Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Encontro com cientistas sociais

Na Sociologia clássica, prevaleceu a ideia de que a religião perdia influência à medida que o conhecimento científico se popularizava. Pensando sobre isso, leia o texto abaixo, escrito por Durkheim em 1893, e responda à questão a seguir.



Ora, se há uma verdade que a história pôs fora de dúvida é que a religião abarca uma porção cada vez menor da vida social. Inicialmente, ela estende-se a tudo; tudo que é social é religioso. Depois, pouco a pouco, as funções políticas, econômicas, científicas desvinculam-se da função religiosa, constituem-se à parte e tomam um caráter temporal cada vez mais patente. Deus, se assim nos podemos exprimir, que no princípio estava presente em todas as relações humanas, retira-se delas progressivamente; abandona o mundo aos homens e às suas disputas.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1977. p. 197.

· Com base nessa leitura, discuta com seus colegas o lugar que a religião ocupa, atualmente, nas relações sociais.

Fim do complemento.



209

Max Weber

O pensamento do sociólogo alemão Max Weber segue uma linha distinta daquela de Durkheim. Weber via a religião como uma dimensão social depositária de significados culturais. Por meio desses significados os indivíduos e coletividades interpretam sua condição de vida, constroem uma identidade e agem no ambiente como um todo.

Weber acreditava que a força da religião estaria em declínio, na medida em que a sociedade moderna se afastava das superstições, das crenças, dos costumes e de hábitos ancestrais em geral. Desse modo, enquanto nas sociedades tradicionais a religião e as crenças a ela relacionadas eram centrais, na modernidade ocorria uma crescente racionalização e consequente afastamento do campo religioso, em razão do desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da burocracia.

A esse processo de declínio do poder da religião nas diferentes dimensões da vida social, que passa a ser explicado também pela ciência, Weber denominou secularização. A secularização é a passagem de fenômenos que até então eram do domínio religioso ou sagrado para a esfera profana. Isso significa que certas representações do mundo e do lugar do ser humano no mundo deixam de ser associadas ao sagrado ou ao místico e ganham uma explicação racional, científica e técnica. A secularização favoreceu o movimento histórico ocorrido com as Revoluções Burguesas, no século XVIII, resultando na figura do Estado moderno, separada da influência da religião.

Weber perguntava-se sobre a existência de relações entre as religiões e a conduta das pessoas na esfera da economia. Ele demonstrou, na obra A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), a proximidade entre os valores apregoados pelo protestantismo e a moral veiculada pela sociedade capitalista moderna. Nessa obra, ele defende que o surgimento do "espírito do capitalismo" - um conjunto de qualidades intelectuais e morais indispensáveis à racionalização econômica - foi possível graças a algumas qualidades exaltadas e defendidas pela religião protestante. Entre essas qualidades da chamada "ética protestante" destaca-se a visão de que obter lucro por meio de trabalho racional é uma virtude.

LEGENDA: O banqueiro e sua esposa (1444), pintura de Quentin Matsys. Antes da Reforma protestante, no século XVI, a usura era considerada contrária aos valores religiosos na Europa, como se pode observar na tela: a mulher desvia o olhar da Bíblia para ver as moedas.

FONTE: Imagno/Getty Images/Museu do Louvre, Paris, França.



210

Karl Marx

O pensador alemão Karl Marx (1818-1883) concebia a religião como responsável pela alienação do indivíduo na estrutura da produção material da sociedade capitalista. É dele a célebre expressão "a religião é o ópio - ou lenitivo - do povo", que está no livro Crítica da filosofia do direito de Hegel, de 1844. Nessa obra, Marx afirma que a religião é uma forma de o ser humano se tornar alheio de suas condições de sobrevivência.

No livro A ideologia alemã, de 1845, Marx e seu colega Friedrich Engels (1820- -1895) interpretavam a história como uma série de transformações sociais e materiais a influenciar a vida dos indivíduos. Nesse sentido, a religião era um obstáculo ao progresso e à emancipação político-social, ou seja, à possibilidade de as pessoas se organizarem para mudar as estruturas sociais.

Para o pensamento marxista, as religiões poderiam ocultar as forças de mudança e encobrir os conflitos sociais ao tomá-los como desígnios divinos, naturalizando-os. Ao fazer isso, a religião poderia negar aos seres humanos a capacidade de decidirem sobre si, seu destino, seu país, sua sociedade, e de transformarem a realidade. A realidade pesquisada por Marx era a luta de classes provocada por interesses materiais conflitantes; daí a sua crítica de que toda ideologia, para realizar a finalidade a que se propõe - satisfazer as pessoas com ideias ilusórias em detrimento de oferecer o conhecimento da realidade -, desenvolve-se com base em crenças preexistentes que mascaram a realidade social.

Mesmo com diferenças em suas abordagens, Comte, Durkheim, Weber e Marx caracterizaram a religião como uma instituição de grande influência nas relações sociais ao longo da história.

Glossário:


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