corpo do indivíduo.
LEGENDA: Acima, jovem judia celebra seu bat mitzvah após completar 12
anos, na cidade de Palm Beach, nos Estados Unidos, em 2008. Ao lado, em
foto de 2012, jovem Kuikuro participa de ritual de passagem pelo qual deve
ficar reclusa em sua oca durante um ano, em aldeia no alto Xingu (MT).
FONTES DAS FOTOS: Uma Sanghvi/Zuma Wire Service/Alamy/Other Images;
Renato Soares/Pulsar Imagens
Em muitas sociedades alguns ritos de iniciação à vida adulta continuam sendo
realizados, mas tiveram seu significado transformado. Um exemplo: embora
participem de cerimônias que simbolizam a passagem para a vida adulta aos
12 (meninas) e 13 (meninos) anos, a maior parte dos judeus não mais assume,
com essa idade, as responsabilidades de um adulto. Além disso, na
contemporaneidade, as sociedades se utilizam de acontecimentos que selam o
início da vida adulta e lembram os ritos de passagem, tais como o
reconhecimento da condição de maioridade, o direito ao voto, o ingresso no
ensino superior, a idade para tirar a carteira de habilitação para conduzir
automóveis, etc.
A ideia da adolescência como um período em que o conflito entre gerações e a
rebeldia juvenil se estabeleceriam naturalmente também caiu por terra com a
pesquisa da antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978) na ilha
de Samoa, no final dos anos 1920. Mead descobriu que a transição era menos
percebida pelas jovens samoanas por lhes serem apresentadas desde a
infância as possibilidades futuras. Assim, elas não enfrentavam a dificuldade de
escolher entre alternativas e cobranças conflitantes.
Alguns cientistas sociais identificam as dificuldades de adaptação à vida adulta
e de aceitação de responsabilidades enfrentadas pelo jovem na sociedade
contemporânea como decorrentes da falta de ritos claros de transição. Nas
palavras do antropólogo francês Georges Balandier (1920-):
[...] os jovens vivem sua situação com crescente insegurança - pois os
processos "iniciáticos", que assegurariam sua inserção na ordem social e
cultural dos adultos, desapareceram há muito tempo.
BALANDIER, Georges. Antropo-lógicas. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1976. p. 69.
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