, os hábitos alimentares ao serem compreendidos enquanto, também, componentes identitários, acabam desenhando variações, distinções sociais e culturais (BARBOSA, 2012).
Mintz (2001), sob esta ótica, assinala ainda que “todos sabemos que os franceses supostamente comem rãs e caracóis; os chineses, arroz e soja; e os italianos, macarrão e pizza”. Do mesmo modo como Roberto DaMatta fala do tradicional feijão com arroz brasileiro. Na região Amazônia, sobretudo no estado do Pará, o açaí com farinha de mandioca, “exprime a sociedade” amazônida, a sociedade caboclo-ribeirinha, a sociedade papa chibé. “Combinando o sólido com o líquido, o negro com o branco e resultando numa combinação que gera um prato de síntese, representativo de um estilo” ribeirinho de ser e “de comer: uma culinária relacional que, por sua vez, expressa uma sociedade relacional”. “Comida do cotidiano, a combinação” açaí com farinha “transforma-se em um prato que possui um sentido unificador, sendo assim alçado a símbolo” regional: o pirão de açaí (DAMATTA, 1987 apud MACIEL, 2005, p. 51). Dessa maneira, Mintz (2001) aponta para o fato das comidas serem “associadas a povos em particular, e muitas delas são consideradas (...) nacionais, lidamos frequentemente com questões relativas à identidade”. Por isso, por vezes, “Reagimos aos hábitos alimentares de outras pessoas, quem quer que sejam elas, da mesma forma que elas reagem aos nossos”.
Nesse sentido, Mintz (2001, p. 31) assinala que as atitudes, ações, percepções e acepções que permeiam à comida e/ou à alimentação, “são normalmente aprendidas cedo e bem”. Aprende-se a “comer [como e de que forma deve-se] todos os dias, durante toda nossa vida; crescemos em lugares específicos, cercados também de pessoas com hábitos e crenças [alimentares] particulares”. Logo, aquilo que é empreendido ao longo da formação sobre comida nada mais é: do que práticas culturais pertencentes ao grupo social ao qual se faz parte, que historicamente foram ensinadas, apreendidas e transformadas, que ajudam na composição da identidade do mesmo.
Aprofundando a discussão, Lévi-Strauss (2004) observa o consumo como um ritual. Para o autor, os rituais, nesse contexto, caracterizam-se como maneiras de efetuar e cultivar relações socioculturais entre indivíduos, sendo também, formas de distanciamento. Noutros termos, as formas de consumo são agentes de aproximação, de identificação e ao mesmo tempo de exclusão para com determinado grupo social. No cenário paraense, aquele que tem o consumo do açaí, e outros elementos de destaque da culinária do estado, como uma prática social cotidiana, se aproxima mais do que é ser paraense em essência, do que é ser papá chibé “por natureza” Parafraseando a metáfora de Descartes (1596-1650 apud TRAVANCAS, 200-?, s. p.), é como se: “consumo, logo existo”, como açaí todo dia, logo sou do Pará. Ou ainda, "dize-me o que comes e te direi quem és" (BRILLAT-SAVARIN apud MACIEL, 2005, p. 50), diz-me que comes açaí com farinha todo dia e te direi tu és papa chibé.
Dessa maneira, ao produzir, ao comercializar ou ao apreciar o açaí, o paraense não está apenas desempenhando uma função social (trabalhando) ou sanando uma necessidade fisiológica (alimentando-se), mas sim, ratificando uma prática cultural, presente e pertencente ao seu cotidiano, que o caracteriza e o identifica, por vezes (LOBATO, 2015). O universo cultural em que o indivíduo foi gestado corrobora para a existência de pequenas, ou não, diferenças nas formas de consumo. Isto é, as formas de consumo do açaí de cabloco-ribeirinhos difere-se, por vezes, das dos citadinos paraenses. Nos contextos rural e urbano e em seus interstícios, assim, é possível observar uma rica pluralidade de semelhanças e diferenças de aspectos culturais. Identificar as múltiplas formas de consumo do açaí nesses contextos é o que visa o presente trabalho.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Uma pesquisa, de conformidade com Minayo (1994, p. 26), se efetiva por intermédio de “um processo de trabalho em espiral que começa com uma pergunta e termina com um produto provisório capaz de dar origem a novas interrogações”. Antes, contudo, de se chegar a esse produto, é primacial adotar uma metodologia passível de alcançar os objetivos traçados. Sobre metodologia, Dencker (1998) a compreende enquanto ciência que constrói abordagens, modelos, métodos e/ou ferramentas que possibilitam abstrair informações de uma realidade a ser confirmada ou refutada.
Ainda de acordo com a autora em tela, nesse sentido, o método se configura como uma maneira ordenada de proceder a um estudo, por meio da execução de atividades previamente definidas. As técnicas de pesquisa, por outro lado, servem para colher informações de uma realidade, a fim de identificar, analisar, diagnosticar e prognosticar respostas às problemáticas pesquisadas (DENCKER, 1998). Com isso, entende-se que os procedimentos metodológicos: os métodos e as técnicas de pesquisa são de sumária importância para descoberta de valores, caminhos e meios eficazes de compreensão e análise de uma dada realidade. Porquanto, a construção do conhecimento se estabelece a partir de embasamentos epistemológicos pré-existentes, definição de um método e aplicação de técnicas (SEVERINO, 2007).
Para buscar atingir o objetivo proposto, o caminho metodológico construído inicia-se por uma abordagem qualitativa, com pesquisas bibliográficas, documentais e em campo. Empregando como técnicas de pesquisas e instrumentos de coleta de dados, observações diretas in lócus (Feira de Igarapé Miri e Feira da 25 de Setembro, Belém (PA)), registros fotográficos, conversas informais e aplicação de entrevistas com feirantes e consumidores de açaí. A finalização da metodologia, o tratamento e interpretação de dados, permitirão compreender, certamente, questões interessantes, aos olhos do autor e dos interlocutores, a respeito das formas de consumo do açaí na atualidade em contextos socioculturais diferentes. Por ora, pôde-se mostrar que as feiras e as formas de consumo possuem relações inerentes com a cultura de um grupo, são, em verdade, concessões culturais. E como tais se reinventam, reestabelecem ou resiliam-se de forma constante diariamente.
Ao longo da pesquisa de campo pretende-se entrevistar o maior número possíveis de feirantes vendedores de açaí nessas feiras e, pelo menos, vinte (20) consumidores em cada uma delas. Tais entrevistas buscarão capturar saberes e percepções desses agentes sociais e, sobretudo, as formas de consumo de açaí, importância conferida a esse produto.
Os conhecimentos até aqui construídos, conteúdos trabalhados, dados e interpretações iniciais da pesquisa, foram expostos, debatidos e discutidos com pesquisadores do Projeto de Pesquisa Mercados Interculturais, discentes dos cursos de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante o III Seminário Mercados Populares em Belém e durante a participação e conclusão da disciplina Antropologia Econômica ministrada pelos Professores(as): Dr. Rodrigo Peixoto, Drª Carmem Izabel Rodrigues e Drª. Voyner Ravena-Cañete, a fim de – a partir de opiniões, contribuições, sugestões, direcionamentos, críticas e considerações – desenvolver e amadurecer o trabalho. Levando-se em consideração que “todo conhecimento se desenvolve socialmente” (TOMAZI, 2007, p. 6).
CONCLUSÃO:
A pesquisa até o momento permite compreender que as feiras são, em essência, locais de cultura. São lugares que reúnem, produzem, reproduzem e expressam sob a dinâmica diária diferentes símbolos, códigos e valores que expressam e caracterizam uma sociedade. O consumo, na mesma direção, é mais um fruto de um conjunto de interculturalidades que foram historicamente forjadas. E dependendo do grupo, assim como a cultura, este certamente irá se diferenciar, como ocorre com o açaí em diferentes lugares. Espera-se aqui conseguir identificar, mapear e mostrar tais variações nas formas de consumo e/ou alimentação.
Atividades a serem desenvolvidas nos próximos meses
Com base no cronograma de atividades definido no plano de trabalho desta pesquisa (Quadro 1), os próximos meses continuar-se-á a pesquisa bibliográfica, a pesquisa dados primários (entrevistas), a sistematização e tratamento dos dados e a confecção do relatório final.
Quadro 1: Cronograma de atividades3
ATIVIDADES
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Meses
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1
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3
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Pesquisa bibliográfica
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Pesquisa dados secundários
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Pesquisa dados primários (entrevistas)
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X
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Sistematização e tratamento de dados
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Confecção de relatório parcial
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Confecção de relatório final
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X
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Os procedimentos metodológicos aplicados e a serem realizados, após o tratamento e a sistematização dos dados, permitirão o alcance de resultados que serão apresentados por meio de descrições, depoimentos, representações em forma de figuras, gráficos e fluxogramas que permitirão identificar, visualizar e efetuar uma contextualização, análise e comparação acerca das formas de consumo do açaí na Feira de Igarapé Miri e na Feira da 25 de Setembro, Belém (PA).
Pretende-se apresentar novos resultados e as discussões nas seguintes seções:
AÇAÍ: O OURO NEGRO AMAZÔNICO
O CONSUMO DO AÇAÍ NA FEIRA DE IGARAPÉ MIRI (PA)
O CONSUMO DO AÇAÍ NA FEIRA DA 25 DE MARÇO, BELÉM (PA)
ALGUMAS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS DE CONSUMO DO AÇAÍ NO PARÁ.
PUBLICAÇÕES:
Apresentação de trabalho
1 – Seminário Internacional América Latina (SIALAT) – “A viagem da farinha”: de Bragança a Belém, da vida rural à vida urbana papa-chibé. 2015
2 - XXVI Seminário de Iniciação Científica da UFPA.
“De onde vem a farinha do meu prato?”: da produção ao consumo papa-chibé.
Link do evento: < >.
3 - III Seminário Mercados Populares em Belém.
“De onde vem a farinha do meu prato?”: da produção ao consumo papa chibé. 2015.
Resumos publicados em eventos nacionais
1 - LOBATO, F. H. S. ; RAVENA-CANETE, V. “De onde vem a farinha do meu prato?”: da produção ao consumo papa-chibé. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPA, 26, 2015, Belém. Resumos... PROPESP/UFPA, 2015. v. 26.
Artigo completo publicado em anais de eventos
2 - LOBATO, F. H. S. “A viagem da farinha”: de Bragança a Belém, da vida rural à vida urbana papa-chibé. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL AMÉRICA LATINA (SIALAT). 2015 Anais... Belém, 2015.
Participações em cursos, minicursos e disciplinas.
1 - O bolsista, na condição de aluno especial, cursou a disciplina Antropologia Econômica, ministrada pelos Professores(as): Dr. Rodrigo Peixoto, Drª Carmem Izabel Rodrigues e Drª. Voyner Ravena-Cañete, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), 2015.
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DIFICULDADES - Relacionar os principais fatores negativos que interferiram na execução do projeto.
PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento das atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso.
O presente relatório está de acordo com o cronograma planejado inicialmente no plano de trabalho apresentado pelo aluno, enfatizando a importância do tema para os estudos antropológicos relacionados ao consumo e hábitos alimentares dos paraenses.
DATA: 29/02/2016
_________________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
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ASSINATURA DO ALUNO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição.
FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO :
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O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas?
A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho?
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Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos propostos?
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O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo?
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Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório
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Parecer Final:
Aprovado ( )
Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou recomendações)
Reprovado ( )
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Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________
Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.
Data : _____/____/_____.
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Assinatura do(a) Avaliador(a)
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