Fronteiras da Globalização 3


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A participação dos afrodescendentes na construção do povo brasileiro

A vasta presença dos povos oriundos do continente africano no Brasil trouxe uma influência peculiar, quando comparamos nossa gente aos demais habitantes americanos.

Dentre os povos africanos que cruzaram o Atlântico e se estabeleceram no Brasil durante o período colonial estão, em sua maioria, os bantos - que correspondem às culturas angolanas, angica e macua -; os sudaneses - que correspondem às culturas nagô e ioruba (da atual Nigéria) -; os minas (da atual Gana) e os jejes (do atual Benin). Outros grupos, em menor número, também foram trazidos ao Brasil.

A atividade escravista no país perdurou por quase quatro séculos, tendo um fim apenas em 1850, com a Lei Eusébio de Queiróz. Entretanto, muitos africanos e crioulos ainda foram negociados, mas dentro do território nacional, principalmente nas localidades mais pobres. Com o declínio da prática açucareira, o Nordeste ainda desempenhou atividades escravistas por algum tempo.

Com o passar desse período, cessou a constante renovação de africanos no Brasil. A comunidade negra, no entanto, passou a preservar localmente conhecimentos, tradições e valores trazidos da África. Com a interrupção dos laços comerciais entre os portos brasileiros e africanos, nenhum novo elemento foi agregado à cultura brasileira oriunda da África.

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Com isso, a "cara" do povo brasileiro começou a ficar mais próxima da que vemos na atualidade, gerando uma cultura e características próprias de um povo miscigenado.

Os elementos culturais africanos sofreram intensa resistência na colônia, sobretudo pelo fato de esses povos serem considerados inferiores pelos colonizadores. Seus hábitos e cultura foram combatidos e subjugados pela maioria dos habitantes que residia nessas terras. Reproduzir o modo de vida aplicado no Velho Mundo era algo relativamente natural, visto que tais elementos eram considerados o modelo a ser seguido. Enquanto isso, exibir o estilo de vida dos africanos no Brasil só era possível dentro da ilegalidade e da discrição. Mesmo após o comércio de escravizados, tais práticas não eram vistas com bons olhos pela maioria da população.

Como forma de ampliar o conhecimento que temos sobre os povos africanos que aqui se estabeleceram durante o período colonial, pesquisadores buscam resgatar dados e informações quase que perdidas pelo tempo. Esse trabalho requer muito estudo e dedicação, ainda mais quando levamos em consideração que esses indivíduos quando trazidos para as Américas possuíam como característica de propagação literária a oralidade. Provérbios e contos populares são recolhidos e registrados, alguns em línguas africanas, mas a maior parte é catalogada na língua dos colonizadores.

Muito da cultura brasileira fora constituído, assim como ocorreu com os nativos, em consonância com o contato e a miscigenação com os povos africanos e seus descendentes no Brasil. Localidades que registraram maiores contingentes de migração africana no pretérito conservam atualmente enorme ligação com essas origens. A musicalidade, a culinária, o vestuário e a oralidade são alguns dos elementos que podemos citar como herança dessa gente que serviu como base para a atual configuração do povo brasileiro.

Não é difícil virar uma esquina em Salvador e deparar com um culto religioso afro-americano, fazendo oferendas de alimentos propiciatórios, em pagamento dos favores recebidos; visitar o Carnaval pernambucano e assistir à abertura da maior festa popular brasileira ao som dos tambores de dezenas de maracatus, emocionando milhares de turistas do mundo inteiro, além, é claro, da população local; passear por praças do Rio de Janeiro e apreciar uma roda de capoeira ao som do berimbau; se alimentar do inhame-da-costa ou de são-tomé, a pimenta-da-costa ou o arroz-de-hauçá, e descobrir que seus nomes descrevem a localidade na África de onde foram trazidas as primeiras mudas ao Brasil; dançar o cavalo piancó, no Piauí, o carimbó, no Pará, o coco, em Sergipe, ou o frevo, em Pernambuco, e resgatar elementos africanos misturados e transformados ao nosso modo em cultura popular, ela agora cultura brasileira, parte integrante de nossa gente, extremamente miscigenada e, ao mesmo tempo, única e pura.

PRADO, Bruno Silva. Professor da rede pública e privada do Ensino Fundamental e Ensino Médio, em Recife (PE).



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