Por que uma idéia de dois mil e quinhentos anos atrás pareceria hoje mais relevante do que nunca? Como os ensinamentos do Buda podem nos ajudar a resolver muitos problemas do mundo



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Um monge tibetano reverencia o templo Mahabodhi ao lado da Árvore Bodhi em Bodh Gaya, índia, o local mais sagrado da peregrinação budista.

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- Procuro manter um ar de santidade aqui - disse ele.



Ele gostaria que tivesse mais segurança, para proteger a árvore e o templo. E isso também não é fácil.

- Quando tranquei o portão da cerca da Árvore Bodhi, os devotos que queriam deixar doces e acender incenso e óleos protestaram - disse ele para mim. - Mas tenho de explicar para eles: Você precisa receber as suas bênçãos, ou precisa que a árvore esteja lá para poder sentar à sua sombra no futuro?

Bodhipala era o equivalente budista de Salomão. Quando eu estava começando a conquistar sua confiança e chegando a questões mais delicadas sobre a reação dele aos planos do Ministério de Turismo indiano para Bodh Gaya, a nossa entrevista foi interrompida com a aparição de ninguém menos que o sr. Safaya da HUDCO. Ele tinha ido examinar em primeira mão como os viadutos das estradas que havia proposto estavam sendo implementados — "para ver a realidade em campo", como ele mesmo disse. Bodhipala sugeriu que eu fosse com ele. Pulei no banco da frente de um dos carros e fui junto com Safaya e um bando de autoridades municipais para fazer uma inspeção no lugar. Uns dois quilômetros fora da cidade paramos sob um arco de boas-vindas aos visitantes de Bodh Gaya. Dos carros desceram um punhado de homens, como palhaços de circo espremidos dentro de um Volkswagen. Contei três homens de terno e gravata, obviamente os manda-chuvas, outros seis que pareciam ser da cidade e seis homens de uniforme militar verde, carregando rifles. O sr. Safaya e os outros foram andando até um pequeno grupo de barracos à beira da estrada, uma pequena aldeia improvisada que parecia as Hoovervilles norte-americanas do tempo da Depressão, na década de 1930. Fui trotando atrás dele com meu gravador, e ele explicou que nos seus planos era necessário construir um estacionamento para ônibus de turismo ali.

- E o que vai acontecer com essa gente? - perguntei, apressando o passo para acompanhá-lo.

- Quem? - ele perguntou.

- Quem? - repeti indignado. Senti a indignação crescendo enquanto o verso da canção de Joni Mitchell ecoava na minha



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cabeça: "Eles asfaltaram o paraíso I e construíram um estacionamento... ooo, lá, lá, lá." — Todas essas pessoas que vivem aqui.

- Ah, esses - respondeu o sr. Safaya tranqüilamente. - Eles serão removidos para algum lugar.

Descobri que havia um indiano equivalente ao domínio eminente. (Mais tarde Bodhipala mitigou, um pouco, a minha preocupação, explicando que eles eram invasores e que de qualquer maneira não tinham o direito de morar ali. "Talvez o governo providencie habitação de baixo custo para eles", disse ele. Se pudessem pagar habitações de baixo custo não estariam vivendo naquela miséria, pensei.)

Fomos rápido para o outro extremo da cidade, um campo aberto onde disseram que o viaduto seria construído na estrada. O objetivo era evitar o congestionamento no centro da cidade, como ele havia explicado em Nova Deli, mas agora que eu via a realidade tinha sérias dúvidas. Muitos "comerciantes" locais -qualquer um que pusesse seu tapete no chão e se acocorasse na calçada vendendo suas quinquilharias, estátuas e cartazes na entrada do terreno do templo - não iam gostar de serem removidos daqueles pontos estratégicos de venda nos portões do templo. Quem sabe aqueles pontos-de-venda sagrados tivessem sido passados de pai para filho, de uma geração para outra? Agora, para facilitar o trânsito, seriam privados do seu sustento. Tenho certeza que eles não dão a mínima para a "infra-estrutura turística".

Eu já tinha visto aquele cabo-de-guerra do desenvolvimento turístico antes. Na Baja Califórnia, no Havaí, no vale Napa. E o clássico duplo vínculo do turismo: os empreiteiros prometem para os habitantes do lugar que toda aquela área vai valorizar enquanto dizimam o meio ambiente. Só que exatamente o que atrai turistas para o lugar acaba sendo diluído e esterilizado pela necessidade de limpar tudo para atrair turistas.

Tenho certeza que em dez ou vinte anos Bodh Gaya terá menos trânsito, menos barulho e menos poluição — e menos charme - do que quando John Bush esteve lá e também de quando eu estive lá. Será melhor? Só Buda sabe.


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