Geografia 7º ano


Página 178 PERCURSO 21 - Região Sudeste: o meio natural



Yüklə 2,28 Mb.
səhifə11/30
tarix07.08.2018
ölçüsü2,28 Mb.
#68059
1   ...   7   8   9   10   11   12   13   14   ...   30

Página 178

PERCURSO 21 - Região Sudeste: o meio natural

1. Apresentação

A Região Sudeste do Brasil, cuja divisão política está representada na figura 1, tornou-se desde o século XVIII a região econômica mais dinâmica do país e a principal região de atração populacional, tanto de brasileiros de outras regiões como de estrangeiros. Inicialmente, isso ocorreu graças à atividade mineradora que se desenvolveu nas Minas Gerais, entre o final do século XVII e parte do século XVIII; depois, na segunda metade do século XIX e parte do século XX, devido à expansão da cafeicultura, e, após 1930, em virtude do desenvolvimento industrial.

O Sudeste é a região mais populosa e povoada do Brasil. Em 2014, segundo estimativas do IBGE, contava 85.115.623 habitantes, o que correspondia a 42% da população total do país naquele ano. Sua densidade demográfica é a mais elevada, 92,0 hab./km², contra 4,5 hab./km² da Região Norte, 9,5 hab./km² da Região Centro-Oeste, 36,1 hab./km² da Região Nordeste e 50,3 hab./km² da Região Sul.

É também no Sudeste que se situam as duas cidades mais populosas do Brasil, São Paulo (11.895.893 habitantes) e Rio de Janeiro (6.453.682 habitantes), e o maior parque industrial da América Latina.

Localize no mapa as capitais dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e calcule a distância, em linha reta e em quilômetros, entre elas.

390 km, aproximadamente.



Quem lê viaja mais
MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.
Região Sudeste São Paulo: Harbra, 2009. (Col. Expedição Brasil).
Apresenta uma visão ampla da Região Sudeste e destaca aspectos físicos, históricos, populacionais, culturais, entre outros.
Página 179

2. Aspectos do meio natural

Relevo

O Sudeste compreende a maior parte do domínio morfoclimático denominado Domínio dos Mares de Morros, estudado no Percurso 4. Esse domínio está inserido na unidade dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste. O Sudeste apresenta ainda mais três conjuntos planálticos, duas depressões e a planície litorânea, em terras de várias altitudes, como pode ser visto nas figuras 2 e 3.

O traço marcante do relevo é o conjunto de serras de topos arredondados que formam uma paisagem de mar de morros. É esse o caso das Serras do Mar, da Mantiqueira (figura 4, na página seguinte) e do Espinhaço.

Outra característica do relevo do Sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, são os pães de açúcar — formações com cumes arredondados e encostas abruptas (figura 5, na página seguinte).

Entre a Serra do Mar e a da Mantiqueira há um vale “cortado” por qual rio?

Entre a Serra do Mar e a da Mantiqueira, encontra-se o Vale do Paraíba: um corredor longitudinal por onde se estende o Rio Paraíba do Sul. É por esse vale que as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro estão unidas por terra pela Rodovia Presidente Dutra, como também por uma ferrovia.


Página 180

Clima

Os tipos de clima do Sudeste são o clima tropical e o clima subtropical. O tropical apresenta-se dividido em subtipos climáticos (figura 6):

• o tropical com verão úmido e inverno seco predomina nas porções norte e leste de Minas Gerais e na oeste do estado de São Paulo;

• o tropical de altitude, cuja característica principal são as médias térmicas mensais mais baixas no inverno em virtude do relevo de maior altitude e da penetração da massa de ar polar, abrange vasta porção do Sudeste (figura 7);

• o tropical litorâneo úmido abrange uma área sujeita aos efeitos da maritimidade e das incursões de massas de ar úmidas provenientes do Oceano Atlântico. Esse subtipo climático se apresenta úmido o ano todo, com precipitações mais elevadas entre novembro e janeiro (figura 8).

O clima subtropical úmido ocorre na porção do território brasileiro situada ao sul do Trópico de Capricórnio. No Sudeste, ele abrange o sul do estado de São Paulo. O município de São Paulo situa-se sobre o relevo elevado do Sudeste, na área de transição entre o clima tropical de altitude e o clima subtropical úmido. Apresenta 1.450 mm anuais de precipitação, com concentração das chuvas entre outubro e março, e média térmica anual em torno de 19 °C. É uma área sujeita à atuação da massa Polar Atlântica, o que explica as médias térmicas mais baixas no inverno (figura 9).


Página 181

Comparando os climogramas das figuras 8 e 9, qual das localidades apresenta menores médias de temperatura no inverno? Explique por quê.

São Paulo. Os fatores que resultam nessa característica estão relacionados à posição geográfica das cidades, além de aspectos físicos: maior latitude que a de Vitória (São Paulo, 23°32’51’’; Vitória, 20°19’10’’), altitude maior que a de Vitória (São Paulo, 760 m; Vitória, 3,3 m), o efeito da maritimidade, que é maior em Vitória, e maior atuação da massa polar em São Paulo.

Vegetação

Originalmente, o Sudeste apresentava quatro formações vegetais: a Mata Atlântica e seu prolongamento para o interior, denominada Floresta Tropical, cobrindo vastas extensões dos estados de São Paulo e de Minas Gerais; o Cerrado, dominando a porção central e oeste de Minas Gerais e alguns trechos do estado de São Paulo; a Caatinga, em trechos do norte de Minas Gerais abrangidos pelo clima tropical semiárido; e a vegetação litorânea, destacando-se nela as existentes nos manguezais e nas restingas.

Todas essas formações vegetais foram, em grande parte, destruídas pela ocupação humana. O avanço das culturas agrícolas — café, algodão, cana-de-açúcar e outras — e da pecuária, somado à extração madeireira, à fundação de cidades e à construção de estradas, reduziu a pequenas áreas as formações vegetais originais (figura 10). Quanto aos manguezais e às restingas, a urbanização do litoral, acompanhada pela intensa especulação imobiliária, destruiu em larga escala esses ecossistemas.

Restinga
Faixa de areia depositada paralelamente ao litoral, fechando ou tendendo a fechar uma reentrância da costa, com formações vegetais características.
Página 182

Mata Atlântica e Mata Tropical

Assim como aconteceu na Região Nordeste, com o avanço da cultura da cana-de-açúcar e a multiplicação dos engenhos, também na Região Sudeste, principalmente com a expansão da cafeicultura e das “ferrovias do café” que utilizavam a madeira como lenha nas locomotivas e na fabricação de dormentes para fixar os trilhos, as Matas Atlântica e Tropical foram bastante desmatadas.

Calcula-se que quando os portugueses chegaram, em 1500, a cobertura florestal do que hoje é o estado de São Paulo estendia-se por 82% de sua área territorial. Com o passar do tempo, diante das intervenções humanas, foi reduzida a 7% de sua área original, como mostra a figura 11.

Árvores como peroba, faveiro, canela, angico, jacarandá, cedro, ipê e muitas outras foram intensamente exploradas. Provavelmente muitas espécies de plantas e de animais foram extintas antes mesmo de serem estudadas por especialistas.

O que sobrou da Mata Atlântica no Sudeste encontra-se geralmente nos trechos de relevo íngreme e de difícil acesso da Serra do Mar e da Mantiqueira e também em áreas transformadas em Unidades de Conservação da Natureza, como é o caso da Estação Ecológica de Jureia-Itatins, no litoral sul do estado de São Paulo, criada em 1986, após um longo processo de mobilização da sociedade civil. Cabe destacar a atuação de organizações não governamentais (ONGs) em prol da Mata Atlântica (figura 12).

Dormente
Peça, em geral de madeira, colocada transversalmente à via, na qual se assentam e se fixam os trilhos das estradas de ferro.
Página 183

Hidrografia

A Região Sudeste compartilha com as regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste importantes bacias hidrográficas: a Bacia do Rio Paraná, a Bacia do Rio São Francisco, as bacias Costeiras do Sudeste (Rio Doce, Rio Paraíba do Sul e Rio Ribeira de Iguape) e as bacias Costeiras do Nordeste Oriental (Rio Mucuri e Rio Jequitinhonha). Observe a figura 13.

As bacias hidrográficas do Sudeste apresentam grande potencial hidrelétrico. Nelas foram construídas várias usinas hidrelétricas que abastecem de energia elétrica não apenas o Sudeste, mas também as Regiões Sul e Centro-Oeste.

No Rio Tietê e no Rio Paraná, rios de planalto que formam a Hidrovia Tietê-Paraná, foram construídas eclusas (figura 14) para vencer os desníveis dos cursos fluviais e permitir a navegação (veremos o funcionamento de eclusas no Percurso 31).



Eclusa
Obra de engenharia instalada entre dois planos de água de níveis diferentes para permitir a passagem de embarcações de um a outro nível, graças à manobra de comportas e a outros equipamentos.

Navegar é preciso
Fundação SOS Mata Atlântica

Site destinado à divulgação dos projetos de preservação da Mata Atlântica com exemplos dos programas rea lizados para a manutenção desse bioma.

Aliança para a Conservação da Mata Atlântica



Viaje pelas características da floresta de Mata Atlântica e também pelos procedimentos para sua preservação navegando por este portal.
Página 184

PERCURSO 22 - Região Sudeste: ocupação e povoamento

1. O início do povoamento

São Vicente, no litoral do que é hoje o estado de São Paulo, foi o primeiro núcleo de povoamento permanente instalado pelos portugueses no Brasil Colônia. Foi fundado em 1532, por Martim Afonso de Sousa, comandante da primeira expedição colonizadora enviada por Portugal. Foram introduzidas na região a cultura da cana-de-açúcar, a criação de animais, a agricultura de subsistência e a produção de açúcar.

Em seguida, os portugueses fundaram outros núcleos de povoamento no litoral do que hoje consideramos a Região Sudeste: Vila Nossa Senhora da Vitória, em 1535, que deu origem ao município de Vila Velha; Todos-os-Santos, em 1546, que deu origem ao município de Santos; Vila Nova do Espírito Santo, em 1551, que se transformou no município de Vitória; São Sebastião, em 1565, fundado por Estácio de Sá (capitão de uma armada portuguesa), que deu origem ao município do Rio de Janeiro (figura 15), entre outros núcleos.

Após ultrapassar a barreira da Serra do Mar, o padre Manoel da Nóbrega, superior dos jesuítas no Brasil, acompanhado por José de Anchieta e outros padres, ergueu em janeiro de 1554 um barracão para a catequese dos indígenas, que recebeu o nome de Colégio de São Paulo. Localizado no planalto de Piratininga, entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, afluentes do Rio Tietê, o colégio deu origem à cidade de São Paulo (figura 16). Assim, o povoamento que antes se restringia ao litoral instalou-se no planalto, permitindo o avanço para o interior do território.

No seu contexto

Você sabe quando iniciou a ocupação não indígena da região onde você vive? Por qual motivo?

Depende da localidade. Estimule o aluno a se interessar em saber as origens de sua cidade e compreender que o espaço geográfico em que vive é fruto do trabalho decorrente das relações sociedade-natureza realizadas por várias gerações.
Página 185

2. Da Vila de São Paulo para o interior

Durante os séculos XVI e XVII, a Vila de São Paulo manteve-se pobre e isolada das áreas mais dinâmicas da economia do Brasil Colônia, como o Nordeste açucareiro, que liderava a economia. A Vila de São Paulo tinha poucos habitantes, que se dedicavam principalmente à lavoura de subsistência. No entanto, foi nesse período que São Paulo se tornou centro irradiador de bandeiras em direção ao interior com o objetivo de aprisionar indígenas e vendê-los como escravos para as áreas açucareiras do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco. Outras bandeiras se organizaram com o objetivo de descobrir ouro e pedras preciosas, o que ocorreu por volta de 1695, nas Minas Gerais.

Devem-se a essas expedições armadas o início do povoamento do interior e o da construção de espaços geográficos não só no Sudeste, mas também nas atuais regiões Centro-Oeste e Sul (figura 17).

Identifique dois rios utilizados pelos bandeirantes nos seus deslocamentos para o interior do território.

Os rios Paranapanema e Tietê.
Página 186

3. A mineração e a produção de espaço

Com a descoberta de ouro e pedras preciosas nas Minas Gerais, no final do século XVII, ocorreu intensa migração de pessoas do Nordeste, de São Paulo e até mesmo de Portugal para a área da mineração.

A região das Minas tornou-se, então, a principal área econômica do Brasil Colônia no final do século XVII e parte do XVIII (figura 18). Por ficar mais próximo daquela região, o centro político-administrativo da Colônia foi transferido, em 1763, de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro.

A atividade mineradora nas Minas Gerais deu origem a vilas que se transformaram em cidades. É o caso de São José del Rei, atual Tiradentes; Vila Rica, atual Ouro Preto; Sabará; Ribeirão do Carmo, atual Mariana; Diamantina e outras.

Por volta da segunda metade do século XVIII teve início a decadência da mineração em virtude, entre outros fatores, do esgotamento dos aluviões auríferos.

Com isso, a economia mineira regrediu a um nível de autossubsistência. O espaço geográfico até então aí construído tornou-se uma área de repulsão de população: famílias migraram em busca de solos mais férteis para a prática da agricultura, e muitos se dirigiram para áreas dos atuais estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.



Aluvião
Detritos ou sedimentos, como cascalhos, areia e argila, transportados e depositados no leito e nas margens de um rio. O aluvião aurífero corresponde ao aluvião em que se encontra o ouro.

Identifique as origens dos fluxos representados no mapa. O que transportavam?

Do sul e da região que hoje corresponde ao Nordeste provinha gado. Da África e do Nordeste vinha mão de obra escrava; da Europa, manufaturas, azeite, sal e ferro.

Quem lê viaja mais
BOULOS JR., Alfredo.
A capitania do ouro e sua gente. São Paulo: FTD, 2001.
Esse livro aborda o cotidiano das Minas Gerais e a atividade mineradora no início do século XVIII.

Pausa para o cinema
Ouro Preto: Ouro Preto, história e cotidiano de um Patrimônio Mundial da Humanidade.
Direção: Álvaro Andrade Garcia. Brasil: Ciclope, 2003. Duração: 54 min.
O documentário percorre as características da cidade mineira a partir de sua formação, no século XVIII, até os dias atuais.
Página 187

Estação História - A Estrada Real

Com base na importância histórica e cultural da Estrada Real, é possível desenvolver projeto interdisciplinar com História, ao abordar as expedições portuguesas e a descoberta do ouro e diamante, e com Arte, aprofundando o entendimento sobre a manifestação da arte barroca em Minas Gerais e seus expoentes.

“Uma antiga estrada, que atravessa parte dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, promete voltar a ser uma espécie de eldorado e reviver as riquezas dos tempos em que o Brasil era colônia de Portugal. Caminho por onde escoavam ouro, diamante, gado e escravos nos séculos XVII e XVIII, a Estrada Real é, agora, um destino turístico celebrado. Graças a uma série de ações coordenadas de governos, empresas e entidades não governamentais, ela será candidata, em breve, a se transformar em Patrimônio Cultural da Humanidade, processo já iniciado pelo Instituto Estrada Real, que gerencia as ações do circuito turístico.

A primeira vez que a região foi considerada um eldorado foi no período colonial brasileiro, quando o ouro e os diamantes extraídos das cidades de Vila Rica (hoje Ouro Preto) e Diamantina, no estado de Minas Gerais, só podiam ser transportados por estradas oficiais, para que os impostos fossem devidamente cobrados por Portugal. O mesmo ocorria com o gado e os escravos. Nasceu, assim, a Estrada Real, que acabou perdendo importância no século XIX, com a decadência da mineração.

Inicialmente, o trajeto ligava a antiga cidade de Vila Rica ao Porto de Parati, no Rio de Janeiro. Esse era o trecho conhecido como Caminho Velho, utilizado para o transporte de minerais preciosos a partir de 1694. A vontade da Coroa portuguesa de escoar mais rapidamente o ouro e o diamante em direção aos postos do Rio e, destes, à Europa, impôs a abertura de um Caminho Novo, entre Rio de Janeiro e Vila Rica, no início do século XVIII. Com a descoberta de pedras preciosas na região do Serro, em Minas Gerais, a estrada ganhou um terceiro trecho, até o Arraial do Tijuco, atual Diamantina.

Ao longo de todo o percurso, existe um rico acervo cultural, artístico, gastronômico, rural e religioso, que convive com belezas naturais, como serras, cachoeiras, rios e florestas. Se a Estrada Real for declarada Patrimônio da Humanidade, deverá ser o maior já tombado pela Organizações das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cultura (Unesco) — ‘são 1,6 mil quilômetros de extensão ao todo’.”

CHEREM, Carlos Eduardo. Um antigo eldorado volta a encantar. Valor Estados: Minas Gerais. p. 80-82, nov. 2007. Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2014.

Eldorado
Local fictício repleto de riquezas, cuja localização os colonizadores espanhóis do século XVI pensavam ser na América do Sul.

Interprete

1 Explique a importância econômica da Estrada Real no século XVII.

Argumente

2 Qual a importância em reconhecer a Estrada Real como Patrimônio da Humanidade?
Página 188

4. A cafeicultura e a produção de espaços geográficos no Sudeste

Com o declínio da atividade mineradora, buscou-se um produto que pudesse garantir os ganhos na Colônia. O produto encontrado foi o café, planta de origem africana introduzida no Pará em 1727 pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta, com mudas trazidas da Guiana Francesa (figura 19).

Comente com os alunos que o cafeeiro é tido como originário da Abissínia (Etiópia), na África. De lá se expandiu para a Arábia, no século XIV. Em 1690, os holandeses o levaram para o Ceilão, atual Sri Lanka, de onde se espalhou para Indonésia, Malásia, Índia, Filipinas e Havaí. Em 1706, os holandeses o levaram para sua colônia da América do Sul, o atual Suriname, de onde passou para a Guiana Francesa. Na mesma época, os franceses o introduziram no Haiti. Da Guiana Francesa foi trazido para o Brasil e, em 1760, na sua expansão, chegou até o Rio de Janeiro. A produção do Rio de Janeiro e de São Paulo fez do Brasil o primeiro produtor mundial de café, já no início do século XIX.

A cafeicultura, porém, não trouxe os resultados esperados pelos produtores nos primeiros anos. As exportações de grãos de café começaram a crescer somente a partir de 1816 e, pouco tempo depois, em 1822, o Brasil conquistou sua independência política em relação a Portugal.



A expansão da cafeicultura no Sudeste

Na primeira metade do século XVIII, o café passou a ser cultivado no Maranhão, e, por volta de 1770, na Bahia. Entretanto, foi no Rio de Janeiro, inicialmente, que a cafeicultura se instalou com êxito.

Foi um belga, conhecido pelo nome de Moke, quem formou o primeiro cafezal nas imediações da cidade do Rio de Janeiro. Tal foi o sucesso da experiência — tanto do ponto de vista da adaptação às condições de solo e clima como dos resultados financeiros — que seu exemplo passou a ser seguido por muitas pessoas.

Desse modo, as imediações da cidade do Rio de Janeiro tornaram-se o centro irradiador da cafeicultura a partir do final do século XVIII. Daí a cultura do café se expandiu, em períodos diferentes, para o Vale do Paraíba, em direção a São Paulo, para a Zona da Mata Mineira, para terras do Espírito Santo e, bem posteriormente, para o Triângulo Mineiro e outras regiões do Brasil, como é o caso do norte do Paraná e de Mato Grosso (figura 20).



Zona da Mata Mineira
Porção sudeste do estado de Minas Gerais, correspondente à área mineira da Bacia do Rio Paraíba do Sul, coberta originalmente pela Mata Atlântica e que tem a cidade de Juiz de Fora como principal centro urbano.

Triângulo Mineiro
Porção sudoeste do estado de Minas Gerais, delimitada pelos rios Grande, Paranaíba e seu afluente Araguari, com vegetação nativa de Cerrado, onde se destacam as cidades de Uberaba, de Uberlândia e de Araguari como principais centros urbanos.
Página 189

O cultivo do café em Araraquara (SP) é anterior ou posterior ao cultivo em Juiz de Fora (MG)?

É posterior: a região de Juiz de Fora passou a cultivar café entre 1850 e 1900, e em Araraquara ocorreu após o início do século XX.

A expansão da cafeicultura do Rio de Janeiro em direção a São Paulo, pelo Vale do Paraíba, recuperou a economia do vale, que atingira certo crescimento na fase áurea da mineração das Minas Gerais. Com a cafeicultura se deram, então, a reorganização e a reconstrução do espaço geográfico do Vale do Paraíba. Muitas vilas e cidades até então decadentes voltaram a crescer. É o caso de Vassouras e Valença, no Rio de Janeiro, e Bananal, Areias, Lorena, Guaratinguetá e Taubaté, em São Paulo — cidades que, como outras da região, continuaram a ser, até 1880, grandes produtoras de café.

Por outro lado, o avanço da cafeicultura provocou imensos desmatamentos na Mata Atlântica que cobria o Vale do Paraíba. Utilizando-se da mão de obra escrava e da chamada agricultura itinerante, a cafeicultura passou por esse vale, deixando atrás de si destruição ecológica, além de provocar a decadência de muitas cidades, o que levou o escritor Monteiro Lobato a chamá-las de “cidades mortas”. Estas somente se recuperariam por volta de 1940, como veremos no Percurso 24.

Agricultura itinerante
Técnica agrícola em que há deslocamento das áreas de cultivo. No caso da cafeicultura, esta se caracterizou pela derrubada da mata, seguida de queimada dos restos da vegetação, limpeza da área e plantio das mudas. Quando o solo não oferecia mais a produtividade esperada, em virtude de seu esgotamento ou empobrecimento, a área era abandonada e uma nova área era desmatada, repetindo o processo.
Página 190

Atividades dos percursos 21 e 22

Registre em seu caderno.

Revendo conteúdos

1 Sobre a Região Sudeste, responda às seguintes questões.



a) Qual é a característica marcante de seu relevo?

b) A que domínio morfoclimático que você estudou no Percurso 4 corresponde a grande parte do relevo do Sudeste? Cite alguns impactos ambientais nesse domínio.

2 Em relação à Mata Atlântica no estado de São Paulo, responda ao que se pede.



a) Em 1500, a Mata Atlântica recobria quanto do território paulista? E, passados mais de cinco séculos, quanto ela recobre?

b) Cite as atividades econômicas que deram início à sua devastação.

c) Explique por que a exploração intensa da Mata Atlântica comprometeu possíveis avanços científicos.

d) Onde é possível encontrar porções preservadas da Mata Atlântica?

3 Cite algumas características das bacias fluviais da Região Sudeste.

4 Sobre a atividade mineradora nas Minas

Gerais, no final do século XVII e parte do século XVIII, responda ao que se pede.


Yüklə 2,28 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   7   8   9   10   11   12   13   14   ...   30




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin