Por que uma idéia de dois mil e quinhentos anos atrás pareceria hoje mais relevante do que nunca? Como os ensinamentos do Buda podem nos ajudar a resolver muitos problemas do mundo



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Eu paro e presto atenção na minha respiração três vezes quando toca a campainha é uma boa maneira de descansar. Espero que você goste.

Que todos os dias lhe dêem mais amor, sabedoria e paz!

Amor, Helen

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Recentemente, quando estava dando os retoques finais a esta seção do livro, enviei para a dra. Ma um e-mail para confirmar algumas informações. A resposta dela me pareceu uma forma adequada de finalizar este capítulo.

Esta é uma resposta automática: Querido/a amigo/a,

8 DESPERTAR O GIGANTE ADORMECIDO



O budismo retorna lentamente para a China

As coisas mais suaves do mundo superam as coisas mais duras do

mundo.

Por isso eu conheço a vantagem de não agir.

- Lao-Tzu



Os que recorrem à violência para atingir seus objetivos não seguem o dharma. Mas os que levam os outros por meios não violentos, conhecendo o certo e o errado, podem ser chamados de guardiões do dharma.

- O BUDA


Eu sabia dos abusos contra os direitos humanos. Eu sabia dos 1,3 bilhão de pessoas, mesmo sem poder imaginar como quatro vezes e meia a população dos Estados Unidos poderia caber numa área aproximadamente do tamanho dos Estados Unidos. (Os Estados Unidos têm uma média de trinta pessoas por quilômetros quadrado, a China 134.) Eu sabia do desenvolvimento econômico e sabia da resultante poluição industrial. Na verdade, quando estava na China, a National Geographic saiu com uma história intitulada "O preço do crescimento na China", uma visão devastadora e implacável do aumento das doenças pulmonares no país, dos rios poluídos e de outros danos ambientais gerados pelo desenvolvimento sem controle. "As implicações dessa disparada para uma sociedade

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consumista no estilo ocidental são graves", escreveu o jornalista Jasper Becker. Eu esperava que a minha impressionante carta de apresentação provocasse um abraço caloroso, mas agora a minha pequena carta meritória seria o beijo da morte.

E eu certamente sabia da horrenda opressão e repressão sistemática contra o budismo, e não só desde a época da Revolução Cultural, mas, logo fiquei sabendo, de muito antes.

Podemos dizer que na verdade eu não sabia nada da China por trás das manchetes. E quem poderia me recriminar por isso? Eu era intimidado por uma história tão longa que fazia a dita história americana parecer um espirro antropológico. As crianças chinesas sabem recitar a Tabela das Dinastias Chinesas, todas as 84, que datam do século XXI a.C, com a mesma facilidade que os caras do meu antigo bairro costumavam enumerar os campeões da World Series de beisebol desde a primeira, em 1903.

Antes de chegar aqui, a minha China era um amálgama de antigos clichês. Eu esperava ver pessoas abatidas usando uniformes cinza, militares armados por toda parte e um desalento difuso combinando com uma névoa pesada e preta no ar. Achava que não ia ter empatia nenhuma pelo povo chinês. Fora o ar, que me fez lembrar de Gary, Indiana, mas em escala bem maior, minhas experiências provaram que eu tinha me enganado em tudo.

Para começar, aquela roupa de abelha operária tinha sido substituída por vestes mais ocidentais. E difícil encontrar um homem que não esteja usando uma jaqueta esportiva preta ou um paletó, mesmo que seja para ir só até a casa de chá mais próxima. E o povo chinês é divertido e engraçado. Que melhor indicador da alegria de viver de um povo do que dizer que ele adora comer? Em todas as cidades, grandes e pequenas, não importa o tamanho, vi placas de néon elaboradas nas entradas do que eu supunha ser salas de cinema ou boates. Eram restaurantes. Comer é entretenimento para os chineses e eles se dedicam a isso com um prazer que não tem paralelo nem mesmo em San Francisco, uma cidade de comilões que só pensam em comida desde a década de 1980.

Em Chengdu, capital de Sichuan, a primeira providência quando cheguei, no que dizia respeito ao meu mediador Fu

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Ching, foi jantar em um dos melhores restaurantes da província. (Sim, por algum milagre na undécima hora, fiz contato com Jia Liming, de Beijing, antigo mediador da National Geographic que, por sua vez, encontrou Fu Ching para mim.) Ele era o meu tipo de mediador. O espetáculo começou assim que sentamos. Uma garçonete apareceu imediatamente, saída de lugar nenhum. Isso já não era o estilo ocidental. Ela e Fu Ching conversaram bastante. Parecia que ele estava interrogando a garçonete sobre cada item, que ela explicava perfeitamente, com um sorriso bem ensaiado. Ela desapareceu e em poucos minutos, como uma acro-bata que troca de máscara tão depressa que não dá para ver para onde a primeira foi e de onde a segunda saiu, reapareceu, aparentemente trazendo tudo que havia no cardápio. Macarrão, agrião com amendoim, frango com um molho apimentado, pato suculento fatiado com pele e cerveja doce Tsingtao. A apresentação e o sabor dos pratos eram dignos de aplausos, mas o mais espantoso mesmo veio na conta. Meu queixo caiu e não foi por excesso de glutamato monossódico. Jantar para dois: cerca de 8 dólares.

A revelação que mais me surpreendeu - e inspirou - também me fez pensar no meu compromisso com o jornalismo cínico, e com o cinismo em geral. Lenta mas firmemente, as semanas de viagem tinham desgastado o meu verniz. É difícil continuar sendo um pecador entre os santos. Eu estava me tornando um crente, ou pelo menos um voluntário para crente. Porque em pequenos momentos eu vislumbrava o renascimento do budismo na China. Talvez nunca tivesse desaparecido nos corações e mentes do povo chinês, nem da privacidade dos lares deles. Mas agora, em um país em que a liberdade de expressão religiosa tinha sido suprimida e punida, as pessoas estavam pouco a pouco saindo do armário budista. Há uma estimativa de mais de 100 milhões de budistas que fazem da China o país onde a religião cresce mais rápido no mundo.

Como cães que apanharam demais, eles faziam gestos arre-dios, talvez encorajados pela exibição na praça Tiananmen em 1989, o povo chinês estava se reunindo com suas raízes budistas. Para mim aquilo representava uma resistência e a característica

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irreprimível da tradição. O budismo chinês no século XXI é a flor de lótus surgindo da lama, um acontecimento tão natural como a própria natureza.

Por exemplo, no meu segundo dia na China, Fu Ching levou-me para ver o maior Buda de pedra do mundo, em Leshan, a oeste de Chengdu. Meu grande amigo Cary Wolinsky, fotógrafo que documentava a China para a National Geographic desde o início dos anos 80, disse que eu devia ver esse Buda. Que eu não ficaria desapontado. E ele tinha razão.

Esculpido em um lado da montanha Lingyun na cidade de Leshan, o projeto de oitenta anos foi terminado em 803 d.C. Sentado, com as mãos gigantescas apoiadas nos joelhos igualmente gigantescos, esse Buda Maitreya, ou o Buda do Futuro, olha para a confluência dos rios Minjiang, Dadu e Qingyi. Embora o lugar fosse obviamente um posto de observação militar estratégico, a história que eu mais gostava era que ele montava guarda sobre o encontro turbulento de correntezas, onde havia muitos relatos de dragões e de acidentes misteriosos com navegadores dos rios. O olhar firme e tranqüilo desse Buda era capaz de acalmar as águas mais violentas e de arrancar as garras dos dragões mais perversos.

Do estacionamento cheio de ônibus de turismo seguimos um grupo de visitantes, a maioria chineses de classe média que pareciam mais turistas apreciando a vista do que peregrinos espirituais. Uma série de pátios cercados por antigos templos de madeira levavam a um precipício, onde multidões se postavam diante da cerca de frente para o Buda para tirar fotografia. Todos eles repetiam um ritual que havia começado há uns 24 anos no máximo, mais ou menos ao mesmo tempo que as câmeras fotográficas se tornaram apetrechos imprescindíveis para qualquer turista de respeito. Se você esticasse os braços de uma certa maneira e o fotógrafo enquadrasse a imagem corretamente, poderia jurar que estava acariciando a enorme bochecha do Buda. Ou então, com a câmera em um certo ângulo, beliscando o nariz dele. Depois de tirar as fotos, todos se reuniam em volta da câmera digital para ver se o momento havia sido capturado para a posteridade. Eu tirei

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