História Universal da Destruição dos Livros Das Tábuas Sumérias à Guerra do Iraque Fernando Báez


O desaparecimento de centenas de obras de Aristóteles



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O desaparecimento de centenas de obras de Aristóteles
I
Alfonso Reyes se referiu à obra perdida de Aristóteles de Estagira (384 a.C-322 a.C.): "[...] Já se sabe que, se de Platão conservamos as obras exotéricas, de Aristóteles conservamos sobretudo as esotéricas [...]. O que atualmente se preserva do filósofo são simples anotações de aula, reunidos por bibliófilos ou discípulos. Seus primeiros diálogos, compilações, epístolas e poemas desapareceram.

Para entender por que isso aconteceu, convém começar com uma citação do geógrafo Estrabão de Amasia: "[...] [Aristóteles], até onde sei, foi o primeiro colecionador de livros conhecido e o que ensinou aos reis do Egito como organizar uma biblioteca [...]." Aristóteles de Estagira foi o mais célebre bibliófilo no mundo grego e um dos primeiros homens a ser chamado de O Leitor. Com a morte do filósofo Espeusipo, sobrinho de Platão e diretor da Academia, obteve as obras dele mediante o pagamento de três talentos. Sua memorável coleção de livros foi finalmente colocada na biblioteca do Liceu, um ginásio onde começou a formar estudantes até 335 a.C.

Com o intuito de ensinar, Aristóteles impôs aos alunos um regime de fomento da leitura:

1. Existiam as lições acroáticas ou acroamáticas, apenas para iniciados, que consistiam em conversas nas quais, durante uma caminhada, discutiam-se noções profundas.

2. Também havia lições exotéricas ou exteriores, para aprendizes, em que se liam ou recitavam as obras populares do pensador, como seus diálogos. É provável que cada aluno assumisse um papel para interpretar e o próprio Aristóteles conduzisse a conversação como uma espécie de moderador.

De fato, admite-se hoje que os escritos de Aristóteles foram classificados como suas lições: exotéricos, quando eram diálogos ao estilo platônico (hoje perdidos), e acroamáticos ou esotéricos, quando eram textos de uso interno no Liceu.


II
O destino da biblioteca de Aristóteles, que é o destino de seus próprios textos, mudou subitamente por um fato decisivo na história da Grécia: a morte abrupta e inexplicável de Alexandre Magno em 323 a.C. Aristóteles - que fora o seu tutor, assessor do regime macedônico e provavelmente espião - foi logo acusado de crueldade pelo responsável pelos sacrifícios de Atenas. Contra ele se brandiu um poema escrito em homenagem ao tirano Hérmias, grande amigo seu da região de Assos, assassinado pelos persas. Como Sócrates, Aristóteles podia ficar e beber cicuta, mas fugiu. Mudou-se para a cidade de Caleis, na ilha de Eubea, onde a família de sua mãe possuía terras e uma casa. Redigiu seu testamento, certo de que ia morrer (e morreu, de fato, em 322 a.C.), legando sua biblioteca e a direção do Liceu ao jovem Teofrasto de Ereso.

Outro discípulo importante do Liceu, Eudemo de Rodes, gênio da aritmética, retirou-se, depois da nomeação de Teofrasto, para sua cidade natal com uma grande quantidade de cópias de tratados, notas e diálogos do mestre, estabelecendo assim uma nova ramificação peripatética de grande influência posterior na cultura romana. Andrônico, que chegaria a ser editor dos trabalhos de Aristóteles no século I a.C., era, por exemplo, natural de Rodes.

Teofrasto impulsionou o crescimento do Liceu. Chegou a ter mais de dois mil alunos (não simultaneamente, é claro), procedentes de todas as regiões da Grécia. Foi diretor do Liceu durante 34 ou 35 anos. À diferença de seu admirado mestre, obteve a propriedade da terra onde se situava a escola, graças à gestão de seu discípulo e amigo Demétrio de Falero, e contribuiu de modo que nos é totalmente desconhecido para aumentar consideravelmente a biblioteca do prédio. Ordenou a compra de exemplares novos e escreveu muitíssimo. Laércio atribuiu a ele centenas de escritos sobre uma enorme variedade de temas. De qualquer forma, Teofrasto, aos 85 anos, dispôs sobre o futuro dessa biblioteca. Entregou-a a um amigo seu chamado Neleo: "[...] todos os livros para Neleo [...].

Com a morte de Teofrasto, Estratão de Lâmpsaco ficou como diretor, o que não deixa de nos surpreender. Mas por que deixou os livros só para Neleo? Por que não designou Neleo como diretor? Segundo a hipótese magistral de Hans B. Gottschalk, Teofrasto não deu os livros a Estratão, apesar de nomeá-lo diretor, e sim a Neleo porque desejava que ele preparasse um catálogo e editasse seus próprios textos e os de Aristóteles. Neleo era um especialista na obra aristotélica; era, também, um respeitável discípulo de Teofrasto, com 70 anos, e tinha uma relação satisfatória com esse legado bibliográfico.

Outra causa da escolha é a seguinte: talvez os textos corressem perigo em Atenas devido à instável situação política da cidade, além do fato de que os atenienses sabiam dos vínculos do Liceu com os macedônios. Já em 306 a.C., um líder chamado Sófocles propôs a proibição do ensino da filosofia em

Atenas, com vistas ao fechamento do Liceu. Não é despropositado pensar que Neleo foi instruído por seu mestre e amigo para levar os livros a um lugar mais seguro, ou Alexandria ou sua cidade natal. Teofrasto deixou nas mãos de Neleo 157 títulos de Aristóteles, em 542 rolos de papiro, e 225 títulos seus, em 463 rolos de papiro, o que chega à soma impressionante de 382 livros, contidos em 1.005 rolos de papiro. Se acrescentamos centenas de originais ou cópias de autores presentes na biblioteca do Liceu, estaremos falando de uma biblioteca cujo acervo podia ir a dez mil papiros. O incrível é como Neleo pôde transportar esses manuscritos de Atenas para terras tão longínquas, segundo os comentários mais confiáveis.

Mas quem era Neleo, na realidade? Sabe-se que era respeitado no Liceu. Nasceu em Escépsis, cidade da Ásia Menor, numa data ainda hoje ignorada do século IV a.C. Provavelmente era contemporâneo de Teofrasto. Seu pai foi Corisco, amigo de Aristóteles, seu companheiro em Assos, onde viveram sob a proteção de Hérmias. A importância desse fato deve ser considerada extrema: Platão, por exemplo, mencionou Corisco na Sexta Carta, na qual o definiu como um estudioso e dotado de experiência política; Aristóteles o mencionou em seus livros sobre lógica e na Ética de Nicômaco. Esses antecedentes e, sem dúvida, sua própria formação, davam a Neleo condições suficientes para ser designado sucessor de Teofrasto, mas não foi o que aconteceu. Quando Estratão de Lâmpsaco, apelidado de O Físico, foi nomeado dirigente do Liceu em 288/6 a.C., Neleo recolheu suas roupas, guardou os livros e anunciou a viagem a Escépsis, o que deixou os peripatéticos sem os livros do mestre.
III
Neleo, segundo uma versão, vendeu os míticos livros por uma soma elevada à biblioteca de Alexandria. Segundo outra versão, os livros chegaram a Escépsis e ali ficaram nas mãos dos herdeiros de Neleo, que os esconderam sob a terra para evitar que fossem roubados pelos reis atálidas.

O assunto é delicado: Neleo vendeu os livros pelo lucro ou escolheu dá-los de presente à família, que se distinguia por sua ignorância? P. Moraux, com grande astúcia, formulou, diante de tantas contradições, uma hipótese sensacional: Neleu teria vendido a Ptolomeu todos os livros da biblioteca de Aristóteles e de Teofrasto, mas todos os que foram utilizados por eles em seus trabalhos de ensino e escrita. Talvez tenha entregado também originais de diálogos e cópias de anotações ou de livros raros. Houve, no entanto, algo de zombaria em seu ato.

Minha tese é diferente. Neleo, no meu entender, concordou em vender um bom número de textos editados de Aristóteles e Teofrasto e os livros de outros autores da biblioteca do Liceu. Ficou, em troca, com os manuscritos ainda não organizados, especificamente os escritos acroamáticos, que não estavam, por sua condição de notas do mestre e seus discípulos, em estado de edição aceitável. Neleo conservou para si a parte esotérica, a parte secreta, e seus descendentes as esconderam num depósito para evitar roubo ou saque.

A venda foi realizada por um intermediário, que pode ter sido Demétrio de Falero, que então ainda trabalhava na biblioteca de Alexandria, sob as ordens de Ptolomeu I. Demétrio era seguramente um bom amigo, pois ambos partilharam no Liceu dos ensinamentos de Teofrasto. Que aceitasse, além disso, desfazer-se de muitos manuscritos tem sentido pelas seguintes razões:

a) Porque a viagem a Escépsis exigia recursos.

b) Porque o arriscado traslado por terra e mar de uma biblioteca de tal magnitude não podia ser obra de um único homem.

c) Porque era uma forma de garantir a segurança dos textos.

Uma prova de que alguns dos livros herdados por Neleo chegaram a Alexandria se encontra num documento de al-Farabi, conservado por Ibn-Abi-Usaybi'a, onde expressamente se disse que o imperador Augusto, uma vez conquistada Alexandria, "[...] inspecionou as bibliotecas e a data da produção dos livros, e encontrou nelas manuscritos de obras de Aristóteles, escritas em seu tempo e no de Teofrasto [...]".

Nenhum desses manuscritos poderia ter estado em Alexandria se Neleo não os tivesse vendido.
IV
Neleo guardou as obras acroamáticas em casa e as legou aos seus sucessores, homens comuns, que as esconderam num lugar sob a terra. Para salvar os livros dos reis atálidas, condenaram-nos à umidade e ao fungo. Duzentos anos depois, o que se salvou foi adquirido por Apelicão de Teos, que pagou em ouro por eles. Ateneu confirmou que "[...] assim, filosofou sobre as teses peripatéticas, e comprou a biblioteca de Aristóteles e outros muitos escritos - pois era rico" [...].

Depois da aquisição, Apelicão completou um estranho ciclo e mandou os livros para sua casa em Atenas, onde se fizeram novas cópias que saíram com muitos erros. Apelicão era vaidoso e ladrão. Roubou os originais das antigas resoluções da Assembléia de Atenas. Seguindo um plano premeditado, obteve a cidadania ateniense e quis ganhar a simpatia do tirano Atenião, valendo-se de seu domínio dos princípios da escola peripatética à qual o tirano pertencia. Apelicão divulgou seu errôneo trabalho filológico e lembrou aos compatriotas sua aquisição, um símbolo útil em meio à guerra de independência contra os romanos liderada naquela época pelo general Mitrídates. A adulação, quase sempre, recompensa: finalmente foi enviado a Delos com um grupo de soldados, mas sua ignorância em matéria militar permitiu ao general romano Órbio capturar os gregos, embora Apelicão tenha conseguido fugir.

Sila, em 87 a.C-86 a.C., atacou e subjugou Atenas. Não queria destruí-la; tolerou a pilhagem controlada, atitude que lhe valeu o apelido de O Afortunado. Os soldados saquearam casa por casa e encontraram Apelicão refugiado em sua biblioteca, onde o assassinaram. Sila ordenou que transportassem seus livros, de navio, a Roma, onde os expôs em sua vila para inveja dos eruditos. Ibn al-Kifti, ao salvar um catálogo dos livros de Aristóteles feito por um tal de Ptolomeu El-Garib (O Estranho), retomou a versão de Estrabão e Plutarco e mencionou, ao resenhar o título 92, o seguinte: "[...] os livros encontrados na biblioteca de um homem chamado Apelicão [...]".

Outro general romano, Lucullus, encontrou manuscritos e cópias dos escritos de Aristóteles em Amiso, terra de sábios, e os transferiu para sua casa em Roma. Não se esqueceu de trazer, entre os prisioneiros de guerra, Tiranião, um erudito grego. Tiranião viveu em Roma a partir de 67 a.C. e sua condição de escravo não o impediu de consolidar, devido ao seu temperamento amável e à sua sabedoria, uma bela amizade com Cícero (106 a.C.-43 a.C.), Ático e outros estudiosos do império. Escreveu livros sobre problemas homéricos e textos gramaticais. Se acreditarmos no próprio Cícero, foi um consumado conhecedor da geografia de seu tempo. Entre outras coisas, criou uma escola temida pelo rigor. Estrabão o teve como mestre em Roma, certamente por volta de 30 a.C., e esse vínculo faz pensar que toda sua crônica sobre a transferência dos livros de Aristóteles e Teofrásio teve como fonte uma conversa ou lição de Tiranião, cujo maior interesse era se converter em editor dos míticos livros.

Sila e Lucullus puseram suas bibliotecas à disposição dos amigos. Cícero, por exemplo, ia à biblioteca de Lucullus e revisava alguns textos de Aristóteles. Tiranião, em compensação, sempre achou mais interessantes os manuscritos da vila de Sila e premeditou com deslealdade um método para ler e editar os textos. Não comunicou a ninguém seu projeto; inspirava-se em seu mestre em Rodes, Dionisio Trácio, um discípulo de Aristarco, o filólogo da biblioteca de Alexandria. Sabia, entre outras coisas, do engano de Neleo; sabia da venda a Apelicão de Teos; não hesitou em levar adiante seu empreendimento. Estrabão o definiu como "um amante das coisas de Aristóteles" e disse que "pôs as mãos na biblioteca por lisonjear".

Ao que tudo indica, Apelicão produziu uma péssima edição e arruinou dezenas de livros. Tiranião também não conseguiu uma boa edição, o que iniciou uma tradição de permanentes mal-entendidos em torno dos estudos aristotélicos. Plutarco, quase que se esquivando, disse que Tiranião preparou "a maior parte das coisas", isto é, os livros. Com alguma paciência e muito egoísmo, Tiranião quis chegar ao ponto culminante dessa grande aventura intelectual, mas a morte frustrou seu objetivo.



V
Andrônico, formado na ilha de Rodes, suposto décimo primeiro diretor do Liceu, realizou a edição definitiva das obras de Aristóteles e Teofrásio. Até 40 a.C. ou 20 a.C., entusiasmado pelos trabalhos de Tiranião, editou as obras e deixou no quinto volume um catálogo de títulos hoje perdido. Porfírio admitiu a existência de uma edição feita por Andrônico, organizada por assuntos e não por datas, edição que ele imitou ao classificar as Enêades de Plotino.

Não há como saber o que Andrônico refundiu, mas mudou a história dos escritos aristotélicos ao provocar o esquecimento de seus livros populares.

Pode ter criado o termo metafísica para se referir aos tratados relacionados com a filosofia primeira. Mouraux, cético ante essa suposição, sugeriu que o catálogo de Laércio já continha o título de Metafísica, mas, dado que existe uma lacuna de cinco títulos na quarta coluna das cinco nas quais foi transcrito o catálogo, pode-se pensar que esse espaço era ocupado, com outros quatro títulos, pela Metafísica. De qualquer maneira, trata-se apenas de uma nova conjetura.

Cícero não conheceu a edição de Andrônico porque morreu em 43 a.C, mas pôde reconhecer precocemente as diferenças existentes entre os escritos exotéricos e os acroamáticos. Em De Finibus (V5,12), estabeleceu que os escritos morais foram "escritos popularmente", como se fossem exotéricos, enquanto os outros eram mais burilados e difíceis. Numa de suas cartas revelou seu gosto por ir à vila do filho de Sila, Fausto, para ler os livros de Aristóteles. Fausto herdou todas as riquezas do pai, entre as quais se sobressaía a biblioteca apreendida em Atenas, e pelo menos durante algum tempo foi o centro de atenção dos intelectuais. O esbanjamento o arruinou e em pouco tempo teve de publicar a lista de seus bens para adjudicá-los em leilão. Com a venda, a biblioteca ficou em casas diferentes e desde então os volumes se perderam.

A única coisa que se sabe é que o imperador Caracala (188-217), numa crise de loucura, mandou queimar muitos dos livros de Aristóteles e da escola peripatética porque o considerava responsável pela morte de Alexandre, isto é, atribuiu-lhe o envenenamento sofrido por ele.
VI
Na história da perda dos escritos de Aristóteles há uma lacuna que deu origem à mais intensa discussão de todos os tempos no âmbito literário. Trata-se do desaparecimento ou destruição do segundo livro da Poética, dedicado ao estudo da comédia antiga e do conceito de catarse. Sua existência foi questionada, mas há provas suficientes para demonstrar o contrário. De fato, aparece em três catálogos da obra de Aristóteles preparados na antigüidade. O comentarista Eustrácio, em 1100, por exemplo, em seus Comentários sobre a Ética Nicomáquia, disse que Aristóteles mencionou o Margites de Homero no primeiro livro da Poética, o que evidencia uma continuação. É o mesmo caso de William de Moerbeke, que, em sua tradução latina da Poética, usou um título ilustrativo: "Primus Aristotilis de arte poética liber explicit." Esse primus fez tremer dezenas de professores de filosofia.

Existem várias teorias a respeito da perda. Cito algumas das mais importantes:

1. Umberto Eco, em O nome da rosa (1980), propôs uma hipótese interessante: o segundo livro foi destruído progressivamente pela Igreja na sua tentativa de conter a influência das comédias.

2. Jacob Bernays se baseou numa citação do filósofo Proclo, em que discutia os efeitos da comédia e da tragédia nas emoções humanas, para mostrar que no século V d.C. ainda se podia ler a obra.

3. Ingram Bywater escreveu que o segundo livro se perdeu quando os livros de Aristóteles estavam em rolos de papiro separados, e por isso não foram transferidos para os códices.

4. Valentín Garcia Yebra, no prólogo de sua tradução castelhana da Poética, colocou que o segundo livro desapareceu pelo desinteresse pela comédia e a elaboração de sinopses cuja superficialidade provocou a falta de cópias da obra original.

5. O helenista Richard Janko teve outra idéia: a Poética era o último dos livros na edição das obras de Aristóteles, o que pode ter ocasionado falta de interesse na reprodução e o volume desapareceu sem deixar outro rastro que a sinopse bizantina, o Tractatus Coislinianus, que, segundo ele, é um resumo desse segundo livro.

Quero destacar que minha suspeita, solitária, cética, procede precisamente da idéia de Janko. O desinteresse foi a verdadeira causa do desaparecimento desse mítico segundo livro, e uma tradição paralela, secreta, persuasiva, começou desde então com sinopses para recuperar o conteúdo: uma dessas tentativas é o famoso Tractatus Coislinianus.



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