globais, nuançado por contextos locais e nacionais, provoca angústia das elites
e desespero do setor de marketing
das grandes corporações, que hoje
precisam responder a um problema que eles mesmos criaram: a produção do
sonho e do amor às marcas. Como disse publicamente um CEO [gestor de
uma marca famosa]: "encontramos o nosso inimigo, somos nós mesmos". Ou
como anunciou um dos maiores produtores de pirataria, então preso nos
Estados Unidos: "Vocês (as marcas) criaram um sonho, agora aguentem". Fica
evidente aqui o papel subversivo desses jovens ao desafiarem a racionalidade
do marketing
e atuarem em um campo não previsto pelos gestores das
grandes marcas. O marketing
do amor, assim, revela algumas contradições da
modernidade: ele é dirigido às elites, mas acaba atingindo as populações mais
desprovidas de capitais, as quais, ao se apropriarem do símbolo dos outros,
reinventam a sua própria condição de pobreza, ressignificando a carência em
abundância.
PINHEIRO-MACHADO, Rosana; SALCO, Lucia Muri. Rolezinhos: marcas,
consumo e segregação no Brasil. Revista Estudos Culturais, n. 1, 2015.
Disponível em: www.each.usp.br/revistaec/?q=revista/1/rolezinhos-marcas-
consumo-e-segrega%C3%A7%C3%A3o-no-brasil. Acesso em: 20 dez. 2015.
LEGENDA: MC Gui durante uma apresentação em São Paulo (SP), em 2016.
Popular entre os frequentadores dos rolezinhos, o funk ostentação ganhou
projeção nacional com a repercussão do conflito entre comerciantes e os
jovens consumidores.
FONTE: Darcio Nunciatelli/Brazil Photo Press/Folhapress
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