Manual do professor solange dos santos utuari ferrari



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. Acesso em: 25 mar. 2015.

“A arte que acontece no espaço urbano serve para disputar um terreno simbólico. A maior parte das mensagens veiculadas na cidade são publicidade, com um objetivo claro de estimular o consumo. A gente tem que pensar formas de ocupar esses espaços para ter outro tipo de discurso, mais reflexivo, mais poético. Acho que temos que recuperar o encantamento desse espaço público e, ao mesmo tempo, tirar um pouco desse pragmatismo – dessa preocupação em resolver alguma coisa, de estar com pressa. Você não está pensando o que é o lugar em que você está pisando, no trajeto em que está passando, como a cidade está crescendo, como ela se transforma... Então, quando a gente propõe intervenções no contexto específico da cidade, estamos trazendo à tona aspectos que estão desaparecendo, fazendo um tipo de ressensibilização. A intervenção urbana tem um papel de aproximar a arte do cotidiano, trabalhar os problemas que acontecem de modo poético, sensível.”

ALVES, Mariana Castro. Entrevista: Marcelo Terã-Nada!. [Revista] Pré Univesp, 21 maio 2014. Disponível em: . Acesso em: 30 maio 2015.


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AÇÃO E CRIAÇÃO

Que tal criar motivos, desenhos para azulejos? Vamos pegar carona no projeto do Poro e fazermos nosso próprio azulejo de papel?



PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS

A arte dos azulejos foi uma das contribuições artísticas e estéticas trazidas pelo povo lusitano, inclusive com inspirações dos povos islâmicos.

Você, diante de suas convicções de fé ou culturais, pode criar desenhos da forma que escolher. Saia por aí e veja em lojas de materiais de construção alguns padrões para estudar essas formas e combinações de cores, ou pesquise na internet sobre azulejos e as estéticas islâmica e portuguesa para a sua criação.

Figura 38

1 Faça primeiro estudos sobre um papel milimetrado. Fica mais fácil criar padrões geométricos e simetrias. Você também pode escolher a sua própria composição assimétrica.

Figura 39

Ilustrações: Leonardo Conceição



2 Crie explorando padronagens, imagens figurativas ou abstratas, simetrias ou assimetrias, estude as combinações de cores, linhas e formas.

Figura 40

3 Passe o seu desenho, usando uma folha de papel carbono, para uma folha de papel mais encorpado (papel cartão ou retalhos de papelão de embalagens). Escolha o tamanho do seu desenho. Normalmente, uma peça de azulejo mede 20 cm × 20 cm. Escolha uma variedade de cores, use lápis de cor, canetas coloridas ou tinta guache.

Figura 41

4 Que tal colar os seus azulejos e os dos colegas em uma parede da escola e fazer um grande mosaico de imagens? Converse com os colegas e professores. Uma dica para esse projeto coletivo é combinar uma medida igual para todos os desenhos, assim ficará mais fácil montar o mosaico de azulejo de papel.

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Composição assimétrica é aquela feita sem simetria.
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LINGUAGEM DO TEATRO

- Auto lá!

Alto lá! Auto lá e auto aqui também. Veja a imagem a seguir.



Figura 42

O Grupo Irmãos Brothers Band traz diversos elementos do circo para seu Auto de Natal. Foto de 2015.

Vitor Damasceno

A linguagem do circo marca forte presença no Auto de Natal dos Irmãos Brothers, do Grupo Irmãos Brothers Band, criado em 1993, no Rio de Janeiro, e conta com piruetas, malabarismos, palhaçadas, gangorras, tecidos e pernas de pau. Os espetáculos do grupo já percorreram o Brasil e vários países do mundo.

Esta história dos autos começa em Portugal e Espanha, que elaboravam peças religiosas que tratavam de questões morais e teológicas. Os autos procuravam atrair um público popular para os temas católicos, por isso traziam uma linguagem mais simples e elementos cômicos.

AMPLIANDO
Teológico refere-se à teologia, o estudo de tudo que se refere a Deus, à religião e as suas relações com os seres humanos e com o universo.
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Um dos principais escritores de autos foi o português Gil Vicente (1465-1537), autor de Auto da Barca do Inferno. Nesse auto, pessoas tentavam conquistar um lugar na barca que iria rumo ao céu, mas os pecados acabavam levando-as para a outra barca. Tudo acontece com muito humor, em um único cenário, o porto, onde estão as duas barcas, uma com o anjo e outra com o serviçal do inferno. As apresentações ocorriam em carroças, palanques ou palcos improvisados. Contavam geralmente com música, dança e elementos farsescos (como a mímica, as máscaras e a destreza dos palhaços).

Veja ao lado cena de outra montagem de um auto no Brasil.

Figura 43

A colonização, a escravidão e o controle da mão de obra indígena são abordados no Auto dos Bons Tratos. 2014.

Pedro Motta/Banco de Imagens Giramundo

O Auto dos Bons Tratos, da Companhia do Latão, criada em 1996, em São Paulo, opta por construir uma narrativa crítica, sem atmosfera festiva, que reflete sobre a história da colonização do país no século XVI.

Como vimos, os autos continuam a ser escritos e encenados no Brasil. O mais famoso, por sua adaptação para o cinema e a TV, é o Auto da Compadecida, escrito pelo paraibano Ariano Suassuna (1927-2014), que mantém as principais características dessa linguagem, como o humor, a música, a religiosidade e a questão moral, aliadas à literatura de cordel e à cultura nordestina.

Há tantas maneiras de se fazer um auto, que o grupo mineiro Giramundo fez o Auto das Pastorinhas utilizando lindos bonecos para contar sua história. O grupo criou o Museu Giramundo, que tem o maior acervo de bonecos das Américas.

Existem muitas produções interessantes e que misturam elementos culturais, como o Auto do Bumba Meu Boi, do Grupo Cupuaçu, sediado em São Paulo, que traz em seu espetáculo a riqueza da cultura popular brasileira.

Figura 44

No Auto das Pastorinhas, o grupo Giramundo explora o colorido e a musicalidade brasileira para contar a história do menino Jesus. O grupo desenvolve suas pesquisas e trabalhos desde 1971. Foto de 2015.

Lenise Pinheiro
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PALAVRA DO ARTISTA

Grupo Cupuaçu (1986)

Figura 45

Grupo Cupuaçu.

Peetssa

O Grupo Cupuaçu é uma associação que atua na criação, pesquisa e difusão de manifestações das culturas populares brasileiras. Nossa ação cultural sustenta-se em três eixos principais, que se complementam em tudo o que fazemos: o artístico, por meio de apresentações públicas de dança e de música; social, na condução de atividades junto às comunidades; e educativo, desenvolvendo oficinas e palestras temáticas para crianças, jovens e adultos.



Nossa matéria prima é a cultura popular, a espontaneidade das brincadeiras e dos brincantes, o Brasil e sua gente. [...] É na diversidade cultural do povo brasileiro e na exuberância natural de nossa terra que buscamos força e inspiração para prosseguir [...].

O Auto do Bumba Meu Boi conta a saga de um boi maravilhoso que suscitou o desejo da grávida Catirina. O casal de retirantes, representado por Mãe Catirina e Pai Francisco, tenta negociar a compra do boi, mas o amo da fazenda diz que o boi não está à venda. O casal insiste, mas o amo é claro e não cede à insistência do casal. Durante a festa, o boi some misteriosamente da fazenda e todo o batalhão sai em sua procura. Os índios encontram-no na capoeira (área desmatada ou de mata rasteira) e o trazem de volta. Mas o boi está doente e já não dança mais. Curandeiros, pajés e doutores são chamados para tentar curar o boi. O desfecho da história depende da participação do público e só pode ser revelado aos presentes.

SOBRE NÓS. Grupo Cupuaçu. Disponível em:


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