Agravantes nas áreas de tensão
As diversas áreas de tensão existentes hoje, no mundo, apresentam condições que vão favorecer ou agravar uma situação delicada ou que se encontram no limite do estado de conflito. A seguir, citamos algumas dessas condições.
Falência de Estado
Do ponto de vista jurídico, é impossível um Estado falir, porque ele não é uma entidade econômica nem uma empresa.
No entanto, quando a sua estrutura administrativa é incapaz de assegurar um controle eficiente do território e a violência explode por todos os lados e de todas as formas, podemos dizer que estamos diante de um Estado falido.
A insegurança gerada por essa situação apresenta características como: alto crescimento demográfico, grave crise econômica, altos índices de criminalidade, fracas instituições públicas, alto índice de corrupção e aguda violação dos direitos humanos.
LEGENDA: Refugiados e migrantes em Idomeni, Grécia, fronteira com a Macedônia, em 2015.
FONTE: Tasos Markou/Corbis/Latinstock
A presença de grupos paramilitares que dominam parte do território e a situação caótica do país favorecem a eclosão de guerras civis e a proliferação de grupos terroristas.
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Pirataria
Um problema grave e de abrangência internacional é a pirataria, ato que promove ataques a navios para roubo de carga ou sequestro de reféns, principalmente no oceano Índico. Inúmeros barcos pesqueiros, navios de carga ou cruzeiros de lazer têm sido vítimas desses piratas do século XXI.
Outras áreas críticas de ação desses piratas são o estreito de Málaca, o golfo de Áden, o golfo de Bengala, o golfo da Guiné, bem como o litoral da Tanzânia, das ilhas Maldivas e das Seychelles.
Sobre esse assunto, leia o texto a seguir.
Boxe complementar:
Pirataria no Sudeste Asiático
O Sudeste da Ásia substituiu a Somália como a capital da pirataria no mundo
Depois de uma iniciativa internacional que diminuiu o ataque de piratas nos mares da Somália, o Sudeste da Ásia resgatou sua antiga reputação de capital da pirataria no mundo.
Nessa região, os sequestros acontecem notadamente no estreito que separa Cingapura e a Malásia da Indonésia, rota de passagem de cerca de um terço do comércio marítimo mundial.
Segundo o International Maritime Bureau, em 2014, quinze navios foram atacados por piratas, um número bem superior ao do ano anterior. Nos últimos seis meses nove navios foram vítimas de sequestros. Esses incidentes são o sintoma mais alarmante do aumento da pirataria na região, desde pequenos furtos nos portos a roubos mais audaciosos no mar.
Há dez anos os países do Sudeste da Ásia conseguiram reprimir a atividade dos piratas, graças em parte à ação coordenada do patrulha mento naval no estreito de Málaca, na costa sudoeste da Malásia. Mas, desde então, os incidentes recentes ocorreram perto de Cingapura, onde os canais com movimento intenso permitem que os piratas se escondam sem dificuldade; o mesmo acontece na área sudoeste mais selvagem e escondida do mar da China meridional.
Ao contrário dos piratas somalis, que sequestravam a tripulação para depois negociar o resgate e, com frequência, também raptavam o navio, os piratas do Sudeste Asiático querem roubar petróleo, óleo de palma e produtos químicos de pequenos navios-petroleiros mais lentos e quase sempre liberam o navio e a tripulação assim que terminam a pilhagem.
OPINIÃO & NOTÍCIA. Disponível em: www.opiniaoenoticia.com.br/internacional/pirataria-no-sudeste-asiatico/. Acesso em: 24 nov. 2015. (Adaptado).
Fim do complemento.
Separatismo
O nacionalismo separatista é uma das principais causas de conflitos no mundo. O desejo de soberania, de ter seu próprio território e administrar seu próprio destino leva comunidades nacionais que vivem em um Estado-Nação, governado por outro povo que não é o seu, a lutar.
As reivindicações separatistas podem ser feitas por meio de conflitos ou de forma pacífica. Em relação aos conflitos, há alguns grupos que já depuseram as armas e assinaram acordos de paz com os governos de seus países, como os guerrilheiros tâmeis, do norte do Sri Lanka, a Frente Moro Islâmica de Libertação Nacional, das Filipinas, e o Pátria Basca e Liberdade (ETA), do país basco, na Espanha. O Exército Republicano Irlandês (IRA), grupo terrorista da Irlanda do Norte, iniciou, em 2001, o processo de desarmamento, renunciou ao terrorismo e em 2005 anunciou o fim da luta armada. Contudo, em 2012, três dos quatro dissidentes do IRA que se opõem ao processo de paz anunciaram a criação de um novo IRA, com o objetivo de prosseguir a luta armada, fato que pode pôr em risco o processo de paz. São eles: Ira Autêntico, Ação Republicana contra as Drogas (Raad) e os Soldados ou Guerreiros da Irlanda.
LEGENDA: Encontro inédito na história recente do Reino Unido: um aperto de mãos entre a rainha Elisabeth II e o ex-líder e guerrilheiro do IRA Martin McGuiness, selando o fim dos ataques terroristas e da luta armada do grupo. Foto de 2012.
FONTE: Paulo Faith/Agência France-Presse
Entre as regiões que pretendem uma separação pacífica, podemos citar a província separatista de Quebec, de colonização francesa, no Canadá, e o movimento separatista na Bélgica.
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Na Bélgica, o poder econômico concentra-se sobretudo na região de Flandres, no norte do território, cuja população, de idioma flamengo, representa 58% do total do país. É essa parcela que reivindica a separação da porção sul do território, a Valônia, região onde predomina a língua francesa e cuja economia é mais frágil.
Em 2014, a Escócia rejeitou, em consulta popular, a sua separação do Reino Unido. A Espanha não deu o mesmo direito de escolha à sua Comunidade Autônoma Catalunha, que quer se separar e procura outra alternativa para fazê-lo.
Terrorismo
Uma das formas de manifestação de alguns grupos separatistas e de todo tipo de extremistas em defesa de sua causa é o terrorismo, tipo de ação que tem sido responsável pela morte de milhares de inocentes.
A "causa" defendida pelos terroristas geralmente é de natureza política ou religiosa. Durante muitos anos, o grupo separatista basco ETA aterrorizou a Espanha e a França com seus violentos atentados a fim de chamar a atenção para a causa de sua independência. Hoje esse grupo já assinou a deposição das armas. Outros têm motivação religiosa, como as organizações extremistas islâmicas e os hoje inativos tâmeis, do Sri Lanka, na Ásia. Muitas vezes, as duas modalidades se confundem na ação de grupos que defendem uma causa política e se apresentam sob a bandeira de uma religião. Nesse caso, podemos incluir o IRA, que já foi um ativo grupo católico da Irlanda do Norte, ou os muçulmanos da Caxemira, na Índia, e da Chechênia, no sul da Rússia.
Não existe um conceito internacional do que sejam organizações terroristas. Elas existem em várias partes do mundo e são assim consideradas por utilizarem o terror na luta por seus ideais: explosão de bombas (homens-bomba, mulheres-bomba, carros-bomba) em lugares públicos de grande movimento, ou sequestro de pessoas e de meios de transporte, como ônibus de turistas, navios e aviões.
Terrorismo islâmico
O terrorismo é uma das formas de manifestação do fundamentalismo islâmico, do qual falaremos mais detidamente no próximo capítulo. Os atentados realizados pelos grupos jihadistas têm como objetivo atingir o modo de vida e os costumes do Ocidente representados por países como os Estados Unidos e por membros da União Europeia, que interferem e enviam tropas para evitar os conflitos nos países do Oriente Médio.
Em alguns países que adotam a religião muçulmana, os grupos terroristas islâmicos causam inúmeros problemas aos governantes e à população local. Entre esses países podemos citar: Sudão, Líbia, Argélia, Egito, Palestina, Iêmen, Quênia, Mali e Iraque. Há também países, como Irã, Síria e Afeganistão, que são acusados pelos Estados Unidos de abrigar e proteger terroristas.
LEGENDA: A mais recente expressão de terrorismo islâmico ou jihadista é o grupo autodenominado Estado Islâmico, que será tratado no próximo capítulo. Na foto, pessoas homenageando as vítimas do atentado à casa de shows Bataclan, em Paris, na França, no dia 13 de novembro de 2015.
FONTE: Hristo Rusev/Corbis/Latinstock
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