Fédon (a imortalidade da alma)


participar em grau diferente da harm onia, ou sem pre o fará na m esm a



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participar em grau diferente da harm onia, ou sem pre o fará na m esm a
proporção?
Na m esm a.
Sendo assim , a alm a, um a vez que não será isso m esm o, alm a, nem m ais
nem m enos, do que outra, tam bém não poderá ser m ais ou m enos harm onizada.
Exato.
Donde vem que não participará em grau m aior nem da harm onia nem da
desarm onia.
Não, de fato.
Nessas condições, ainda, com o poderia um a alm a participar em grau m aior
ou m enor do que outra, da virtude ou do vício, se o vício for desarm onia e a
virtude, harm onia?
Não é possível.
Logo, Sím ias, se bem considerarm os, nunca a alm a poderá participar do
vício, se ela for, de fato, harm onia, pois a harm onia, evidentem ente, sendo
sem pre de m aneira perfeita o que é, a saber, harm onia, não participará da
desarm onia.
Não, de fato.
Com o não poderá a alm a, por ser totalm ente alm a, participar do vício.


Com o o poderia, de acordo com o que dissem os antes?
Com o decorrência, portanto, de nosso argum ento anterior, as alm as de todos
os seres vivos são igualm ente boas, se forem , por natureza, igualm ente alm as.
É tam bém o que eu penso, Sócrates, respondeu.
E parecer-te-ia tam bém certa a explicação, continuou, e que nosso
argum ento viria a parar nisso, se fosse verdadeira a hipótese de que a alm a é
harm onia?
De form a algum a, respondeu.
XLII - E agora, falou, de tudo o que há no hom em , não dirás ser a alm a,
j ustam ente, que dom ina, m áxim e quando dotada de prudência?
É o que diria, sem dúvida.
De que m odo: condescendendo com os apetites do corpo ou, de preferência,
opondo- lhes resistência? O que digo é o seguinte: se o corpo sente calor ou sede,
ela o puxa para trás, para não beber, e se tem fom e, para não com er, e num a
infinidade de situações com o essa vem os a alm a opor-se às paixões do corpo. Ou
não?
Perfeitam ente.
Por outro lado, não adm itim os antes que, no caso de ser harm onia, nunca
poderia ficar a alm a em dissonância com as tensões, os relaxam entos e as
vibrações de seus elem entos com ponentes, e que, pelo contrário, ela sem pre os
seguiria, sem nunca dirigi-los?
Adm itim os isso, por que não?
E agora? O que verificam os não é que ela faz precisam ente o contrário,
dirigindo todos os elem entos de que a im aginam os com posta, opondo-se-lhes em
quase tudo durante a vida inteira e dom inando-os de m il m odos, às vezes por
m eio de castigos violentos e dolorosos, do âm bito da ginástica e da m edicina, às
vezes por m eios suasórios, com am eaças ou adm oestações, em franco diálogo
com os apetites, as cóleras e os tem ores? É com o im agina Hom ero isso m esm o
na Odisséia quando diz que Odisseu.
Bate, indignado, no peito e a si próprio desta arte se exprim e:
Sê, coração, paciente, pois vida m ais baixa e m esquinha j á suportaste.
Pensas, então, que, ao com por essa passagem , ele considerava a alm a um a
espécie de harm onia, capaz de ser dirigida pelas disposições do corpo, ou o
contrário, própria para dirigi-lo e dom iná-lo, por ser algo, j ustam ente, m uito m ais
divino do que um a sim ples harm onia?
Por Zeus, Sócrates, é tam bém o que eu penso.
Por conseguinte, m eu caro, de j eito nenhum ficará bem para nós afirm ar que
a alm a é um a espécie de harm onia. Pois desse m odo, ao que parece, não nos
poríam os nem de acordo com Hom ero, o divino poeta, nem m esm o conosco.
É m uito certo, disse.
XLIV - Muito bem , falou Sócrates; tudo indica que Harm onia, a divindade
tebana, j á se nos tornou propícia. E agora, Cebete, continuou, de que j eito


aplacarem os Cadm o, e com que argum entos?
Tenho certeza de que tu m esm o os encontrarás falou Cebete. Tua
argum entação a respeito da harm onia foi notável; ultrapassou de m uito m inha
expectativa. Quando Sím ias te opôs suas dificuldades, eu tinha quase certeza que
não seria possível refutar a teoria por ele apresentada. Daí m inha grande
surpresa, por ver que ela não resistiu ao prim eiro assalto da tua. Nada m e
adm iraria, por conseguinte, se acontecesse a m esm a coisa com o argum ento de
Cadm o.
Não fales dem ais, caro am igo, interpelou-o Sócrates, para que algum m au-
olhado não venha desarticular nosso próxim o discurso. Porém deixem os isso a
cargo da divindade; o que nos com pete é congregar esforços, com o aconselha
Hom ero, para ver o que disseste tem algum valor. Resum e-se no seguinte o que
procuras: Exiges provas de que nossa alm a é im perecível e im ortal, para que o
filósofo que estej a no ponto de m orrer se encoraj e e acredite que depois da
m orte se sentirá m uito m elhor no outro m undo do que se vivesse de m aneira
diferente até o fim , e não se m ostre coraj oso por m odo estulto e irracional. A
dem onstração de que a alm a é algo forte e sem elhante à divindade, e que existia
antes de nos tornam os hom ens, não im pede, segundo disseste, que tudo isso não
prova que ela sej a m ortal, m as tão-som ente que é relativam ente durável e que
antes poderá ter vivido algures um tem po indefinido e aprendido e praticado
m uita coisa. Mas nem por isso será im ortal. Seu ingresso no corpo poderá ser o
com eço de sua própria destruição, um a espécie de doença. Assim , cansada de
carregar o fardo desta vida, acabará por desaparecer no que denom inam os
m orte Conform e dizes, é indiferente ingressar ela no corpo um a só vez ou m uitas,
no que respeite ao m edo que todos nós m anifestam os. Aliás, j ustifica-se esse
m edo, a m enos que se trate de pessoa insensata, por não estarm os em condições
de dem onstrar que a alm a é im ortal. Esse é, m ais ou m enos, Cebete, o sentido de
tuas palavras. De caso pensado, insisto no m esm o argum entos, para que não nos
escape nenhum a particularidade e possas, caso queiras, acrescentar ou tirar
algum a coisa.
Ao que Cebete respondeu: Por enquanto, nada tenho a acrescentar ou a
retirar; foi isso m esm o que eu disse.
XLV - Durante algum tem po Sócrates se conservou calado, com o se
refletisse a sós consigo. Depois continuou: O problem a com que te ocupas,
Cebete, é de sum a im portância; precisarem os investigar a fundo a natureza do
nascim ento e da m orte. Se ter parecer, vou contar-te o que se passou com igo
nesse particular. Depois, se achares o que eu disser de algum a utilidade para
reforçar a tua tese, podes utilizá-los com o bem entenderes.
Não desej o outra coisa, falou Cebete.
Então, ouve o que passo a relatar-te. O fato, Cebete, é quando eu era m oço
sentia-m e tom ado do desej o irresistível de adquirir esse conhecim ento a que dão
o nom e de História Natural. Afigurava-se-m e, realm ente, m aravilhoso conhecer
a causa de tudo, o porquê do nascim ento e da m orte de cada coisa, e a razão de
existirem . Vezes sem conta m e punha a refletir em todos os sentidos,


inicialm ente a respeito de questões com o a seguinte: Será quando o calor e o frio
passam por um a espécie de ferm entação, conform e alguns afirm am , que se
form am os anim ais? É por m eio do sangue que pensam os? Ou do ar? Ou do fogo?
Ou nada disso estará certo, vindo a ser o cérebro que dá origem às sensações da
vista, do ouvido e do olfato, das quais surgiria a m em ória e a opinião, e, da
m em ória e da opinião, um a vez, tornadas calm as, nasceria o conhecim ento? De
seguida, ocupei-m e com a corrupção das coisas e com as m odificações do céu e
da terra, para chegar à conclusão de que nada de proveitoso se tirava de m inha
inaptidão para considerações dessa natureza. Vou dar-te um a prova eloquente
disso m esm o. Para as coisas que, segundo m eu próprio parecer e de outras
pessoas, eu conhecia bem , a tal ponto m e deixaram cego sem elhantes
especulações, que cheguei a desaprender até m esm o o que antes eu presum ia
conhecer, entre outras, por exem plo, por que o hom em cresce. Até então, eu
im aginava ser evidente para toda gente que o hom em cre3sce porque com e e
bebe; pois quando, pela alim entação, a carne se j unta à carne e o osso ao osso, e,
sem pre de acordo com o m esm o processo, as dem ais partes do corpo são
acrescidas de elem entos afins, a m assa que antes era pequena se torna volum osa,
do que resulta ficar grande o hom em pequeno. Era assim que eu pensava. Não te
parece razoável?
Sem dúvida, falou Cebete.
Reflete tam bém no seguinte: Sem pre considerei suficiente, quando alguém
parecia alto ao lado de outra pessoa de pequena estatura, dizer que a ultrapassava
de um a cabeça, o m esm o acontecendo com um cavalo em confronto com o
outro. Mais claram ente, ainda: o núm ero dez se m e afigurava m aior do que o
núm ero oito por aj untar-se dois a este últim o, com o o cúbito duplo seria m aior do
que o sim ples por ultrapassá-lo de m etade.
E agora, perguntou Cebete, com o te parece?
Com o estou longe, por Zeus, continuou, de im aginar que conheço a causa de
tudo isso! Pois nunca chego a com preender, no caso de acrescentar um a unidade
a outra, se é a unidade a que esta últim a foi acrescentada que se tornou duas, ou
se foi a acrescentada, j untam ente com a prim eira, que ficaram duas, pelo fato
de um a ter sido acrescentada à outra. Não podia entender que, estando
separadas, cada um a era um a unidade, não duas, e que o fato de ficarem j untas
foi a causa de se tornarem duas, a saber, por terem sido postas lado a lado. Do
m esm o m odo, não conseguia convencer-m e de ser essa a causa de tornar-se
duas a unidade, a saber: a divisão. Seria precisam ente o oposto do que antes nos
ensej ara duas unidades: naquela ocasião, foi isso conseguido por se aproxim arem
as duas e ficarem lado a lado; agora, porém , a causa foi a separação e o
afastam ento delas duas. Assim , tam bém , não acredito saber com o se gera a
unidade, nem , para dizer tudo, com o nasce ou m orre ou existe sej a o que for, a
aceitarm os o princípio desse m étodo. Prefiro arriscar-m e noutra direção; esse
cam inho não m e serve.
XLVI - Ao ouvir, porém , certa vez alguém ler num livro de Anaxágora -
segundo dizia - que a m ente é organizadora e causa de tudo, fiquei satisfeitíssim o
com sem elhante causa, por parecer-m e de algum m odo, m uito certo que a


m ente fosse a causa de tudo, tendo im aginado que, a ser assim m esm o, com o
coordenadora do Universo, a m ente disporia cada coisa particular pela m elhor
m aneira possível. Se alguém quisesse explicar a causa de com o algum a coisa
nasce ou m orre ou existe, teria apenas de descobrir qual é a m elhor m aneira
para ela de existir, sofrer ou produzir sej a o que for. Segundo esse critério, só o
que im porta ao hom em considerar, tanto em relação a si m esm o com o a tudo o
m ais, é o m odo m elhor e m ais perfeito. Desse j eito, ficaria necessariam ente
conhecendo o pior, por am bos serem obj eto do m esm o conhecim ento. Depois
dessas reflexões, alegrei-m e ao pensar que havia encontrado em Anaxágoras um
professor da causa das coisas com o havia m uito eu desej ava, que com eçaria por
dizer-m e se a Terra é chata ou redonda, e depois m e explicaria a causa e a
necessidade dessa form a, recorrendo sem pre ao princípio do m elhor, com
dem onstrar que para a Terra era m elhor m esm o ser assim . No caso de dizer que
a Terra se encontra no centro, explicaria porque m otivo é m elhor para ela ficar
no centro. Se ele m e dem onstrasse esse ponto, decidir-m e-ia, de um a vez por
todas, a não procurar outra espécie de causa. O m esm o faria com relação ao Sol,
à Lua, e aos outros astros, no que diz respeito à sua velocidade relativa, o ponto de
conversão e dem ais acidente a que estão suj eitos, bem com o a razão de ser
m elhor para cada um deles fazer o que fazem ou sofrer o que sofrem . Um
m om ento sequer não podia adm itir que, depois de afirm ar que tudo está
ordenado pela m ente, indicasse outra causa que não a de ser m elhor para tudo
proceder com o procedem . Ao atribuir um a causa particular a cada coisa e ao
conj unto, estava certo de que no m esm o ponto dem onstraria o que para cada um
era m elhor e em que consistia para todos o bem com um . Por nada do m undo
abriria m ão dessa esperança. Por isso, havendo tom ado do livro com
sofreguidão, li-o de um fôlego, para poder ficar conhecendo, o m ais depressa
possível, tanto o m elhor com o pior.
XLVII - Porém , não dem orei, com panheiro, a cair do alto dessa m aravilhosa
expectativa, ao prosseguir na leitura e verificar que o nosso hom em não recorria
à m ente para nada, nem a qualquer outra causa para a explicação da ordem
natural das coisas, senão só o ar, ao éter, à água, e um a infinidade m ais de causas
extravagantes. Quis parecer-m e que com ele acontecia com o com quem
com eçasse por declarar que tudo o que Sócrates faz é determ inado pela
inteligência, para depois, ao tentar apresentar a causa de cada um dos m eus atos,
afirm ar, de início, que a razão de encontrar- m e sentado agora neste lugar é ter o
corpo com posto de ossos e m úsculos, por serem os ossos duros e separados uns
dos outros pelas articulações, e os m úsculos de tal m odo constituídos que podem
contrair-se ou relaxar-se, e por cobrirem os ossos, j untam ente com a carne e a
pele que os envolvem . Sendo m óveis os ossos em suas articulações, pela
contração ou relaxam ento dos m úsculos fico em condições de dobrar neste
m om ento os m em bros, razão de estar agora sentado aqui com as pernas
flectidas. A m esm a coisa se daria, se a respeito de nossa conversação indicasse
com o causa a voz, o ar, os sons, e m il outras particularidades do m esm o tipo,
porém se esquecesse de m encionar as verdadeiras causas, a saber: pelo fato de
haverem acordado os Atenienses em condenar-m e, pareceu-m e, tam bém ,


m elhor ficar sentado aqui, e m ais j usto subm eter-se neste local à pena com inada.
Sim , é isso, pelo cão! Pois de m uito, quero crer, este m úsculos e estes ossos
estariam em Mégara ou entre o Beócios, m ovidos pela idéia do m elhor, se não
m e parecesse m uito m ais j usto e belo, em vez de evadir-m e e fugir, subm eter-
m e à pena que a cidade m e im pusera. É o cúm ulo do absurdo dar o nom e de
causa a sem elhantes coisas. Se alguém dissesse que sem ossos e m úsculos e tudo
o m ais que tenho no corpo eu não seria capaz de pôr em prática nenhum a
resolução, só falaria verdade. Porém afirm ar que é por causa disso que eu faço o
que eu faço, e que, assim procedendo, m e valho da inteligência, porém não em
virtude da escolha do m elhor, é levar ao extrem o a im precisão da linguagem e
revelar-se incapaz de com preender que um a coisa é a verdadeira causa, e outra,
m uito diferente, aquilo que sem a causa j am ais poderá ser causa. A m eu
parecer, é j ustam ente isso o que faz a m aioria dos hom ens, com o que a tatear
nas trevas, em pregando um term o im próprio e o designando com o causa. Daí,
envolver um deles a Terra num turbilhão e deixá-la im óvel debaixo do céu,
enquanto outro a concebe à m aneira de um a gam ela larga, que tem com o
suporte o ar. Quanto à potência que determ inou a atual disposição das coisas pela
m elhor m aneira, nem a procuram nem concebem que sej a dotada de algum
poder superior, por se j ulgarem capazes de encontrar algum Atlante m ais forte e
m ais im ortal do que ela, para m anter coeso o conj unto das coisas. Mas que o
bem , de fato, e a necessidade abarquem e liguem todas as coisas, é o que não
adm item de nenhum m odo. De m inha parte, para ficar sabendo com o atua
sem elhante causa, de m uito bom grado m e faria discípulo de quem quer que
fosse. Mas, um a vez que não a conheço nem m e acho em condições de descobri-
Ia por m im próprio nem de aprender com outros o que ela sej a: queres que te
faça um a descrição com pleta, Cebete, de com o em preendi o segundo roteiro de
navegação para a investigação da causa?
Não há o que eu m ais desej e, respondeu.
XLVIII - De seguida, continuou, j á cansado de considerar as coisas, houve
que era preciso precatar-m e para não acontecer com igo o que se dá com as
pessoas que observam e contem plam o Sol quando há eclipse: por vezes perdem
a vista, se não olham apenas para a im agem dele na água ou nalgum m eio
sem elhante. Pensei nessa possibilidade e receei ficar com alm a inteiram ente
cega, se fixasse os olhos nas coisas e procurasse alcançá-las por m eio de um dos
sentidos. Pareceu- m e aconselhável acolher-m e ao pensam ento, para nele
contem plar a verdadeira natureza das coisas. É m uito provável que m inha
com paração claudique um pouco, pois estou longe de adm itir que quem
considera as coisas por m eio do pensam ento só contem ple suas im agens, o que
não se dá com que as vê na realidade. De qualquer m odo, m eu cam inho foi esse.
Em cada caso particular, parto sem pre do princípio que se m e afigura m ais forte,
considerando verdadeiro o que com ele concorda, ou se trate de causas ou do que
for, e com o falso o que não afina com ele. Vou expor-te com m aior clareza
m inha m aneira de pensar, pois quer parecer-m e que não a apreendeste m uito
bem .
Não m uito, por Zeus, respondeu Cebete.


XLIX - No entanto, prosseguiu, o que eu digo não é novo, m as o que sem pre
afirm ei, tanto noutras ocasiões com o em nossa argum entação recente. Vou
tentar m ostrar-te a natureza da causa por m im estudada, voltando a tratar daquilo
m esm o de que tenho falado toda a vida, para, de saída, adm itir que existe o belo
em si, e o bem , e o grande, e tudo o m ais da m esm a espécie. Se m e aceitares
esse ponto e concordares que existem , tenho esperança de m ostrar-te a causa e
provar a im ortalidade da alm a.
Adm ite que j á concedi tudo, falou Cebete, para não atrasares ainda m ais tua
exposição.
Então, considera o que se segue, continuou, para ver se estás de acordo
com igo. O que m e parece é que se existe algo belo além do belo em si, só poderá
ser belo por participar do belo em si. O m esm o afirm o de tudo o m ais. Adm ites
essa espécie de causa?
Adm ito, respondeu.
Então, j á não com preendo, continuou, as outras causas, de pura erudição,
nem consigo explicá-las. E se, para j ustificar a beleza de algum a coisa, alguém
m e falar de sua cor brilhante, ou da form a, ou do que quer que sej a, deixo tudo o
m ais de lado, que só contribui para atrapalhar-m e, e m e atenho única e
sim plesm ente, talvez m esm o com um a boa dose de ingenuidade, ao m eu ponto
de vista, a saber, que nada m ais a deixa bela senão tão só a presença ou
com unicação daquela beleza em sim , qualquer que sej a o m eio ou cam inho de
se lhe acrescentar. De tudo o m ais não faço grande cabedal; o que digo é que é
pela beleza em si que as coisas belas são belas. Na m inha opinião, essa é a
m aneira m ais certa de responder, tanto a m im m esm o com o aos outros.
Firm ando-m e nessa posição, tenho certeza de não vir a cair e de que tanto eu
com o qualquer pessoa em idênticas circunstâncias poderá responder com
segurança que é pela beleza que as coisas belas são belas. Não te parece?
Sem dúvida.
Com o é por m eio da grandeza que o grande é grande e o m aior é m aior, e
pelo da pequenez que o pequeno é pequeno.
Certo.
Logo, tam bém não concordarias com que dissesse que um hom em é m aior
do que outro um a cabeça, nem que é m enor é tam bém um a cabeça m enor do
que o prim eiro, porém persistirias na defesa de tua proposição, de que na tua
m aneira de pensar tudo o que é grande só pode ser grande por causa da
grandeza, nada m ais, sendo esta, a grandeza, que deixa grandes as coisas, com o o
pequeno só será pequeno por causa da pequenez, vindo a ser isto m esm o, a
pequenez, que deixa pequeno o pequeno, de m edo, quero crer, no caso de
afirm ares que um hom em é m aior ou m enor do que o outro um a cabeça, que
pudesse alguém obj etar-te, prim eiro, que é pela m esm a coisa que o m aior é
m aior e o m enor é m enor; depois, que, sendo pequena a cabeça, é por m eio dela
que o m aior é m aior, verdadeiro disparate: vir a ser alguém grande por causa do
que é pequeno. Não te arreceias disso?
Sem dúvida, respondeu rindo Cebete.


Com o tam bém recearias dizer, continuou, que dez e dois m ais do que oito,
sendo essa a razão de ultrapassá-lo, não pela quantidade e por causa da
quantidade, com o o cúbito m aior é um a m etade m aior do que o sim ples, não por
causa da grandeza. O perigo é o m esm o.
Perfeitam ente, respondeu.
E então? No caso de um a unidade ser acrescentada a outra, não terás m edo
de dizer que essa adição foi a causa de form ar-se o dois, ou, na hipótese de ser a
unidade cortada ao m eio, que foi a divisão? E não protestarias em altas vozes que
não sabes com o um a coisa possa transform ar-se noutra, a não ser pela
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