O homem perante a morte



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PHILIPPE ARIES

Acontece, mas muito raramente, que a inscrição remeta para algures, para a localização da cova. No final do século XVI, no Aracoeli de Roma, um aqui-jaz indica que o corpo do irmão Matias, vindo de San Eustachio, foi deposto mais longe, «entre o monumento de Santa Helena e a porta da antiga sacristia», mas tratava-se de um alto dignitário da família franciscana.


Ora, no final do Antigo Regime, constata-se, pelo contrário, uma vontade de reunir os mortos de uma mesma família dentro de uma mesma capela, vontade moderna de onde surgirá o costume contemporâneo que implica, em princípio, a coincidência muito exacta do corpo e do túmulo. Será este o último episódio desta longa história. Já encontrámos, a propósito dos testamentos, dois sentidos da palavra «capela»: o altar onde estavam previstas missas e a fundação destinada ao padre que as celebraria. Mais tarde apareceu um terceiro sentido, o de sepultura.
No início, não havia a ideia de associar o destino cultual da capela a uma sepultura, mas o dador adquiriu o hábito de pedir ao mesmo tempo que a concessão dos serviços, a disposição do lugar e a permissão de colocar túmulos e epitáfios, o direito de ser enterrado sob a capela, já não em plena terra, mas numa cave abobadada. As grandes casas feudais e principescas foram sem dúvida as primeiras a deslocar o local tradicional dos túmulos ad sanctos: às partes nobres da igreja, como o coro, preferiram o espaço reservado de uma capela lateral. No século XVI, os soberanos quiseram dar a estas capelas uma aparência diferente, mais grandiosa, como os Borghèse em Santa Maria Maggiore em Roma. Foram mesmo tentados a separar a sua capela da igreja, ao mesmo tempo que conservavam entre si a comunicação necessária à circulação do sagrado: os Valois em Saint-Denis, os Medíeis em Florença, mais tarde, a casa de Lorena em Nancy.
Esta «privatização» inspirou sem dúvida o costume funerário das capelas de castelo, como a dos La Tremoille em Niort. Todavia, estes casos limitam-se às famílias muito grandes com pretensões soberanas. O seu exemplo não foi seguido: a prática dominante continuou a ser o que era no século XIV: a afectação funerária por uma família de uma capela lateral da igreja conventual ou paroquial. Esta prática tornou-se comum no século xvn e início do século xvm nas famílias de boa condição.
Eis como as coisas se passavam nestes meios: «Acta passada (a 8 de Maio de 1603 *) pelos tesoureiros de S. Gervais para
AN, me, XXVI, 23 (1603).
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mandar construir no cemitério da dita igreja (ou seja numa parte do cemitério situada contra a igreja; exemplo da destruição dos velhos cemitérios nos séculos XVI-xvn por capelas e oratórios) uma capela e oratório erguido contra a grande parede da igreja de 12 pés de comprimento por 12 pés de largura, 8 pés de altura, por baixo e unindo-se à capela e oratório aqui em frente construída e edificada por M. Étienne Puget, conselheiro do Rei e tesoureiro do seu Tesouro.» Esta permissão devia ser dada «a fim de sepultura», ou seja a fim de «fazer uma cave (uma cave e não uma fossa em plena terra) da mesma largura (que a capela), quando lhe parecer bom para aí mandar inumar o corpo dele, da sua mulher e filhos».


A capela deve dar para a igreja a fim de ouvir o serviço divino, a vedação desta capela do lado da igreja será «uma balaustrada de madeira de carpintaria com a porta e entrada da dita capela que se abrem de dentro. E esta será fechada à chave, a dita chave guardada» pelo dador e seus herdeiros, «para nela ouvir o serviço divino».
Um outro documento de 1603 pela mesma fábrica fala também «de mandar edificar a dita capela e oratório a expensas suas (da dadora), de fazer abertura no dito muro grande da igreja (e construir) uma balaustrada de madeira de carpintaria [...] para a dita senhora e seus filhos, posteridade e para sempre [...] nesta [...] capela e oratório [...] ouvir o serviço divino (é o primeiro destino da capela: em contrapartida, a senhora Niceron renuncia ao banco que tinha antes na igreja) e aí fazer uma cave da mesma largura quando bom lhe parecer e aí mandar inumar os corpos da sua família»: a sepultura é portanto a segunda afectação da capela que continua todavia a ser o lugar de culto. Estas duas funções eram consideradas tão importantes uma como a outra.
Algumas actas só tratam das disposições para «ouvir» o serviço divino, sem dúvida porque a família tinha um túmulo noutro lugar. Deste modo, os tesoureiros de Saint-Gervais (1617) permitem ao «nobre homem Jehan de Dours, conselheiro do Rei e controlador geral dos seus edifícios, mandar encerrar com carpintaria em balaustrada na dita igreja um banco em forma de oratório assente ao lado do altar da capela de S. Nicolau, que terá de um lado o dito altar, do outro lado e de uma ponta na grande parede da dita igreja e da outra ponta na capela de
1 O conselho dos administradores da paróquia.

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Mons. Texier, Mestre das Contas. O dito oratório contendo 5 pés de largura por 6 pés e meio de comprimento aproximadamente *•2.


É contudo raro que o destino cultual da capela não esteja ligado ao seu outro destino funerário. O facto notável e novo é a reunião no mesmo local do túmulo, já familiar, e ao oratório privado onde a família vem para as suas devoções e onde assiste à missa paroquial.
Mesmo quando não se possui uma verdadeira capela fechada por muros e uma «balaustrada», pretende-se ter o seu banco sobre a cova de um parente (1622): «[...] para mandar pôr um túmulo de pedra calcária (um túmulo raso) sobre a cova onde o dito defunto está enterrado, na nave, perto do seu banco situado na parede inferior da igreja, contra um dos pilares da torre, do lado da pia baptismal.» E pede além disto a colocação sobre o mesmo pilar, por cima do banco, «de um epitáfio de pedra [...] e. mandar aí inscrever um aqui-jaz à memória do defunto». É uma espécie de capela miniatura, constituída por um banco, um túmulo e um epitáfio reunidos num pequeno espaço em redor de um pilar 3.
O costume persiste - apesar de se tornar talvez mais raro no século xvni: em 1745 3, Pierre Bucherie, escudeiro, gendarme da guarda normal do rei, capitão assalariado na companhia, «quero que depois da minha morte, o meu corpo seja inumado na igreja da paróquia de Muzac, à qual igreja dou e lego a soma de 1000 libras paga uma vez, para ser empregue na construção de uma capela erguida em honra da Santa Virgem, que será colocada do lado sul», o lado nobre.
Acontecia que várias famílias partilhavam a mesma capela, sob o controlo dos tesoureiros, porque a fábrica continuava a ser, apesar das concessões de utilização, proprietária do fundo, e as actas insistiam muito na permanência deste direito. Numa das capelas descritas mais atrás, os tesoureiros de 1617 tinham autorizado o dador a colocar um dos seus três bancos sobre um túmulo de uma família que já tinha o seu banco ao lado: «com a condição de mandar destacar e retirar» pelos recém-chegados, «o dito pequeno banco, sempre e todas as vezes que a dita menina de L, sua filha, seus pais e herdeiros tenham de tratar do túmulo sobre o qual o dito pequeno banco está colocado».
1 me, XXVI, 33 (1617).
2 Na mesma capela, o dador consegue mandar construir dois outros bancos cuja descrição é também precisa: «dos quais três bancos entende fazer acomodar para retirar na dita igreja e ouvir o serviço divino».
3 me, In, 516 (1622); XLII, 407 (1745).

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A expressão «tenham de tratar» empregada neste texto é significativa: os descendentes têm portanto a partir de então de tratar do túmulo dos antepassados, para uma nova sepultura e para as absoluções de aniversários. Mas vê-se igualmente aparecer discretamente nestes textos uma atitude nova: desenha-se pouco a pouco o costume segundo o qual os vivos e os mortos de uma mesma família, entre as pessoas de qualidade, estão reunidos num espaço da igreja aberto sobre a igreja, mas todavia encerrado, do qual têm a chave, onde são os únicos a poder entrar como se fossem os proprietários. Esta capela, portanto, possui muitas vezes um vitral que ofereceram e onde um deles está representado orando, o solo está coberto de lajes e a parede de quadros, esculturas, epitáfios que descrevem e ilustram pelo verbo e o retrato a história da sua família. Estão ainda na igreja e é aí que se reúnem para assistirem à missa, mas estão aí ao mesmo tempo em casa e com os seus mortos.


Estes mortos» repitamos, não foram enterrados na terra, numa cova cavada ou recuperada, mas depostos dentro de uma cave, palavra antiga para jazigo a que o francês de hoje dá um sentido sobretudo funerário. A «cave» é um alojamento abobadado, onde o caixão fica preservado do contacto com a terra. Abóbada é aliás por vezes empregue como sinónimo de cave (1606): «fazer sob esta capela fundada em S. Cervais uma abóbada para inumar os ditos corpos», do dador, da mulher e dos filhos \ Diz-se que se possui uma cave em determinado local, como se poderia dizer uma capela 1: «Deseja o seu corpo morto ser inumado na igreja de Dodonville, na cave que mandou fazer (1650).»
Os primeiros jazigos foram portanto feitos pelos fundadores da capela, com as dimensões da capela: prática muito diferente do costume medieval e mais próxima do nosso hoje.
Durante o século xvm, parece que a noção de cave, sem vencer a de capela cujo símbolo permanece forte, adquire cada vez mais importância, na medida em que a preservação física do corpo se torna uma preocupação real dos sobreviventes. Os padres aproveitam este sentimento para arranjarem o subsolo da sua igreja em jazigos de pedra cimentados e numerados: um paroquiano de Saint-Jean-de-Grève consegue a premissão de fazer transportar o corpo do pai, conselheiro de Estado, morto no campo, «para uma das caves debaixo da capela da comunhão que é a quarta e última perto da porta que dá acesso aos carnei-
1 me, XXVI, 25 (1606); LXXV, 66 (1650).

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ros, para aí ficar para sempre», com o direito de colocar um epitáfio na capela.


Deste modo, os mortos, pelo seu lado, conseguiram igualmente um espaço próprio, um jazigo abobadado, onde permanecerão, isso está prometido, para sempre, a partir de então subtraídos à deslocação tradicional para os carneiros. Finalmente, este espaço dos mortos é a parte subterrânea do espaço dos vivos, a capela onde estes se reúnem para assistir aos ofícios.
Aparece então um novo tipo de sepultura e uma nova atitude, que se imporão no século xix a toda a sociedade.
AS LIÇÕES DO MUSEU IMAGINÁRIO
Não parece que uma visita atenta ao museu imaginário dos túmulos e sepulturas diz mais sobre os sentimentos colectivos da morte e do além do que uma biblioteca erudita de teologia, de espiritualidade? Claro que as ideias dominantes desta literatura, em particular o dualismo do corpo «esperando a Ressurreição» e da alma prometida às alegrias do céu ou às penas do inferno, marcaram profundamente o mobiliário funerário. Mas vemos também aflorar neste mobiliário aquilo que não se exprime algures, e que não poderíamos conhecer de outro modo: crenças que se supunham perdidas e que só eram subterrâneas.
Finalmente aparecem sinais de atitudes totalmente novas que anunciam o romantismo do século xvni e do século XIX.
Do conjunto deste amplo corpus distinguem-se três grandes direcções.
A primeira, como esperávamos, estava já preparada pelos nossos precedentes inquéritos na iconografia do Juízo, na economia dos testamentos, na liturgia dos funerais: a invenção do indivíduo, a descoberta, na hora ou com o pensamento da morte, da sua própria identidade, da sua própria história, neste mundo como no outro. A vontade de se ser incita a renunciar ao anonimato dos túmulos e a fazer deles monumentos comemorativos. Ao mesmo tempo, faz da alma o elemento essencial da personalidade: liberta dos pesos da espécie, a alma torna-se uma condensação do ser, a próprio individualidade, de que nada altera mais os caracteres, bons ou maus. O túmulo de alma é a expressão deste sentimento que foi em primeiro lugar o de uma elite clerical, e que, desde o final da Idade Média e o início dos tempos modernos, se estendeu a uma ampla categoria social de nobreza e de média burguesia.

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A segunda direcção que distinguimos do museu imaginário é a crença persistente num estado neutro de repouso, intermédio entre a agitação da terra e a contemplação do céu. Inspira a posição hierática dos jacentes e dos rezadores nas igrejas e, ainda hoje, a cruz dos cemitérios, sinal de uma esperança difusa e indistinta. Reconhecemos aqui a velhíssima concepção da morte domada e de um além tranquilo e atenuado.


A terceira direcção foi descoberta tardiamente a propósito das capelas onde estão reunidas num mesmo espaço arranjado os membros vivos e mortos de uma mesma família: é um desejo, outrora desconhecido, de aproximação física entre uns e outros.

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Obras publicadas na Colecção «Biblioteca Universitária»:
1 - O Mito do Estado, Ernst Cassirer
2 - Teoria ela Literatura. René Wellek e Austen

Warren
3 - A Matemática Moderna. Irving Acller


4 - Sociologia das Doenças Mentais. RogerBastide
5 - Gnipo-Análise Terapêutica. S. H. Foulkes
6 - Os Grandes Socialistas e a Educação, Maurice Dommanget
7 - O Paradigma Perdido: a Natureza Humana,

Edgar Morin


8 - Teoria Política e Socialismo. Umberto Cerroni
9 - As Leis Naturais do Casamento. Woltgang Wickler
10 - O Pensamento Jurídico Soviético, Umberto Cerroni
11 - História da Psicologia - 1. Da Antiguidade a

Bergsem. F.-L. Mueller
12 - História da Psicologia - II. A Psicologia Contemporânea, F.-L. Mueller l 3 - Ditos Portugueses Dignos de Memória, autor desconhecido (actualização, introdução e comentários de José H. Saraiva)
14 - História da África Negra - 1. Joseph Ki-Zerbo
15 - História da África Negra - II. Joseph Ki-Zerho
16 - Elogio da Diferença -A Genética e os Homens. Albert Jacquard
17 - A Lógica Moderna, S. Chauvineuu
18 - A Hidráulica. Jean Larras
19 - O Homem e a Morte. Edgar Morin
20 - Introdução à Ciência Administrativa. Bernard Gournay
21 - Portugal Pré-Histórico - Seu Enquadramento no Mediterrâneo. O. da Veiga Ferreira e Manuel Leitão
22 - O Liberalismo, Georges Burdeau
23 - Relações de Poder na Empresa - A Gestão na Nova Realidade Social. Manuel Pedroso Marques
24 - Traduzir: Teoremas para a Tradução. J. R. Lad mirai
25 - Metodologia e Técnicas Literárias. Salvatore F. Di Zenzo e Pietro Pelosi
26 - O Acaso e a Necessidade. Jacques Monod
27 - A Biologia do Egoísmo. G. F. Sacarrão
28 - O Método I. A Natureza da Natureza. Edgar Morin
29 - O Método 11. A Vida da Vida, Edgar Morin
30 - Introdução à História dos Descobrimentos Purtugueses. Prol’. Luís de Albuquerque
31 - A Química Física em Bioquímica - Teoria e Problemas. Nicholas C. Price e Raymond A. Dweck
32 - Ciência com Consciência. Edgar Morin
33 - Estatística - Teorias e Métodos i, Pierre Dagnelie
34 - Manual de Bioquímica. Luís S. Campos
35 - A Vida em Roma na Antiguidade. Pierre Grimal
36 - Estatística - Teorias e Métodos II. Pierre Dag-nelie
37 - Sonetos. Camões
38 - O Problema Epistemológico da Complexidade. Edgar Morin
39 - Sociologia. Edgar Morin
40 - A Adaptação e a Invenção elo Futuro, Germano da Fonseca Sacarrão
41 - A Psicologia Diferencial. Maurice Reuchlin
42 - Política Monetária. Walter Marques
43 - Genética e Política. R. C. Lewontin, Steven Rose e Leon J. Kamin
44 - O Método In. O Conhecimento elo Ceinhecimento/\. Edgar Morin
45 - A Neurose ele Angústia. João dos Santos
46 - Biologia das Paixões. Jean-Didier Vincent
47 - O Homem Perante a Morte 1. Philippe Aries
48 - O Homem Perante a Morte II, Philippe Aries
49 - Biologia e Sociedade - A Crítica da Razão Dogmática I. Germano da Fonseca Sacarrão
50 - Biologia e Seiciedeide-O Homem Indeterminad oII, Germano da Fonseca Sacarrão
51 - Têxteis Essenciais da Psicanálise l, Sigmund Freud
52 - Textos Essenciais da Psicanálise II, Sigmund Freud
53 - Textos Essenciais dei Psicanálise In, Sigmund Freud
54 - História da Literatura dos Estados Unidos, Marcus CunlifY
55 - Ecologia e Bio/eigia do Ambiente - A Videt e o Ambiente - l. Germano da Fonseca Sacarrão
56 - História da Literaturei Inglesa. Alastair Fowler
57 - O Homem e a Cidade. Henri Laborit
58 - lntreiduçãe>eioE.sttidodoDireile>,MaiceloRe\x\o de Sousa
59 - Ecologia e Biologia do Ambiente - As Interdependências e o Homem - II, Germano da Fonseca Sacarrão
60 - A Opinião e a Multidão. Gabriel Tarde
61 - A Simetria
62 - As Morais da História. Tzvetan Todorov
63 - O Método IV -As Ideias. Edgar Morin
64 - Introdução à História e Cultura Pré-Clássica, José Nunes Carreira
65 - Introdução à Qiiímica-Física, Guy Emschwiller
66 - Introdução à Filosofia de Heidegger. Alain Boutot
67 - Mito. Mundo e Monoteísmo. José Nunes Carreira
68 - Textos Essenciais sobre Literatura, Arte e Psicanálise. Sigmund Freud
69 - A Pós-Meidernidade. Barry Smart
70 - Direito Internacional, Jean Touscoz
71 - Filosofia Antes ele>s Gregos, José Nunes Carreira
72 - História e Política no Pensamento de Kant. Viriato Soromenho-Marques
73 - Entropia - Teoria Geral deis Sistemas, ). Pinto Peixoto e F. Carvalho Rodrigues
74 - A Era da Cidadania - DeMaí/uiavelaJefferson, Viriato Soromenho-Marques
75 - Outra Face do Oriente1. José Nunes Carreira
76 - Utopia: Unta visão ela engenharia de>s sonhos, António Marques Bessa
77 - Nacionalismo - Cinco Caminhos para a Meidernideide. Liah Greenfeld
78 - História da Arquitectura, Gerarei Mon-nier
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