Herança colonial: arquipélago econômico
O Brasil começou a ser explorado no século XVI, em um período no qual países europeus buscavam especiarias (cravo-da-índia, noz-moscada, pimenta-do-reino, canela, gengibre, açafrão, entre outras) e metais preciosos , como ouro e prata. Esse período ficou conhecido como Expansão Marítimo-Comercial (séculos XV e XVI), ou Grandes Navegações. Uma das consequências de se buscar riquezas fora do espaço europeu foi a exploração e a colonização de territórios até então desconhecidos, como o continente americano, onde se localiza o Brasil.
Como a maior parte das riquezas obtidas em terras brasileiras tinha como destino a metrópole e o mercado externo, nosso primeiro modelo de organização econômica foi formado por "ilhas" desconexas entre si e voltadas para o exterior, compondo o que chamamos de "arquipélago econômico".
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Reorganização do espaço: séculos XVII e XVIII
As mais importantes atividades econômicas da colônia foram o cultivo da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII) e a mineração (séculos XVII e XVIII). Mas a economia colonial envolvia também a exploração de outros gêneros, denominados produtos acessórios ou secundários. A pecuária no Sertão nordestino e no Sul do país; as drogas do sertão, na Amazônia; o tabaco, no Recôncavo Baiano; e o algodão, no Sertão e no Maranhão, foram produtos acessórios, ou secundários, que tiveram papel fundamental no povoamento e na organização econômica do espaço brasileiro.
Sempre que produtos principais e acessórios se desenvolviam em determinada área, esta atraía população e formava uma "ilha" de prosperidade que, muitas vezes, entrava em decadência se o produto perdia sua importância no mercado internacional. Desse modo, começaram os primeiros movimentos populacionais em nosso território, dando origem a áreas de atração e de repulsão populacional.
No século XVII, o centro econômico da colônia se localizava na Zona da Mata, litoral nordestino, principalmente em Pernambuco e na Bahia, onde havia o maior número de engenhos instalados no Brasil. Veja novamente no mapa da página 22 como se organizava o espaço econômico brasileiro no século XVII.
Após a decadência da cana-de-açúcar no Nordeste e a descoberta de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais (século XVII), o Sudeste assume a condição de região econômica mais importante da colônia. Com isso, em 1783, a capital é transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.
No século XVIII, a organização econômica do território brasileiro já era um pouco mais complexa, mas continuava caracterizada por "ilhas" de produção voltadas para o mercado externo.
Para uma organização eficiente do espaço econômico era essencial o escoamento da produção. Por isso, foram abertas as primeiras estradas para a região das Minas e os "caminhos" do gado, dando origem a arraiais e vilas que, com o tempo, se transformaram em cidades. Os portos, como o de Paraty e o do Rio de Janeiro, também tiveram papel fundamental para o escoamento dessas riquezas.
LEGENDA: Engenho de açúcar, cromolitografia de Henry Koster, publicada em 1816.
FONTE: Henry Koster/Acervo Iconographia/Reminiscências
FONTE: Adaptado de: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1979. p. 28. CRÉDITOS: Allmaps/Arquivo da editora
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FONTE: Adaptado de: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1977; ARRUDA, J. J. de A. Atlas histórico básico. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2001. CRÉDITOS: Allmaps/Arquivo da editora
Atividades econômicas do século XIX
Na segunda metade do século XIX, uma nova riqueza passou a comandar a economia brasileira: o café.
O café começou a ser cultivado no Vale do Paraíba fluminense, onde atingiu o auge por volta de 1850. Daí se espalhou por grandes áreas do estado de São Paulo, cujos solos de terra roxa eram favoráveis ao seu cultivo. Entre essas áreas destacam-se as regiões de Campinas, Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Catanduva, Casa Branca e Ribeirão Preto. Já no século XX, avançou para outros locais, como o norte do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Veja algumas dessas regiões no mapa abaixo.
FONTE: Adaptado de: RODRIGUES, João Antônio. Atlas para estudos sociais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977. p. 26. CRÉDITOS: Allmaps/Arquivo da editora
A atividade cafeeira alterou profundamente a economia e a sociedade brasileira, confirmando a região Sudeste como centro econômico do país, sem, entretanto, realizar a integração econômica do território nacional.
Produtos secundários, como a pecuária, o algodão, a borracha e o cacau conviviam com a cafeicultura, mas as regiões produtoras continuaram isoladas umas das outras, e as relações econômicas e demográficas entre essas "ilhas" permaneciam quase inexistentes. Em resumo, a riqueza do café não alterou a organização econômica: o modelo "arquipélago" de organização do território continuou existindo.
Esse modelo levou ao crescimento de cidades portuárias que escoavam a produção. Entre essas cidades, destacavam-se: Belém, Recife, Salvador, São Luís e a então capital, a cidade do Rio de Janeiro. O porto de Santos, grande escoador da produção cafeeira, passou a ser o mais importante do país.
A instalação de ferrovias, no século XIX, foi realizada em grande parte por empresas que tinham como principal objetivo atender às áreas de produtos exportáveis, como açúcar, algodão, cacau e café, embora algumas delas, principalmente no Nordeste, atendessem também ao mercado local.
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No estado de São Paulo, o espaço de circulação foi ampliado com a implantação das ferrovias que ligavam as áreas de produção de café ao porto de Santos. Entre elas destacaram-se a São Paulo Railway , depois a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro e a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
LEGENDA: Vista parcial da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em 1887, na altura do viaduto da Grota Funda na serra do Mar.
FONTE: Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima/RFFSA
FONTE: Adaptado de: ATLAS histórico escolar. 7ª ed. Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1979. p. 32. CRÉDITOS: Allmaps/Arquivo da editora
Boxe complementar:
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